Direito Internacional público Flashcards
De acordo com o conceito clássico, como pode ser entendido o direito internacional público?
É o conjunto de regras escritas e não escritas que regula o comportamento dos estados, bem como o relacionamento entre os estados e os organismos internacionais.
Essa é uma noção vinculada à paz de vestfália, celebrada no século XVII.
Pelo conceito moderno, como pode ser conceituado o direito internacional público?
É o conjunto de normas que regula as relações externas dos atores que compõem a sociedade internacional: estados, organizações internacionais e o homem.
Ou seja, é um sistema de normas jurídicas que visa disciplinar e regulamentar as atividades exteriores da sociedade dos estado, e, modernamente, das organizações internacionais e ainda o próprio indivíduo.
- entendimento clássico: os atores são apenas os estados e as organizações internacionais; visa regular as relações interinstitucionais, envolvendo os estados e as organizações internacionais.
- entendimento moderno: os atores são os estados, as organizações internacionais, o indivíduo, as empresas, especialmente as transnacionais e aquelas com negócios internacionais, e as organizações não governamentais; visa disciplinar a relações entre esses atores e disciplinar a cooperação internacional.
Qual o objetivo do direito internacional público?
- reduzir a anarquia na sociedade internacional e delimitar a competência de seus membros;
- satisfação de interesses comuns entre os estados.
Qual as duas teorias que explicam o fundamento do direito internacional público?
- VOLUNTARISMO - doutrina de caráter subjetivo, baseia-se na vontade dos sujeitos do direito internacional. Assim, os estados e as organizações internacionais devem observar as normas internacionais porque expressaram sua concordância de forma expressa (por meio dos tratados) ou de forma tácita (pela aceitação dos costumes). Ou seja, o direito internacional repousa no consentimento dos estados. Chamada de CORRENTE POSITIVISTA.
- OBJETIVISMO - sustenta que a obrigatoriedade do direito internacional decorre da existência de valores/princípios e regras tão importantes que acarretam o bom desenvolvimento da sociedade internacional. As normas surgiriam independentemente da vontade dos estados e se colocam acima dessa vontade, devendo ser respeitadas por todos.
A doutrina voluntarista é criticada por condicionar toda a regulamentação internacional, inclusive a concernente a matérias de grande importância para a humanidade, à mera vontade dos Estados, normalmente vinculada a inúmeros condicionamentos.
A doutrina objetivista, por outro lado, ao minimizar o papel da vontade dos atores internacionais na criação das normas internacionais, coloca também em risco a própria convivência internacional, ao facilitar o surgimento de normas que podem não corresponder aos anseios legítimos dos povos.
O que sustenta o dualismo?
O dualismo é uma teoria que sustenta que o direito internacional e o direito interno são dois ordenamentos jurídicos distintos e totalmente independentes entre si.
Com isso, os tratados seriam apenas compromissos assumidos na esfera externa, sem capacidade para gerar efeitos no interior dos estados.
Ademais, o direito nacional não precisa se conformar com os preceitos do direito das gentes.
A teoria do dualismo vincula-se à TEORIA DA INCORPORAÇÃO, segundo a qual um tratado somente poderá regular as relações dentro do território de um estado se for incorporado ao ordenamento interno por meio de um procedimento que o transforme em norma nacional.
Com esse processo de internação, os conflitos envolverão não o direito internacional e o direito interno, mas apenas normas nacionais.
O Brasil parece ter adotado o dualismo moderado, pelo qual não é necessário que as normas internacionais sejam inseridas em um projeto de lei interna, bastando apenas a incorporação dos tratados ao ordenamento interno por meio de procedimento específico, distinto do processo legislativo comum, que normalmente inclui apenas a aprovação do parlamento e, posteriormente, a ratificação do Chefe de Estado, bem como, no caso do Brasil, um decreto de promulgação do Presidente da República, que inclui o ato internacional na ordem jurídica nacional
O que sustenta o monismo?
O monismo fundamenta-se na premissa de que existe apenas uma ordem jurídica, com normas internacionais e internas, interdependentes entre si.
Para essa teoria, para que as normas internacionais possam ter eficácia é preciso que sejam harmônicas com o direito interno.
Além disso, não é necessária a elaboração de novo diploma legal que transforme o direito internacional em direito interno.
Para definir qual norma deverá prevalecer em caso de conflito, foram desenvolvidas duas vertentes teóricas dentro do monismo:
- o monismo internacionalista (ou “monismo com primazia do Direito Internacional” ou monismo radical) - formulado pela escola de viena, cuja principal figura foi Hans Kelsen;
- o monismo nacionalista (ou “monismo com primazia do Direito interno”) - ideia predominante na prática da convivência internacional a partir da Paz de Vestália.
