Diabetes Flashcards
Aspectos chave do Diabetes :
► Dos casos de diabetes melito (DM), 90 a 95% são do tipo 2 (DM2), e, destes, 80% estão relacionados a sobrepeso ou obesidade.
► A busca ativa do diagnóstico do DM2 deve ser orientada pela presença de fatores de risco, uma vez que muitos indivíduos acometidos podem permanecer assintomáticos durante muito tempo.
► A recomendação terapêutica atual para o DM2 de diagnóstico recente inclui o uso de metformina.
► O DM2 é uma doença evolutiva, e, independentemente da adesão adequada ao tratamento, com o tempo, muitas pessoas precisarão de terapia combinada com ou sem insulina.
► O tratamento do DM tipo 1 (DM1) é sempre insulinoterapia intensiva.
► No plano terapêutico, deve-se enfatizar a diminuição do risco cardiovascular global por meio de mudanças no estilo de vida (MEVs), incluindo alimentação, aconselhamento sobre tabagismo, uso de álcool e outras drogas e atividade física.
► A abordagem centrada na pessoa e a participação em grupos de suporte, reflexão e educação em saúde permitem a livre expressão, pelos pacientes, de suas dúvidas, escolhas e desafios em relação ao seu próprio cuidado.
Qual é a classificação do diabetes mellitus (DM) segundo a Organização Mundial da Saúde e a Associação Americana de Diabetes, e quais são as condições pré-diabéticas reconhecidas?
O diabetes mellitus (DM) é caracterizado pela hiperglicemia crônica devido a defeitos na ação ou secreção da insulina, ou ambos. Segundo classificações da Organização Mundial da Saúde e Associação Americana de Diabetes, recomendadas pela Sociedade Brasileira de Diabetes, o DM é dividido em quatro categorias principais: DM tipo 1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros tipos específicos de DM, e DM gestacional (DMG). Além disso, existem condições pré-diabéticas como a glicemia de jejum alterada e a tolerância à glicose diminuída, atualmente descritas como risco aumentado de diabetes.
Quais são as estatísticas sobre a prevalência de diabetes no Brasil, e como esses dados podem auxiliar as equipes de saúde da família em suas estratégias de diagnóstico e gestão da doença?
- Epidemia Global: Diabetes está se tornando epidêmico globalmente devido ao envelhecimento da população, aumento da obesidade e sedentarismo.
- Prevalência no Brasil: A prevalência de diabetes no Brasil foi estimada em 7,6%.
- Dados da Vigilância de Fatores de Risco: Dados apontam que a frequência do diagnóstico médico prévio de diabetes entre a população com 18 anos ou mais nas 27 capitais é de 8,9%.
- Diferenças Demográficas: Menor prevalência entre homens (7,8%) do que mulheres (9,9%), aumentando com a idade para ambos os sexos.
- Utilidade dos Dados: Percentuais podem auxiliar equipes de saúde da família a estimar o número de diabéticos em seu território e avaliar a necessidade de intensificar a busca ativa por diagnósticos.
Quais são os principais desafios e estratégias no manejo do diabetes mellitus (DM) na atenção primária à saúde no Brasil, e como a reorganização dessa atenção tem impactado as taxas de internação?
- Importância do DM: Diabetes mellitus (DM) está entre os cinco principais problemas gerenciados por médicos de família e comunidade.
- Impacto nas Internações: Responsável por cerca de 5% das internações relacionadas a condições que poderiam ser gerenciadas pela atenção primária à saúde (APS) no Brasil, observando-se uma tendência de queda nos últimos anos.
- Melhoria na APS: A queda nas internações pode estar relacionada à reorganização da APS no país.
- Manejo Clínico: O manejo clínico eficaz, incentivo à autonomia do paciente e continuidade dos cuidados são cruciais para reduzir complicações e mortalidade relacionadas ao DM.
- Requisitos para Médicos: Para cuidado efetivo, médicos necessitam de conhecimento técnico atualizado, habilidades de comunicação e uso de tecnologias apropriadas para a APS.
Por que é importante realizar uma busca ativa por diagnósticos de Diabetes ?
Muitas pessoas com diabetes permanecem assintomáticas por um longo tempo, e frequentemente o diagnóstico ocorre apenas após o surgimento de complicações tardias. Estima-se que cerca de 50% dos casos de diabetes não sejam diagnosticados. Portanto, é crucial realizar uma busca ativa por diagnósticos, focando na identificação e compreensão dos fatores de risco associados à doença.
Classificação e etiologia do Diabetes :
Classificação e etiologia do diabetes:
- DM1: Causado pela destruição das células beta-pancreáticas, representando 5 a 10% dos casos. É mais comum em crianças e pode ser autoimune (tipo 1A) ou idiopático (tipo 1B), com a forma LADA apresentando evolução mais lenta em adultos. Os anticorpos mais presentes em casos de diabetes mellitus tipo 1 são:
- Anticorpos anti-descarboxilase do ácido glutâmico (GADA)
- Anticorpos anti-insulina (IAA)
- Anticorpos anti-ilhotas (ICA)
- Anticorpos anti-transportador de zinco 8 (ZnT8) .Peptídeo C diminuído ou indetectável.
Caracteriza-se por sintomatologia clássica e risco de cetoacidose diabética (CAD). - DM2: Engloba 90 a 95% dos casos, aumentando em prevalência com a idade e frequentemente associado a sobrepeso e sedentarismo.
- Anticorpos: Geralmente não detectáveis.
- Peptídeo C: Normal ou elevado, especialmente nas fases iniciais. A maioria é assintomática inicialmente, podendo apresentar complicações crônicas no diagnóstico.
- Outros tipos específicos: Incluem diabetes devido a defeitos ou processos subjacentes específicos como MODY, doenças do pâncreas exócrino, endocrinopatias, indução por medicamentos, infecções, e síndromes genéticas associadas ao DM.
