Urgência Médica - Anafilaxia (terminado) Flashcards

1
Q

Prevalência estimada

A

0,5-2%

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2
Q

Definição

A

Reação sistémica, de início súbito, com compromisso de ≥2 sistemas, podendo ocorrer por ingestão, injeção, inalação ou contacto direto com o agente desencadeante

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3
Q

Sinais muito sugestivos de quadro inicial de anafilaxia

A

O aparecimento súbito de prurido palmar e/ou plantar e a referência a um “sabor metálico” são muito sugestivos de quadro inicial de anafilaxia

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4
Q

Na maioria dos casos, a anafilaxia manifesta-se por…

A

sintomas mucocutâneos

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5
Q

Sintomas e sinais de anafilaxia: pele e mucosa

A

Eritema, prurido, urticária, angioedema, exantema morbiliforme, ereção pilosa

Prurido, eritema e edema peri-orbitários, eritema conjuntival, lacrimejo

Prurido labial, da língua, palato ou do canal auditivo externo; edema dos lábios, língua e úvula

Prurido palmar, plantar e dos genitais (patognomónico)

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6
Q

Sintomas e sinais de anafilaxia: respiratórios

A

Prurido ou congestão nasal, rinorreia, espirros

Prurido e aperto da orofaringe, disfonia, estridor ou tosse seca

Taquipneia, dificuldade respiratória, constrição torácica, sibilância,
diminuição do DEMI (débito expiratório, máximo instantâneo) /PEF (peak expiratory flow)

Cianose, paragem respiratória

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7
Q

Sintomas e sinais de anafilaxia: gastrintestinais

A

Dor abdominal, náuseas, vómitos, diarreia, disfagia

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8
Q

Sintomas e sinais de anafilaxia: cardiovasculares

A

Dor retrosternal, taquicardia, bradicardia, outras arritmias, palpitações

Hipotensão, lipotimia, choque

Paragem cardíaca

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9
Q

Sintomas e sinais de anafilaxia: sistema nervoso central

A

Agitação, alterações do comportamento, sensação de morte iminente, alterações mentais, tonturas, confusão, visão em túnel, cefaleia

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10
Q

Sintomas e sinais de anafilaxia: outros

A

Sabor metálico, hemorragia uterina, perda de controlo dos esfíncteres

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11
Q

Colapso cardiovascular

A

O colapso cardiovascular pode ser a única manifestação, pelo que nunca se deve excluir um quadro de anafilaxia pela ausência de manifestações
cutâneas

Estes casos são de diagnóstico mais difícil, o que leva frequentemente a um atraso na administração de adrenalina e, por isso,
são de pior prognóstico

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12
Q

Sintomas e sinais - frequência de atingimento da pele e mucosa

A

80-90%

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13
Q

Sintomas e sinais - frequência de atingimento respiratório

A

40-60% dos doentes

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14
Q

Sintomas e sinais em até 1/3 dos casos

A

Gastrointestinais

Cardiovasculares

Sistema nervoso central

Outros

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15
Q

A anafilaxia é desencadeada por…

A

A anafilaxia é desencadeada por uma libertação súbita e maciça de mediadores preformados, por desgranulação dos
mastócitos e/ou basófilos, que condicionam o quadro clínico imediato

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16
Q

Adicionalmente há libertação de fatores…

A

Adicionalmente há libertação de fatores quimiotáticos para os
eosinófilos e neutrófilos e de mediadores neoformados a partir dos fosfolípidos da membrana celular, que podem contribuir para uma fase tardia da reação

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17
Q

Alergénios e agentes indutores - mecanismo imunológico (mediado por IgE)

