Síndromes infecciosas das VAI Flashcards
Bronquite: definição?
Inflamação da parede brônquica.
Bronquite: causas?
- Inflamatórias: asma.
- Pneumopatias crônicas: displasia broncopulmonar, bronquiectasias, fibrose cística, discinesia ciliar, tráqueo e broncomalácia.
- Doenças crônicas: desordens da deglutição, DRGE, cardiopatia congênita e imunodeficiência.
- Malformações congênitas: anéis vasculares (compressão extrínseca de estruturas de vias aéreas) e hemangiomas (compressão intrínseca).
- Aspiração de corpo estranho.
- Infecções: vírus, Chlamydia, Ureaplasma, Mycoplasma pneumonia, Bordetella pertussis e Mycobacterium tuberculosis.
Bronquite aguda: definição e evolução?
Síndrome de etiologia predominantemente viral, sendo a tosse o principal sintoma, podendo ter nasofaringite associada.
- Doença autolimitada.
Bronquite aguda: clínica?
Tosse protraída, coriza, obstrução nasal, sintomas constitucionais (inespecíficos), escarro pode ser purulento por causa da descamação do epitélio. Persistem por 1 a 3 semanas.
Bronquite aguda: devemos afastar qual diagnóstico?
É fundamental afastar pneumonia bacteriana.
Bronquite aguda: é efetivo o uso de supressores da tosse, anti-histamínicos e expectorantes?
Não são indicados supressores da tosse (pois embora causam alívio temporário, aumentam o risco de supuração secundários); nem anti-histamínicos e expectorantes.
Bronquite crônica: definição?
Entidade bem definida em adultos, caracterizada por tosse produtiva por 3 meses/ano ou mais durante no mínimo 2 anos.
Bronquite crônica: encontrado em que perfil de crianças?
Na infância, os casos de bronquite crônica são encontrados na fibrose cística, displasia broncopulmonar e bronquiectasias.
Qual é a causa mais frequente de hospitalizações em lactentes?
Bronquiolite.
Bronquiolite: definição?
Doença infecciosa, de etiologia predominantemente viral, mais incidente em lactentes menores de 24 meses (principalmente os menores de 6 meses), que resulta na obstrução inflamatória das pequenas vias aéreas inferiores (bronquíolos).
Bronquiolite: em que idade é mais grave?
Entre o 1º e 3º mês de vida.
Bronquiolite tem caráter sazonal. Como é no Brasil?
É mais comum no inverno e outono.
- Norte: fevereiro a junho.
- Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste: março a julho.
- Sul: abril a agosto.
Bronquiolite: Os lactentes apresentam condições anátomo-fisiológicas das vias aéreas que os tornam mais vulneráveis aos processos de obstrução bronquiolar -broncoespasmo- e consequente sibilância, cite e comente-os
- Resistência ao fluxo de ar é inversamente proporcional à quarta potência do raio (qualquer inflamação da mucosa e acumulo de secreção nas vias respiratórias corresponde a grande aumento na dificuldade de passagem do ar).
- Parede torácica muito complacente do lactente: durante a inspiração, a pressão negativa exercida produza um colabamento das vias aéreas e consequente atelectasia.
- Lactentes possui número aumentado de linfócitos, neutrófilos e, principalmente, mastócitos e eosinófilos no alvéolo, logo, a produção de mediadores inflamatórios (histamina, leucotrienos e interleucinas) é mais proeminente.
Bronquiolite: etiologia principal?
Vírus Sincicial Respiratório (VSR): responsável por mais de 50% dos casos.
Bronquiolite: cite outras causas além do VSR.
Rinovírus, Influenza, Parainfluenza, Adenovírus 7 e 21, Mycoplasma pneumoniae, metapneumovírus e o bocavírus humano (isolado ou em coinfecção com o VSR).
Bronquiolite: pode ter causa bacteriana?
Bactérias não causam bronquiolite, mas podem fazer infecções concomitantes – bronquiolite viral + coqueluche.
Bronquiolite: fatores de risco?
Sexo masculino, mães que fumaram durante a gestação, idade < 6 meses, baixo peso ao nascer, prematuridade, doença pulmonar crônica (broncodisplasia), desnutrição, aglomeração, aleitamento artificial, mães adolescentes.
Bronquiolite: quem é a fonte de infecção geralmente? Qual a forma de transmissão?
- Fonte de infecção: membro da família ou outra criança em creche.
- Forma de transmissão: contato com secreções da pessoa contaminada ou superfície de objetos contaminados. Obs.: aerossol não é uma via de contagio importante para o VSR.
Bronquiolite: tempo de sobrevida do VSR?
- Mão: < 1 hora.
- Estetoscópio: até 24h.
Bronquiolite: fisiopatologia?
Obstrução inflamatória dos bronquíolos (edema, muco, acúmulo de fibrina e debris celulares) resultando em sibilância e em uma obstrução valvular, -> dificulta a eliminação do ar e aumenta o volume residual, com hiperinsuflação. Se a obstrução valvular for completa, o ar aprisionado será progressivamente reabsorvido, resultando em atelectasia.