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LADA:
- Anticorpos: Frequentemente detectáveis, similares aos encontrados no DM1, como GADA.
- Peptídeo C: Geralmente diminuído devido à destruição progressiva das células beta.
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MODY:
- Anticorpos: Geralmente não detectáveis, pois MODY não é uma forma autoimune de diabetes.
- Peptídeo C: Normal ou elevado, dependendo do subtipo específico de MODY, refletindo a ausência de destruição autoimune das células beta.
- DMG (Diabetes Gestacional): Alterações glicêmicas variáveis diagnosticadas durante a gestação, afetando 1 a 14% das gravidezes. Geralmente é diagnosticado no 2º ou 3º trimestre da gestação .Após o parto, a maioria reverte para tolerância normal à glicose, mas há um risco significativo de desenvolver DM2 nos anos subsequentes.
Quais são as recomendações do U.S. Preventive Services Task Force e da ADA para o rastreamento de diabetes, e quais sinais e estratégias são sugeridos para identificar indivíduos em risco?
- Recomendações do U.S. Preventive Services Task Force: Este órgão sugere o rastreamento para diabetes em pacientes assintomáticos que apresentem uma pressão arterial sistólica (PAS) maior que 135 mmHg ou uma pressão arterial diastólica (PAD) maior que 80 mmHg. Essas condições devem ser observadas de forma sustentada para considerar o rastreamento.
- Critérios Clínicos da ADA: A ADA fornece diretrizes adicionais para o rastreamento, abordando critérios clínicos que devem ser levados em conta. Esses critérios ajudam a orientar os profissionais de saúde na identificação precoce de indivíduos com maior risco de desenvolver diabetes, facilitando intervenções tempestivas.
- Estratégia de Rastreamento Utilizando o Questionário FINDRISC: Uma abordagem eficaz para identificar pessoas com risco de desenvolver diabetes é o uso do questionário de Risco de Diabetes na Finlândia (FINDRISC). Esse instrumento pode ser aplicado por técnicos de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde após um breve treinamento, proporcionando uma triagem eficiente para o rastreamento específico de diabetes. Pacientes identificados com risco moderado a alto são então submetidos a exames específicos, como a Glicemia de Jejum (GJ), para confirmar o diagnóstico.
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Sinais de Alerta para a Suspeita de Diabetes:
- Sintomas Clássicos: A presença de poliúria (aumento do volume urinário), polidipsia (sede excessiva) e polifagia (aumento da fome) acompanhada de perda de peso não explicada sugere hiperglicemia e consequente glicosúria, que são indicativos clássicos de diabetes.
- Outros Sintomas: Cansaço inexplicado, alterações visuais como visão embaçada, e infecções fúngicas recorrentes, como candidíase genital, também podem ser indicadores da doença.
- Diabetes Tipo 1 (DM1): Caracteriza-se por um início abrupto, com sintomas de emagrecimento rápido, hiperglicemia grave, desidratação, cetonemia e cetonúria.
- Complicações Graves: A cetoacidose diabética, associada ao DM1, e o coma hiperosmolar não cetótico, vinculado ao DM2, representam manifestações graves da doença que exigem remoção imediata para unidades de emergência.
Critérios para rastreamento do Diabetes em adultos assintomáticos segundo a American Diabetes Association :
Quais são os critérios utilizados para o diagnóstico de Diabetes Mellitus e como a hemoglobina glicada (HbA1c) se compara aos métodos tradicionais em termos de sensibilidade, especificidade e custo-benefício?
O diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM) é estabelecido com base em critérios que incluem a Glicemia de Jejum (GJ), a glicemia casual, e a glicemia 2 horas após uma sobrecarga oral de 75 g de glicose (TOTG). Adicionalmente, a hemoglobina glicada (HbA1c ou A1C) foi introduzida como um critério diagnóstico alternativo devido à sua forte correlação com o risco de desenvolvimento de complicações tardias associadas ao DM. A utilização da HbA1c como ferramenta diagnóstica reconhece sua especificidade na detecção de alterações glicêmicas crônicas. No entanto, apesar de sua especificidade, a HbA1c apresenta menor sensibilidade em comparação aos métodos baseados em medição direta da glicemia plasmática, o que pode limitar seu uso isolado como critério diagnóstico primário. Além disso, os aspectos relacionados ao custo-benefício da utilização da HbA1c como método diagnóstico principal podem não ser viáveis para todos os sistemas de saúde, devido ao seu custo relativamente mais elevado em comparação às medições de glicemia. Portanto, enquanto a HbA1c oferece vantagens em termos de especificidade e conveniência, os critérios tradicionais baseados na glicemia plasmática continuam sendo essenciais para um diagnóstico abrangente e acessível do DM.
Critérios diagnósticos de acordo com o exame solicitado :
Quais são os critérios para o diagnóstico de Diabetes Mellitus em pacientes com sintomas sugestivos e assintomáticos, e quais exames adicionais podem ser necessários para diferenciar entre DM1 e DM2?
Para diagnosticar Diabetes Mellitus, uma glicemia casual superior a 200 mg/dL em presença de sintomas sugestivos é suficiente. Em casos assintomáticos ou com sintomas leves, duas medições de Glicemia de Jejum (GJ) acima de 126 mg/dL são necessárias. É crucial não alterar a dieta antes dos exames confirmatórios para prevenir o mascaramento do diagnóstico. O Teste de Tolerância à Glicose Oral (TOTG) é recomendado para indivíduos com alta suspeita clínica (dois ou mais fatores de risco) e GJ entre 100 e 126 mg/dL. Em situações específicas, principalmente em jovens adultos, pode ser necessário avaliar anticorpos como ICA, IAA e anti-GAD para distinguir entre DM1 e DM2, considerando a disponibilidade desses testes.
