Constitucional (organização dos poderes e competência legislativa) Flashcards
No transconstitucionalismo, ordenamentos distintos se interagem e somam esforços conjuntos para resolverem casos complexos e difíceis. O que predomina é a superação do constitucionalismo provinciano ou paroquial em nome de algo maior: a integração cooperativa, pacífica e desterritorializada de ordens estatais diferentes. Assim, embora cada Estado continue com sua soberania e vida próprias, instala-se uma integração harmoniosa entre ordens constitucionais de Estados completamente diferentes, a fim de solucionar conflitos similares, tais como em matéria de direitos humanos.
CORRETO. No Brasil, o grande precursor do conceito foi MARCELO NEVES.
fO patriotismo cultural evoca uma identidade política coletiva, conciliada com uma perspectiva universalista de Estado Democrático de Direito. Assim, abandona-se ‘a ideia de nacionalismo, que tradicionalmente esteve vinculada a questões étnicas e culturais, para se adotar um patriotismo constitucional que se reveste de um potencial inclusivo, cujo conceito propugna uma união entre os cidadãos, por mais que diferentes étnica e culturalmente, através do respeito aos valores plurais do Estado Democrático de Direito’” .
CORRETO. Embora, num primeiro momento, a expressão pareça estar ligada ao nacionalismo, à unidade étnica, nacional e cultural, o conceito é exatamente o contrário. O escopo do “patriotismo constitucional” é afastar-se no nacionalismo exacerbado, totalitário (ultra-nacionalismo), que ensejou a xenofobia, o preconceito e o holocausto no nazismo, na tentativa de buscar um novo modelo de identificação política, dotada de um profundo multiculturalismo e fundada no respeito à Constituição.
Abandona-se a ideia de nacionalismo, que tradicionalmente esteve vinculado a questões étnicas e culturais, para se adotar um patriotismo constitucional, que se reveste de um potencial inclusivo, cujo conceito propugna uma união entre os cidadãos, por mais que diferentes étnica e culturalmente, através do respeito aos valores plurais do Estado Democrático de Direito.
Somente os entes políticos detêm autonomia?
Em regra, a ideia de autonomia realmente está ligada aos poderes do estado. Contudo, a CF/88 abriu uma exceção e estendeu essa prerrogativa ao Ministério Público, instituição que é equiparada a um Poder. Da mesma forma, a Defensoria Pública não é um Poder, mas é razoável conceder-lhe tratamento análogo ao que foi dado ao Ministério Público.
Os direitos adquiridos prevalecem sobre o poder constituinte originário?
Os chamados direitos adquiridos ocorrem quando determinada pessoa já tenha preenchido os requisitos para a obtenção de certa vantagem ou prerrogativa, mas ainda não tenha iniciado seu desfrute. Suponhamos que diante de tal situação, ocorra a alteração da Constituição, passando agora a proibir tal vantagem.
A jurisprudência do STF se firmou no sentido de que os “direitos adquiridos” NÃO prevalecem em face da nova constituição. Apenas o constituinte pode criar exceções ou regras de transmissões. Isso se dá porque as regras da Constituição têm incidência imediata, se aplicam de imediato.
Assim, reconhece-se que as normas do poder constituinte originário são dotadas de EFICÁCIA RETROATIVA MÍNIMA, já que atingem efeitos futuros de fatos passados.
É constitucional norma editada pela União que dispõe sobre o piso salarial dos professores do ensino médio?
Sim, a União possui competência para dispor sobre normas gerais relativas ao piso de vencimento dos professores da educação básica, de modo a utilizá-lo como mecanismo de fomento ao sistema educacional e de valorização profissional, e não apenas como instrumento de proteção mínima ao trabalhador.
STF. Plenário. ADI 4167, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 27/04/2011.
Segundo o STF, a CF de 88 proíbe que sejam oferecidas aulas de uma religião específica?
NÃO. A corte decidiu que o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional.
STF. Plenário. ADI 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/9/2017 (Info 879).
Vale dizer que não se trata de permitir proselitismo religioso, que tem por objetivo a conversão de determinada pessoa para que adira a uma religião, pois o requisito constitucional primordial é a matrícula facultativa do aluno que já professa a crença objeto da disciplina.
O STF entende constitucional lei que permite o sacrifício de animais em cultos religiosos?
SIM. A proibição do sacrifício de animais em seus cultos negaria a própria essência da pluralidade cultural, com a consequente imposição de determinada visão de mundo. Ao se conferir uma proteção aos cultos de religiões historicamente estigmatizadas, o legislador não ofende o princípio da igualdade. Ao contrário, materializa esse princípio diante do preconceito histórico sofrido.
STF. Plenário. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 28/3/2019 (repercussão geral) (Info 935).
O ato administrativo ou a decisão judicial que contrariar súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar está sujeito à Reclamação ao Supremo Tribunal Federal somente após a publicação da súmula na imprensa oficial.
CORRETO. A parte reclamante, para ter legítimo acesso à via reclamatória, deve demonstrar que o ato reclamado tenha sido proferido posteriormente à publicação, na imprensa oficial, do enunciado de súmula vinculante invocado como paradigma.” (Rcl 24393 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 20/09/2019).
O modo como se repartem as competências indica que tipo de federalismo é adotado em cada país. A concentração de competências no ente central aponta para um modelo de que tipo?
Centralizador, também chamado de centrípeto. Já a opção pela distribuição mais ampla de poderes em favor dos Estados-membros configura um modelo descentralizador (também chamado de centrífugo). Havendo uma dosagem balanceada de competências, fala-se em federalismo de equilíbrio.
No modelo clássico de repartição de competências, previsto na Constituição norte-americana de 1787, os poderes da União eram enunciados ou não especificados?