- Consequência: hipoxemia, hipercapnia e acidose respiratória.
Bronquiolite: manifestações clínicas?
- Pródromos (3-4 dias): sintomas leves de VAS, como espirros e rinorreias.
- Gradualmente, o quadro respiratório deteriora: tosse paroxística, dispneia, sibilância, taquipneia (interfere na aceitação da dieta), irritabilidade, temperatura normal ou febre elevada (38,5º-39ºC).
Bronquiolite: exame físico?
Presença de sibilos difusos (inspiratórios ou bifásicos, dependendo do grau de obstrução) e estertores subcrepitantes, prolongamento do tempo expiratório, taquipneia, dispneia (BAN, retrações intercostais e subcostais).
Bronquiolite: apneia é mais frequente em que idade?
Lactentes < 2 meses.
Bronquiolite: relação entre taquipneia x hipoxemia/hipercapnia
A intensidade da taquipneia não se correlaciona com o grau de hipoxemia ou hipercapnia.
Bronquiolite: evolução?
- Quadro é autolimitado, com resolução em 5-7 dias. Mas a tosse pode durar por até 2 semanas.
- Algumas crianças apresentam episódios recorrentes de sibilância e desconforto respiratório por até 6 meses – síndrome pós-bronquiolite.
Bronquiolite: quem representa o grupo de risco?
Prematuros (≤ 36 semanas), baixo peso ao nascer, broncodisplásicos, cardiopatas, lactentes < 3 meses, defeito anatômico de via aérea, imunodeficiência, doença neurológica, e aqueles com SatO2 < 95% em repouso e FR > 70 irpm. Fatores externos/sociais: pais tabagistas, frequentador de berçário, gemelar, presença de irmão mais velho que frequenta escola.
*Tem maior chance de evoluir com bronquiolite grave.
Bronquiolite: diagnóstico?
Clínico.
Bronquiolite: se complicações, é importante solicitar exames lab e de imagem. Cite e comente os achados.
- Radiografia de tórax: sinais de hiperinsuflação (aumento do diâmetro anteroposterior do tórax, retificação dos arcos costais e do diafragma e aumento da transparência pulmonar), infiltrados reticulonodulares e áreas de atelectasia.
- Leucograma: não demonstra alterações geralmente, mas pode haver DE mesmo na ausência de infecções bacterianas (principalmente nas infecções por adenovírus).
- Gasometria arterial: hipoxemia e hipercapnia.
- Testes para vírus (imunofluorescência direta, PCR, cultura): a vantagem na identificação do vírus como agente etiológico é a redução da introdução de antibióticos nesses casos.
Bronquiolite: cite os diagnósticos diferenciais.
- Asma (principal);
- Coqueluche;
- Fibrose cística;
- Cardiopatias congênitas (hiperfluxo pulmonar);
- DRGE;
- Pneumonia bacteriana (febre elevada e presença de consolidação no RX a sugerem);
- Aspiração de corpo estranho, malformações vasculares (anéis, hemangiomas), trauma, queimaduras, tumores, etc.
Bronquiolite x Asma: qual dos 2 é a principal causa de sibilância durante os 3 primeiros anos de vida?
Bronquiolite (infecção por VSR).
- Diagnóstico de asma antes dos 3 anos de idade é difícil.
Bronquiolite x Asma: qual a relação entre eles?
A infecção por VSR pode contribuir para o desenvolvimento de hiper-responsividade das vias aéreas (característica da asma). Mas é incerto se são os episódios recidivantes de bronquiolite na infância que predipõem asma no futuro, OU se a predisposição genética à asma que deixa o indivíduo vulnerável na lactância a tantos episódios de broncoespasmo.
Bronquiolite: cite os 3 modelos de bebê chiadores e sua frequência.
- Grupo dos chiadores precoces transitórios (19,9%).
- Grupo dos chiadores persistentes (13,7%):
- Grupo dos chiadores tardios (15%).
- A outra metade nunca terá nenhum episódio de broncoespasmo.
Grupo dos chiadores precoces transitórios: características?
São aqueles que tem no mínimo 1 episódio de broncoespasmo antes de 3 anos e depois nunca mais apresentarão sibilância.
Grupo dos chiadores persistentes (13,7%): características?
São aqueles que apresentam episódios recorrentes de sibilância antes dos 3 anos e, aos 6 anos, continuam sibilando.
Grupo dos chiadores tardios (15%): características?
São aqueles que não apresentaram broncoespasmo antes dos 3 anos, mas o fazer após os 6 anos.
Bronquiolite x Fibrose cística: o que diz a favor de fibrose cística?
- Os sintomas de sibilância forem persistentes e refratários ao tratamento broncodilatador;
- Houver dificuldade de ganho ponderal;
- Sintomas de má absorção;
- Anormalidade hidroeletrolíticas;
- Baqueteamento digital, denotando doença pulmonar crônica.