Febre tifoide Flashcards
Aspectos gerais
- Doença de notificação compulsória.
- Leva a diarreia, perfuração intestinal e óbito.
- Incidência maior em condições baixas de saneamento básico (alimentos contaminados).
- Sem sazonalidade, casos o ano todo.
Sinônimos de FT
- Febre entérica.
- Febre de Eberth.
- 4 F’s: Feces, Food, Fever, Finger.
Predomina em que idade?
- 15 a 45 anos.
- Com o avanço da idade, a taxa de ataque é reduzida.
Agente etiológico FT
- Salmonella typhi é o principal.
- Salmonella choleraesuis: responsável por bacteremia com sepse na FT.
- Salmonella paratyphi: grupos A, B e C -> quadros menos graves (são febre paratifoide na real).
Salmonella typhi
- Principal causador de FT.
- Bacilo Gram negativo enterofermentador.
- É do grupo D.
- Produzem antígenos: O, Vi, H.
- Transpõe a barreira intestinal, podendo causar sepse.
Ciclo e transmissão FT
- Fecal-oral. Ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo S. typhi.
- S. typhi invade o interstício no intestino delgado -> prolifera-se nas placas de Peyer, com hipertrofia e úlceras intestinais -> hiperplasia de linfonodos mesentéricos com disseminação hematogênica -> p/ baço, fígado, vesícula.
- Após 13ª semana: fagocitose -> favorece eliminação. Após esse período: bactéria fixa-se na VB (colecistite).
Instalação da S. typhi na vesícula
Permanece por meses e faz uma colecistite cronica. É um portador permanente que elimina S.typhi na urina e fezes.
Período de incubação
É a 1ª fase e dura 1 a 3 semanas.
Sintomas - 2ª Fase
Prodrômica ou Inicia - 1ª semana da doença:
- Febre ascendente e contínua. Cefaleia, mialgia, astenia, mal-estar.
- Obstipação predomina.
- Sinal de Faget.
Sintomas - 3ª Fase
Estado - 2ª e 3ª semana:
- Cefaleia forte mantida, astenia e mal-estar intensos.
- Diarreia predomina -> leva a desidratação importante, 1/3 pode evoluir para delirium.
- Hepatoesplenomegalia.
- Roséola tífica.
Sintomas - 4ª Fase
Convalescença ou Declínio - 4ª semana:
- Febre termina em lise (para de uma vez).
- Sintomas de astenia e adinamia demoram a melhorar. Mesmo tendo passado diarreia, febre, etc.
Complicações FT
Enterorragia, perfuração intestinal, osteomielite, “HIV”, recaídas, salmonelose septicêmica prolongada.
1- Enterorragia
- Por úlcera, 10% dos casos, tem mau prognóstico -> cursa com peritonite secundária e pode levar a sepse bacteriana.
2- Perfuração intestinal
- Éa mais frequente.
- Ocasionada pela hipertrofia das placas de Peyer (isquemia -> ulceração -> perfuração).
- Íleo terminal é o local mais frequente. Pode levar a abdome agudo -> sepse -> óbito.
3- Osteomielite
- Associado a anemia falciforme (faz artralgia, salmonella pode se instalar ali por ser bem vascularizado).
4- HIV+FT
- Associação de Salmonelose com HIV é doença que define AIDS, recaídas são frequentes.
5- Recaídas
- Ocorre no fim do período de Estado, quando o paciente começa a ter melhora clínica, pelo o paciente ter passado 2 semanas muito debilitado, ele pode ter uma recaída = volta a fazer febre após a 4ª semana.
- Geralmente decorre de colecisitite.
6- Salmonelose septicemica prolongada
- Causada por S. typhi e outras.
- Febre persistente com recaídas frequentes há meses (A/E).
- HepatoEsplenomegalia.
- Apesar da febre, tem boa condição clínica (mas procure saber se há história prévia de diarreia e etc).
- Associado a infecção pelo Schistosoma, há chance maior de ocorrer a salmonelose septicêmica prolongada.
Diagnóstico FR
- Feito com base na clínica + positividade das culturas e sorologia.
Hemocultura FT
Melhor momento é na 1ª semana (prodrômica) -> 90% de chance de vir positiva por causa da disseminação hematogênica.
Coprocultura FT
- 2ª a 5ª semanas -> fase de estado e início da convalescença, quando há diarreia.
Urocultura FT
- 2ª e 3ª semanas. Fase de estado, pois Salmonella também é eliminada pela urina.
Mielocultura FT
- Positiva durante todo o período da doença. Alta sensibilidade, mesmo com hemocultura negativa.
Reação de Widal FT
- São feitas hemaglutininas de S typhi (detecção de anti-O).
- Tem menor sensibilidade que culturas, está em desuso.
Sorologias anti-O e anti-H
- Título > 1/160.
- Desvantagem: podem ficar positivas se infecções antigas também.
Hemograma FT
- 1ª semana: leucocitose.
- 2ª e 3ª semanas: leucopenia (Gram negativo costuma fazer isso) com desvio a esquerda, anemia, plaquetas normais ou discreta redução.
IRA FT
- Pré-renal: pela desidratação, pode chegar a necrose tubular aguda.
Hipocalemia FT
- Perde líquido e potássio na diarreia.
Bilirrubinas FT
- Aumentam apenas se colecistite prolongada por Salmonelose.
- Icterícia é raro.
Tratamento FT
- Hidratação vigorosa + Correção de eletrólitos (K) + Antimicrobianos.
ATB de escolha FT
- Ciprofloxacino 500mg, VO, 12/12h, por 10 dias. É a 1ª escolha.
- Preferencia por via oral, pela boa ação in loco, chega no intestino e depois cai na corrente sanguínea também.
2ª Alternativa de ATB p/ FT
- Ceftriaxona 1g, EV, 12/12h, por 10 dias, pode ser usado também.
Outros ATB menos recomendados p/ FT
- Cloranfenicol 50 mg/kg/d, 6/6h, por 14 dias. Alérgicos a penicilinas e quinolonas, pouco usado pelos efeitos colaterais.
- Sulfametoxazol-Trimetoprima 1.600 mg, 12/12h, por 14 dias: risco de resistência implícita da S. typhi.
- Azitromicina 500 mg/d, por 14 dias. Apenas para casos leves (controverso, NÃO RECOMENDADO).
Profilaxia FT
- Saneamento básico, hábito de lavar as mãos.
- Uso de hipoclorito de sódio 2,5% em alimentos crus -> mata Salmonella.
- Vacina: via oral, não é indicada na rotina, mas apenas em pessoas com viagem para área endêmica. Sem efeitos em surtos (cepa diferente possivelmente).
Portador crônico assintomático FT
- Coprocultura positiva há mais de 1 ano, sem sintomas.
- Tratamento: p/ controlar surtos -> Ampicilina 1,5g, 6/6h, por 14 dias é a 1ª escolha.