Qual das duas correntes dentro do monismo é a adotada pelo direito internacional?
O monismo internacionalista é a teoria adotada pelo Direito Internacional, como determina o artigo 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, que dispõe que “Uma parte não pode invocar as disposições de seu Direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado”.
Com isso, as normas internacionais deveriam prevalecer sobre a própria Constituição do Estado.
Uma solução entre o monismo e o dualismo pode ser qual teoria?
A clássica divisão entre dualismo e monismo é objeto de crítica na doutrina.
É nesse sentido que o Direito Internacional dos Direitos Humanos concebe o princípio da primazia da norma mais favorável à vítima/ao indivíduo, pelo qual, em conflito entre normas internacionais e internas, deve prevalecer aquela que melhor promova a dignidade humana. Esse princípio fundamenta-se não no suposto primado da ordem internacional ou nacional, mas sim na prevalência do imperativo da proteção da pessoa humana, valor atualmente percebido por parte importante da sociedade internacional como superior a qualquer outro no universo jurídico.
Quais as principais características do dualismo?
- duas ordens jurídicas distintas e independentes entre si - uma ordem internacional e outra interna.
- impossibilidade de conflito entre direito internacional e interno.
- é necessário um diploma legal interno que incorpore o conteúdo da norma internacional (teoria da incorporação).
Quais as principais características do monismo?
- uma só ordem jurídica.
- há possibilidade de conflito entre direito internacional e direito interno.
- não há necessidade de diploma legal interno.
Quais as principais características do dualismo radical?
É necessário um diploma legal interno que incorpore o conteúdo da norma internacional.
Quais as principais características do dualismo moderado?
Exige-se apenas a RATIFICAÇÃO do chefe de estado com aprovação do parlamento para que a norma internacional seja incorporada.
Quais as principais características do monismo internaciolanista?
- primazia do direito internacional.
2. teoria adotada pelo direito internacional.
Quais as principais características do monismo nacionalista?
- primazia do direito interno.
2. teoria ainda praticada em vários estados.
O que são fontes materiais do direito internacional?
São os fatos que demonstram a necessidade da formulação de normas jurídicos no âmbito internacional.
Exemplo de fonte material foi a II Guerra Mundial, cujas atrocidades evidenciaram a relevância de proteger a dignidade humana, impulsionando a negociação e a consagração de algumas das principais normas internacionais de direitos humanos.
São portanto as bases que influenciam a construção das normas, como o desejo de manutenção da paz ou a realização da justiça, proteção da dignidade humana.
O que são fontes formais do direito internacional?
São o modo de revelação da norma jurídica.
O aparecimento das fontes formais é relacionada às fontes materiais, as quais inspiram a criação de novas normas e orientam sua elaboração.
As fontes formais do direito internacional são divididas de que forma?
- fontes estatutárias do direito internacional - o artigo 38 do estatuto da corte internacional de justiça elenca como fontes os TRATADOS, OS COSTUMES, OS PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO, A JURISPRUDÊNCIA E A DOUTRINA.
O estatuto fala que não há hierarquia dessas fontes, de forma que não há primazia entre elas. Inclusive, a própria doutrina entende que não há hierarquia de fontes.
- fontes extraestatutárias do direito internacional - princípios gerais do direito internacional, atos unilaterais dos estados, decisões das organizações internacionais e soft law, além da analogia e do jus cogens.
Contrato internacional e tex mercatoria podem ser considerados fontes formais do direito internacional público?
NÃO, só do direito internacional privado.
Qual a diferença entre fontes formais principais e acessórias/auxiliares?
As fontes principais são aquelas que efetivamente revelam qual o Direito aplicável a uma relação
jurídica.
Já as fontes acessórias ou auxiliares são as que apenas contribuem para elucidar o conteúdo de uma norma. Exemplo: jurisprudência e doutrina (as demais fontes são formais principais).
Quais são os principais aspectos do costume no direito internacional?
- o costume exige a prática generalizada, reiterada, uniforme e constante de um ato na esfera das relações internacionais ou no âmbito interno com reflexos externos (ELEMENTO MATERIAL OU OBJETIVO - inverterata consuetudo).
- o costume exige a convicção de que essa prática é juridicamente obrigatória (ELEMENTO PSICOLÓGICO OU SUBJETIVO - OPINIO IURES).
- o costume não precisa ser unânime, apenas uma prática generalizada. Também não precisa ser global ou universal, podendo ser um costume regional ou empregado apenas nas relações bilaterais.
É possível que um costume vincule entes que não concordam com a sua juridicidade?
O tema é polêmico na doutrina.
Partindo da premissa voluntarista de que o fundamento do Direito Internacional repousa apenas na vontade dos atores internacionais, o costume valeria apenas entre aqueles entes que implicitamente concordassem com certa prática e aceitassem seu caráter jurídico.
