Diarreia na infância Flashcards

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1
Q

Definição de diarreia?

A

É o aumento do número de evacuações, sendo no mínimo 3 em 24h com diminuição da consistência das fezes, que ficam liquefeitas (é o mais importante). Diarreia é um sintoma de várias doenças, e não uma doença.

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2
Q

Como é o hábito intestinal em RN e lactentes jovens em AME?

A

Apresentam fezes amolecidas e até líquidas, e podem evacuar de 8 a 10 vezes por dia, não caracterizando diarreia. O importante é saber o hábito intestinal normal da criança.

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3
Q

Classificação da Diarreia quanto a duração?

A

1) Diarreia aguda: dura até 14 dias.
a) Diarreia aguda com sangue (disenteria): sangue nas fezes, geralmente por bactérias patogênicas (Shigella é a principal).
2) Diarreia persistente: duração acima de 14 dias até 30 dias.
3) Diarreia crônica: duração acima de 30 dias ou 3 episódios no período de 60 dias.

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4
Q

Qual o objetivo do manejo adequado de diarreia? Ela é grave?

A

É a 4ª causa de óbito no Brasil.
- Objetiva evitar a desidratação e tratar a desidratação e manter a alimentação (nutrição do paciente), pois a diarreia é autolimitada, em geral dura no máximo 1 semana, até no máximo 14 dias (aguda).

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5
Q

Qual a importância de manter a alimentação no paciente com diarreia?

A

Dieta é liberada, de maneira que o paciente mantenha aporte calórico e facilite a recuperação do epitélio intestinal.

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6
Q

Doença diarreica aguda: fatores agravantes?

A

Baixo peso ao nascer, desidratação grave, desnutrição grave, lactente jovem, febre elevada, pneumonia, pais com baixo grau de instrução.

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7
Q

Doença diarreica aguda acomete mais que idade?

A

Menores de 5 anos, que são também o grupo de maior risco.

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8
Q

A capacidade absortiva do organismo é maior ou menor do que a secretora intestinal? Pq se desenvolve a diarreia?

A

Capacidade absortiva é > secretora. Eliminamos 200ml/dia. (P/ manter homeostasia).
- O desequilíbrio entre secreção e absorção intestinal de líquido e eletrólitos (quando absorve pouco) = diarreia.

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9
Q

Cite algumas causas de diarreia.

A

1- Vírus: rotavírus é o principal. Porém, com a vacina, o norovírus (vírus Norwalk) ganhou espaço como principal agente viral. Outros: adenovírus, astrovírus, calicivírus.
2- Bactérias:
- Doença diarreica aguda invasiva = pensar em Shigella. Outros: E. coli; enteroinvasiva; Yersinia; V. cholerae; C. difficile (relacionado com ATB) e Salmonela não tifoide, S. aureus.
3- Parasitas: Giardia Lamblia, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium parvum, Strongyloides stercoralis.
4- Fungos: Candida é o principal.
5- Não infecciosas: dietética (alergia alimentar, intolerância a lactose, intolerância a proteína do leite, intolerância ao glúten), bioquímica, tóxica, imunológica, neoplásica, psicogênica, endocrinopatias, hepatopatias, pancreatopatias, DPC, colon irritável, vasculopatias.

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10
Q

Cite os tipos de E. coli.

A
  • EC enteropatogênica (EPEC).
  • EC enterotoxigênica (ETEC).
  • EC enteroagregativa.
  • EC enteroinvasiva (EIEC).
  • EC enterro-hemorrágica.
  • EC enteroaderente.
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11
Q

Qual a forma de transmissão dos agentes que geram diarreia?

A

Via fecal-oral, principalmente. Contato direto ou veiculação dos patógenos por meio de água e dos alimentos.

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12
Q

Como é a diarreia alta (intestino delgado)? Está associada a que agentes?

A
  • Alta (intestino delgado): poucas evacuações mas com grande volume de líquido/fezes, pode ou não ter restos alimentares.
  • Rotavírus e giárdia lamblia (quando tem alimentos não digeridos). ETEC e V. cholerae também.
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13
Q

Como é a diarreia baixa (intestino grosso)? Está associada a que agentes?