A
  • Alimentos: leite, ovo, peixe, amendoim, frutos secos, crustáceos, sésamo, aditivos (sulfitos, glutamato de sódio, papaína, corantes e contaminantes)
  • Medicamentos: antibióticos betalactâmicos, anti-inflamatórios não esteroides, anestésicos,
    miorrelaxantes, alérgenos (imunoterapia específica)
  • Venenos de insetos: himenópteros (abelha, vespa)
  • Látex
  • Alergénios ocupacionais
  • Fluido seminal
  • Alergénios inalantes: cavalo, hamster, pólenes
  • Meios de contraste radiológico
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18
Q

Alergénios e agentes indutores - mecanismo imunológico (não mediado por IgE)

A
  • Dextranos
  • Terapêuticas biológicas: omalizumab, infliximab, cetuximab, vacinas, hormonas
  • Meios de contraste radiológico
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19
Q

Alergénios e agentes indutores - mecanismos não imunológicos

A
  • Agentes físicos: frio, calor, radiação solar / UV, exercício
  • Etanol
  • Medicamentos: opiáceos
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20
Q

Alergénios e agentes indutores - anafilaxia idiopática

A
  • Considerar a hipótese da existência de alergénio oculto ou não identificado
  • Considerar a possibilidade do diagnóstico de mastocitose
21
Q

Deve considerar-se anafilaxia como muito provável quando exista uma reação sistémica
grave, na presença de pelo menos um dos três critérios clínicos seguintes:

A

Início súbito (minutos a algumas horas) com envolvimento da pele e/ou mucosas (urticária, eritema
ou prurido generalizado; edema dos lábios, da língua ou da úvula) e pelo menos um dos seguintes:
a. Compromisso respiratório - dispneia, sibilância / broncospasmo, estridor, diminuição do
DEMI/PEF, hipoxemia
b. Hipotensão ou sintomas associados de disfunção de órgão terminal - hipotonia [colapso], síncope,
incontinência

Ocorrência de dois ou mais dos seguintes, de forma súbita, após exposição a um alergénio provável para aquele doente (minutos a algumas horas):
a. Envolvimento da pele e/ou mucosas - urticária, eritema ou prurido generalizado; edema dos
lábios, da língua ou da úvula
b. Compromisso respiratório - dispneia, sibilância / broncospasmo, estridor, diminuição do
DEMI/PEF, hipoxemia
c. Hipotensão ou sintomas associados - ex. hipotonia [colapso], síncope, incontinência
d. Sintomas gastrintestinais súbitos – cólica abdominal, vómitos

Hipotensão após exposição a um alergénio conhecido para aquele doente (minutos a algumas horas):
a. Lactentes e crianças: PA sistólica reduzida (específica para a idade) ou diminuição da PA sistólica
superior a 30%*
b. Adultos: PA sistólica inferior a 90mmHg ou diminuição do valor basal do doente superior a 30%

  • PA sistólica diminuída para crianças é definida como:
    < 1 ano idade - inferior a 70mmHg / 1-10 anos – inferior a [70mmHg + (2x idade)] / 11 – 17 anos - inferior a 90mmHg
22
Q

Diagnóstico da anafilaxia

A

Reação sistémica grave, na presença de pelo menos um dos três critérios clínicos seguintes - início súbito (minutos a poucas horas) de:
- envolvimento da pele ou mucosas e pelo menos um dos seguintes: compromisso respiratório ou hipotensão/ sintomas associados
Nota:
- sintomas da pele ou mucosas: urticária, eritema ou prurido generalizado;
edema dos lábios, da língua ou da úvula
- sintomas respiratórios: dispneia, pieira, broncospasmo, estridor, hipoxemia
- hipotensão ou sintomas associados: hipotonia (colapso), síncope, incontinência de esfíncteres

OU

Início rápido após exposição a um alergénio provável para o doente (minutos a poucas horas) de 2 ou mais dos seguintes:
- sintomas da pele ou mucosas (urticária, eritema ou prurido generalizado; edema dos lábios, da língua ou da úvula)
- sintomas respiratórios (dispneia, pieira,
broncospasmo, estridor,
hipoxemia)
- hipotensão ou sintomas associados (hipotonia (colapso), síncope, incontinência de esfíncteres)
- sintomas gastrointestinais súbitos e persistentes (cólica abdominal, vómitos)

OU

Hipotensão após exposição a alergénio conhecido para o doente (minutos a poucas horas)
(Pressão sistólica <90mmHg * OU queda >30% em relação ao seu basal)
* nas crianças <1 ano de idade - inferior a 70 mmHg; 1-10 anos - inferior a [70 mmHg + (2x idade)]

23
Q

Diagnóstico - MCDTs?