Por outro lado, o entendimento objetivista vê costume como uma manifestação sociológica, vinculando inclusive os Estados que com ele não concordaram.
A parte que invoca uma norma costumeira deve provar sua existência?
SIM. Durante muito tempo, o costume foi a principal fonte do direito internacional. Ao longo do tempo, foi cedendo ao processo de codificação do direito internacional, por meio da incorporação de normas costumeiras em tratados escritos.
Quais são os princípios gerais do direito internacional?
- soberania nacional.
- não intervenção.
- igualdade jurídica entre os estados.
- autodeterminação dos povos.
- cooperação internacional.
- solução pacífica das controvérsias internacionais.
- proibição de ameaça ou do uso da força.
- esgotamento dos recursos internos antes do recurso aos tribunais internacionais.
- prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais.
Quando a equidade pode ser aplicada no direito internacional público?
A equidade só pode ser empregada a partir da anuência expressa das partes envolvidas em um litígio.
O estatuto da CIJ autoriza a corte, ao analisar um litígio, afastar a aplicação de uma norma que incida sobre um caso concreto, decidindo com base apenas em considerações de justiça (equidade).
Considera-se o monismo do tipo internacionalista dialógico uma corrente adequada para tratar de conflitos normativos que envolvam direitos humanos, visto que poderia haver a aplicação da norma de direito interno em detrimento da de direito internacional ou vice-versa.
CORRETO.
De acordo com o dualismo, as normas de direito internacional e de direito interno existem separadamente e não afetam umas às outras. No Brasil, a teoria adotada é o monismo, de acordo com a qual há unidade do ordenamento jurídico, ora prevalecendo as normas de direito internacional sobre as de direito interno, ora prevalecendo estas sobre aquelas.
FALSO.
Apesar de a doutrina majoritária no país adotar a teoria monista, o STF se pronunciou na ADIn n. 1.480-DF, no sentido de que o Brasil adota, na verdade, a teoria dualista moderada.
Não há previsão expressa de princípios gerais do direito internacional no Estatuto da CIJ.
CORRETO.
O Estatuto da CIJ estabelece que as decisões proferidas pelas organizações internacionais sejam consideradas fontes do direito internacional público.
FALSO. A decisão da corte só é obrigatória para as partes litigantes e apenas quanto ao caso controvertido.
Admite-se a escusa de obrigatoriedade de um costume internacional se o Estado provar de forma efetiva que se opôs ao seu conteúdo desde a sua formação.
FALSO.
O que diz a teoria do objetor consistente?
Segundo a teoria do objetor persistente, um estado poderia se subtrair da aplicação de um costume internacional em vigor caso prove que persistentemente e inequivocamente se opôs ao seu conteúdo desde a sua formação.
Como se vê, essa doutrina, de cunho voluntarista, pretende fundamentar-se no princípio de que o Direito Internacional depende essencialmente do
consenso dos Estados.
Contudo, tal entendimento não se aplica mais nos dias de hoje, á que hoje se sabe que, para a aplicação do costume, não é necessário o consentimento unânime dos Estados-membros da sociedade internacional.
A Organização das Nações Unidas defende que a Internet se paute no princípio da neutralidade da rede, como forma de proteção da liberdade de expressão.
CORRETO.
O PRINCÍPIO DA NEUTRALIDADE é um componente importante da liberdade de expressão. O Relatório da ONU sobre Liberdade de Expressão e Internet aponta os riscos que a ausência de neutralidade pode causar aos direitos dos usuários.
O princípio da efetividade — segundo o qual um tratado deve ser interpretado de modo a atribuir efeito a todos os seus termos — não é explicitamente previsto na referida Convenção, mas seu uso é disseminado na jurisprudência internacional.
CORRETO.
O Estatuto da Corte Internacional de Justiça reconhece os princípios gerais de direito como fontes auxiliares do direito internacional.
FALSO.
Diferentemente dos tratados, os costumes internacionais reconhecidos pelo Estado brasileiro dispensam, para serem aplicados no país, qualquer mecanismo ou rito de internalização ao sistema jurídico pátrio.
CORRETO.
A denominada soft law, de utilização polêmica pela índole programática que comporta, embora desprovida de conteúdo imperativo, é utilizada de forma flagrante em direito internacional do meio ambiente.
CORRETO.
É fonte de direito internacional reconhecida a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações.
CORRETO.
Conforme o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, os princípios gerais do direito internacional são fonte do direito internacional público.
FALSO.
No direito internacional público, a coação de um Estado pela ameaça ou emprego da força pode dar causa à nulidade absoluta de um tratado internacional.
CORRETO.