A

Várias evacuações ao dia, mas com pequeno volumes de fezes que podem ou não ter muco, pus ou sangue, acompanhado de dor abdominal e tenesmo.
- Bactérias invasivas = EIEC/EHEC, Campylobacter, Yersinia, Shigella, Salmonella, E. hystolitica.

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14
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Adesão à mucosa intestinal e lesão da borda “em escova”: o que ocorre?

A

Os agentes se aderem firmemente ao epitélio intestinal, promovendo desarranjo e dissolução da borda “em escova” dos enterócitos maduros. Isso determina grande redução da superfície de absorção, causando desequilíbrio entre a absorção e a excreção de água e eletrólitos.

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15
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Adesão à mucosa intestinal e lesão da borda “em escova”: qual o principal agente envolvido?

A

EPEC, pois possuem fimbrias para se agregar, não produzem toxinas nem são enteroinvasivas. A íntima adesão da bactéria à membrana do enterócito causa a aparência de que ela está “sentada” sobre um pedestal da membrana celular (lesão “em pedestal”).

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16
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Adesão à mucosa intestinal e lesão da borda “em escova”: acomete mais que idade? Clínica?

A
  • Acomete mais < 2 anos (surtos epidêmicos em berçários).

- Clínica: diarreia profusa, sem sangue mas com muco, acompanhada de vômitos, mal-estar e febre.

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17
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Adesão à mucosa intestinal e produção de enterotoxinas: o que ocorre?

A
  • A bactéria adere à mucosa intestinal sem invadi-la, passando a produzir enterotoxinas que, intracelularmente, ativam o AMP ou o GMP cíclico.
  • As toxinas são termolábeis, termoestáveis ou de ambos os tipos.
  • Consequentemente, há estimulação da secreção de cloro, sódio e água.
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18
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Adesão à mucosa intestinal e produção de enterotoxinas: quais os principais agentes e a clínica?

A
  • Agentes: V. cholerae, ETEC.

- Clínica: diarreia autolimitada, causam diarreia “do viajante” em países subdesenvolvidos.

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19
Q

Qual a maior causadora das diarreias bacterianas?

A

ETEC.

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20
Q

ETEC: acomete q faixa etária? Como é a diarreia?

A
  • Infecta todas as faixas etárias e provoca surtos epidêmicos por contaminação de água e alimentos.
  • Diarreia é aquosa e abundante (ID), sem muco ou leucócitos, com náuseas e dor abdominal, durando em média 5 dias e não provocando febre geralmente.
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21
Q

V. cholerae: como é a diarreia?

A

Diarreia grave aquosa profusa (ID), com perda significativa de água e eletrólitos (desidratação). As fezes são “em água de arroz” (muco).

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22
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Invasão da mucosa com proliferação bacteriana intracelular: o que ocorre?

A

Invade o enterócito do ID distal e cólon, deteriorando sua função e causando sua morte.

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23
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Invasão da mucosa com proliferação bacteriana intracelular: clínica? Afeta mais que idade?

A
  • A reação inflamatória resulta em febre, toxemia, sangramento de pequena monta, tenesmo, cólica, anorexia e astenia. Desidratação não é intensa, mas pode haver hiponatremia.
  • Incomum em menores de 1 ano.
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24
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Invasão da mucosa com proliferação bacteriana intracelular: cite os agentes.

A
  • Shigella sp.: S. sonnei (mais prevalente em países industrializados), S. flexneri, S. boydii (raras) e S. dysenteriae (maior virulência).
  • EIEC.
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25
Q

Shigella: mais comum em que idade? Como é a diarreia?

A
  • Mais comum em crianças pequenas até a pré-adolescência, mas acomete todas as idades.
  • Causa mais comum de intoxicação alimentar.
  • Produz citotoxina shiga-like e neurotoxina.
  • Após o período de incubação (24 a 48 horas), a diarreia profusa permanece por 24 horas e, após, torna-se sanguinolenta. Como complicação, podem surgir convulsões, meningite, pneumonia e sepse.
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26
Q

EIEC: como é a diarreia?

