Cirurgia Geral - abordagem ao politraumatizado (terminado) Flashcards
Trauma - saber…
Mecanismos de lesão
Avaliação Primária - 2 objetivos
Preservar a vida – ABCDE
Pesquisar, reconhecer, estratificar e tratar situações de risco imediato de vida
Avaliação Secundária - objetivo
Pesquisar, reconhecer, estratificar e tratar situações potencialmente fatais na evolução do traumatizado
A avaliação é realizada de acordo com…
O ATLS (Advanced Trauma Lie Support of Doctors), tendo como foco a avaliação primária - ABCDE
Trauma penetrante - epidemiologia
Corresponde a 4% do trauma na Europa
o Arma branca ou de fogo
o Entrada de objetos no corpo
Trauma penetrante - 2 tipos
o Arma branca ou de fogo
o Entrada de objetos no corpo
Trauma penetrante - consequências clínicas dependem…
Consequências clínicas dependem da energia transferida e local da lesão
Trauma penetrante - caraterísticas
Transferência de alta energia (projétil) – tecidos circundantes são afastados do trajeto → CAVITAÇÃO
o Destruição mecânica e funcional dos tecidos
o Leva pedaços de roupa e outros materiais para a profundidade da ferida
o Orifício de saída é geralmente maior que o da entrada
Trauma fechado - epidemiologia na Europa
o 55% são acidentes de viação
▪ Impacto frontal
▪ Impacto traseiro
▪ Impacto lateral
▪ Impacto rotacional
▪ Capotamento
o 17% são quedas
o 22% diversos (acidentes desportivos)
o 6% são agressões
Trauma fechado - identificação precisa do tipo de impacto ocorrido: importância
Apesar de cada um destes padrões ter variações, a
identificação precisa do tipo de impacto ocorrido fornece informação essencial para poder identificar eventuais lesões resultantes do evento
traumático
Impacto frontal - para cima e sobre: 2 consequências
- padrão de olho de boi no pára-brisas
- a coluna pode ser comprimida ao longo do seu eixo ou angulada em hiperextensão ou hiperflexão
Impacto frontal - para cima e sobre: possível consequência do corpo projetado contra o volante (consequência respiratória)
Pneumotórax - na sequência do fenómeno denominado “efeito saco de papel”; numa colisão a vítima instintivamente inspira profundamente e sustem a respiração imediatamente antes do impacto; isto conduz ao encerramento da glote e a uma selagem dos pulmões; na sequência da compressão resultante do impacto, os pulmões podem literalmente romper como um saco de papel cheio de ar, que é subitamente apertado
Trauma frontal - para baixo e sob: 2 consequências
- a separação da articulação femuro-tibial pode provocar lesão da artéria poplítea
- fémur como ponto de impacto e possíveis padrões de lesão
3 sinais de impacto frontal
- volante danificado
- marcas dos joelhos no tablier
- fratura do pára-brisa (“olho de boi”
Impacto frontal - potenciais lesões
- Lesão vertebro medular: cervical
- Lesões faciais
- Fratura da grelha costal anterior
- Vollet Costal: fratura de duas ou mais costelas contiguas em dois ou mais
pontos - Contusão Pulmonar (compressão do tecido pulmonar)
- Contusão do miocárdio (disrritmias)
- Pneumotórax
- Aneurisma/Disseção da Aorta: em especial na junção entre a porção móvel
(aorta ascendente e arco aórtico) e a porção fixa (aorta descendente). - Hemorragia intra-abdominal
- Lesão mesentérica (laceração e arrancamento dos pediculos dos órgãos
abdominais) - Compressão e esmagamento de órgãos sólidos (fígado, baço, rins ou
pâncreas). - Rotura diafragmática e rotura de órgãos ocos (cólon), relacionadas com o
aumento da pressão intra-abdominal. - Laceração dos rins, fígado e baço (devido à desaceleração súbita). No caso do fígado o ligamento redondo pode literalmente seccionar o lobo esquerdo,
condicionando hemorragia grave - Fratura/Luxação do Joelho/Bacia
2 possíveis lesões do impacto traseiro (no automóvel)
- lesão vertebro-medular cervical
- lesão dos tecidos moles do pescoço
Possíveis lesões do impacto lateral
- Fraturas da clavícula
- Fratura de costelas
- Fratura de costelas
- Contusão pulmonar
- Compressão de órgãos sólidos (pneumotórax, laceração aorta)
- Fratura da bacia
- Lesões do baço ( ++ condutor)