Quais aspectos são cruciais na avaliação inicial de pacientes com diabetes para elaborar um plano terapêutico eficaz e personalizado?
A avaliação inicial de um paciente com diabetes deve incluir uma anamnese detalhada para classificar o tipo de diabetes, identificar comorbidades e fatores de risco cardiovascular adicionais, assim como transtornos mentais como ansiedade e depressão que podem afetar a adesão ao tratamento. Também é importante revisar histórico de tratamentos, controle glicêmico anterior, e experiências com efeitos colaterais ou hipoglicemia. É fundamental considerar as preocupações, expectativas e medos do paciente em relação à sua condição e futuro, discutir abertamente sobre a sexualidade e trabalhar em um plano terapêutico que envolva a família e grupos educativos.
Qual a importância do exame físico na avaliação de pacientes com diabetes e quais procedimentos específicos devem ser incluídos para monitorar a saúde dos pés anualmente?
O exame físico em pacientes com diabetes deve focar na identificação de fatores de risco cardiovasculares e na detecção de complicações micro e macrovasculares. Embora frequentemente subestimada na prática clínica, a avaliação dos pés é essencial. Ela deve incluir testes de sensibilidade superficial (usando monofilamentos de 10 g) e profunda (com diapasão), além da palpação de pulsos, e inspeção para feridas, infecções, deformidades e alterações de trofismo. Esta avaliação dos pés deve ser feita pelo menos uma vez ao ano.
Quais são os principais exames e métodos de monitoramento do controle glicêmico em pacientes diagnosticados com diabetes, e como são interpretados na gestão da doença?
Após o diagnóstico de diabetes, o controle glicêmico é monitorado através de Glicemia de Jejum (GJ), glicemia pós-prandial e hemoglobina glicada (HbA1c). Os testes de glicemia mostram os níveis de glicose no momento do teste, enquanto a HbA1c fornece uma média da glicose sanguínea nos últimos 2 a 4 meses. A HbA1c é recomendada quando a GJ está dentro das metas de controle, sendo que uma HbA1c de 6% corresponde aproximadamente a uma glicemia média de 126 mg/dL. Um aumento de 1% na HbA1c equivale a um aumento de cerca de 30 mg/dL na glicemia média. Se a GJ estiver normal, mas a HbA1c permanecer elevada, deve-se investigar a hiperglicemia pós-prandial, que pode ser monitorada pelo automonitoramento da glicemia capilar (AMGC), quando disponível. GJ e HbA1c devem ser solicitadas trimestralmente para pacientes em reavaliação do plano terapêutico. Apesar de o Ministério da Saúde recomendar tiras de glicemia capilar somente para usuários de insulina, o AMGC pode ser necessário de forma eventual para pacientes com DM2 não usuários de insulina, especialmente em situações de descompensação metabólica.
Metas para o tratamento do Diabetes em adultos :
- Glicemia de Jejum (GJ) (mg/dL): Normoglicemia até 130 mg/dL
- Glicemia pré-prandial (mg/dL): Normoglicemia até 130 mg/dL
- Glicemia pós-prandial (mg/dL) dosada 2 horas após a refeição habitual: Menor do que 160, sendo aceitável até 180 mg/dL
- HbA1C (%): ≤7,0% em adultos; 7,5-8,5% em crianças, adolescentes, idosos, dependendo do estado de saúde
- Colesterol Total (CT): < 200
- HDL (mg/dL): > 40
- LDL (mg/dL): < 100 (risco baixo e intermediário) e < 70 (alto risco)
- Colesterol não HDL: Utilizado como referência preferencial quando os triglicérides estiverem > 300 mg/dL, devido à imprecisão do cálculo do LDL
- Triglicérides (mg/dL): 150
- Índice de Massa Corporal (IMC) (kg/m²): 20-25
- Pressão Arterial (PA) (mmHg): 130/80
Fonte: American Diabetes Association e Sociedade Brasileira de Diabetes.
Como calcular a glicemia média estimada através da HbA1C?
Quais são as diretrizes para a definição de metas de tratamento do diabetes mellitus, incluindo a personalização baseada em comorbidades, e como as metas de HbA1c variam para diferentes grupos de pacientes?
As metas de tratamento do diabetes mellitus (DM) não se restringem apenas à redução dos níveis glicêmicos e pressóricos, mas também incluem a adequação do peso e do perfil lipídico. No entanto, essas metas devem ser ajustadas individualmente, considerando fatores como comorbidades. A meta de HbA1c estabelecida é de 7% para adultos com diabetes, sem gravidez, pois níveis acima desse valor indicam a necessidade de revisão terapêutica. Para indivíduos com diagnóstico recente, sem doenças cardiovasculares (DCVs) e baixo risco de hipoglicemia, pode-se adotar metas mais rigorosas de HbA1c entre 6,0 e 6,5%. Contudo, para crianças, adolescentes, idosos fragilizados e pessoas com expectativa de vida limitada, metas mais flexíveis de HbA1c entre 7,5 e 8,5% são aceitáveis. Estudos indicam que um controle metabólico muito rigoroso em pessoas com DM2 que têm comorbidades significativas e alto risco cardiovascular pode elevar a mortalidade e o número de episódios de hipoglicemia grave.
Quais são as recomendações para o acompanhamento clínico de pacientes com diabetes mellitus estáveis, incluindo a frequência de testes para glicemia de jejum, HbA1c, perfil lipídico, função renal e exame oftalmológico?