A

ESSENCIALMENTE CLÍNICO

Pode ser apoiado pelo doseamento da triptase sérica, recomendando-se que o doseamento seja efetuado até um máximo de 6 horas após o início dos sintomas (idealmente nos primeiros 15-60 minutos):
1) Um aumento súbito dos níveis desta enzima, com regressão em 24-48 horas para valores basais, é indicativo de ativação dos mastócitos e permite confirmar a ocorrência de anafilaxia;
2) Salienta-se contudo que a não verificação deste aumento não exclui o diagnóstico, dado que nos episódios com desencadeante alimentar e naqueles em que não há hipotensão os valores da triptase são muitas vezes normais

24
Q

Classificação da anafilaxia por graus de gravidade: ligeira

A

Pele: Prurido generalizado,
flushing, urticária, angioedema

Aparelho GI: Prurido
orofaríngeo, edema labial,
sensação de opressão
orofaríngea, náuseas, dor
abdominal ligeira

Aparelho respiratório: Rinite, sensação de opressão na garganta,
broncospasmo ligeiro

Aparelho Cardiovascular: Taquicardia

Sistema Neurológico: Ansiedade, alteração do
nível de atividade

25
Q

Classificação da anafilaxia por graus de gravidade: moderada

A

Pele: Prurido generalizado,
flushing, urticária, angioedema

Aparelho GI: Prurido
orofaríngeo, edema labial,
sensação de opressão
orofaríngea, náuseas, dor abdominal intensa, diarreia,
vómitos recorrentes

Aparelho respiratório: Rinite, sensação de opressão na garganta,
broncospasmo moderado, disfonia, tosse laríngea,
estridor, dispneia

Aparelho Cardiovascular: Taquicardia

Sistema Neurológico: Sensação de lipotimia

26
Q

Classificação da anafilaxia por graus de gravidade: grave

A

Pele: Prurido generalizado,
flushing, urticária, angioedema

Aparelho GI: Prurido
orofaríngeo, edema labial,
sensação de opressão
orofaríngea, náuseas, dor abdominal intensa, diarreia,
vómitos recorrentes, perda de controlo de esfíncteres

Aparelho respiratório: Rinite, sensação de opressão na garganta,
broncospasmo moderado, disfonia, tosse laríngea,
estridor, dispneia, cianose, satO2 <92%, paragem
respiratória

Aparelho Cardiovascular: Hipotensão, choque, disritmia, bradicardia grave,
paragem cardíaca

Sistema Neurológico: Confusão, perda de consciência

27
Q

Fatores que aumentam o risco de gravidade da anafilaxia: fatores relacionados com a idade

A

o crianças em idade pré-escolar, pela incapacidade de descrição de sintomas

o adolescentes e adultos jovens pela maior frequência de comportamentos de risco (drogas recreativas e álcool)

o parto, pelos fármacos utilizados

o idades mais avançadas, com maior risco por fármacos e picada de insetos

28
Q

Fatores que aumentam o risco de gravidade da anafilaxia: doenças concomitantes

A

Asma e outras doenças respiratórias; doença cardiovascular; mastocitose ou outras patologias clonais dos mastócitos; doença alérgica associada (rinite, eczema) e doença psiquiátrica

