Comunicação médico-doente - O Modelo Clínico Centrado no Paciente (terminado) Flashcards
Classicamente, o objetivo da entrevista era…
Classicamente, o objetivo da entrevista era chegar a um diagnóstico clínico
- só abordava os aspetos psicossociais se não encontrasse qualquer patologia, após esgotados os
recursos de investigação diagnóstica
O Modelo Clínico Centrado no Paciente (MCCP) valoriza:
- O processo de raciocínio conducente ao diagnóstico tradicional
- A compreensão do significado, expectativas, sentimentos e medos do doente (dolência)
O Modelo Clínico Centrado no Paciente (MCCP) implementa…
Implementa em paralelo 2 planos de investigação diagnóstica:
* Agenda médica → anamnese, exame físico e exames complementares de diagnóstico
* Agenda do doente → ideias, expetativas e sentimentos
O Modelo Clínico Centrado no Paciente (MCCP) - estar centrado no paciente
“Estar centrado no paciente significa estar aberto aos sentimentos do paciente, significa chegar a estar envolvido com o paciente de um modo que dificilmente se consegue se seguirmos o velho método”
O Modelo Clínico Centrado no Paciente - nenhum diagnóstico está completo se…
Para o MCCP nenhum diagnóstico está completo se não se conhece o quadro de representações do doente
- Compreensão das expectativas, dos sentimentos e dos receios.
- Conhecimento do significado que a dolência tem para o paciente e do impacto na sua vida social e familiar
Característica definidora do Modelo Clínico Centrado no Paciente
Dar espaço ao doente para expressar os seus sentimentos, emoções, ideias e crenças
- Habilidades comunicacionais: escuta ativa, empatia e resumos
6 qualidades de um bom entrevistador
- Empatia
- Cordialidade
- Concreção
- Assertividade
- Convicção
- Modulação da reatividade
Qualidades de um bom entrevistador - empatia
o Um clima empático exige dois momentos: primeiro a interiorização da situação emocional do doente e
segundo dar a conhecer ao doente que o compreende
o É “estar com” o outro e entender o ponto de visto do “outro”. O médico entra dentro do mundo do doente
e observa o mundo a partir do ponto de vista deste
o Tem a capacidade de compreender os pensamentos e as emoções do doente, bem como transmiti-las
Qualidades de um bom entrevistador - cordialidade
o Manifesta-se essencialmente de modo não-verbal (ao contrário da empatia). Deve ser adaptada às características do doente, respeitando o seu espaço pessoal e a sua cultura
o Componente das regras de boa educação, que se exprime através de uma linguagem não verbal
o Capacidade de construir uma proximidade afetiva entre entrevistador e o doente
Qualidades de um bom entrevistador - concreção
Capacidade do entrevistador estar em constante interrogação sobre se os termos que está a usar são compreendidos pelo doente e se o que este diz é claro e entendido de igual modo
Qualidades de um bom entrevistador - assertividade
o Capacidade de desempenhar em pleno e com segurança os deveres e os direitos inerentes ao papel do médico
o O médico é claro, calmo e preparado para repetir o que tem para dizer. Defende os seus direitos sem
atropelar os dos outros
o É o equilíbrio entre a submissão e a agressividade
Qualidades de um bom entrevistador - convicção
o Capacidade de acreditar no que é proposto e de estar convencido de que se sabe a verdade
o Induz no doente a aceitação da mensagem sem pôr em causa os seus conteúdos
Qualidades de um bom entrevistador - modulação da reatividade
o Entende-se por reatividade o espaço de tempo que o médico demora para falar depois de doente se calar
o A colocação excessiva de perguntas, a ânsia de cumprir de uma guião de colheita de dados, etc.., leva a que o médico ignore tudo o que o doente lhe possa dizer
o O médico deve saber modular o nível de reatividade em função da fase de consulta, de modo a que a consulta não de torne totalmente aberta
o Procura-se que a reatividade seja inicialmente baixa e depois vá aumentando na fase resolutiva da consulta