Para indivíduos com diabetes mellitus estáveis, a glicemia de jejum (GJ) deve ser solicitada conforme o julgamento clínico e a hemoglobina glicada (HbA1c) a cada 6 meses. O perfil lipídico, se estiver dentro dos parâmetros aceitáveis, deve ser monitorado anualmente ou com mais frequência caso haja tratamento para dislipidemia. A função renal, incluindo exame qualitativo de urina, creatinina com estimativa do clearance e pesquisa de microalbuminúria, assim como o exame oftalmológico (fundo de olho), devem ser avaliados anualmente desde o diagnóstico do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e após 5 anos do diagnóstico do diabetes mellitus tipo 1 (DM1).
Acompanhamento de pessoas com Diabetes: Frequência terapêutica e observações:
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Em todos os encontros:
- Dieta, atividade física, tabagismo: Avaliar dificuldades no autocuidado.
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Avaliação do controle glicêmico:
- Glicemia de Jejum (GJ): 2-4 vezes por ano, dependendo do controle glicêmico e a critério clínico.
- Hemoglobina Glicada (HbA1c): 2-4 vezes por ano, baseado no controle glicêmico.
- Automonitoramento da Glicemia Capilar (AMGC): Variável. Inclui testes pré-prandiais (antes das refeições) e pós-prandiais (2 horas após as refeições), além de testes adicionais para DM1 e DM2 em usuários de insulina (antes de dormir e na madrugada às 3 horas), dependendo do controle glicêmico e da terapêutica.
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Avaliação de comorbidades e outros fatores de risco:
- Pressão Arterial (PA): Em todos os encontros para hipertensos.
- Peso, Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência Abdominal (CA): Em todos os encontros para pessoas com sobrepeso.
- Perfil Lipídico: Anualmente ou mais frequentemente em casos de dislipidemia.
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Avaliação de complicações micro/macrovasculares:
- Função Renal: Anualmente. Inclui creatinina com estimativa do clearance (ClCr estimado) e microalbuminúria. Referenciar ao nefrologista pacientes com TFG < 30 mL/min/1,73 m², macroalbuminúria ou perda rápida de função renal.
- Fundoscopia ou Retinografia Digital: Anualmente. Referenciar para oftalmologista ou realizar retinografia digital na ESF.
- Exame dos Pés: Anualmente. Frequência maior se houver sinais de neuropatia, deformidade, feridas ou insuficiência arterial.
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Imunização:
- Vírus Influenza: Anualmente.
- DT (Difteria-Tétano): A cada 10 anos.
- Pneumococos: Dose única se > 65 anos, repetir se < 65 anos ou com comorbidades.
Abreviações: GJ (Glicemia de Jejum), Cr (Creatinina), TFG (Taxa de Filtração Glomerular), ESF (Estratégia de Saúde da Família), DT (Difteria-Tétano), HbA1c (Hemoglobina Glicada), AMGC (Automonitoramento da Glicemia Capilar), PA (Pressão Arterial), CA (Circunferência Abdominal).
Explique esse fluxograma :
A imagem representa um fluxograma que descreve as metas terapêuticas para a obtenção de um bom controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus (DM). Vamos explorar cada componente do fluxograma:
- GMS: Glicemia Média Semanal, que deve ser mantida abaixo de 150 mg/dL. Este valor é considerado equivalente a uma hemoglobina glicada (HbA1c) de aproximadamente 6.9%. A GMS é uma média dos níveis de glicose ao longo de uma semana e é um indicador importante para avaliar o controle glicêmico a curto prazo.
- Perfil Glicêmico: Refere-se à análise detalhada dos níveis de glicose ao longo do dia, incluindo as variações que ocorrem após as refeições e durante períodos de jejum. Um perfil glicêmico considerado dentro de um “traçado normal” indica que os níveis de glicose estão sendo mantidos dentro de uma faixa aceitável, o que é crucial para evitar complicações agudas e crônicas do diabetes.
- VG: Variabilidade Glicêmica, que deve ser menor que 50 mg/dL. A VG mede as flutuações nos níveis de glicose e é um fator importante para avaliar o risco de complicações, particularmente em pacientes que utilizam insulina. Manter a VG baixa ajuda a prevenir variações extremas nos níveis de glicose, que podem ser perigosas.
O fluxograma enfatiza que a obtenção de um bom controle glicêmico não depende apenas de um único parâmetro, mas da combinação e normalização de todos esses três parâmetros (GMS, perfil glicêmico e VG). A utilização dessas métricas em conjunto permite uma abordagem mais completa e eficaz no manejo do diabetes, reduzindo o risco de complicações e melhorando a qualidade de vida do paciente. A gestão desses parâmetros geralmente é realizada com o auxílio de softwares e dispositivos modernos de monitoramento de glicemia, permitindo ajustes precisos no tratamento e na dieta dos pacientes.
Resumo do tratamento não farmacológico do Diabetes :
1. Importância das MEVs (Medidas de Estilo de Vida)
- Dieta e Atividade Física: Inclui dieta balanceada e atividade física regular como terapia de primeira escolha para o diabetes.
- Efeito sobre o Controle Glicêmico: Efeito comparável aos antidiabéticos orais e redução do risco cardiovascular.
- Impacto da Obesidade e Inatividade: Afetam a sensibilidade à insulina e podem perpetuar descontrole metabólico.
2. Orientações Nutricionais Individualizadas
- Adaptação Segundo Características Pessoais: Dieta deve ser adaptada ao sexo, idade, peso e gasto calórico habitual do indivíduo.
- Prevenção da Hipoglicemia: Importância de seguir horários de refeições, evitar álcool e incluir uma ceia noturna.
3. Benefícios da Atividade Física
- Redução da HbA1c e Risco Cardiovascular: Melhora controle do diabetes e saúde cardiovascular, além de elevar a autoestima.
- Recomendações: Mais de 150 minutos semanais de exercício moderado a vigoroso, combinando aeróbicos e de resistência.
- Cuidados Durante o Exercício: Ajustes na dieta e insulina para evitar hipoglicemia, especialmente em usuários de insulina.