29
Q

Fatores que aumentam o risco de gravidade da anafilaxia: fármacos

A

Beta-bloqueantes e inibidores da enzima conversora da angiotensina; álcool, sedativos, hipnóticos e drogas recreativas, por induzirem dificuldade de reconhecimento de causas ou sintomas

30
Q

Fatores que aumentam o risco de gravidade da anafilaxia: representam cofatores de exacerbação clínica

A

O exercício físico, o stress emocional, as alterações à rotina quotidiana (por exemplo viagens) e o período pré-menstrual

31
Q

Tratamento: 1º passo

A

(executar simultaneamente)

AVALIAR:
Vias aéreas (Airways), Respiração (Breathing), Circulação (Circulation), Estado de consciência (Disability), Pele (Exposure)

ADRENALINA IM:
Mesmo na ausência de hipotensão ou choque | Dose: 0,01mg/Kg (máx: 0,5mg/dose); Solução aquosa, 1:1000 (1mg/mL); na face anterolateral da coxa

MEDIDAS GERAIS
- POSICIONAR o doente
Decúbito dorsal com membros inferiores elevados | Semi-sentado se dispneia | Posição lateral de segurança se vómitos ou
perda de consciência | Decúbito lateral esquerdo se grávida
- MONITORIZAR o doente
(frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória, saturação de O2)
- Se possível REMOVER O ALERGÉNIO conhecido ou provável
- Administrar O2 SUPLEMENTAR (10-15 L/min; FiO2 ~40-80%)
- Considerar colocação de ACESSO VENOSO PERIFÉRICO

Colheita de sangue para T (primeiros 30 a 90min ou até 6h após início dos sintomas)

32
Q

Tratamento: 2º passo

A

(executar concomitantemente ou em sequência)

ADMINISTRAR ANTI-HISTAMÍNICO
- Preferencialmente oral e não sedativo (até 4 vezes a dose diária)
Se necessário EV ou IM: CLEMASTINA 0,025mg/kg/dose (máx: 2mg) ou HIDROXIZINA 1mg/Kg/dose (máx: 100mg)

ADMINISTRAR CORTICOIDE
- Preferencialmente oral: Metilprednisolona ou Prednisolona 1-2 mg/kg/dose
Se necessário EV: METILPREDNISOLONA 1-2mg/kg/dose lento (máx: 250mg) ou HIDROCORTISONA 4mg/Kg/dose (máx: 200mg)

REPETIR ADRENALINA IM
- Se necessário repetir ADRENALINA IM (de 5 em 5 minutos até 3 administrações)
Dose: 0,01mg/Kg (máx: 0,5mg/dose); solução aquosa, 1:1000 (1mg/mL); face anterolateral da coxa

CONSIDERAR ACRESCENTAR:
- Se BRONCOSPASMO
Salbutamol inalado:
- pMD com câmara expansora, 50µg/Kg/dose (máx: 1000µg)
- nebulização com 0,03mL/Kg/dose (máx: 1mL)
- Se HIPOTENSÃO
FLUIDOTERAPIA EV: soro fisiológico ou solução cristalóide 20mL/kg (máx: 1000mL) em infusão rápida (10 a 20 minutos). Repetir se necessário
- Se sob beta-bloqueador
ou hipotensão persistente
GLUCAGON EV 30μg/Kg/dose (máx: 1mg)
- Anti-histamínico H2
RANITIDINA EV 1mg/Kg/dose (máx: 50mg)

33
Q

Tratamento - se após 1º e 2º passo, sem melhoria; todos os fármacos usados e em doses máximas?