- Lesões do fígado (++ passageiro)
- Fratura e luxações vertebrais (e/ou medulares)
- Lesões Crânio
Lesão oculta
A lesão oculta, que pode não ser óbvia em termos de exame primário, deve ser procurada baseando-se no
mecanismo de trauma e/ou a história associada fortemente sugestiva
População com alto risco para lesão oculta: (5)
o Abuso de álcool
o Abuso de drogas
o População idosa
o Vítimas sob terapêutica anti-coagulante ou coagulopatia
o Défices neurológicos ou doença psiquiátrica
A abordagem inicial da vítima pressupõe 5 passos
1 - preparação
2 - avaliação do local e segurança
3 - avaliação primária
4 - avaliação secundária
5 - transporte
A abordagem inicial da vítima pressupõe: preparação
A caminho do local de ocorrência –após o acionamento do meio de emergência do CODU
A abordagem inicial da vítima pressupõe: avaliação do local e segurança
o 1ª preocupação: segurança da vítima, da equipa e/ou terceiros
o Vítima de doença súbita ou vítima de trauma
▪ Ex. carro parado na estrada, sinais de trauma; vítima com hipoglicemia
A abordagem inicial da vítima pressupõe: avaliação secundária
Fazem parte os MCDT’s, na avaliação hospitalar
A abordagem inicial da vítima pressupõe: transporte
o O mais precocemente possível
▪ Maioria da mortalidade no trauma acontece em 3 momentos
▪ Imediatamente a seguir à lesão
▪ Na hora seguinte → Golden Hour
▪ Semanas após (também influenciada pela eficácia da abordagem inicial)
o Reavaliar a vítima, regularmente, seguindo o esquema ABCDE
Existem algumas diferenças na abordagem da vítima em situações do foro médico ou em situações de trauma
Considera-se que as situações médicas requerem 80% de inquérito e 20% de exame objetivo enquanto que em situações de trauma serão necessários 20% de inquérito e 80% de exame objetivo
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: 5 passos
Airway
Via aérea com controlo cervical
Breathing
Ventilação e oxigenação
Circulation
Circulação com controlo da hemorragia externa
Disability
Estado neurológico
Exposure
Exposição com controlo da temperatura
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: 2 tipos de vítima
Vítima crítica ou não crítica
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: qualquer condição com risco de vida deve ser…
Imediatamente abordada e, se possível, resolvida
antes de continuar o processo de avaliação
(avaliação vertical)
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: duração da avaliação inicial
Avaliação inicial deve demorar apenas 60-
90 segundos
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: avançar para passo seguinte
Não deverá avançar para o passe seguinte sem
antes resolver a condição que põe em risco a vida.
o EXCEÇÃO: hemorragia exsanguinante →A
prioridade é o controlo imediato através da
compressão manual direta ou com uso de
garrote, caso a primeira se revele ineficaz
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: em trauma, a decisão de categorizar a vítima como crítica deverá ter por base…
Não só a avaliação ABCDE, mas também o mecanismo de lesão
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: os seguintes mecanismos podem potenciar e/ou aconselhar a que a vítima seja abordada como crítica (6)
o Impacto violento na cabeça, pescoço, tronco ou pélvis;
o Incidente de aceleração e/ou desaceleração súbita (colisões, explosões e outros, sobretudo se resultante desse
incidente existir alguma vítima cadáver);
o Queda superior a 3x a altura da vítima;
o Queda que envolva impacto com a cabeça;
o Projeção ou queda de qualquer meio de transporte motorizado ou a propulsão;
o Acidentes de mergulho em águas rasas
Algoritmo de avaliação e referenciação para centro de trauma (CT)
Se ausência de critérios de gravidade fisiológica ou critérios de anatomia da lesão: transporte SU do hospital da área
Se critérios de gravidade fisiológica ou critérios de anatomia da lesão: transporte VMER
- se CT a menos de 30 min: CT
- se CT a mais de 30 min: SU mais diferenciado a menos de 30 min; se necessário transferência: CT