4. Contraindicações e Precauções
- Contraindicações: Exercícios vigorosos são contraindicados em casos de retinopatia proliferativa e neuropatia autonômica grave.
- Cuidados com o Calçado e Atividade: Necessários para indivíduos com alterações de sensibilidade ou lesões nos pés.
5. Prevenção de Diabetes em Indivíduos de Risco
- Redução de Peso e Atividade Física: Redução de 5 a 10% do peso corporal e aumento da atividade física podem reduzir em até 58% o risco de desenvolver diabetes.
- Uso de Metformina: Pode ser considerado, especialmente em indivíduos com obesidade.
Tratamento farmacológico do Diabetes :
Tratamento do DM1 (Diabetes Mellitus Tipo 1):
- Insulinização Plena: Necessária para evitar cetoacidose e coma, envolve múltiplas doses diárias de insulina, combinando insulina basal com bólus de insulina ultrarrápida ou rápida.
- Complexidade do Regime: Esquema complexo que requer acompanhamento por especialista experiente na técnica.
- Atenção Especial a Crianças: Crianças são particularmente vulneráveis à hipoglicemia e suas famílias necessitam de treinamento intensivo.
- Suporte do Médico de Família: Deve monitorar o crescimento e desenvolvimento das crianças e jovens, oferecer suporte em dúvidas sobre o tratamento e atuar no primeiro atendimento em casos de complicações agudas.
Tratamento do DM2 (Diabetes Mellitus Tipo 2):
- Tratamento em Etapas: Inicia com medidas de estilo de vida (MEV) e uso de metformina.
- Evolução do Tratamento: Se o controle glicêmico permanecer inadequado, recomenda-se a introdução progressiva de outros fármacos e, eventualmente, insulinoterapia.
Essas diretrizes destacam a necessidade de uma abordagem cuidadosa e personalizada no tratamento do diabetes, especialmente em crianças com DM1, e a importância de ajustar o tratamento do DM2 conforme a resposta ao regime inicial.
Resumo dos antidiabéticos orais:
Seleção de Medicação:
- Baseada em Características Individuais: A escolha do medicamento depende de fatores como níveis glicêmicos, peso, idade, presença de complicações ou comorbidades, e tolerância aos efeitos colaterais.
Mecanismos de Ação dos Antidiabéticos Orais:
- Incremento na Secreção de Insulina: Medicamentos como sulfonilureias e glinidas.
- Redução da Velocidade de Absorção de Glicídeos: Inibidores das α-glicosidases.
- Diminuição da Produção Hepática de Glicose: Biguanidas (ex. metformina).
- Aumento da Utilização Periférica de Glicose: Glitazonas.
Classes mais Recentes:
- Incretinas: Atuam aumentando a secreção de insulina, reduzindo a velocidade do esvaziamento gástrico, e inibindo a secreção de glucagon. Incluem miméticos (exenatida) e análogos (liraglutida e lixisenatida) do GLP-1, além de inibidores da dipeptidil peptidase 4 (DPP-4, gliptinas) que bloqueiam a degradação do GLP-1.
- Inibidores de SGLT2: Atuam nos túbulos proximais dos rins, reduzindo a glicemia via inibição da recaptação de glicose, promovendo glicosúria e controlando a glicemia independentemente da secreção de insulina. Isso resulta em menor risco de hipoglicemia e pode auxiliar na perda de peso.
Resumo sobre a metformina no tratamento do Diabetes :
- Fármaco de Escolha: Metformina é preferencial para pessoas com sobrepeso e obesidade, mostrando melhores resultados nos desfechos clínicos estudados.
- Benefícios: Não provoca hipoglicemia, pode auxiliar na perda de peso e tem efeito na redução dos níveis de LDL e triglicérides.
- Dose Inicial: Recomenda-se iniciar com 500 mg ou 850 mg após a refeição, idealmente no jantar.
- Efeitos Colaterais: São comuns inicialmente, mas tendem a diminuir com o tempo. Efeitos podem ser minimizados com o aumento gradual das doses ou usando formulações de ação prolongada.
- Contraindicações: Uso contraindicado em pacientes com taxa de filtração glomerular (TFG) abaixo de 30 mL/min devido ao risco de acidose láctica.
- Precauções: Deve-se ter cautela com pacientes que tenham TFG entre 30 a 59 mL/min, no pré e pós-operatório, e em pacientes submetidos a exames de imagem com contraste para evitar complicações como a acidose láctica.
Resumo sobre as sulfonilureias no tratamento do Diabetes :
- Uso como Primeira Escolha: Sulfonilureias são recomendadas para diabéticos tipo 2 que apresentam emagrecimento, pois estimulam o aumento da secreção pancreática de insulina e podem provocar ganho de peso.
- Cautela em Idosos: Devido ao risco aumentado de hipoglicemia, seu uso deve ser cauteloso em pacientes idosos.
- Risco de Hipoglicemia: Clorpropamida e glibenclamida apresentam maior risco de causar hipoglicemia comparativamente a outras drogas da mesma classe.
- Restrições Renais: Sulfonilureias e seus metabólitos geralmente não são recomendados para pacientes com perda significativa de função renal, exceto a gliclazida, que pode ser usada com extrema cautela.
- Eficácia Clínica: As sulfonilureias proporcionaram redução de complicações crônicas e mortalidade de maneira similar à insulina.
- Possíveis Efeitos Adversos: Há relatos de interferência no recondicionamento cardíaco pós-isquêmico, especialmente com a glibenclamida, embora uma ação deletéria em células beta humanas ainda não tenha sido definitivamente estabelecida.
- Segurança Cardiovascular da Gliclazida: Comprovada pelo estudo ADVANCE, indicando sua segurança em termos cardiovasculares.