A

Rever Diagnóstico
Rever tratamento e medidas gerais
Rever remoção do alergénio

Considerar ADRENALINA EV
Solução diluída (1:10.000) em perfusão lenta (0,1µg/kg/minuto);
Sala de Emergência ou Cuidados Intensivos

34
Q

Tratamento - em qualquer altura

A

Se dificuldade respiratória / insuficiência respiratória refractária ou edema da glote: ENTUBAÇÃO orotraqueal ou nasotraqueal

Se paragem cardiorrespiratória: SUPORTE AVANÇADO DE VIDA

35
Q

Após resolução dos sintomas:

A

VIGIAR pelo menos 8 a 24 horas
(de acordo com gravidade do quadro)

36
Q

Check-list para ALTA

A

Prescrever anti-histamínico oral não sedativo e corticóide oral

Considerar prescrição de dispositivo auto-injector de adrenalina (e seu treino)

Referenciar para CONSULTA DE IMUNOALERGOLOGIA

Registar no CPR (Catálogo Português de alergias e outras reações adversas)

37
Q

Administração de adrenalina

A

Administrar adrenalina solução aquosa 1:1000 (1 mg/mL -> 1mg=1mL) IM

Dose, por grupo etário
- < 6 anos: 0,15 mg = 0,15 mL
- 6 a 12 anos: 0,3 mg = 0,3 mL
- > 12 anos: 0,5 mg = 0,5 mL

Dose, por peso
- 0,01 mg/kg/dose; máximo 0,5 mg (adultos) ou 0,3 mg (criança com < 12 anos ou <40 kg)

Local preferencial: face antero-lateral da coxa

38
Q

Tratamento - 8 caraterísticas

A

1) A administração de adrenalina intramuscular, preferencialmente na face ântero-lateral da coxa, numa dose máxima
de 0,5mg (0,01mg/kg) de uma solução a 1:1.000, pode ser repetida após 5 minutos, até ao total de três
administrações

2) Se necessário, por falta de resposta, em unidade de cuidados intensivos, pode proceder-se à administração
endovenosa lenta, com solução mais diluída (1:10.000)

3) Não existem contraindicações absolutas para o uso de adrenalina numa situação hiperaguda de anafilaxia

4) No tratamento da anafilaxia, os efeitos α1 adrenérgicos da adrenalina (vasoconstrição, aumento da resistência vascular periférica e diminuição do edema da mucosa) e alguns dos efeitos β2 adrenérgicos (broncodilatação e diminuição da libertação de mediadores por mastócitos e basófilos) são de importância crucial

5) A não utilização de adrenalina é fator de risco para anafilaxia bifásica e para maior gravidade e morte

6) É fundamental a verificação e manutenção da permeabilidade da via aérea, com administração de oxigénio, eventual
entubação e ventilação assistida

7) Outras medidas incluem a administração de anti-histamínicos H1 e eventualmente H2, corticosteroides, soros
endovenosos e broncodilatadores, para além das medidas gerais como a colocação do doente em posição de decúbito com os membros inferiores elevados

8) Em caso de anafilaxia refratária, como ocorre, por exemplo, em doentes medicados com β-bloqueantes, pode ser
indicada a administração de glucagon

39
Q

Perante um episódio de anafilaxia:

A
  • É removido o alergénio conhecido ou provável
  • Após a estabilização clínica, deve manter-se observação clínica do doente no mínimo durante 8 a 24 horas, pela
    possibilidade de ocorrência de uma resposta bifásica, com agravamento tardio
40
Q

Após a ocorrência de um episódio de anafilaxia, o doente…

A

Deve ser submetido, obrigatoriamente, a uma observação clínica em Imunoalergologia para confirmação do diagnóstico e orientação clínico-terapêutica

41
Q

Gravidez - evento dramático

A

Pode ser um evento dramático para a mãe e para o feto, não pelos fenómenos anafiláticos, dos quais o feto estará protegido provavelmente devido à barreira placentária aos alergénios, mas sim pela hipoxia e hipotensão

42
Q

Gravidez - manifestações clínicas

A

As manifestações clínicas são semelhantes às dos restantes grupos populacionais

Durante a gravidez e o parto, os desencadeantes mais comuns são os fármacos, nomeadamente os antibióticos, administrados para profilaxia da infeção por estreptococos do grupo B (penicilina, ampicilina, cefazolina e ceftriaxone), os anestésicos e a ocitocina