A

Causa diarreia aquosa que, muitas vezes, evolui para disenteria com fezes em pequena quantidade, sangue, cólicas, tenesmo, febre e leucócitos fecais.

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27
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Invasão da mucosa e da lâmina própria: o que ocorre?

A

Após invadir mucosa e lamina própria, se dissemina por via hematogênica, com evolução para doença sistêmica (sepse).

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28
Q

Patogênese das diarreias bacterianas - Invasão da mucosa e da lâmina própria: cite os agentes.

A
  • Salmonella: dividida em tifoide (S. typhi e S. parathyphi) e não tifoide (predomínio de S. enteritidis).
  • Campylobacyer jejuni.
  • Yersinia enterocolitica.
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29
Q

Salmonella: como é a diarreia? Complicações? Ocorre mais em q estações e q idade?

A
  • Diarreia é aquosa, evoluindo com muco e sangue, dura 3-7 dias.
  • Complicações mais frequente: meningite, miocardite, pneumonia, osteomielite e sepse.
  • Surtos epidêmicos em primavera e verão, mais em < 5 anos.
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30
Q

Campylobacter jejuni: como é a clínica?

A

Se associa à gastrenterite e à diarreia “do viajante”. Incubação dura 1 a 7 dias. Inicialmente surgem cefaleia, mialgia, febre e diarreia com muco e sangue.

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31
Q

E. coli entero-hemorrágica: produz quais citocinas?

A

Shiga-like toxinas I e II, que se ligam a receptores renais e intestinais.

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32
Q

E. coli entero-hemorrágica: como é a transmissão?

A

Carne bovina malpassada e leite não pasteurizado.

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33
Q

E. coli entero-hemorrágica: mais frequente em q idade?

A

Crianças entre 5-9 anos e adultos.

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34
Q

E. coli entero-hemorrágica: clínica?

A

Diarreia sanguinolenta, dor abdominal em cólica, vômitos com duração de 1 a 24 dias, febre baixa ou ausente.

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35
Q

E. coli entero-hemorrágica: quais as complicações mais comuns?

A

Síndrome hemolítico-urêmica e purpura trombocitopênica trombótica.

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36
Q

E. coli enteroagregativa: como é a diarreia? Mecanismo?

A

Diarreia volumosa, aquosa com muco, dor abdominal, mas vômitos e sangue são infrequentes. Causa diarreia persistente, desnutrição e atraso do crescimento em países desenvolvidos.
- Mecanismo: adesão da mucosa.

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37
Q

Rotavírus: clínica? acomete mais que idade? Mecanismo?

A
  • Clínica: febre, vômitos, evacuações frequentes com fezes aquosas que persistem por 5-7 dias, sem sangue/leucócitos. Desidratação se instala rapidamente.
  • Ocorre em crianças menores de > 3m e < 2 anos.
  • Mecanismo: deixa célula careca dai não há produção de dissacaridases (lactase) e tem açúcares não digeridos (aumenta osmose), por isso a diarreia dele é tanto secretora como osmótica.
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38
Q

Como é a diarreia relacionada a ATB (penicilinas, cefalosporinas, clindamicina)?

A
  • Ocorre em 10-14 dias após o início da ATBterapia ou em até 3 semanas após o seu término.
  • É aquosa e intensa.
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39
Q

Colite pseudomembranosa: quem causa? Clínica? Tratamento?

A
  • Clostridium difficile
  • Clínica: febre, vômitos, distensão abdominal, toxemia, leucocitose acentuada, muco e sangue nas fezes.
  • Tratamento: metronidazol ou vancomicina oral.
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40
Q

Quadro clínico: diarreias bacterianas?

A

Febre, vômitos, toxemia e distensão abdominal, por vezes há muco e sangue e são acompanhadas de cólicas intensas que melhoram com a evacuação. Há risco potencial de causar desidratação e distúrbios eletrolíticos, um dos principais fatores determinantes da morbimortalidade.

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41
Q

Quadro clínico: diarreia pelo rotavírus?

