Legislação penal extravagante (lei das organizações criminosas) Flashcards
O delatado pode impugnar acordo de colaboração premiada?
NÃO. Por se tratar de NEGÓCIO JURÍDICO PERSONALÍSSIMO, o acordo de colaboração premiada não pode ser
impugnado por coautores ou partícipes do colaborador na organização criminosa e nas infrações penais por ela praticadas, ainda que venham a ser expressamente nominados no respectivo instrumento no “relato da colaboração e seus possíveis resultados” (art. 6º, I, da Lei nº 12.850/13).
STF. Plenário. HC 127483, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/08/2015 (Info 796).
O artigo 2º, § 1º, da Lei das Organizações Criminosas, prevê como crime aquele que impede ou embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
Note: estranhamento, o legislador faz uso exclusivo do termo “investigação”, não fazendo qualquer remissão ao “processo judicial”, englobando portanto somente o IP e outro procedimento investigatório criminal.
Qual o entendimento da jurisprudência a respeito disso?
STJ/2019: O crime de embaraçar a investigação de infração penal previsto no parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 12.850/2013 não está restrito à fase do inquérito policial, sendo aplicável também quando o fato ocorre no âmbito da ação penal. Segundo o relator, as investigações se prolongam durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Com efeito, não havendo o legislador inserido no tipo a expressão “inquérito policial”, compreende-se ter conferido à investigação de infração penal o sentido de persecução penal como um todo.
As penas aumentam-se até a METADE se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo.
CORRETO.
A pena aumenta-se até a METADE para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
FALSO. A pena é AGRAVADA para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
Se na organização criminosa há participação de criança ou adolescente, a pena é aumentada de quanto?
de 1/6 a 1/3.
Se na organização criminosa há participação de funcionário público, a pena é aumentada de quanto?
de 1/6 a 1/3.
Se na organização criminosa o produto ou o proveito da infração destinar-se no todo ou em parte ao exterior, a pena é aumentada de quanto?
de 1/6 a 1/3.
Se a organização criminosa mantiver conexão com outras organizações, a pena é aumentada de quanto?
de 1/6 a 1/3.
Se a organização criminosa for transnacional, a pena é aumentada de quanto?
de 1/6 a 1/3.
O que se entende por crime organizado por extensão?
Refere-se às infrações penais praticadas pelas organizações criminosas ou pelas associações criminosas. Exemplo: verificando a existência de uma organização criminosa especializada em crimes de peculato, os agentes deverão ser denunciados pelo crime de organização criminosa (crime organizado por natureza) em concurso material com os delitos de peculato (crime organizado por extensão).
A lei da organização criminosa também prevê como efeito extrapenal da condenação a perda do cargo, emprego, função pública ou mandato eletivo. Assim como a lei de tortura, esse efeito é automático?
SIM, esse efeito é automático e obrigatório, sendo desnecessária a fundamentação na sentença.
Essa demissão se dá na via administrativa e não precisa da instauração do PAD.
Pela lei de organização criminosa, a ação controlada deve ser comunicada ao juiz ou deve haver o requerimento para sua realização?
O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente COMUNICADO ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.
Diversamente das Leis de Droga e de Lavagem de Capitais, a Lei n. 12.850/2013 NÃO faz referência expressa à necessidade de prévia autorização judicial para a execução da ação controlada.
Essa comunicação imediata ao juiz competente também é importante para afastar a responsabilidade criminal das autoridades por eventual crime de prevaricação nas hipóteses em que a situação de flagrante se dissipar; a autoridade administrativa ou policial estará acobertada pelo estrito cumprimento do dever legal. Logo, se o objeto da ação controlada lograr êxito em se evadir, não há que se falar em responsabilização da autoridade pelo crime do artigo 319 do CP.
O que se entende por entrega vigiada?
