Síndromes hipertensivas na gestação Flashcards
Qual é a 1ª causa de mortalidade materna no Brasil? E tem grande potencial de morbimortalidade perinatal devido à que?
Síndromes hipertensivas.
- Potencial de morbimortalidade perinatal devido à hipóxia.
Qual é o valor considerado hipertensão arterial na gravidez?
PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90 mmHg.
Qual é a 1ª causa de prematuridade eletiva devido a RCIU e oligoâmnio?
Pré-eclâmpsia.
Como aferir a PA na gestante?
Em repouso, paciente sentada, aferir de preferencia no antebraço direito elevado (altura do coração), com manguito adequado. Se der alta, devemos repetir em intervalo de 5 minutos (10-15 minutos seria o ideal).
Cite os tipos clínicos das síndromes hipertensivas.
- Hipertensão arterial crônica (HAC).
- Hipertensão gestacional.
- Pré-eclâmpsia (PE).
- HAC sobreposta por pré-eclâmpsia.
HAC: definição?
Gestante apresenta hipertensão arterial (≥ 140x90 mmHg) antes da gestação ou em até 20 semanas de gestação e persiste além de 12 semanas pós-parto.
HAC: é primária ou secundária?
- É hipertensão essencial (primária) em mais de 90%.
- Uma parte pode ter a hipertensão secundária a: doença renal, feocromocitoma, coarctação da aorta, LES, diabetes, tireotoxicose, etc.
HAC: fatores de risco?
Multíparas, obesas, história familiar.
HAC: comente sobre edema, proteinúria e LOA.
- Sem edema ou proteinúria.
- Pode apresentar alterações de órgão-alvo (por ter hipertensão há anos).
HAC: classificação?
- HAC complicada: paciente já tem IRC, cardiopatia, pré-eclâmpsia sobreposta.
- HAC não complicada.
Como definir diagnóstico em gestante que vem com pressão alta à 1ª consulta após 20 semanas de gestação e com desconhecimento dos níveis pressóricos prévios?
Não tem o que fazer, pode ser HAC ou pode estar evoluindo com pré-eclâmpsia, avaliar outros critérios diagnósticos.
Qual a exceção para ter HA antes das 20 semanas e não ser HAC?
Gestação molar.
Hipertensão gestacional: definição e conduta?
Hipertensão desenvolvida durante a gestação, após 20ª semana de gestação, mas sem nenhum sinal, sintoma ou alteração laboratorial que caracterize a pré-eclâmpsia. Sem proteinúria.
- Conduta: pré-natal de alto risco, consultas mais frequentes e avaliar necessidade de anti-HAS.
Hipertensão gestacional: pode evoluir para pré-eclâmpsia?
Até 25% evolui para pré-eclâmpsia.
Hipertensão gestacional: e se houver persistência da HA após a 12ª semana do parto?
A classificaremos como HAC (isso pode ocorrer pois a gestante pode ter sua pressão falseada na 1ª metade da gestação, aonde a pressão tende a ser baixa).
Pré-eclâmpsia: definição?
Hipertensão arterial (≥ 140x90 mmHg) após 20 semanas + proteinúria (≥ 300 mg/24h) OU disfunções orgânicas maternas.
O aumento de 30 mmHg na PAS ou de 15 mmHg na PAD quando os valores absolutos estão abaixo 140x90 mmHg é critério diagnóstico para pré-eclâmpsia? Qual a conduta?
Não deve ser usado como critério diagnóstico.
- Conduta: fazer medidas de PA e consultas mais frequentes, especialmente na presença de proteinúria e hiperuricemia (≥ 6 mg/dl).
Defina:
- Pré-eclâmpsia precoce?
- Pré- eclâmpsia tardia?
- Pré-eclâmpsia precoce: < 34 semanas. Pior prognóstico (+ RCIU, resultados materno-fetais piores).
- Pré-eclâmpsia tardia: ≥ 34 semanas.
Pré-eclâmpsia: Cite os 17 sinais de gravidade.
1- PA ≥ 160x110 mmHg.
2- Creatinina ≥ 1,2 mg/dl.
3- Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais).
4- Eclampsia.
5- Dor epigástrica ou no HD.
6- Evidência clínica ou laboratorial de coagulopatia.
7- Plaquetopenia < 100.000.
8- Aumento de AST, ALT, DHL, bilirrubinas.
9- Presença de esquizócitos em sangue periférico.
10- AVE.
11- Dor torácica.
12- Sinais de insuficiência cardíaca ou cianose.
13- Edema agudo de pulmão.
14- Dificuldade de controle pressórico com 3 drogas.