Modelo Clínico Centrado no Paciente: paciente com mal estar - 2 vertentes paralelas de investigação
2 vertentes paralelas de investigação - para diagnóstico integrado
- quadro de doença (agenda do médico)
- História
- Exame Físico
- ECD
(para diagnóstico diferencial) - quadro de sofrimento (dolência) (agenda do doente)
- Ideias
- Expectativas
- Sentimentos
(para compreensão das experiências de sofrimento)
Método Centrado na Doença valoriza:
Objetivo
* Exames
* Números
* Tecnologias
MCCP é um equilíbrio entre:
Objetivo
* Exames
* Números
* Tecnologias
Subjetivo
* Pessoas
* Palavras
* A relação
O Modelo Clínico Centrado no Paciente pressupõe algumas mudanças de atitudes médicas: (3)
- A perda da noção hierárquica de que o profissional de saúde deve manter o comando da relação e o doente
limitar-se a um comportamento passivo e complacente - O médico deve procurar o empoderar o paciente e partilhar o poder na relação
- Modificar a ideia de que o médico deve manter um distanciamento objetivo em relação ao paciente
reconhecendo que este comportamento gera inadequada insensibilidade ao sofrimento
Operacionalização do Modelo Clínico Centrado no Paciente
6 componentes na vertente de investigação diagnóstica da agenda do doente:
1. Exploração da doença e da dolência
2. Compreensão da pessoa como um todo e no seu contexto
3. Estabelecer terreno comum (grounding)
4. Incorporar a promoção da saúde e prevenção da doença
5. Construir a relação médico-doente
6. Ser realista
Modelo Clínico Centrado no Paciente - exploração da doença e da dolência: 2 caraterísticas
- Tempo de avaliação dos conceitos de saúde, doença e dolência do doente
- Para além de avaliar o processo da doença através da história clínica e exame objetivo, o médico tenta
compreender a visão que o doente tem no seu mundo, procurando conhecer os seus sentimentos, as suas
ideias, o impacto na sua vida e as expectativas
Modelo Clínico Centrado no Paciente - exploração da doença e da dolência: 3 exemplos
- Como descreve o seu problema?
- Conhece alguém que tenha tido o seu problema?
- O que pensa que poderá ter provocado esse problema?
Modelo Clínico Centrado no Paciente - compreensão da pessoa como um todo e no seu contexto
Integração dos conceitos de doença e dolência na compreensão global da pessoa:
* Na sua personalidade
* Na sua história de vida
* No seu grau de formação
* Nos seus contextos próximos (família, profissão, etc..)
* Nos seus contextos distais (económico, mass media, político, etc.)
Modelo Clínico Centrado no Paciente - estabelecer terreno comum (grounding)
- Inclui uma mútua decisão quanto à definição dos problemas, aos objetivos do tratamento ou intervenção, e clarificação dos papéis a assumir por cada um dos intervenientes
Para a decisão partilhada é necessário explorar quatro áreas:
1. Compreender o diagnóstico e o tratamento.
2. Conhecer as crenças, as preocupações acerca do problema e as opções de tratamento do doente.
3. Conhecer as dificuldades que antecipam no cumprimento do plano terapêutico.
4. Avaliar os meios práticos de ajudar o doente a ultrapassar as dificuldades
Modelo Clínico Centrado no Paciente - incorporar a promoção da saúde e prevenção da doença
- Avaliação do potencial do paciente para a saúde
- Identificação dos comportamentos de risco para a saúde, dos obstáculos à saúde
- Avaliação da importância atribuída aos problemas de saúde
- Avaliação do grau de confiança percecionada para a mudança de comportamentos ou para a implementação de
planos terapêuticos - Avaliação do grau de preparação para a mudança
Modelo Clínico Centrado no Paciente - construir a relação médico-doente
Cada contacto deve ser usado para construir a relação médico-doente incluindo:
o Compaixão;
o Confiança;
o Cuidar;
o Partilha de poder
Pressupõe continuidade de cuidados
Modelo Clínico Centrado no Paciente - ser realista
Manter o senso da realidade ao longo de todo o processo, nomeadamente, quanto a:
* Gestão do tempo;
* Intervenção atempada;
* Delegação de tarefas;
* Comunicação com outros profissionais;
* Trabalho em equipa