A

Pródromo de 1 a 3 dias de febre, de sintomas gripais e vômitos frequentes e volumosos que, por si só, causam desidratação. Em seguida, instala-se quadro de diarreia aquosa, profusa, com vários episódios ao dia, muitas vezes com caráter explosivo, devido à fermentação de açúcares. O estado do paciente permanece preservado, sem quadro toxêmico, exceto quando há desidratação ou distúrbios eletrolíticos.

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42
Q

Como se faz o diagnóstico de diarreia?

A

Clínico, a definição etiológica nem sempre é possível.

43
Q

Tratamento das diarreias: objetivo?

A
  • Objetiva evitar a desidratação e tratar a desidratação.
  • Manter a alimentação (especialmente aleitamento materno).
  • O objetivo não é eliminar a diarreia, a diarreia é autolimitada, em geral dura no máximo 1 semana, até no máximo 14 dias (aguda). A preocupação é com o estado de hidratação e nutrição do paciente.
44
Q

Sais para reidratação oral: objetivo?

A

O objetivo do soro é recuperar o estado de hidratação e não acabar com a diarreia.

45
Q

Sais para reidratação oral: como é a composição do soro padrão antigo (MS - usado no BR)?

A

1) Composição/envelope:
- Cloreto de sódio: 3,5 g. | Citrato: 2,9 g. | Cloreto de potássio: 1,5 g. | Glicose: 20 g.
2) Composição em mEq/L:
- Sódio: 90. | Cloro: 80. | Citrato: 10. | Potássio: 20. | Glicose: 111.
- Total: 311. -> Isso é um pouco mais elevado do que a osmolaridade plasmática, que fica entre 285-295, o que pode gerar um efeito osmótico mínimo e piorar um pouco a diarreia.

46
Q

O que a OMS/UNICEF fez com o SRO e pq?

A
  • Reduziram a concentração de cloreto de sódio para 2,6 g.
  • Soro com osmolaridade reduzida diminui necessidade de hidratação venosa, reduz volume de fezes e a frequência de vômitos.
47
Q

Avaliação do estado de hidratação: o que buscar na anamnese?

A

Duração da diarreia, número diário de evacuações, presença de sangue nas fezes, número de episódios de vômitos, presença de febre ou outra manifestação clínica, práticas alimentares prévias e vigentes e outros casos de diarreia em casa ou na escola, imunizações

48
Q

Classifique a desidratação na diarreia quando há:

  • Perda de peso de até 5%?
  • Perda de peso entre 5-10%?
  • Perda de peso de mais de 10%?
A
  • Perda de peso de até 5%: desidratação leve.
  • Perda de peso entre 5-10%: desidratação moderada.
  • Perda de peso de mais de 10%: desidratação grave.
49
Q

Avaliação do estado de hidratação: cite os itens que devemos “observar” e “explorar”.

A

FOTO - Tabela: A, B, C.

1) Observe:
- Condição: alerta, irritado, comatoso.
- Olhos: normais, fundos, muito fundos.
- Lágrimas: presente, ausente, ausente.
- Boca e língua: úmidas, secas, muito secas.
- Sede: normal, bebe avidamente, bebe mal.
* Estado comatoso e não aceitar água = indicam desidratação grave.
2) Explore:
- Sinal da prega (desaparece): rapidamente, lentamente, muito lentamente.
- Pulso: cheio, débil, ausente.
- Enchimento capilar: normal, lento, muito lento.
a) Normal: até 2 segundos.
b) Lento: 2 a 5 segundos.
c) Muito lento: > 5 segundos.
* Pulso ausente (quase imperceptível) e enchimento capilar muito lento = indicam sinais de desidratação grave.

50
Q

Avaliação do estado de hidratação: após observar e explorar, temos que decidir quando ao grau de desidratação e o plano terapêutico. Quais são?