Eram poderes enumerados, e os Estados-membros possuíam poderes não especificados. Para mitigar os rigores dessa fixação taxativa de competências da União, os EUA elaboraram a doutrina dos “poderes implícitos”, que inclui entre as competências da União tudo o que seja necessário e útil para o cumprimento das competências enumeradas.
O modelo moderno de repartição de competência distribui a competência entre os entes de que forma?
Esse modelo está ligado à crescente complexidade da vida social. Isso favoreceu numa dilatação de poderes da União, com discriminação de competências legislativas exclusivas do poder central, e também uma competência comum ou concorrente, mista, a ser explorada tanto pela União como pelos Estados-membros.
Pela repartição de competência horizontal, como é distribuída a competência entre os órgãos?
Na repartição horizontal de competência não se admite concorrência de competência entre os entes federados. Assim, a distribuição de competências ocorre por meio da enumeração exaustiva de competência de cada ente ou por meio da previsão da competência da União, deixando aos Estados-membros os poderes não enumerados, ou ainda com a discriminação dos poderes dos Estados-membros, deixando o que restar para a União.
Já a repartição vertical de competência realiza-se com a distribuição da mesma matéria entre a União e os Estados-membros, deixando para a União os temas gerais, os princípios dos institutos, permitindo aos Estados afeiçoar a legislação às suas peculiaridades locais.
No que consiste a teoria dos poderes reservados?
A teoria dos poderes reservados consiste na observação da separação dos poderes na repartição da competência. Desse modo, via de regra, um poder não pode se intrometerr na atribuição de outro. Existe, assim, uma reserva de Administração e uma reserva de jurisdição. Podemos citar como exemplo da aplicação da primeira um caso julgado recentemente em que o STF aplicou tal teoria ao enunciar que não pode o Poder Judiciário, salvo situações excepcionalíssimas, imiscuir-se no mérito de questões formuladas em concurso público. Um exemplo de reserva de jurisdição é no que tange às atribuições da CPI, já que essa comissão não pode, justamente por essa teoria, por exemplo, decretar a indisponibilidade dos bens dos investigados.
É constitucional lei estadual que estabeleça normas sobre a comercialização de títulos de capitalização, proibindo a venda casada e prevendo regras para a publicidade desses produtos?
NÃO.
STF. Plenário. ADI 2905/MG, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 16/11/2016 (Info 847).
É constitucional lei estadual que estabelece regras para a cobrança em estacionamento de veículos?
NÃO, pois se trata de tema afeto ao direito civil.
STF. Plenário. ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/8/2016 (Info 835).
É constitucional lei estadual que exija certidão negativa de violação aos direitos do consumidor dos interessados em participar de licitações e em celebrar contratos com órgãos e entidades estaduais?
NÃO, pois compete privativamente à União legislar sobre normas gerais de licitação e contratos.
STF. ADI 3.735/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 8/9/2016 (Info 838)
Pode-se falar em iniciativa reservada de matéria tributária?
NÃO, no âmbito da União, Estados, DF e Municípios, a iniciativa das leis sobre matéria tributária é concorrente entre os Chefes do Executivo e os membros do Poder Legislativo.
É constitucional lei estadual que isenta entidades filantrópicas de recolher as taxas de retribuição autoral arrecadadas pelo ECAD?
NÃO. A lei estadual que cria novas hipóteses de não recolhimento de direitos autorais não previstas na Lei federal usurpa a competência privativa da União para legislar sobre direito civil, direito de propriedade e para estabelecer regras de intervenção no domínio econômico (art. 22, I, da CF/88). Além disso, essa lei estadual retira dos autores das obras musicais o seu direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução das obras ou do reconhecimento por sua criação, afrontando o art. 5º, XXII e XXVII, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 5800/AM, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/5/2019 (Info 939).
É constitucional lei estadual que concede o desconto de 50% no valor dos ingressos em casas de diversões, praças desportivas e similares aos jovens de até 21 anos de idade?
Sim, uma vez que tanto a União quanto os Estados-membros e o Distrito Federal possuem competência concorrente para legislar sobre DIREITO ECONÔMICO. Ademais, diante da inexistência de lei federal sobre a matéria, o ente exerceu a competência legislativa plena para atender às suas peculiaridades.
STF. ADI 2163/RJ, julgado em 12/4/2018 (Info 897).
É constitucional lei municipal que proíbe a conferência de mercadorias realizada na saída de estabelecimentos comerciais localizados na cidade?
SIM. Os Municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local (art. 30, I, da CF/88), ainda que, de modo reflexo, tratem de direito comercial ou do consumidor.
STF. 2ª Turma. RE 1.052.719 AgR/PB, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 25/9/2018 (Info 917)
Compete ao município ou a união legislar sobre medidas que propiciem segurança, conforto (como instalação de banheiros) e rapidez aos usuários de serviços bancários?
Aos municípios, pois trata-se de assunto de interesse local.
STF. 2ª Turma. ARE 747757 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/06/2014.
Quem tem competência para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial: união ou municípios?
Súmula Vinculante 38-STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
Quem tem competência para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento bancário: união ou municípios?
Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da União.
Municípios podem legislar sobre direito do consumidor?
SIM, desde que em assuntos de interesse local. Ou seja, os Municípios detêm competência para legislar sobre assuntos de interesse local, ainda que, de modo reflexo, tratem de direito comercial ou do consumidor. Ao se analisar leis municipais que tratem sobre assuntos de interesse local, o STF tem procurado conferir uma interpretação constitucional que seja mais favorável à autonomia legislativa dos municípios, haja vista ter sido essa a intenção do constituinte ao elevá-los ao status de entes federativos na CF/88.