Algoritmo de avaliação e referenciação para centro de trauma (CT) - 3 critérios de gravidade fisiológica
ECG <9
TAS < 90 mmHg
FR < 10 ou > 29 cpm
Algoritmo de avaliação e referenciação para centro de trauma (CT) - 7 critérios da anatomia da lesão
- lesão penetrante: cabeça, pescoço e tórax, abdómen, períneo e proximais dos membros
- retalho costal móvel
- mais de 2 fraturas de ossos longos proximais
- amputação de membros (proximal à mão e pé)
- fratura da bacia instável
- fraturas de crânio com afundamento ou abertas
- trauma vertebro medular com défice neurológico
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: airway (via aérea com controlo cervical) - 4
Assegurar permeabilidade da Via aérea
o Imobilização cervical
▪ Colar cervical – alinhamento anatómico, tração e imobilização da coluna cervical após exame da região
o Subluxação da mandíbula (se suspeita de lesão medular)
o Aspiração da orofaringe, extração de corpos estranhos
o Tubo de Guedel (orofaríngeo)/Tubo endotraqueal
▪ Sem colar mas com imobilização manual da cabeça e pescoço;
▪ CI: intubação nasotraqueal (fratura da base do crânio)
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: breathing (ventilação e oxigenação) - 4
- VOS – ver, ouvir, sentir (se inconsciente)
- Manutenção da oxigenação adequada
o Garantir SatO2> 95% (no doente crítico, aceita-se >92%)
o Se grávida, SatO2>97% - Avaliação seriada
o Inspeção
o Auscultação
o Percussão
o Palpação (dor, enfisema SC) - Avaliação para excluir situações potencialmente fatais: obstrução da via aérea, pneumotórax, hemotórax, retalho costal,
lesão diafragmática com herniação - Dreno torácico se identificado pneumotórax
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: Assegurar permeabilidade da Via aérea (imobilização cervical)
Colar cervical – alinhamento anatómico, tração e imobilização da coluna cervical após exame da região
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: Assegurar permeabilidade da Via aérea (subluxação da mandíbula)
Se suspeita de lesão medular
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: Assegurar permeabilidade da Via aérea (tubo de Guedel)
Tubo de Guedel (orofaríngeo)/Tubo endotraqueal
▪ Sem colar mas com imobilização manual da cabeça e pescoço;
▪ CI: intubação nasotraqueal (fratura da base do crânio)
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: ventilação e oxigenação (manutenção da oxigenação adequada)
o Garantir SatO2> 95% (no doente crítico, aceita-se >92%)
o Se grávida, SatO2>97%
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: ventilação e oxigenação (avaliação seriada - 4)
o Inspeção
o Auscultação
o Percussão
o Palpação (dor, enfisema SC)
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: ventilação e oxigenação (avaliação para excluir situações potencialmente fatais)
Obstrução da via aérea, pneumotórax, hemotórax, retalho costal, lesão diafragmática com herniação
* Dreno torácico se identificado pneumotórax
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: ventilação e oxigenação (abordagem se identificado pneumotórax)
Dreno torácico se identificado pneumotórax
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: circulation (Circulação com controlo da hemorragia externa)
- Avaliação
o Pulso
▪ taquicardia como sinal precoce de hipovolemia
o Temperatura e coloração da pele
▪ hipotermia, sudorese e palidez
o Preenchimento capilar
▪ leito ungueal
o Pressão Arterial
o Estado de consciência
▪ Agitação como sinal de hipovolemia - Pesquisar hemorragias + controlo hemorragia
- Assegurar acessos venosos
- Perfundir líquidos
- Colher sangue para tipagem + estudos analíticos
- Transfundir
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: circulation (Circulação com controlo da hemorragia externa) - taquicardia
Como sinal precoce de hipovolemia
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: circulation (Circulação com controlo da hemorragia externa) - agitação
Agitação como sinal de hipovolemia
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: disability (estado neurológico): quando retirar colar cervical?
