Doenças do pericárdio Flashcards
Achados essenciais p/ diagnóstico de pericardite
Necessário pelo menos 2 dos seguintes achados:
1) Dor torácica central agravada por tosse, decúbito ou inspiração;
2) Atrito pericárdico;
3) Alterações sugestivas ao ECG;
4) Derrame pericárdico.
Alterações ECG na pericardite
Supradesnivelamento do segmento ST, com padrão côncavo, não obedecendo paredes do coração, é difuso pelas derivações, com infradesnivelamento do segmento PR.
Onde é auscultado o atrito pericárdico? Qual a técnica?
Borda esternal esquerda (é intermitente). Deve-se apertar o diafragma do estetoscópio sobre o precórdio durante a expiração.
Achados ao ECO de pericardite
Acúmulo de líquido pericárdico -> isso reforça o diagnóstico, mas ECO normal não exclui pericardite.
Qual a principal causa de pericardite?
Viral: o Coxsackie vírus B e A, HIV -> principais. Outro: enterovírus, echovírus, Esptein-Barr, herpes-simples, influenza, CMV.
Outras causas de pericardite
Bacteriana: staphylo e strepto (pós cirúrgia torácica), TB, trauma, LES/AR/Esclerodermia, pericardite actínica (pós-RT), pós-IAM, neoplasias, IRC com uremias, medicamentos.
Pericardite pós-IAM:
- Epistenocárdica: ocorre quando? Relacionada a que?
- SD de Dressler: ocorre quando? Pq ocorre?
- Epistenocárdica: ocorre entre o 1º e 10º dia após IAM. Relacionada a IAM extenso transmural.
- SD de Dressler: ocorre entre 1ª e 6ª semana do IAM, por resposta imune.
Quais medicamentos podem causar pericardite?
Procainamida, hidralazina, difenil-hidantoína, reserpina, metildopa e isoniazida (induzem lúpus-like). Antraciclina pode fazer inflamação; metisergida -> pericardite constritiva. Minoxidil se associa a pericardite e tamponamento.
Fisiopatologia pericardite
• Processo inflamatório no pericárdio, gerando acumulo de líquido.
Pericardite pode alterar marcadores cardíacos?
Pode,se houver peri-miocardite associada.
Clínica da pericardite
Geralmente tem pródromos virais + dor torácica atípica (pontada, irradiando p/ trapézio) q piora com tosse/dec dorsal e inspiração profunda, e melhora com ortostatismo e inclinação p/ frente (posição maometana).
- EF: Febril, taquicardico, atrito pericárdico.
Exames complementares p/ pericardite
- ECG
- ECO: maioria normal, pode ter derrame pericardico.
- RX de tórax: normal ou com derrame pericardico.
- Lab: exames gerais, marcadores cardíacos, VHS e PCR elevados.
ECG na pericardite: estágios
- Estágio 1 (fase precoce): supra de ST com concavidade p/ cima (supra poupa aVR e V1) + infra de segmento PR em todas as derivações (exceto em avR, que tem supra de PR).
- Estágio 2 (dias): normaliza segmento PR com achatamento da onda T.
- Estágio 3 (dias): inversão da onda T (negativa).
- Estágio 4 (dias a semanas): normaliza todo o ECG.(Pcte q evolui com pericardite cronica mantem onda T negativa)
Critérios de internação na pericardite
Febre > 38º C + leucocitose; Tamponamento cardíaco; Derrame pericárdico volumoso (> 20mm na sístole); Imunodeprimidos; Uso de anticoagulante; Trauma agudo; Ausência de resposta AINH usados 7 dias, Marcadores (+) -> miopericardite.
Tratamento da pericardite
Causa base. Se idiopática, viral e pós-op (AINEs):
- AAS: 650 a 1.000mg de 8/8h, por 7-10 dias, seguidos de redução de 500mg por semana, durante 3 semanas. -> Preferencial no pós-IAM.
- Ibuprofeno: 600 a 800 mg de 8/8 horas, por 14 dias.
- Indometacina: 25 a 50 mg de 8/8h.
- Colchicina: 0,5mg de 12/12h ou 0,5mg a cada 24h nos pacientes com menos de 70kg no período de 3 meses no primeiro evento e 6 meses na pericardite recorrente (p/ profilaxia).
- Se refratariedade/colagenoses/drogas: associar corticoide.
Se causa bacteriana: drenagem SEMPRE + ATB parenteral (oxacilina + gentamicina).
Quando devo evitar colchicina na pericardite?
Insuficiência renal severa, disfunção hepática, discrasia sanguínea e distúrbios da motilidade gastrointestinal.
Quanto tempo leva p/ AINE fazer efeito em causa viral na pericardite?
Esperada resolução dos sintomas em 24h com uso de AINE p/ causa viral. E se em 1 semana persistir febre e dor torácica ou novo DP, sugere outra causa.
Alternativa medicamentosa se houver falha terapêutica ou doença autoimune na pericardite
Prednisona 60 mg/d por 1-2 semanas.
- WB = 0,25 a 0,5 mg/kg/d, por 2-4 semanas.
Pq ACO é contraindicada na pericardite aguda? Se tiver q usar, qual será a droga e pq?
Pelo risco de hemopericárdio. Se for necessario, usar heparina EV, pq se sangrar posso usar sulfato de protamina.
Causas de derrame pericárdico
Pericardite, uremia, trauma cardíaco, ruptura de câmara, malignidade, AIDS, hipotireoidismo.
Exame físico - derrame pericárdico
Abafamento de bulhas e som maciço podem ser observados.
Quando devemos apenas observar o derrame pericárdico?