Resumo dos principais detalhes sobre o uso das gliptinas:
Mecanismo de Ação:
- As gliptinas atuam inibindo a enzima DPP-4, responsável pela degradação do GLP-1 endógeno, aumentando assim os níveis deste peptídeo que é crucial para a estabilização da glicemia pós-prandial.
Impacto no Metabolismo da Glicose:
- Ao aumentar os níveis de GLP-1, as gliptinas contribuem para uma maior estimulação da secreção de insulina e uma supressão mais eficaz do glucagon, ajudando assim a manter os níveis de glicose após as refeições.
Ajuste Posológico e Considerações Renais:
- Medicamentos como sitagliptina, vildagliptina, saxagliptina e alogliptina necessitam de ajuste dosológico em pacientes com insuficiência renal, enquanto a linagliptina não requer ajustes de dose.
Efeitos na HbA1c e Peso:
- As gliptinas geralmente resultam em uma redução modesta da HbA1c e são neutras em relação aos efeitos sobre o peso, podendo ser usadas em monoterapia ou combinadas com outros antidiabéticos como metformina, glitazonas, sulfonilureias e insulina.
Considerações Clínicas:
- Todos os agentes da classe das incretinas podem causar intolerância gastrintestinal, sendo recomendada a utilização da menor dosagem no início do tratamento para minimizar efeitos adversos.
Resumo sobre outros agentes incretinicos:
1. Exenatida:
- Tipo: Mimético do GLP-1.
- Mecanismo de Ação: A exenatida imita o peptídeo 1 similar ao glucagon (GLP-1), um hormônio que aumenta a secreção de insulina em resposta à ingestão de alimentos, suprime a secreção de glucagon e retarda o esvaziamento gástrico.
- Uso Clínico: Indicada como terapia adjuvante para melhorar o controle da glicose em pacientes com diabetes tipo 2 que estão em tratamento com metformina, uma sulfonilureia, ou em combinação com esses medicamentos.
- Benefícios Adicionais: Além do controle glicêmico, a exenatida pode promover perda de peso, o que é particularmente benéfico para pacientes diabéticos obesos.
- Efeitos Colaterais: Pode causar náuseas, vômitos e diarreia, especialmente no início do tratamento.
2. Liraglutida:
- Tipo: Análogo do GLP-1.
- Mecanismo de Ação: Similar à exenatida, a liraglutida aumenta a secreção de insulina, suprime a secreção de glucagon e retarda o esvaziamento gástrico.
- Uso Clínico: É a única da classe aprovada para uso em monoterapia, além de ser utilizada em combinação com outros medicamentos antidiabéticos.
- Benefícios Adicionais: Contribui para a perda de peso e pode reduzir o risco cardiovascular. Estudos mostraram que a liraglutida melhora significativamente os desfechos cardiovasculares em pacientes com alto risco cardiovascular.
- Efeitos Colaterais: Além dos efeitos gastrointestinais, a liraglutida pode estar associada a um risco aumentado de pancreatite.
3. Lixisenatida:
- Tipo: Análogo do GLP-1.
- Mecanismo de Ação: Funciona de maneira similar aos outros análogos do GLP-1, aumentando a secreção de insulina, suprimindo a secreção de glucagon e retardando o esvaziamento gástrico.
- Uso Clínico: Usada para melhorar o controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2, geralmente em combinação com metformina e/ou uma sulfonilureia.
- Benefícios Adicionais: A lixisenatida ajuda no controle glicêmico sem causar ganho de peso e tem um baixo risco de hipoglicemia.
- Efeitos Colaterais: Possui efeitos gastrointestinais semelhantes aos outros agentes da classe e pode aumentar o risco de hipoglicemia sintomática se usada em combinação com medicamentos que também baixam a glicose.
Resumo sobre os inibidores de SGLT2:
- Mecanismo de Ação: Os inibidores do SGLT2 promovem a excreção de glicose na urina ao impedir a reabsorção de glicose nos túbulos renais, o que leva à glicosúria.
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Benefícios Clínicos:
- Baixo risco de hipoglicemia.
- Promovem a perda de peso, tipicamente de 2 a 3 kg.
- Redução da pressão arterial sistólica (PAS) de 4 a 6 mmHg.
- Combinação com Outros Medicamentos: Podem ser usados em conjunto com todos os agentes orais e insulina, ampliando a flexibilidade no manejo do diabetes.
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Efeitos Adversos:
- Aumento do risco de infecções genitais e do trato urinário.
- Possuem efeito diurético, que pode causar depleção de volume. Em pacientes com risco de depleção de volume, é necessário reduzir a dose ou evitar o uso.
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Contraindicações:
- Não são recomendados para uso em pacientes com insuficiência renal (IR) moderada a grave devido à sua mecanismo de ação que depende da função renal.
Qual das classes de antidiabéticos demonstrou maiores benefícios cardiovasculares ?
Entre as classes de antidiabéticos, os inibidores do SGLT2 e os agonistas do receptor de GLP-1 demonstraram os maiores benefícios cardiovasculares. Estes medicamentos não apenas ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue, mas também oferecem proteção adicional contra problemas cardiovasculares, o que é especialmente valioso para pacientes com diabetes tipo 2, que têm um risco aumentado de doenças cardiovasculares.
Inibidores do SGLT2 como empagliflozina, canagliflozina e dapagliflozina foram associados à redução de hospitalização por insuficiência cardíaca e na melhoria de outros desfechos cardiovasculares em grandes estudos clínicos, como o estudo EMPA-REG OUTCOME.
Agonistas do receptor de GLP-1, como liraglutida, semaglutida e dulaglutida, têm mostrado reduzir significativamente os riscos de eventos cardiovasculares maiores, incluindo morte por causas cardiovasculares, infarto do miocárdio não fatal e AVC não fatal, conforme evidenciado em estudos como o LEADER (Liraglutida) e o SUSTAIN-6 (Semaglutida).
