Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (terminado) Flashcards

1
Q

Definição

A

Doença pulmonar heterogénea que se caracteriza por sintomas respiratórios (dispneia, tosse, produção de expetoração, exacerbações) devido a anomalias nas vias aéreas (bronquite, bronquiolite) e/ou nos alvéolos (enfisema) que causam obstrução persistente e muitas vezes progressiva

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2
Q

Causas

A

DPOC resulta das interações gene (G) – ambiente (environment – E) que ocorrem ao longo da vida (lifetime - T) do indivíduo (GETomics) que podem danificar os pulmões
e/ou alterar os seus processos normais de desenvolvimento/envelhecimento

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3
Q

Principal fator ambiental

A

Tabaco e inalação de partículas e gases tóxicos resultantes
poluição do ar interior e exterior

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4
Q

Principal fator genético estudado

A

Défice de α-1 antitripsina (mutação no gene SERPINA1)

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5
Q

Considerar DPOC, e realizar espirometria, na presença dos seguintes indicadores clínicos:

A

▪ Dispneia (persistente, de instalação progressiva e que agrava com esforço);

▪ Tosse crónica (pode ser intermitente e pode ser não produtiva);

▪ Sibilância recorrente;

▪ História recorrente de infeções do trato respiratório inferior;

▪ História de FR para a doença [tabagismo; exposição a fumo da combustão de biomassa; exposição ocupacional a poeiras, vapores, fumos, gases e outros químicos; fatores do hospedeiro (p.ex. fatores genéticos, prematuridade, baixo peso ao nascer, anomalias do desenvolvimento, inf. respiratórias na infância)]

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6
Q

Diagnóstico

A

Espirometria necessária para o diagnóstico: FEV1/FVC pós-broncodilatação <0,70
confirma a presença de obstrução persistente do fluxo respiratório

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7
Q

Contexto clínico e resultado da espirometria para confirmação de diagnóstico

A

No contexto clínico apropriado, a presença de limitação do fluxo aéreo não completamente
reversível avaliada pela espirometria (FEV1/FVC < 0,7 pós-broncodilatação) confirma o diagnóstico de DPOC

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8
Q

Pré-DPOC

A

Indivíduos com sintomas respiratórios e/ou lesões pulmonares estruturais (pex.
enfisema) e/ou anomalias funcionais (incluindo FEV1 no limite inferior do normal, air
trapping, hiperinsuflação, redução da capacidade de difusão e/ou declínio rápido do FEV1) sem obstrução das VA (FEV1/FVC ≥ 0,7 pós-broncodilatação)

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9
Q

PRISm

A

(Preserved Ratio Impaired Spirometry) – termo proposto perante ratio N (FEV1/FVC
normal após BD) numa espirometria alterada (FEV1 <80% pós BD)

Mais prevalente em fumadores, mas não exclusiva destes

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10
Q

Pré-DPOC e PRISm - risco

A

Em risco de desenvolver obstrução das vias aéreas ao longo do tempo, mas nem todos a irão desenvolver

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11
Q

Diagnóstico - graus distintos de envolvimento

A

DPOC com graus distintos de envolvimento do parênquima pulmonar e das vias aéreas (pequenas e grandes). Compartimentos de envolvimento pulmonar:
- bronquite crónica
- enfisema

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12
Q

Bronquite crónica - diagnóstico

A
  • Diagnóstico clínico;
  • Tosse e expetoração durante pelo menos 3 meses em 2 anos
    consecutivos
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13
Q

Enfisema - diagnóstico

A
  • Diagnóstico
    imagiológico/ anatomopatológico
  • Destruição alveolar (anomalia estrutural)

(risco aumentado de desenvolver cancro do pulmão)

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14
Q

DPOC geneticamente determinada (DPOC-G)

A

Deficiência de α-1 antitripsina;
Outras variantes genéticas com efeitos menores que atuam em combinação

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15
Q

DPOC devido a desenvolvimento pulmonar
anormal (DPOC – D)

A

Prematuridade; baixo peso ao nascer, etc.