Maioria é achado de exame, observar se for pequeno, sem repercussão hemodinâmica, sem inflamação associada e sem doença sistêmica.
Clínica do derrame pericárdico
Geralmente assintomático, mas podem comprimir estruturas e gerar tosse, dispneia, soluço, rouquidão, náusea ou sensação de plenitude gástrica.
O q podemos achar no RX de tórax indicativo de derrame pericárdico?
Coração em moringa (aumenta área cardíaca pelo DP).
ECG no derrame pericárdico
Baixa amplitude/alternância elétrica:
- Swinging heart = em um batimento o complexo QRS tem uma amplitude e no outro batimento amplitude diminui, pq coração muda posição espacial no derrame volumoso..
Qual o melhor exame p/ diagnóstico de derrame pericárdico?
ECO, identifica coleções pequenas (20 ml) e demonstra a distribuição homogênea ou loculada do DP.
Indicações p/ punção no derrame pericárdico
Sinais e sintomas de tamponamento cardíaco, TB associada, neoplasia, pericardite bacteriana (purulento), HIV +, suspeita de etiologia cujo tto específico irá mudar evolução do doente.
O que analisamos no líquido pericárdico
- Bioquímica, celularidade, glicose, ADA (pensando em TB), marcadores tumorais, culturas, PCR vírus.
Quando a bioquímica do DP sugere exsudato?
- Proteína líquido > 3 g/dl
- Proteína líquido/soro > 0,5.
- DHL líquido > 200mg/dl
- DHL líquido/soro > 0,6.
Quais marcadores tumorais pesquisamos no DP?
CEA, AFP, CA 19-9, CA-125.
Quando é indicada biópsia do pericárdio e como é feita?
Em pericardite persistente, piora progressiva, pacientes sem diagnóstico. Realizada em pacientes estáveis, com auxílio de videotoracoscopia.
O que ocorre no tamponamento cardíaco?
O volume do líquido pericárdico restringe o enchimento das câmaras cardíacas, gerando queda do enchimento diastólico e do DC.
Tríade de Beck - o que é e onde ocorre
Ocorre no tamponamento cardíaco.
- Turgência jugular + abafamento das bulhas + hipotensão arterial.
Clínica do tamponamento cardíaco
Tríade de beck, pulso paradoxal (inspiração leva a queda ≥ 10 mmHg na PAS).
- Pode haver dispneia, taquipneia, taquicardia, rebaixamento do nível de consciência e choque (baixo DC).
Qual o exame de eleição para o tamponamento cardíaco e o que encontramos nele?
Ecocardiograma: mostra colapso das câmaras direitas em virtude do aumento da pressão no coração, gerando queda do DC.
Causas de tamponamento cardíaco
- Agudo: decorrente de trauma, rotura cardíaca ou de aorta ou complicação de intervenção terapêutica ou diagnóstica.
- Subagudo: neoplásico, urêmico ou pericardite idiopática.
- Regional: hematoma pós-pericardiotomia ou IAM.
- Variante de baixa pressão: habitualmente entre hipovolêmicos.
Tratamento do tamponamento cardíaco
Pericardiocentese:
- Acesso subxifoide
- Agulha e fio-guia – punção direcionada para o ombro esquerdo
- Ângulo de 30º com a pele
- Punção e introdução do fio-guia para colocação de cateter pigtail
- Drenagem não pode ser rápida, com isso, as câmaras D vão perdendo pressão e recebendo o sangue que vem do corpo (pré-carga), melhorando DC.
- Guiada pelo eco para ser mais seguro.
*Obs.: se paciente estável pode correr volume + inotrópicos + pericardiotomia eletiva.
Complicações da pericardiocentese
Perfuração do miocárdio, embolia ar, pneumotórax, perfuração de vísceras abdominais.
O que é pericardite constritiva?
Espessamento fibrótico com calcificação do pericárdio, criando um envelope inelástico (fusão dos folhetos pericárdicos) que impede o enchimento diastólico do pericárdio..
Causas de pericardite constritiva
Idiopáticas ou virais são as principais; pó-op de cirurgia cardíaca, RT, TB.
Clínica da pericardite constritiva
Dispneia de esforço e/ou fadiga, ascite (causa cirrose), edema de MMII, hepatomegalia, pode ter pulso paradoxal. Causa ICFEP.
Exames p/ diagnóstico de pericardite constritiva
- ECG: baixa voltagem, inversão de onda T e onda P mitral, FA.
- RX de tórax: área cardíaca pode ser pequena/normal/aumentada, Calcificação pericárdica.
- ECO: espessamento pericárdico (ausencia n exclui diagn).
- Cateterização cardíaca: confirma pressão diastólica elevada e igual em ambos os ventrículos.
- Biopsia endomiocárdica: feita em casos de dúvida co disf diastólica restritiva.
- Ventriculografia com radioisótopos.
Diagnóstico diferencial de pericardite restritiva
Miocardiopatia restritiva é a principal. Causas: amiloidose, sarcoidose, hemocromatose (doenças infiltrativas).
Tratamento da pericardite restritiva
Pericardiectomia precoce.
- Tto clínico só controla sintomas temporariamente.
SD pós-pericardiotomia: o que é? Tto?
Ocorre durante as primeiras semanas do pós-op cursando com febre, pleurite, pericardite. Diagnóstico de exclusão e tto é AINH.
Ex: pós biópsia no pericárdio.
Pericardite tuberculosa - estágios
Seco, efusivo, fase absortiva e fase constritiva.
Risco na pericardite urêmica
Cursa com tamponamento cardíaco.