Patologia aguda na criança e adolescente - parasitoses intestinais (terminado) Flashcards

1
Q

Transmissão

A

Infeções intestinais de transmissão predominantemente fecal-oral, resultante da ingestão de quistos, ovos ou parasitas

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2
Q

Etiologia

A

Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenalis e Necator americanus, Trichuris trichiura, Strongyloides stercoralis, Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Cryptosporidium e Schistosoma (S. mansoni, S. intercalatum, S. mekongi, S. japonicum, S. hematobium)

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3
Q

Em casos mais raros, como o do Schistosoma, a infestação pode ocorrer por…

A

Penetração larvar transcutânea a partir do solo

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4
Q

Cada parasita apresenta um ciclo de vida distinto e preferência anatómica no tubo digestivo humano…

A

≠ manifestações clínicas

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5
Q

Co-infestação

A

(dois ou mais parasitas) é frequente, em particular na criança

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6
Q

Prevalência varia consoante…

A

A região geográfica, clima e condições higieno-sanitárias

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7
Q

Epidemiologia - países

A

++ países tropicais em desenvolvimento

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8
Q

Epidemiologia em Portugal

A

o ↓progressiva da prevalência nas últimas décadas (melhoria das condições higieno-sanitárias)

o ↓ casos de co-infestações ou infestações graves

o Última década: prevalência < 6%

o ++ Giardia lamblia e Enterobius vermicularis (oxiúros)

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9
Q

Clínica - espectro amplo de manifestações clínicas

A

Espetro amplo de manifestações clínicas → depende de:
o Genótipo do parasita;
o Nº do inóculo;
o Idade do hospedeiro;
o Imunidade do hospedeiro

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10
Q

Clínica - maioria

A

Maioria → bem tolerada no hospedeiro imunocompetente:
o Assintomática;
o Sintomas inespecíficos: dor abdominal, náuseas, diarreia; muitas vezes associados a perda de peso

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11
Q

Clínica - raramente

A

Raramente → alta intensidade de parasitismo que origina morbilidade crónica: compromisso estatoponderal e cognitivo

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12
Q

Clínica - no doente imunocomprometido

A

Clínica exuberante: diarreia crónica, por vezes com grande repercussão sistémica e complicações
extra-intestinais, podendo ser fatal

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13
Q

No doente imunocomprometido: parasitas mais frequentemente encontrados nestes doentes

A

Cryptosporidium, Isospora belli, Cyclospora cayetanensis, Amebas, Giardia lamblia e Strongyloides stercoralis

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14
Q

Clínica - Giardia lamblia

A

o Amplo espetro clínico: ᴓ sintomas → diarreia aguda com ou sem vómitos→ diarreia crónica

o Diarreia crónica: malabsorção intestinal (fezes fétidas, flatulência, distensão abdominal), anorexia, má progressão ponderal ou perda de peso e anemia

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15
Q

Clínica - Enterobius vermicularis

A

o ++ prurido anal noturno, por vezes com agitação importante

o Causa frequente de vulvovaginite

o Relação causal com bruxismo, enurese noturna e perda de peso nunca foi confirmada

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16
Q

Clínica - Ascaris lumbricoides

A

o Dor ou desconforto abdominal

o Sintomas de malabsorção quando infeção prolongada

o Fase de migração larvar: pode haver envolvimento pulmonar, sob a forma de pneumonite transitória aguda (febre + eosinofilia – Síndrome de Löffler), que pode ocorrer semanas antes da sintomatologia gastrointestinal

o Migração dos vermes adultos: colecistite, colangite, pancreatite de causa obstrutiva e peritonite

o Complicação + frequente (parasitações volumosas): obstrução intestinal alta

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17
Q

Clínica - Trichuris trichiura

A

o Assintomáticos

o Quadro disentérico: dor abdominal, tenesmo, diarreia mucosanguinolenta

o Colite crónica: tenesmo e prolapso retal

o Pode manifestar-se por anemia

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18
Q

Clínica - Entamoeba histolytica

A

o Assintomático (até 90% dos casos) → doença invasiva grave

o Forma aguda:
- Diarreia sanguinolenta, dor abdominal, tenesmo e desidratação.
- Pode originar complicações graves: megacólon tóxico, colite necrosante fulminante e perfuração intestinal

o Forma crónica:
- Queixas intermitentes: dor abdominal, diarreia não sanguinolenta + perda de peso
- Pode ainda ocorrer ameboma (granuloma no cólon) ou abcesso hepático