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16
Q

DPOC ambiental
1. DPOC associada ao tabagismo (DPOC-C (cigarette));
2. DPOC por exposição a biomassa e poluição (DPOC-P)

A
  1. Exposição a fumo de tabaco, incluindo in utero ou passivo; Vaping ou cigarros eletrónicos; canábis
  2. Exposição a poluição doméstica ou ambiental, fumo de incêndios; riscos ocupacionais
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17
Q

DPOC e asma (DPOC-A)

A

Particularmente se asma na infância

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18
Q

DPOC - taxonomia

A

DPOC geneticamente determinada (DPOC-G)

DPOC devido a desenvolvimento pulmonar
anormal (DPOC – D)

DPOC ambiental
1. DPOC associada ao tabagismo (DPOC-C
(cigarette));
2. DPOC por exposição a biomassa e poluição (DPOC-P)

DPOC devido a infeções (DPOC-I)

DPOC e asma (DPOC-A)

DPOC idiopática (DPOC-U (unknown))

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19
Q

6 diagnósticos diferenciais

A

Asma

ICC

Bronquiectasias
- associadas a broncorreia

Tuberculose

Bronquiolite Obliterante
- pode ocorrer em crianças; visto após transplante de pulmão ou MO, por ex.

Panbronquiolite difusa
+ em descendentes asiáticos; + em homens e não fumadores; quase todos com sinusite
crónica; opacidades nodulares centrolobulares difusas e hiperinsuflação no Rx e TC

20
Q

Diagnósticos diferenciais - consideração

A

Os diagnósticos diferenciais podem coexistir com o de DPOC

21
Q

A avaliação da gravidade da obstrução brônquica deve basear-se…

A

No FEV1 após broncodilatação,
desde que FEV1/FVC pós-BD < 0,70

22
Q

A avaliação da gravidade da obstrução brônquica deve basear-se no FEV1 após broncodilatação, desde que FEV1/FVC pós-BD < 0,70: (4)

A

o DPOC grau 1: ligeira, FEV1 ≥ 80% do previsto;

o DPOC grau 2: moderada, 50%≤ FEV1 < 80% do previsto;

o DPOC grau 3: grave, 30% ≤ FEV1 < 50% do previsto;

o DPOC grau 4: muito grave FEV1 < 30% do previsto

23
Q

Classificação da gravidade da obstrução brônquica, segundo a ERS/ATS

A

ERS/ATS recomenda uso de Z-score:
o Z-score > -1,65: Normal;
o Z-score -1.65 a -2,5: Ligeira;
o Z-score -2.51 a -4: moderada;
o Z-score < -4,1: severa

24
Q

Gravidade da obstrução brônquica e gravidade da doença

A

A gravidade da obstrução brônquica pode ser diferente da gravidade da doença

25
Q

DPOC – Avaliação Inicial: objetivo

A

O objetivo é determinar a gravidade da obstrução das vias aéreas, o impacto da doença no estado de saúde do doente e o risco de eventos futuros (exacerbações, hospitalizações ou morte), de forma a orientar a terapêutica

26
Q

Após o diagnóstico de DPOC ser confirmado por espirometria, a avaliação deve assentar nos seguintes 5 aspetos fundamentais:

A

▪ Gravidade da limitação do fluxo aéreo;

▪ Natureza e magnitude dos sintomas atuais;

▪ História prévia de exacerbações moderadas a graves;

▪ Contagem de eosinófilos no sangue periférico;

▪ Presença de outras patologias e quais (multimorbilidade)

27
Q

DPOC – Classificação combinada

A

Para o tratamento farmacológico inicial, a DPOC deve ser classificada da seguinte forma, considerando a avaliação da dispneia (mMRC), impacto no quotidiano (CAT) e o número de exacerbações de DPOC no
último ano

  • maior relevância das exacerbações!!
28
Q

DPOC – Classificação combinada: 3 graus

A

E:
- ≥2 exacerbações moderadas
ou ≥ 1 com admissão hospitalar num ano
- independentemente da severidade dos sintomas

