Cuidados em Fim de Vida (terminado) Flashcards
Definição de cuidados paliativos
São cuidados que “visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e suas famílias, que enfrentam
problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico limitado, através da
prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos
problemas não só físicos, como a dor, mas também dos psicossociais e espirituais”
Cuidados Paliativos - modelo cooperativo com intervenção nas crises
Concomitante ao tratamento específico/curativo - à medida que esteve vai tendo menor papel, os cuidados paliativos assumem maior papel até à morte
Instrumento para identificação precoce de doentes que podem necessitar de Cuidados Paliativos:
“Ficaria surpreso se o seu doente X morresse durante o próximo ano?”
Se a resposta for “Não”, então este doente poderá necessitar de ações/cuidados paliativos
Identificação precoce
A identificação precoce destes doentes poderá desencadear cuidados específicos, com clarificação das necessidades da pessoa em fim de vida e da sua família, discussão de um plano avançado de cuidados, prevenção de internamentos evitáveis e atuação pró-ativa
Mais do que prognosticar é importante prever necessidades específicas
Critérios para identificação precoce
Na identificação precoce existe uma outra ferramenta importante: critérios SPICT que, depois da pergunta surpresa, no caso de dúvida, define
para cada doença avançada alguns critérios
Considera-se que uma pessoa se encontra em contexto de doença avançada e em fim de vida quando…
Padeça de doença grave, que ameace a vida, em fase avançada, incurável e irreversível e exista prognóstico vital estimado de 6 a 12 meses
Prognóstico vital breve (2)
As pessoas com prognóstico vital estimado em semanas ou dias, que apresentem sintomas de sofrimento
não controlado pelas medidas de primeira linha (…), têm direito a receber sedação paliativa com fármacos sedativos devidamente titulados e ajustados exclusivamente ao propósito de tratamento do sofrimento, de acordo com os princípios da boa prática clínica e da leges artis
À pessoa em situação de últimos dias de vida, é assegurado o direito à recusa alimentar ou à prestação de determinados cuidados de higiene pessoal, respeitando, assim, o processo natural e fisiológico da sua condição
clínica
Partilhar decisões sobre plano de cuidados
o Diretivas antecipadas de vontade (testamento vital e procurador de cuidados de saúde)
o Compreender qual a vontade do doente e envolver a família
o Quebrar conspiração do silêncio
Organizar acesso aos serviços/cuidados necessários
o Cuidados domiciliários, refeições, cuidados durante a noite
o Assistência por parte de organizações/voluntários
o Equipamentos (cama articulada, colchão anti-escaras, cadeira sanita, etc)
Monitorizar a nutrição, hidratação e sintomas relacionados
o Diminuição da sede e do apetite é típica no fim de vida
o Em doentes demasiado debilitados não insistir em dietas hipercalóricas/ hiperproteicas
o Se disfagia: água semilíquida (espessante, gelatina ou pectina) ou gelo em pequenas quantidades. Reforço dos cuidados à boca
o Não forçar a alimentação
o Estar atento a sinais e sintomas de desidratação
o Garantir hidratação adequada, preferencialmente por via oral (regra geral não mais que 1000 mL/dia no total da
ingestão hídrica)
o STOP → se efeitos deletérios ou ausência do efeito pretendido
o Atenção a fármacos que agravam o potencial de desidratação (e.g. diuréticos)
o Hipodermóclise se ausência de via oral (benefício incerto; risco de iatrogenia)
Monitorizar a nutrição, hidratação e sintomas relacionados - avaliar causas possíveis
- Diminuição da sede e do apetite
- Náuseas e vómitos
- Obstipação/obstrução intestinal
- Disfagia
- Alterações cognitivas
- Depressão
Monitorizar a nutrição, hidratação e sintomas relacionados - «O meu familiar não come, vai morrer à fome…»
- No fim de vida a anorexia é fisiológica e não deve ser contrariada (sem benefício e não prolonga a vida)
- Deve ser explicado à família que o sistema digestivo também entra em insuficiência e que não tolera os alimentos.
Forçar a alimentação nestas situações pode causar sofrimento - Não vai morrer por fome. Não tem fome porque está a morrer
- Privilegiar a hidratação mínima por via oral
- Medidas de suporte nutricional artificial são aspeto a discutir nas DAV
Monitorizar a nutrição, hidratação e sintomas relacionados - obstrução tumoral ou sequelas de AVC
Em contraponto, se existir disfagia por uma obstrução tumoral numa fase mais precoce ou sequelas de um AVC, nestes casos, a alimentação artificial deve ser perspetivada (SNG e eventual PEG)
Rever medicação e individualizar controlo de sintomas
o Simplificar terapêutica (retirar fármacos sem benefício a curto prazo, e.g. estatinas, antiagregantes…)
o Balanço entre controlo de sintomas e efeitos laterais;
o Avaliar e adaptar vias de administração:
* Via sublingual/orodisperível (morfina, haloperidol, ondasetrom…)
* Via transdérmica (buprenorfina, fentanil)
* Via retal (diazepam, paracetamol, diclofenac…)
* Via subcutânea (hipodermóclise)
* Via endovenosa/intramuscular » evitar
Rever medicação e individualizar controlo de sintomas - considerar prescrição antecipatória
Considerar a probabilidade de alguns sintomas ocorrerem; possível necessidade de controlo urgente de sintomas
Avaliar dispneia
o Um dos sintomas mais frequentes em fase terminal, associado a mau prognóstico
o Identificar possíveis causas (anemia, derrame pleural, infeção, descompensação IC…)
Controlar dispneia - medidas não farmacológicas
Abrir janela ou recorrer a ventoinhas para direcionar ar para a cara; posição de alívio; técnicas de relaxamento e distração; adaptar atividade