15- Oligúria (< 500 ml/dia ou 25 m/h).**
16- Presença de RCIU e/ou oligoâmnio.**
17- Proteinúria > 2 g/24h.**
**MS diz que são critérios de gravidade, mas literaturas atualizadas e FEBRASGO não os citam mais -> prestar atenção em prova (FEBRASGO não irá considerar níveis de proteinúria como critério de gravidade, portanto).
*Quando não há nenhum dos critérios de gravidade, a pré-eclâmpsia é classificada como leve (ou seja, PA ≥ 140x90 mas < 160x ≥ 110 mmHg + proteinúria).
Pré-eclâmpsia: fatores de risco? (15)
Primiparidade (aumenta em 2x), história prévia (8x) ou familiar de PE (3x), nefropatias, HAC, DM, colagenoses (LES), obesidade, trombofilias, extremos de idade (> 40 ou < 18 anos), doença trofoblástica gestacional, gemelaridade (tem mais tecido placentário), hidropsia fetal, raça negra, SD do anticorpo anti-fosfolípide.
Pré-eclâmpsia: proteinúria - valores?
- ≥ 300 mg/dl em 24h, ou ≥ 1 g/L em 24h. OU
- Proteinúria/creatinúria > 0,3 mg/dl por amostra isolada. OU
- Fita 1+ de proteína (em 2 ocasiões, sem evidencia de infecção).
*Esses valores são válidos para pacientes que nunca tiveram proteinúria.
Na gestante com HAC, devemos pedir proteinúria? Pq?
Sim, tem que fazer a proteinúria basal no início da gestação, porque se ela evoluir com proteinúria no decorrer da gestação saberemos se é por evolução para PE sobreposta ou se é fruto de lesão renal prévia.
Pré-eclâmpsia: se sinais de iminência de eclampsia ou alterações laboratoriais sugestivas de disfunções orgânicas maternas, não é necessário proteinúria para fechar diagnóstico de PE. Quais são os sinais de iminência de eclampsia?
- Cefaleia frontal ou occipital persistente;
- Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurose);
- Dor epigástrica ou hipocôndrio direito.
*PE com sinais de gravidade.
Pré-eclâmpsia: se sinais de iminência de eclampsia ou alterações laboratoriais sugestivas de disfunções orgânicas maternas, não é necessário proteinúria para fechar diagnóstico de PE. Quais são as disfunções orgânicas maternas? (“4”)
- Perda da função renal: Cr ≥ 1,2 mg/dl.
- Aumento de transaminases: TGO ou TGP > 70.
- Complicações neurológicas: estado mental alterado, cegueira, hiper-reflexia com clônus, escotomas, turvamento visual, diplopia, doppler da a. oftálmica com peak/ratio > 0,78.
- Complicações hematológicas: plaquetopenia (< 100.000), CIVD, hemólise.
- PE com sinais de gravidade.
- Macete = lembre de HELLP + iminência de eclâmpsia + alteração renal.
Eclâmpsia: conceito?
Aparecimento de convulsões tônico-clônicas generalizadas em paciente com pré-eclâmpsia. Epilepsia e outras doenças convulsivas devem ser excluídas.
Pré-eclâmpsia: fisiopatologia?
- A placenta se desenvolve de células chamadas trofoblastos -> citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto -> sincício invade decídua e artérias espiraladas, levando ao seu alargamento e resultando em aumento do fluxo sanguíneo, que desenvolverá feto e placenta. Na pré-eclâmpsia isso é deficiente, gerando isquemia placentária. Na gestação normal a migração trofoblástica ocorre em 2 ondas (1º e 2º T) e elas convertem as artérias espiraladas em vasos de baixa resistência e acredita-se que 2ª onda (responsável por consumir o segmento miometrial) não ocorre nas gravidas com pré-eclâmpsia (por mecanismos imunológicos e genéticos), dai a resistência arterial não cai adequadamente (alta resistência), vasos permanecem estreitos = isquemia placentária = insuficiência placentária -> pode determinar restrição do crescimento fetal e na vigência de hipóxia, ocorre sofrimento fetal crônico e até mesmo óbito intrauterino.
- Além disso, pode ter baixo volume (e não aumento do DC como na gestante normal), alta pressão e alta resistência. Como o fluxo renal estará diminuído, pode ter aumento de ureia, creatinina e ácido úrico (reduz o clearance). Proteinúria ocorre pela lesão dos glomérulos (glomeruloendoteliose).
Hipertensão crônica sobreposta por pré-eclâmpsia: definição?
- Gestante previamente hipertensa que cursa com agravamento da PA (ou seja, elevação da PA) associada ao surgimento de proteinúria ou 3x valor inicial, além de disfunção de órgão-alvo após a 20ª semana de gestação. É um quadro grave.
- Aceita-se o diagnóstico também quando há elevação da PA acompanhada de aumento de ácido úrico (≥ 6 mg/dl) em gestantes sem uso de diurético.