A

Decida:

  • Não tem desidratação: nenhum ou apenas 1 sinal alterado. - PLANO A.
  • Tem desidratação: 2 ou mais sinais alterados. - PLANO B.
  • Tem desidratação grave: se apresentar 2 ou mais sinais alterados, incluindo pelo menos 1 dos que indicam gravidade (estado comatoso; incapaz de beber; pulso muito fraco). - PLANO C.
51
Q

Plano A - Diarreia sem desidratação (tratamento domiciliar): condutas?

A
  1. Dar mais líquido do que o habitual para prevenir a desidratação (água, chás, sucos), ofertando após cada evacuação diarreica principalmente (não pode refrigerante, nem adoçar nada).
    a. Menores de 1 ano: 50-100 ml.
    b. De 1 a 10 anos: 100-200 ml.
    c. Maiores de 10 anos: a quantidade que aceitar.
    * Obs.: pega soro no postinho, mas se não dá porque mora longe, dai ensina a fazer soro caseiro.
  2. Manter a alimentação habitual para prevenir a desnutrição, especialmente aleitamento materno.
  3. Orientação: se o paciente não melhorar em dois dias, ou apresentar qualquer um dos sinais abaixo, levá-lo ao serviço de saúde.
    - Sinais de perigo: piora da diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa de alimentos, febre, sangue nas fezes, diminuição da diurese.
  4. Administrar zinco 1x/dia, VO, durante 10 a 14 dias:
    - Até seis (6) meses de idade: 10 mg/dia.
    - Maiores de seis (6) meses de idade: 20 mg/dia.
52
Q

Qual o benefício no uso de zinco na diarreia?

A

Zinco diminui o risco de reincidência de diarreia em até 3 meses, especialmente nos desnutridos.

53
Q

Como fazer soro caseiro?

A

1 copo de 200ml de água (1L) + 1 colher de sopa rasa de açúcar + 1 colher de chá de sal.

54
Q

Plano B – Diarreia com desidratação sem sinais de gravidade (terapia de reidratação oral na unidade de saúde): conduta inicial?

A
  1. Administrar Sais de Reidratação Oral (SRO).
    a. Apenas como orientação inicial: o paciente deverá receber terapia de reposição oral (TRO) de 50 a 100 mL/kg, no período de 4 a 6 horas (divido para dar de 20 em 20 min) = em paciente não grave, a TRO costuma resolver.
    i. Manter aleitamento materno durante TRO, qualquer outro alimento é proibido durante esse período.
55
Q

Plano B – Diarreia com desidratação sem sinais de gravidade: devemos reavaliar o paciente durante a reidratação, o que avaliaremos e qual conduta em cada caso? Quando suspender a TRO?

A

a. Se desaparecerem os sinais de desidratação use o plano A.
b. Se continuar desidratação (mas não grave) ou tem vômitos, inicie sonda nasogástrica (gastróclise).
c. Se evoluir para desidratação grave siga para o plano C.
d. Deve-se suspender a TRO se: crises convulsivas, vômitos incoercíveis, distensão abdominal mesmo após gastróclise e ausência de ganho de peso após 2h de TRO.

56
Q

Plano B – Diarreia com desidratação sem sinais de gravidade: TRO auxilia nos vômitos? O que fazer frente a febre baixa?

A
  • A própria TRO diminui náusea e vomito.
  • Febre baixa geralmente é hipertermia pela desidratação. MS enfatiza evitar uso de antitérmico, pois ele deixa criança sonolenta, atrapalhando TRO.
57
Q

Plano B – Diarreia com desidratação sem sinais de gravidade: se continuar desidratado ou com vômitos, o que podemos fazer?

A

Uso da SNG (gastróclise).

58
Q

Indicações da gastróclise?

A

Perda de peso após 2h de TRO, vômitos persistentes (4 ou mais por hora), distensão abdominal, dificuldade de ingestão = tentaremos o uso da SNG antes da hidratação venosa.

59
Q

Gastróclise: velocidade de infusão?

A

30 a 60 ml/kg/h. Se vômitos: reduz para 10 a 15 ml/kg/h.