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19
Q

Clínica - Entamoeba histolytica (forma aguda)

A

o Diarreia sanguinolenta, dor abdominal, tenesmo e desidratação

o Pode originar complicações graves: megacólon tóxico, colite necrosante fulminante e
perfuração intestinal

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20
Q

Clínica - Entamoeba histolytica (forma crónica)

A

o Queixas intermitentes: dor abdominal, diarreia não sanguinolenta + perda de peso

o Pode ainda ocorrer ameboma (granuloma no cólon) ou abcesso hepático

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21
Q

Clínica - Cryptosporidium

A

o Assintomática, auto-limitada ou arrastada

o Diarreia aquosa profusa (por vezes com muco, sem sangue), vómitos, náuseas, dor abdominal tipo cólica e, por vezes, febre

22
Q

Clínica - ténias

A

o Frequentemente assintomática

o Pode cursar com sintomas ligeiros: náuseas, diarreia e dor abdominal

o Passagem das proglótides através do ânus: desconforto e sensação de tenesmo

o Diphyllobotrium latum: anemia por carência de vitamina B12 → fadiga, palidez, glossite ou parestesias

23
Q

Clínica - Ancilostomas

A

o Penetração da larva através da pele → pneumonite (normalmente ligeira)

o Ingestão → dor abdominal

o Pode originar úlceras digestivas → perda crónica de sangue e anemia microcítica hipocrómica
moderada a grave

o Pode também associar-se a hipoproteinemia e edema

o Eosinofilia comum

24
Q

Clínica - Strongyloides stercoralis

A

o Infeção por penetração da larva através da pele, atingindo posteriormente os pulmões

o Queixas GI ≈ síndrome do cólon irritável (períodos de diarreia alternados com períodos de obstipação + dor abdominal intermitente)

o Infeção intestinal crónica: diarreia crónica + sintomas de mal-absorção

o Eosinofilia comum

25
Q

Clínica - Anisakis simplex

A

o Ingestão de peixe cru ou mal cozinhado

o Quadro de gastrite: epigastralgias, náuseas e vómitos

o Pode originar reações alérgicas: urticária aguda ou anafilaxia

26
Q

Clínica - Schistosomas

A

o Infeção por penetração da larva através da pele

o Atingimento digestivo: diarreia muco-sanguinolenta, dor abdominal intensa, hepatomegalia dolorosa

o Atingimento urogenital: hematúria, hidronefrose, insuficiência renal em estádios avançados

o Pode associar-se a polipose cólica

o Considerar em crianças que viajaram para áreas endémicas – África subsaariana, América Latina e Caribe

27
Q

Diagnóstico (4)

A

Exame parasitológico das fezes

Teste de fita-cola perianal

Pesquisa de antigénio nas fezes

Exame parasitológico de urina

28
Q

Exame parasitológico das fezes - descrição

A

Colheita de fezes em 3 dias diferentes (período máximo de 10 dias; > sensibilidade se o intervalo entre cada colheita for de 48h)

29
Q

Exame parasitológico das fezes - se diarreia

A

Se diarreia: não desperdiçar a fase líquida porque é a que contém mais trofozoítos

30
Q

Exame parasitológico das fezes - conservação das amostras

A

Conservar as amostras no frigorífico (2-8ºC), até serem entregues no laboratório (idealmente <24h)

31
Q

Exame parasitológico das fezes - se suspeita de …

A

Ancylostoma duodenalis, Ascaris lumbricoides, Cryptosporidium, Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Necator americanus, Trichuris trichiura, Schistosoma (S. mansoni, S. intercalatum, S. mekongi, S. japonicum) e Strongyloides stercoralis

32
Q

Teste de fita-cola perianal

A

o Colocação de uma fita-cola sobre o ânus durante a noite (altura em que as fêmeas saem para pôr os
ovos) → retirar de manhã e colar numa lâmina de vidro → visualização ao microscópio

o Se suspeita de: Enterobius vermicularis

33
Q

Pesquisa de antigénio nas fezes

A

o Sensibilidade e especificidade ~ 100%

o Se suspeita de: Giardia lamblia

34
Q

Exame parasitológico de urina

A

Se suspeita de: Schistosoma hematobium

35
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma
duodenalis e Necator americanus - 1ª opção, se ≥ 12 meses e < 24 meses