Prevista na Convenção de Palermo, consiste em permitir que remessas ilícitas ou suspeitam saiam do território de um ou mais Estados, os atravessem ou neles entrem, com o conhecimento e sob o controle das suas autoridades competentes, com a finalidade de investigar infrações e identificar as pessoas envolvidas na sua prática.
A entrega vigiada pode ser classificada da seguinte forma:
1. entrega vigiada limpa (ou com substituição): as remessas ilícitas são trocadas antes de serem entregues ao destinatário final por outro produto qualquer, um simulacro.
- entrega vigiada suja (ou com acompanhamento): a encomenda segue seu itinerário sem alteração de conteúdo.
Qual o prazo para a infiltração de agente policial?
Até 6 meses, sem prejuízo de outras renovações - desde que o total não exceda a 720 dias e seja comprovada sua necessidade.
A doutrina norte-americana aponta a existência de duas espécies de infiltração, consoante o grau de duração. Quais são elas?
- LIGHT COVER (infiltração superficial): espécie de infiltração mais branda, que dura no máximo 06 meses. Essa modalidade não demanda inserção contínua e permanente, nem tampouco mudança de identidade ou perda de contato significativo com a família, podendo se resumir a um único encontro para o recolhimento de elementos de informação acerca das atividades ilícitas.
- DEEP COVER (infiltração profunda): são infiltrações que se prolongam por mais de 06 meses, necessitando de uma imersão mais profunda e complexa no seio da organização criminosa. É feita com a mudança de identidade da autoridade policial, assim como perda significativa do contato com sua entidade familiar.
Quais são as fases da infiltração de agente policial?
- recrutamento - captação, onde são selecionados agentes que se encaixem no perfil, seguida da seleção do agente escolhido.
- formação - o agente escolhido é introduzido num programa de capacitação;
- imersão - nesta fase, é estabelecida uma identidade psicológica falsa no agente;
- especialização da infiltração - é repassado a operabilidade da medida;
- infiltração propriamente dita - o agente tem os primeiros contatos com os integrantes da organização criminosa;
- seguimento - é realizada uma cobertura técnica com a finalidade de preservar a identidade física e psicológica do agente;
- pós-infiltração - se buscam as melhores alternativas para a saída do agente infiltrado do ambiente criminoso);
- reinserção - integrar o agente à sua vida pré-infiltração.
Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
CORRETO.
O agente infiltrado que pratica crimes junto com a organização criminosa estará acobertado por qual excludente?
Bitencourt e Busato advertem que há de ser feita uma distinção entre o crime que guarda relação com a própria atividade investigada e o crime paralelo à investigação que deu ensejo à infiltração de agentes.
Na visão dos autores, se a conduta praticada pelo agente infiltrado disser respeito a crimes sobre os quais já pairava um juízo de suspeita, estando do previsto pelo projeto de infiltração, o agente estará acobertado pela excludente da ilicitude do estrito cumprimento do dever legal.
Noutro giro, em se tratando de crimes não relacionados à investigação em curso, cuja perpetração se veja o agente infiltrado compelido a cometer como prova de lealdade, há de se ficar atento às seguintes hipóteses:
1) em se tratando de conduta praticada pelo agente infiltrado à título de cumplicidade, enquanto mera condição material para a prática de determinado crime, o caso é de exclusão da culpabilidade em virtude de inexigibilidade de conduta diversa;
2) na hipótese de crime praticado em coautoria pelo agente infiltrado, há que se analisar em cada caso a proporcionalidade da medida;
3) cuidando-se de crimes praticados por agente infiltrado em autoria direta ou mediata, revela-se inviável a aplicação de qualquer causa de justificação ou exculpação. O agente portanto deverá ser responsabilizado pelo delito.
Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes cometidos por organizações criminosas.
CORRETO.
É crime descumprir a determinação judicial de sigilo das investigações que envolvam ação controlada e infiltração de agentes?
SIM, mas o crime não engloba a conduta que envolver a colaboração premiada.