A:
- 0 ou 1 exacerbação moderada
(sem necessidade de admissão
hospitalar) num ano
- sintomas: mMRC 0-1 e CAT <10

B:
- 0 ou 1 exacerbação moderada
(sem necessidade de admissão
hospitalar) num ano
- sintomas: mMRC ≥ 2 ou CAT ≥ 10

29
Q

mMRC

A
  • Versão modificada do
    Medical Research Council Dyspnea Scale
  • Avaliação do grau de dispneia (0-4)
30
Q

CAT

A
  • COPD Assessment Test
  • Avaliação do impacto da DPOC no bem estar e no quotidiano (0-40)
31
Q

Para a classificação ABE são apenas consideradas…

A

As exacerbações moderada a graves da DPOC

32
Q

Exacerbação da DPOC - definição

A

Quadro de dispneia e/ou tosse e expetoração com agravamento em <14 dias, que se pode acompanhar de taquipneia e/ou taquicardia e que se associa frequentemente a aumento da inflamação
local e sistémica causada por infeções, poluição ou outro agente agressor das vias aéreas

Tempo de recuperação variável entre 4-6 semanas (c/doentes que não regressam ao estado funcional pré-exacerbação)

33
Q

Impacto das exacerbações da DPOC

A

Exacerbações da DPOC impactam negativamente o estado de saúde dos doentes, taxas de hospitalização e
readmissão e progressão da doença

34
Q

Classificação das exacerbações (após a sua ocorrência): (3)

A

▪ Ligeira: aquela que é tratada apenas com broncodilatadores de ação curta

▪ Moderada: tratada com broncodilatadores de ação curta e CT oral ± antibióticos

▪ Grave: doente necessita de hospitalização ou recurso ao SU. Também se podem associar a insuf. respiratória aguda

35
Q

Vitamina D e exacerbações da DPOC

A

Vitamina D com papel imunomodulador e tem sido implicada na patofisiologia das exacerbações

Recomendado doseamento a todos os doentes internados devido a exacerbações de DPOC para avaliar défices
severos (<10 ng/mL), seguido da devida suplementação

36
Q

DPOC – Classificação combinada (exacerbações): algoritmo

A

Paciente com DPOC com suspeita de exacerbação
- Objetivo: Confirmar o diagnóstico e determinar a gravidade do episódio ou considerar diagnósticos diferenciais

Gravidade ligeira (padrão):
. Dispneia VAS < 5
. FR < 24 respirações/min
. FC < 95 bpm
. SaO₂ em repouso ≥ 92% com ar ambiente (ou a prescrição habitual de oxigénio do paciente) E alteração ≤ 3% (quando conhecida)
. PCR < 10 mg/L (se obtida)

Gravidade moderada (preenche pelo menos três dos cinco critérios)
. Dispneia VAS ≥ 5
. FR ≥ 24 respirações/min
. FC ≥ 95 bpm
. SaO₂ em repouso < 92% com ar ambiente (ou prescrição habitual de oxigénio do paciente) E/OU alteração > 3% (quando conhecida)
. PCR ≥ 10 mg/L
- Nota: se obtidos, gases arteriais podem mostrar hipoxemia (PaO₂ ≤ 60 mmHg) e/ou hipercapnia (PaCO₂ > 45 mmHg), mas sem acidose

Grave
. Dispneia, FR, FC, SaO₂ e PCR iguais aos critérios de moderada
. Gases arteriais mostram novo início/piorar da hipercapnia e acidose (PaCO₂ > 45 mmHg e pH < 7.35)

Determinar etiologia:
- Testes virais, cultura de expetoração, outros

Considerar Diagnósticos Diferenciais
- Insuficiência cardíaca
- Pneumonia
- Embolia pulmonar
. Nota: Proceder a testes apropriados e ao tratamento necessário

37
Q

DPOC – Tratamento inicial: mucolíticos antioxidantes

A

Nos doentes não tratados com ICS, o uso regular de carbocisteína e NAC podem reduzir exacerbações e
melhorar o seu estado de saúde (de forma ligeira)