Ambas as classes de medicamentos são importantes para pacientes com alto risco cardiovascular, proporcionando benefícios além do controle glicêmico.
Fale sobre a associação dos SGLT2 e o tratamento da ICC.Essa classe de medicamentos é associada a aumento de sobrevida nessa patologia ?
Os inibidores do SGLT2 emergiram como uma classe importante de medicamentos para o tratamento da insuficiência cardíaca congestiva (ICC), especialmente em pacientes com fração de ejeção reduzida (HFrEF). Esses medicamentos têm demonstrado não apenas melhorar o controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2, mas também conferir benefícios substanciais na gestão da ICC, incluindo a possibilidade de aumentar a sobrevida.
1. Redução de Hospitalizações por Insuficiência Cardíaca:
Estudos como o DAPA-HF (dapagliflozina) e o EMPEROR-Reduced (empagliflozina) demonstraram que os inibidores do SGLT2 reduzem significativamente as taxas de hospitalização por insuficiência cardíaca em pacientes com HFrEF. Esses benefícios foram observados tanto em pacientes diabéticos quanto não diabéticos.
2. Melhoria da Sobrevida:
Dados dos estudos mencionados sugerem que os inibidores do SGLT2 podem aumentar a sobrevida em pacientes com ICC. Por exemplo, no estudo DAPA-HF, a dapagliflozina reduziu a mortalidade cardiovascular em comparação com o placebo, indicando um benefício potencial na sobrevida. O estudo EMPEROR-Reduced também encontrou resultados semelhantes com empagliflozina, reduzindo o risco combinado de morte cardiovascular ou hospitalização por insuficiência cardíaca.
3. Mecanismo de Ação:
Acredita-se que os inibidores do SGLT2 melhoram a função cardíaca e renal através de vários mecanismos, incluindo a melhoria da função diastólica, redução da carga de trabalho do coração, melhoria do metabolismo energético cardíaco, redução da pré-carga através de efeitos diuréticos e natriuréticos, e proteção renal.
4. Indicações Clínicas:
Com base em tais estudos, várias diretrizes clínicas têm recomendado o uso de inibidores do SGLT2 no manejo da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, independentemente da presença de diabetes.
A introdução dos inibidores do SGLT2 no tratamento da ICC representa um avanço significativo, com evidências robustas apoiando seu uso para melhorar os desfechos clínicos e possivelmente aumentar a sobrevida dos pacientes. Esses benefícios tornam os inibidores do SGLT2 uma opção terapêutica valiosa tanto para a gestão do diabetes tipo 2 quanto para a insuficiência cardíaca, destacando-se como um exemplo de como os tratamentos podem evoluir além de suas indicações originais para fornecer benefícios abrangentes em condições coexistentes.
A hiperglicemia pós-prandial é um fator independente de risco para a doença macrovascular, impactando também no risco das seguintes complicações: retinopatia, aumento da espessura da camada íntima média da carótida, estresse oxidativo, inflamação e disfunção endotelial, redução do fluxo sanguíneo do miocárdio, aumento do risco de câncer e comprometimento da função cognitiva em idosos com DM2.
Verdadeiro ou falso?
Verdadeiro. A hiperglicemia pós-prandial é de fato um fator de risco independente para doença macrovascular, além de estar associada a várias outras complicações. Estudos têm mostrado que o controle da glicemia pós-prandial pode impactar significativamente na prevenção de complicações macrovasculares, como doenças cardiovasculares. Além disso, a hiperglicemia pós-prandial também está associada a um aumento do risco de retinopatia, disfunção endotelial, estresse oxidativo, inflamação, aumento da espessura da camada íntima média da carótida, e até um risco aumentado de câncer e comprometimento da função cognitiva em idosos com diabetes tipo 2.
Esses efeitos podem ser explicados pela ação direta dos picos glicêmicos que afetam o metabolismo vascular e endotelial, exacerbando o processo inflamatório e o estresse oxidativo, o que contribui para o desenvolvimento e progressão das complicações associadas ao diabetes oai_citation:1,diabetesjournals.org oai_citation:2,Postprandial Hyperglycemia and Diabetes Complications | Diabetes | American Diabetes Association.
Detalhes e posologia das Sulfonilureias e meglitinidas :
1. Sulfonilureias:
- Medicamentos e Posologia:
- Clorpropamida: 125-500 mg
- Glibenclamida: 2,5-20 mg
- Glipizida: 2,5-20 mg
- Gliclazida: 40-320 mg
- Gliclazida MR: 30-120 mg
- Glimepirida: 1-8 mg (uma a duas tomadas por dia)
- Mecanismo de Ação: Aumento da secreção de insulina.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): 60-70 mg/dL
- Redução da HbA1c: 1,5-2%
- Contraindicações: Gravidez, insuficiência renal (IR) ou insuficiência hepática (IH).
- Efeitos Colaterais: Hipoglicemia e ganho ponderal. Nota específica sobre a clorpropamida, que não protege contra a retinopatia.
2. Meglitinidas:
- Medicamentos e Posologia:
- Repaglinida: 0,5-16 mg (três tomadas por dia)
- Nateglinida: 120-360 mg (três tomadas por dia)
- Mecanismo de Ação: Aumento da secreção de insulina.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): 20-30 mg/dL
- Redução da HbA1c: 1-1,5%
- Contraindicações: Gravidez.
- Efeitos Colaterais: Hipoglicemia e discreto ganho ponderal.
