Comunicação médico-doente - como dar más notícias (terminado) Flashcards
Dar más notícias - impacto no médico
Motivo de grande stress no médico → Técnicas de distanciamento
Causas de stress:
* Crenças e/ou convenções sociais, inerentes quer ao médico quer ao doente, quando as más notícias se reportam a doenças neoplásicas
* Défice de formação pré e pós-graduada neste domínio
Dar más notícias requer…
Requer perícia (conhecimentos e aptidões específicas) e tato
Ausência de informação ou a comunicação deficiente conduz o paciente a…
Ausência de informação ou a comunicação deficiente conduz o paciente a um sentimento de insegurança em relação à doença e ao prognóstico da mesma, assim como a uma insegurança na sua relação com o médico
O sofrimento causado por uma má notícia é de algum modo mitigado se…
O médico: mostrar consideração pelos
sentimentos do doente; tiver tempo, como é desejável, para responder a perguntas; garantir ao doente que será
continuamente apoiado, mesmo quando a cura não for possível
Protocolo de Buckman - descrição
- 6 passos
- Só a partir do 4º passo se avança para a partilha de informação, caso o doente assim o deseje. Não se trata de informar a todo o custo, mas também não se deve pressupor que o doente nunca quer saber
Protocolo de Buckman - 6 passos
1 - setting (preparar a consulta, ambiente tranquilo)
2 - perception (avaliar o que o doente já sabe)
3 - inviation/ information (compreender o que o doente quer saber)
4 - knowledge (partilhar a informação de forma simples e direta)
5 - empathy (reconhecer e validar emoções e reações demonstrando empatia)
6 - strategy (resumir, discutir opções de tratamento, definir o plano a seguir)
Preparação e Escolha do local adequado
- Fazer precocemente a preparação para o caso de os exames virem a revelar uma neoplasia ou outra doença
grave - As más notícias devem ser dadas pessoalmente e num local privado, tentando que não haja interrupções por
terceira pessoa (certificar-se que o telefone está desligado, que ninguém irá abrir a porta,…) - Se o doente quiser estar acompanhado isso poderá ser muito útil
Perceber o que é que o doente já sabe
- Pedir ao doente que forneça uma explicação para o que lhe está a suceder (sintomas, exames realizados)
- Saber se já alguma informação lhe foi dada no contacto com outros profissionais
- Perceber que tipo de informação lhe foi dada
Saber o que é que o doente quer saber
- Pesquisar até que ponto o doente quer ter conhecimentos sobre a sua patologia
- Perceber se habitualmente gosta de discutir os pormenores sobre a sua saúde
- Considerar a possibilidade de os resultados poderem ou não ser positivos
Dar a notícia
- Habitualmente dá-se o chamado «tiro de aviso»:
o Exemplos: “Os resultados não estão como gostávamos”; “Há aspetos menos bons no que aqui estou a ver” - Perante esta abertura, há que verificar a reação imediata do paciente, que claramente dará pistas se pretende ou não avançar com a transmissão mais detalhada da informação.
o De qualquer forma, devemos tanto quanto possível evitar os eufemismos, as frases longas e de interpretação menos clara e o chamado «medicalês».
o «Não há palavras certas para se dizer» - Quando, após a informação, nos apercebemos que o paciente não imagina a gravidade da sua doença, temos uma tarefa difícil a enfrentar: como alterar a sua perspetiva de que está bem, para a de que está gravemente doente?
- Este tempo, o chamado tempo de transição, pode demorar horas, dias ou
semanas e depende de cada doente - O que é fundamental é que o paciente entenda que não está sozinho nesta fase
diferente do percurso da doença e que, mesmo não havendo cura, há intervenções
concretas para prevenir o seu sofrimento
Responder às emoções e às perguntas do doente
- Após a comunicação da má notícia, as duas reações mais comuns são:
o Medo
o Desgosto
✓ Raiva contra o próprio médico - Esta situação requere que o médico diferencie bem o conteúdo da mensagem (as más notícias) do portador da
mensagem (ele próprio) e deve demonstrar ao doente, não agressividade, mas sim apoio e compreensão, (sem mostrar pena!) validando a reação emocional como natural naquelas circunstâncias - O choro ou o silêncio devem ser respeitados e não inibidos
- Um toque na mão, ou no ombro, demonstra apoio e pode tranquilizar o doente
- Após um choque inicial, o doente precisa de clarificar o significado da informação que lhe foi dada, expondo os seus receios, nomeadamente face a experiências prévias que tenha vivido ou com as quais tenha contactado
- Os pacientes com neoplasia, geralmente querem saber se a doença se confirma, se há metástases ou não, se é
curável, como vai ser o tratamento e, fundamentalmente, preocupa-os o tempo que lhes resta de vida - Por mais explícitos que sejamos, devemos lembrar-nos que, na altura de receber uma má notícia, ninguém
consegue reter toda a informação que lhe é dada - Devemos responder direta e honestamente a todas as perguntas efetuadas, mesmo às mais difíceis. No entanto,
não devemos fazer prognósticos sobre a altura da morte, pois isso irá causar ainda maior angústia ao doente - Não devemos deixar de abordar esse tópico se isso for importante para o doente (planear o futuro, decisões
com menores envolvidos, por exemplo) mas iremos acordar com o doente que o faremos em função da evolução clínica – no próximo mês, na próxima semana voltaremos a falar sobre como acha que está a evoluir - Para que o paciente consiga abarcar grande parte de informação que lhe é prestada, devemos
o Falar de uma forma simples e clara, evitando ao máximo os termos técnicos;
o Rever a situação e verificar se o doente percebeu a informação que lhe foi dada;
o Dar as informações mais importantes no principio ou no fim da conversa, porque habitualmente o que se diz no meio é completamente esquecido pelo paciente
Propor plano de acompanhamento e encerrar a entrevista
- A forma mais eficaz que temos para o fazer, consiste em fornecer um plano de ação futuro
- Conjuntamente com o doente, devem procurar-se os principais problemas a resolver (e que não passam apenas
pelos sintomas) e adotar um plano consensual, mostrando que há pequenas metas passíveis de ser atingidas e,
desta forma, concretizar aspetos gratificantes da vida do doente - Deve ser perguntado ao paciente quem mais precisa de saber da sua doença e se vai precisar de ajuda para o fazer
- Devemos encorajar os doentes a escreverem as perguntas que querem fazer para que numa próxima consulta não as esqueçam
- É importante deixar sempre «uma porta aberta» para que o doente fale connosco se precisar e, por fim, deixar
sempre um próximo contacto marcado
Dar a notícia - tiro de aviso
Habitualmente dá-se o chamado «tiro de aviso»:
o Exemplos: “Os resultados não estão como gostávamos”; “Há aspetos menos bons no que aqui estou a ver”
Dar a notícia - perante o tiro de aviso
Perante esta abertura, há que verificar a reação imediata do paciente, que claramente dará pistas se pretende ou não avançar com a transmissão mais detalhada da informação.
o De qualquer forma, devemos tanto quanto possível evitar os eufemismos, as frases longas e de interpretação menos clara e o chamado «medicalês».
o «Não há palavras certas para se dizer»
Dar a notícia - quando o paciente não imagina a gravidade da sua doença
Quando, após a informação, nos apercebemos que o paciente não imagina a gravidade da sua doença, temos uma tarefa difícil a enfrentar: como alterar a sua perspetiva de que está bem, para a de que está gravemente doente?