60
Q

Gastróclise: qual a conduta se:

  • Evoluir bem?
  • Evoluir com perda de peso após 2h, vômitos persistentes, crise convulsiva?
A
  • Se evoluir bem = manutenção do estado de hidratação -> fornecer envelopes de SRO = oferecer soro após cada evacuação, manter aleitamento ao seio, realizar 1 refeição a mais em casa até a recuperação nutricional (para acelerar recuperação intestinal e resolução da diarreia).
  • Se evoluir com perda de peso após 2h, vômitos persistentes, crise convulsiva = hidratação venosa.
61
Q

Plano C – Diarreia com desidratação grave (parenteral): 1- como faremos a fase rápida (expansão) da HV em < 5 anos?

A

SF0.9%: iniciar com 20 ml/kg em 30min. Repetir essa quantidade até que a criança esteja hidratada, reavaliando os sinais clínicos após cada fase de expansão administrada.
- Para RN e cardiopatas graves: iniciar com 10 ml/kg.

62
Q

Plano C – Diarreia com desidratação grave (parenteral): 1- como faremos a fase rápida (expansão) da HV em > 5 anos?

A

SF0,9% – 30 ml/kg por 30 minutos. E, em seguida, entrar com Ringer lactato ou solução polieletrolítica – 70 ml/kg em 2h30min (total = 3h).

63
Q

Plano C – Diarreia com desidratação grave (parenteral): 2- como faremos a fase de manutenção e reposição para todas as faixas etárias?

A

1) Manutenção (em 24h) de acordo com Holliday-Segar:
a) SG5% + SF 0,9% (4:1):
- Até 10kg: 100ml/kg.
- 10-20kg: 1000ml + 50ml para cada kg acima de 10kg.
- > 20kg: 1500ml + 20ml para cada kg acima de 20kg.
- K = 2mEq/100ml de soro.
2) Reposição (em 24h): eu coloco o soro de reposição da criança porque ele está perdendo.
a) SG5% + SF 0,9% (1:1):
- 50ml/kg/dia (reavaliar conforme perdas).

64
Q

Como deve ser a alimentação durante a diarreia?

A

Não diluir alimentos, não restringir gordura (tem que manter ou até aumentar teor calórico), manter aleitamento materno.

65
Q

Quais medicamentos são contraindicados na diarreia e pq?

A

1) Antieméticos.
- Há risco de SD extrapiramidal com uso de metoclopramida.
- Ondansentrona não é indicado pela OMS. Mas é indicado no AIDPI, na dose de 0,15 mg/kg.
2) Antiespasmódicos (elixir paregórico).
- Diminui a peristalse e com isso pode manter germes patogênicos no intestino, com risco de megacólon tóxico.
3) Antidiarreicos (só usa 1 = racecadotril);.
4) Antipiréticos.

66
Q

Podemos prescrever probióticos na diarreia? Se sim, quais?

A

Os recomendados são Lactobacillus rhamnosus GG e Saccharomyces Boulardii,

67
Q

Quando pensar em usar ATB na diarreia?

A

Se tiver disenteria (com comprometimento do estado geral), cólera grave, giardíase ou amebíase, imunodeprimidos.

68
Q

Quais ATB usamos na diarreia?

A
  • Ciprofloxacino: 15 mg/kg a cada 12 horas, via oral, por 3 dias, OU
  • Azitromicina: 10-12 mg/kg no 1º dia e 5-6 mg/kg por 4 dias, VO (casos de Shigella); OU
  • Ceftriaxona: 50 a 100 mg/kg, intramuscular, 1 vez ao dia, por 2 a 5 dias, como alternativa.
69
Q

Qual ATB usar na suspeita de giardíase ou amebíase?

A

Metronidazol: 15-30 mg/kg/d, 12/12h, por 5 dias

70
Q

Qual ATB usar na cólera?

A

Tetraciclina, mas criança < 8 anos não deve recebe-la pelo risco no desenvolvimento da dentição, daremos SMX-TMP para elas.

71
Q

Como prevenir diarreia?

A

Seio materno, imunizações, saneamento básico, lavagem das mãos.

72
Q

É necessária pedir exames para:

  • Diarreia aguda?
  • Diarreia persistente?
A
  • Diarreia aguda: não há necessidade.

