Convulsões em pediatria Flashcards
Convulsões: definição?
Distúrbio paroxístico (intenso) e transitório da função cerebral decorrente de hiperexcitabilidade da atividade elétrica do cérebro e que se manifesta clinicamente com alterações motoras, sensoriais, psíquicas ou autonômicas. Quem apresenta uma crise epiléptica não necessariamente é portador de epilepsia.
Epilepsia: definição?
Distúrbio cerebral caracterizado pela predisposição do cérebro para gerar crises epilépticas e pelas consequências neurológicas, cognitivas, psicológicas e sociais dessa condição.
Estado de mal epiléptico: definição?
Crise única ou repetitiva, sem retorno do nível de consciência no período de 30 minutos.
As convulsões são comuns na pediatria?
Sim, 10% das crianças tem ao menos 1 convulsão na vida.
Convulsões: etiologia?
- Alterações somáticas (origem fora do cérebro): febre, arritmias cardíacas, sepse.
- Epilepsia: desencadeadas a partir do próprio cérebro.
- Idiopática, trauma, MAV, drogas.
Avaliação após a 1ª convulsão: medidas iniciais?
- Avaliação imediata: descartar doença grave -> meningite, sepse, TCE, ingestão de drogas.
- História: ver se foi mesmo convulsão, o que provocou, descrição do quadro pelos pais, estado pós-ictal, definir se foi convulsão local ou generalizada, duração, nível de consciência, se teve aura e perda do controle esfincteriano.
Avaliação após a 1ª convulsão: o que pesquisar no exame físico?
Buscar causa orgânica (antes de pensar em epilepsia):
- Perímetro cefálico: pode ter macrocefalia ou microcefalia que justifique lesão cerebral.
- Peso, estatura.
- Exame neurológico (fundo de olho = edema de papila, tumor, hipertensão intracraniana, sangramento, coriorretinite -presente em infecções congênitas que podem estar associadas a convulsões-).
- Dismorfismos faciais: presentes em síndromes.
- Hepatoesplenomegalias: doenças de depósitos.
- Lesões de pele: desordens neurocutâneas = esclerose tuberosa e neurofibromatose.
O que é a “aura”?
Sensação que precede a convulsão, como cheiro, parestesia, escotomas cintilantes. Na criança costuma ser dor abdominal, pode alterar comportamento.
Esclerose tuberosa x convulsões: quais os achados que sugerem?
Manchas hipocrômicas (de difícil de visualização a olho nu, são vistas pelas lâmpadas de Wood) associada a calcificações cerebrais (convulsões).
Neurofibromatose x convulsões: quais os achados que sugerem?
Manchas café com leite (a partir de 6), e está associada a tumor de SNC (pode ocasionar convulsões).
Qual a convulsão mais comum da infância?
Convulsão febril.
Convulsão febril: ocorre em que idade?
Entre 6 meses a 5 anos (“6 a 60 meses”),
Convulsão febril: está associado a que?
A febre e na ausência de infecção do SNC ou outra doença neurológica. Geralmente com história familiar positiva.
Convulsão febril: clínica da convulsão febril simples (clássica)?
- Temperatura corporal que aumenta rapidamente.
- Generalizada, tônico-clônica.
- Dura de poucos segundos há no máximo 15 minutos.
- Uma única vez em 24h.
- Bom prognóstico.
Convulsão febril: clínica da convulsão febril complexa ou complicada?
- Duração > 15 minutos,
- Vários episódios em menos de 24 horas.
- Focal.
- Prognóstico não tão bom.
O que sugere status epilepticus + febre?
Meningite viral ou bacteriana.
Convulsão febril: fatores de risco para recorrência? É comum?
- Quando a 1ª convulsão febril ocorre com < 12 meses de idade.
- Padrão complexo da crise (focal, de duração prolongada).
- História familiar positiva.
- Tax que não se eleva demais antes da crise (ex.: não chegou nem a 38ºC e já convulsionou).