Colar cervical pode ser retirado perante uma vítima
consciente e sem défices neurológicos/cognitivos
com EO negativo
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: disability (estado neurológico): 5
- Escala Coma Glasgow
- Exame pupilar
o Tamanho
o Simetria
o Reatividade à luz - Função motora (lateralização da resposta)
- Se trauma vertebro-medular → avaliar nível de lesão
- Imobilização
o Colar cervical (retirar SÓ quando chegar à sala de Radiologia)
o Imobilizadores laterais da cabeça
o Plano duro
▪ Doente pode ser retirado se estiver consciente e sem
suspeita de lesões da coluna (risco de úlceras de pressão)
▪ São necessários 8 elementos para retirar o plano duro
▪ Inspecionar dorso
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: disability (estado neurológico): exame pupilar
o Tamanho
o Simetria
o Reatividade à luz
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: disability (estado neurológico): se trauma vertebro-medular
Avaliar nível da lesão
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: disability (estado neurológico): função motora
Lateralização da resposta
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: disability (estado neurológico): colar cervical
Retirar SÓ quando chegar à sala de Radiologia
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: disability (estado neurológico): plano duro
▪ Doente pode ser retirado se estiver consciente e sem
suspeita de lesões da coluna (risco de úlceras de
pressão)
▪ São necessários 8 elementos para retirar o plano duro
▪ Inspecionar dorso
Escala de Coma de Glasgow
Abertura ocular
- espontânea: 4
- à voz: 3
- à dor: 2
- nenhuma:1
Resposta verbal
- orientada: 5
- confusa: 4
- palavras inapropriadas: 3
- palavras incompreensivas: 2
- nenhuma: 1
Resposta motora
- obedece comandos: 6
- localiza a dor: 5
- movimento de retirada: 4
- flexão anormal: 3
- extensão anormal: 2
- nenhuma: 1
Total máximo: 15
Total mínimo 3
Intubação: 8
Escala de coma de Glasgow - intubação
8
Escala de coma de Glasgow - total máximo e total mínimo
Máximo: 15
Mínimo: 3
Abordagem ao Politraumatizado – Avaliação Primária: Exposure (exposição com controlo da temperatura) - 3
- Expor a totalidade da superfície corporal, sem esquecer a dignidade do doentes
- Procurar lesões que tenham passado despercebidas
- Evitar hipotermia
Algoritmo resumo da avaliação primária no adulto: se não consciente
SBV-DAE
Algoritmo resumo da avaliação primária no adulto: se consciente
Consciente, orientado e colaborante: iniciar questionário dirigido
(CHAMU)
Algoritmo resumo da avaliação primária no adulto: A do ABCDE
AIRWAY - Permeabilizar a VA com controlo da coluna cervical
- (SE TRAUMA) Estabilidade Cervical
- Pesquisar: cavidade oral; sinais de obstrução da via aérea
- Permeabilizar a VA: Remover corpos estranhos, Aspirar, Posicionamento (subluxação da mandíbula no trauma; extensão da cabeça e elevação do mento), uso de adjuvantes básicos da VA (Nasofaríngeo, Guedel)
- Se OVA (obstrução da via aérea): Algoritmo de desobstrução da VA (SBV)
- Se vítima crítica informar CODU
Algoritmo resumo da avaliação primária no adulto: B do ABCDE
- BREATHING Ventilação e Oxigenação
- Pesquisar: Ventilação e Ruidos Respiratórios (VOS)?
- Inspecionar e Palpar Tórax: Avaliar a qualidade da respiração (FR, amplitude, ritmo), movimentos simétricos da parede torácica? Estabilidade da parede torácica? Deformidades e/ou Crepitações? Uso de músculos acessórios? (adejo nasal, uso excessivo de músculos abdominais, Tiragem das cavidades
supra-esternais, espaços intercostais, supra-claviculares e área subcostal? - Monitorizar (se disponível): SpO2
Algoritmo resumo da avaliação primária no adulto: A do ABCDE - pesquisar
Pesquisar: cavidade oral; sinais de obstrução da via aérea
Algoritmo resumo da avaliação primária no adulto: A do ABCDE - permeabilizar a VA
Remover corpos estranhos, Aspirar, Posicionamento (subluxação da mandíbula no trauma; extensão da cabeça e elevação do mento), uso de adjuvantes básicos da VA (Nasofaríngeo, Guedel)
Se OVA: Algoritmo de desobstrução da VA (SBV)
Se vítima crítica informar CODU
Algoritmo resumo da avaliação primária no adulto: B do ABCDE - pesquisar
Ventilação e Ruidos Respiratórios (VOS)?
Algoritmo resumo da avaliação primária no adulto: B do ABCDE - inspecionar e palpar tórax
Avaliar a qualidade da respiração (FR, amplitude, ritmo), movimentos simétricos da parede torácica? Estabilidade da parede torácica? Deformidades e/ou Crepitações? Uso de músculos acessórios? (adejo nasal, uso excessivo de músculos abdominais, Tiragem das cavidades
supra-esternais, espaços intercostais, supra-claviculares e área subcostal?