- Diarreia persistente: pH fecal e substancias redutoras.

73
Q

Desidratação: hipernatremia - O que ocorre?

A

Subestima a desidratação.
- Osmolaridade é maior no plasma do que na célula, logo, o meio extracelular puxa água de dentro da célula, mantendo o plasma/interstício com maior quantidade de volume, mesmo com as perdas. Logo, subestima a desidratação, quando ela aparece, já está bem avançado.

74
Q

Desidratação: hiponatremia - O que ocorre?

A

Sinais de desidratação evidentes precocemente.
- Osmolaridade é baixa, água passa através da membrana do lado menos osmolar para o mais osmolar. Logo, na hiponatremia, além das perdas pela diarreia/vômitos, o líquido extracelular (que é composto por plasma e líquido intersticial e na hiponatremia tem menos Na – osmolaridade mais baixa) ainda perde água pra dentro da célula e o choque acontece precocemente.

75
Q

Qual a causa mais comum de desidratação na infância?

A

Diarreia.

76
Q

Qual a desidratação associada a diarreia mais comum: hiper, iso ou hipotônica?

A

Isotônica.

77
Q

Desidratação hipotônica: clínica?

A

Quadro clínico: Sinais de desidratação acentuados, choque precoce, sede discreta (pois entra água nas células, assim, os neurônios “ingurgitados” não estimulam centro da sede), edema cerebral → convulsão.

78
Q

É mais comum desidratação hipo ou hipertônica? Pq?

A

Hipotônica, pois, ADH é secretado tanto no aumento da osmolaridade, quanto na hipovolemia, mas a hipovolemia prepondera em relação à alteração da osmolaridade, isto é, se tenho sódio baixo e hipovolemia, a hipovolemia estimula a retenção de volume e assim o sódio que já está baixo ficará mais diluído ainda, piorando a hiponatremia (distúrbio mais comum), mas a prioridade é resolver a hipovolemia.

79
Q

Desidratação hipotônica: tratamento?

A
  • SF0,9% (pois prioridade é restaurar e volemia).
  • Se paciente evoluir com edema cerebral e convulsões (principalmente com o Na < 125): solução hipertônica (sódio a 3%): 4 a 6 ml/kg. *1 ml/kg leva a aumento de 1 mEq/L.
80
Q

Desidratação hipotônica: pq devemos evitar correção rápida do sódio? Qual o limite?

A

Pois há risco de mielinólise central pontina. Evitar aumentos superiores a 12 mEq/L/dia.

81
Q

Desidratação hipertônica: quadro clínico?

A

Turgor pouco alterado, choque é tardio, hipertonia, hiperreflexia, sede intensa. *Manifestações clínicas são mais leves, há demora para procurar assistência médica.

82
Q

Desidratação hipertônica: complicações?

A

Hemorragia cerebral, trombose, efusão subdural.

83
Q

Desidratação hipertônica: tratamento?

A

Fase de expansão = SF0,9% 20 ml/kg/20min, após restaurar volume, SF0,9% a ¼, em um volume entre 1,25 e 1,5 x o volume basal em 24h.

84
Q

Desidratação hipertônica: pq devemos evitar correção rápida de sódio? Qual o limite?

A

Pois a queda abrupta da osmolaridade faz com que a água volte para dentro da célula e ela fica ingurgitada = edema cerebral. Não reduzir além de 12 mEq/L/d.

85
Q

O que são osmois idiogênicos?

A

Se é uma hipernatremia que dura dias, o SNC reage produzindo dentro das células essas estruturas que tem capacidade osmótica, diminuindo a perda de água para o extracelular. Só que quando abaixamos rapidamente a natremia, esses osmois idiogênicos puxam água demais = edema cerebral.

86
Q

Desidratação hipertônica: complicação da correção rápida e tto?

A

Edema cerebral = convulsão. Tto: manitol.

87
Q

Defina encoprese. Como confirmar o diagnóstico?

A

Encoprese é quando a criança evacua em local inadequado, pois tem uma constipação grave, em que cólon está repleto de fezes endurecidas e passa um pouco de fezes líquidas que são eliminadas e borram a calcinha/cueca e a mãe acha que é diarreia.