- Há 30-50% de risco de ocorrer um novo episódio de convulsão febril.
Convulsão febril: esses pacientes tem risco maior de epilepsia? Cite os fatores de risco associado a maior risco.
Criança com crise febril tem risco um pouco aumentado para epilepsia, de acordo com a presença dos fatores de risco abaixo:
- Convulsões complexas, história familiar de epilepsia, início em < 12 meses de idade, atraso dos marcos do desenvolvimento, doenças neurológicas preexistente.
- HISTÓRIA FAMILIAR DE CF NÃO É FR PARA EPILEPSIA!
- CF NÃO PRECEDE SD EPILÉPTICA.
Convulsão febril: qnd é indicado punção lombar e pq?
- Sempre realizar punção lombar em < 6 meses. Pois criança não mostra tanto os sinais de irritação meníngea.
- Considerar naqueles entre 6 e 18 meses (se não foi vacinado contra pneumococo, meningococo e hemófilo).
- Criança com sinais de meningite.
*Para afastar hipótese de meningite.
Convulsão febril: principais doenças associadas?
- IVAS: resfriado comum, extremamente comum na criança.
- Roséola (exantema súbito): febre alta seguida de exantema.
- Otite média aguda: principal doença bacteriana do lactente.
É indicado realizar EEG, TC ou RM de crânio na convulsão febril simples?
Não!
Convulsão febril: tratamento?
- Quadro benigno: passar segurança aos pais.
- Estabilizar via aérea, oxigenação, acesso venoso, avaliação e estabilização da função cardiovascular.
- Investigar distúrbios HE e AB.
- Medidas para controle da febre – Antitérmicos.
- Durante crise: Diazepam 0,3 mg/kg IV; ou 0,5 mg/kg VR; ou midazolam 0,2 a 0,7 mg/kg SL, IM ou IN.
- Não há necessidade de observação no serviço de urgência.
Convulsão febril: profilaxia?
Podemos tentar Diazepam, VO, ao longo da doença febril.
- Ex.: criança com histórico de convulsão febril e com quadro de OMA, durante o quadro febril até agir o ATB (48-72h) podemos usar o Diazepam e depois cessa.
*Não usar demais AC: fenitoína, carbamazepina, fenobarbital, ácido valproico.
Convulsões não provocada: risco de recorrência é alto?
É < 50%.
- Atenção à história familiar de epilepsia, pois isso aumenta o risco de recorrência.
Convulsões não provocada: após a PRIMEIRA crise, devemos fazer EEG, neuroimagem e anticonvulsivante?
- EEG: devemos fazer, pois se é uma crise não provocada, já na 1ª crise posso ter alterações que sugerem epilepsia e não preciso esperar uma 2ª crise para definir epilepsia.
- Neuroimagem (TC/RNM): não precisa fazer, mas na prática fazem. Fazer após a 2ª.
- Anticonvulsivante: não precisa. (Fazer após a 2ª crise quando definirá que é epilepsia, a não ser que o EEG seja muito alterado).
Epilepsia: conceito?
Duas convulsões não provocadas com intervalo mínimo de 24 horas.
Epilepsia: prognóstico?
- Bom prognóstico.
- Mas 10 a 20% são convulsões refratárias ao tratamento.
Epilepsia: convulsões ocorrem geralmente em que período do dia?
Convulsões ocorrem no início da manhã ou na fase inicial do sono.
Epilepsia: é indicado EEG e neuroimagem?
Sim, pois já tem DUAS crises ou mais de convulsões não provocadas (definição de epilepsia). Fazemos para afastar tumor, ou outras causas.
Epilepsia: classificação das convulsões?
1- Focais (antes chamadas de crises parciais):
a) Simples: nível de consciência é mantido.
b) Complexas (ou “focal discognitiva”): perda da consciência.
2- Generalizadas:
a) Tônico-clônica generalizada (grande mal).
b) Ausência (pequeno mal).
c) Clônica, tônica, mioclônica, atônica.