43
Q

Gravidez - diagnósticos diferenciais

A

Devem sempre ser ponderados os diagnósticos diferenciais, que no caso da anafilaxia incluem outras causas de edema da laringe (por exemplo, o edema laríngeo da pré-eclâmpsia, a laringopatia gravídica e o angioedema hereditário) e outras causas de hipotensão (nomeadamente o embolismo de líquido amniótico e a hipotensão da
gravidez)

44
Q

Gravidez - tratamento

A

O tratamento é semelhante, apesar do uso de adrenalina durante a gestação ser problemático, devido ao potencial adrenérgico de vasoconstrição dos vasos placentários, com consequente redução do fluxo sanguíneo uterino, e à
possibilidade de ocorrência de malformações fetais

Não havendo até à data um fármaco alternativo eficaz, a
adrenalina mantém-se como uma escolha de 1ª linha

45
Q

Lactente e criança em idade pré-escolar

A

O aleitamento materno foi já descrito como potencial, apesar de muito raro, desencadeante de anafilaxia

Nestas faixas etárias o diagnóstico clínico é muitíssimo mais difícil, pelas dificuldades de verbalização e de informação da história, pelo que o exame clínico é primordial

As evoluções para choque são mais frequentes e mais
céleres, pelo que a instituição de medicação apropriada e nas doses recomendadas, requer uma atuação imediata

46
Q

Anafilaxia induzida pelo frio

A

A maioria dos casos de anafilaxia induzida pelo frio, por vezes muito grave, ocorre durante a época balnear, após imersão corporal total em água fria, no mar, rio ou piscinas:
i. Este facto pode ser justificado pela maior superfície corporal exposta, baixa temperatura da água e maior duração da exposição, fatores que contribuem para uma diminuição brusca da temperatura corporal e que
podem potenciar fenómenos hipotensivos;
ii. Esta entidade é considerada como uma causa relevante em algumas mortes por afogamento;
iii. Estes quadros clínicos também podem manifestar-se durante os períodos de clima mais frio, nomeadamente com a prática de desportos de Inverno

47
Q

Anafilaxia induzida pelo exercício (AIE)

A

Caracteriza-se pelo desenvolvimento de uma reação sistémica grave, desencadeada pelo exercício físico, que ocorre
habitualmente durante os primeiros 30 minutos após o início da atividade física

Classicamente é precedida de sintomas prodrómicos: sensação de calor, prurido cutâneo e eritema, com rápida evolução para anafilaxia se o exercício é continuado

As manifestações incluem sintomas cutâneos, respiratórios, gastrintestinais e/ou cardiovasculares, ocorrendo edema laríngeo em metade e colapso cardiovascular em cerca de um terço dos doentes

d) Na maioria dos casos a AIE poderá estar relacionada com terapêutica com AINE ou com a prévia ingestão de alimentos, sendo o trigo o alimento mais frequentemente associado, mas podendo ocorrer também com os frutos secos, os crustáceos, os vegetais (ex: tomate), os frutos frescos (ex: maçã, pêssego), o leite de vaca e o ovo:
i. De forma clássica, estes indutores não se associam com qualquer tipo de reação alérgica desde que a sua ingestão ou administração não ocorra com a prática de exercício físico subsequente

A anafilaxia induzida por exercício pode ser desencadeada pela prática de qualquer tipo de atividade desportiva,
associando-se com maior frequência a exercícios aeróbicos prolongados, como a corrida, o futebol ou mesmo a dança

A abordagem diagnóstica, a realizar obrigatoriamente em meio hospitalar, poderá incluir uma prova de provocação oral com o(s) alimento(s) suspeito(s), uma prova de esforço isolada e uma prova combinada com ingestão do alimento seguida de exercício físico (sensibilidade = 70%; o resultado negativo não exclui o diagnóstico)

48
Q
A