Detalhes e posologia das Biguanidas e inibidores de alfaglicosidase:
1. Biguanidas:
- Medicamentos e Posologia:
- Metformina: 1.000-2.550 mg (duas a três tomadas por dia)
- Metformina XR (liberação prolongada): 1.000-2.550 mg (uma a três tomadas por dia)
- Mecanismo de Ação: Reduz a produção hepática de glicose e tem ação sensibilizadora da insulina.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): 60-70 mg/dL
- Redução da HbA1c: 1,5-2%
- Contraindicações: Gravidez, insuficiência renal (IR), insuficiência hepática (IH), insuficiência cardíaca (IC), insuficiência pulmonar e acidose grave.
- Efeitos Colaterais: Desconforto abdominal, diarreia. A forma de liberação prolongada (XR) tende a causar menos efeitos gastrointestinais.
2. Inibidores da Alfaglicosidase:
- Medicamentos e Posologia:
- Acarbose: 50-300 mg (três tomadas por dia)
- Mecanismo de Ação: Retarda a absorção de carboidratos no intestino, diminuindo a hiperglicemia pós-prandial.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): 20-30 mg/dL
- Redução da HbA1c: 0,5-0,8%
- Contraindicações: Gravidez.
- Efeitos Colaterais: Distensão abdominal, flatulência, e diarreia; estes efeitos estão relacionados à ação do medicamento no sistema digestivo.
Detalhes e posologia das glitazonas e gliptinas :
1. Glitazonas:
- Medicamentos e Posologia:
- Pioglitazona: 15-45 mg (uma tomada por dia)
- Mecanismo de Ação: Aumentam a sensibilidade à insulina em músculo, adipócito e hepatócito.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): 35-65 mg/dL*
- Redução da HbA1c: 0,5-1,4%
- Contraindicações: Gravidez, insuficiência cardíaca (IC) classes III e IV, insuficiência hepática (IH).
- Efeitos Colaterais: Pode incluir ganho de peso e edema. Risco de aumento da retenção de fluidos.
2. Gliptinas (Inibidores da DPP-4):
- Medicamentos e Posologia:
- Sitagliptina: 50 ou 100 mg (uma ou duas tomadas por dia)
- Vildagliptina: 50 mg (duas tomadas por dia)
- Saxagliptina: 2,5-5 mg (uma tomada por dia)
- Linagliptina: 5 mg (uma tomada por dia)
- Alogliptina: 6,25, 12,5 ou 25 mg (uma tomada por dia)
- Mecanismo de Ação: Efeito incretínico que inclui aumento da síntese e secreção de insulina e redução da secreção de glucagon devido ao bloqueio da enzima DPP-4.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): 20 mg/dL*
- Redução da HbA1c: 0,6-0,8%
- Contraindicações: Hipersensibilidade aos componentes do medicamento.
- Efeitos Colaterais: Podem incluir dor de cabeça, infecções das vias respiratórias superiores e nasofaringite.
Detalhes e posologia dos miméticos e análogos do GLP-1:
1. Exenatida:
- Dosagem e Administração: Disponível em doses de 5 e 10 mcg. Administrada via subcutânea (SC) antes do desjejum e antes do jantar.
- Efeitos e Respostas: Conhecida por melhorar o controle glicêmico ao imitar os efeitos do GLP-1 natural, incluindo a estimulação da secreção de insulina.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): Aproximadamente 30 mg/dL*
- Redução da HbA1c: 0,8 a 1,2%
- Efeitos Colaterais: Náuseas, vômitos e diarreia.
2. Liraglutida:
- Dosagem e Administração: Doses de 0,6, 1,2 e 1,8 disponíveis. Injeção SC uma vez ao dia, sempre na mesma hora, independente da refeição.
- Efeitos e Respostas: Atua aumentando a secreção de insulina de forma dependente da glicose e reduzindo a secreção de glucagon.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): Aproximadamente 30 mg/dL*
- Redução da HbA1c: 0,8 a 1,2%
- Efeitos Colaterais: Náuseas, vômitos e diarreia.
3. Lixisenatida:
- Dosagem e Administração: Disponível em doses de 10 e 20 mcg. Injeção SC uma vez ao dia, sempre na mesma hora, independente da refeição.
- Efeitos e Respostas: Atua de forma semelhante aos outros análogos do GLP-1, melhorando a secreção de insulina e reduzindo o apetite.
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): Aproximadamente 30 mg/dL*
- Redução da HbA1c: 0,8 a 1,2%
- Efeitos Colaterais: Náuseas, vômitos e diarreia.
Detalhes e posologia dos inibidores da SGLT2:
1. Dapagliflozina:
- Dosagem e Administração: 5-10 mg uma vez por dia.
2. Empagliflozina:
- Dosagem e Administração: 10-25 mg uma vez por dia.
3. Canagliflozina:
- Dosagem e Administração: 100-300 mg uma vez por dia, pode ser tomada em qualquer horário.
Mecanismo de Ação:
- Atuam inibindo a reabsorção de glicose nos túbulos proximais renais, promovendo a excreção de glicose pela urina.
Efeitos na Glicemia e HbA1c:
- Redução da Glicemia Jejum (GJ): Cerca de 30 mg/dL*
- Redução da HbA1c: 0,5-1%
Contraindicações:
- Não deve ser usado em pacientes com disfunção renal moderada a grave. A função renal deve ser avaliada antes de iniciar o tratamento, com TFG estimada persistentemente abaixo de 45 mL/min/1,73 m² segundo o critério MDRD, ou ≤ 60 mL/min segundo Cockcroft-Gault.
Efeitos Colaterais:
- Infecção genital, infecção urinária e poliúria são os efeitos colaterais mais comuns associados a esta classe de medicamentos.
Os inibidores da SGLT2 são uma opção eficaz para o controle da glicemia em pacientes com diabetes tipo 2, oferecendo benefícios adicionais como perda de peso e controle da pressão arterial. Contudo, seu uso deve ser cuidadosamente monitorado em pacientes com funções renais comprometidas.