  • Confirma pelo RX, criança tem massa fecal palpável, toque retal com fezes no reto e a conduta é fazer a desimpactação das fezes.
  • Obs.: no toque retal da aganglionose congênita o esfíncter é hipotônico e “abraça” o dedo no toque retal, e ao tiramos o dedo as fezes saem (explosivas).
88
Q

O que é a encoprese secundária?

A

Secundária a constipação funcional.

89
Q

Investigação da diarreia crônica: pq pedimos pH e substâncias redutoras?

A
  • Solicitamos em casos sugestivos de intolerância à dissacarídeos (distensão abdominal + fezes explosivas e aquosas + dermatite perineal).
  • São bons indicadores diarreia persistente, onde a lesão no epitélio intestinal faz com que haja perda na produção de lactase e digestão da lactose. Resultado: pH fecal ácido e presença de substâncias redutoras (açúcar nas fezes). Conduta: tirar a lactose temporariamente.
90
Q

Investigação da diarreia crônica: pq pedimos EPF 3 amostras?

A

Verminoses.
- Mas em geral verminose não da diarreia crônica. Porém, exemplo clássico de prova de verminose causando diarreia crônica é criança que foi para creche e iniciou diarreia, pensar em giardíase.

91
Q

Investigação da diarreia crônica: pq pedimos coprocultura?

A

Bactérias, toxinas do Clostridium difficile (paciente que usou ATB e fez colite pseudomembranosa pode ter infecção pelo Clostridium).

92
Q

Investigação da diarreia crônica: pq pedimos EAF?

A

Sangue e leucócitos. Se lactente = investigar APLV, se criança maior = DII.

93
Q

Investigação da diarreia crônica: pq pedimos Sudan - gordura fecal?

A

O melhor é investigar gordura fecal em 72 horas e havendo esteatorreia pensando em giardíase ou podemos fazer o teste do suor (fibrose cística), solicitar anticorpos para doença celíaca.

94
Q

Investigação da diarreia crônica: pq pedimos calprotectina fecal?

A

Para investigar DII.

95
Q

Investigação da diarreia crônica: quais hormonios podemos pedir?

A

Polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP), gastrina, secretina. O aumento desses hormônios pode causar aumento do trânsito intestinal e diarreia.

96
Q

Investigação da diarreia crônica: pq pedimos hemograma?

A

Anemia, infecção.

97
Q

Quais os possíveis diagnósticos de diarreia crônica?

A
  • Intolerância à lactose.
  • Diarreia crônica inespecífica/cólon irritável (criança não perde peso).
  • Giardíase, doença inflamatória intestinal, fibrose cística, síndrome disabsortiva pós-gastroenterite, doença celíaca = Nesses há perda de peso.
    1) Crohn: dá mais sintomas sistêmicos. Salteamento das lesões (áreas sãs com áreas doentes) = “Cobblestone”.
    2) RCU: doença começa a nível retal e vai lesando todo o epitélio, sem limite entre área sã e doente.
98
Q

O que é a doença celíaca?

A

Doença diarreica imunomediada provocada por consumo de glúten em indivíduos predispostos.

99
Q

Quais Ac pedimos para investigar doença celíaca?

A
  • Antigliadina.
  • Antiendomísio.
  • Antitransglutaminase tecidual (se positivo + diarreia crônica + falha no desenvolvimento + alteração no HLA = doença celíaca, mesmo sem biopsia segundo Nelson).
100
Q

Frente aos Ac positivos da doença celíaca, qual o próximo passo?

A

Pedimos EDA com biopsia para confirmar.

101
Q

Como é a biópsia da doença celíaca?

A

Biópsia intestinal (ID) é o padrão-ouro para doença celíaca, mostrando atrofia da mucosa.

102
Q

Clínica da doença celíaca?

A

Atrofia da mucosa gera má absorção e com isso diarreia, emagrecimento, vômitos, alteração do crescimento, anemia.

103
Q

Tratamento da diarreia crônica?

A

Tratar causa base.