O uso de erdosteína, independentemente do tratamento com ICS, pode ter um efeito significativo nas
exacerbações (ligeiras)

Deve ser prescrito a todos os
doentes com DPOC um
broncodilatador de ação curta
para alívio imediato de sintomas

38
Q

DPOC – Tratamento inicial por grupo

A

E:
LABA+LAMA (inalador único mais conveniente do que múltiplos inaladores)
- Considerar LABA+LAMA+ICS se eosinófilos ≥ 300 cels/µL

A:
Broncodilatador (++ longa
duração de ação)

B:
LABA + LAMA (inalador único mais conveniente do que múltiplos inaladores)

39
Q

DPOC - objetivo do tratamento

A

Principal objetivo terapêutico é reduzir sintomas e risco futuro
de exacerbações

40
Q

DPOC – Ajuste terapêutico, quando associar ICS aos broncodilatadores de longa ação: uso fortemente recomendado

A

Exacerbações de DPOC com necessidade de hospitalização;

≥ 2 exacerbações moderadas de DPOC/ano

*Eosinofilia ≥ 300 céls/µL;

*História de asma ou co-morbilidade com asma

Nota:
* Apesar de terapêutica de manutenção adequada com broncodilatador de longa duração de ação

41
Q

DPOC – Ajuste terapêutico, quando associar ICS aos broncodilatadores de longa ação: a favor do uso

A

*1 exacerbação moderada de DPOC/ano;

*Eosinofilia entre 100 e <300 céls/µL

42
Q

DPOC – Ajuste terapêutico, quando associar ICS aos broncodilatadores de longa ação: contra o uso

A

*Pneumonias de repetição;

*Eosinofilia <100 céls/µL;

*História de infeções por micobactérias

43
Q

DPOC – Seguimento clínico (3)

A

Realização de consulta médica periódica, de acordo com a
necessidade/gravidade do quadro
- norma refere, no mínimo, de 6 em 6 meses

Espirometria anualmente

TC de baixa dose anual recomendado para rastreio de cancro do pulmão nos casos de
DPOC-C

44
Q

DPOC – Fatores de risco para Cancro do Pulmão (6)

A

▪ > 55 anos;

▪ História de consumo tabágico > 30 UMA;

▪ Presença de enfisema no TC;

▪ Presença de limitação no fluxo aéreo FEV1/FVC < 0.7;

▪ IMC < 25 kg/m2;

▪ História familiar de cancro do pulmão

45
Q

Em todas as pessoas com DPOC deve ser prescrito/promovida: (4)

A

a) Vacinação:
1. Vacina contra a gripe anualmente (evidência B);
2. Vacina antipneumocócica (1 dose de vacina 20 valente (Prevenar 20®) ou
Pn15→ Pn23 (evidência B));
3. Vacina contra a COVID-19 (evidência B);
4. Vacina contra Varicela zoster (≥ 50 anos) (evidência B);
5. Vacina contra tosse convulsa, se não vacinados na adolescência (evidência B);
6. Vacina contra Vírus Sincicial Respiratório (VSR), nos indivíduos com ≥ 60 e/ou doença cardiopulmonar crónica (evidência A)

b) Atividade física diária (independentemente da gravidade);

c) Reabilitação respiratória nos grupos B e E (essencial);

d) Cessação tabágica nos fumadores

46
Q

Vacinação (6)

A
  1. Vacina contra a gripe anualmente (evidência B);
  2. Vacina antipneumocócica (1 dose de vacina 20 valente (Prevenar 20®) ou Pn15→ Pn23 (evidência B));
  3. Vacina contra a COVID-19 (evidência B);
  4. Vacina contra Varicela zoster (≥ 50 anos) (evidência B);
  5. Vacina contra tosse convulsa, se não vacinados na adolescência (evidência B);
  6. Vacina contra Vírus Sincicial Respiratório (VSR), nos indivíduos com ≥ 60 e/ou doença cardiopulmonar crónica (evidência A)
47
Q
A