A

Albendazol, 200 mg, toma única

36
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma
duodenalis e Necator americanus - 1ª opção, se ≥ 24 meses

A

Albendazol, 400 mg, toma única

37
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma
duodenalis e Necator americanus - 2ªs opções, se ≥ 12 meses e < 24 meses

A

Mebendazol 500 mg, toma única
OU 100 mg, de 12/12h, 3 dias

Pamoato de pirantel, 11 mg/kg (máx. 1 g), toma única

38
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Ancylostoma
duodenalis e Necator americanus - 2ªs opções, se ≥ 24 meses

A

Mebendazol 500 mg, toma única

Pamoato de pirantel, 11 mg/kg (máx. 1 g), toma única

39
Q

Tratamento se Enterobius vermicularis

A

Deve ser prescrito tratamento à criança e conviventes no mesmo agregado familiar e repetido após 2 semanas

40
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Trichuris trichiura - ≥ 12 meses e < 24 meses, 1ªs opções

A

Albendazol, 200 mg, 1x dia, 3 dias

Mebendazol, 100 mg, 12/12h, 3 dias

41
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Trichuris trichiura - ≥ 24 meses, 1ªs opções

A

Albendazol, 400 mg, 1x dia, 3 dias

Mebendazol, 100 mg, 12/12h, 3 dias

42
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Giardia lamblia - ≥ 12 meses e < 24 meses, 1ªs opções

A

Albendazol, 200 mg/dia, 1 x dia, 5 dias

Metronidazol, 15 mg/kg/dia (máx. 750 mg), 3 x dia, 5-7 dias

43
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Giardia lamblia - ≥ 24 meses, 1ªs opções

A

Albendazol, 400 mg/dia, 1 x dia, 5 dias

Metronidazol, 15 mg/kg/dia (máx. 750 mg), 3 x dia, 5-7 dias

44
Q

Tratamento se infeção suspeita ou confirmada por Giardia lamblia - ≥ 3 anos, 1ªs opções

A

Albendazol, 400 mg/dia, 1 x dia, 5 dias

Metronidazol, 15 mg/kg/dia (máx. 750 mg), 3 x dia, 5-7 dias

Tinidazol, 50 mg/kg (máx.
2g), toma única

45
Q

Tratamento se infeção por Taenia saginata, Taenia solium, Diphyllobotrium latum, Hymenolepsis nana - 1ª opção

A

Praziquantel, 5-10 mg/kg, dose única
- se H. nana: 25 mg/kg, dose única → repetir dose 10 dias após

(apenas disponível nas Farmácias Hospitalares)

46
Q

Tratamento preventivo

A

NÃO deve ser prescrito tratamento preventivo contra parasitas intestinais

47
Q

Referenciação para Consulta Hospitalar

A

Suspeita clínica e/ou com exame parasitológico de fezes positivo para
o Strongyloides stercoralis;
o Entamoeba histolytica;
o Cryptosporidium;
o Schistosoma (Schistosoma mansoni, Schistosoma intercalatum, Schistosoma mekongi, Schistosoma
japonicum, Schistosoma hematobium

Nota: a efetivar no prazo máximo de 30 dias

48
Q

Referenciação para Consulta Hospitalar - se infeção por Entamoeba histolytica

A

Apesar da referenciação, deve ser iniciada terapêutica com:
≥ 12 meses
- Metronidazol, 35-50 mg/kg/dia (máx. 750mg)
8/8h, via oral, 7-10 dias
≥ 3 anos
- Tinidazol, 50-60 mg/kg/dia (máx. 2g), 1x/dia, via oral, 3 dias

Nota: na pessoa que iniciou terapêutica em ambulatório, a referenciação deve ser efetivada no prazo de 10 dias; a nível hospitalar: prescrição adicional de terapêutica endoluminal

49
Q

Referenciação para Consulta Hospitalar - se infeção por Cryptosporidium em criança imunocomprometida

A

A efetivar no prazo máximo de 14 dias

50
Q
A