Dispepsia e DRGE Flashcards
Definição de refluxo gastroesofágico fisiológico
Refluxos de curta duração e assintomáticos → Ocorre por relaxamento transitório do esfíncter esofágico inferior para passagem do bolo alimentar durante a deglutição, mediado pelo reflexo vagal
Definição de refluxo gastroesofágico patológico
Refluxos em grande quantidade e de longa duração → Ocorre incontinência do esfíncter esofágico inferior
Mecanismos anatômicos antirrefluxos
- Pinçamento do diafragma → Hiato diafragmático que possibilita a passagem do esôfago para o abdome
- Ângulo de His → Ângulo agudo de entrada do esôfago no estômago
Mecanismos fisiológicos de antirrefluxo
- Pressão contínua do esfíncter esofágico inferior (relaxado transitoriamente durante a deglutição)
- Clareamento esofágico → Preservada pela motilidade esofágica distal e função salivar
- Esvaziamento gástrico
Quadro clínico típico de DRGE
- Azia
- Pirose
- Regurgitação
- Globus faríngeos
- Piora com posição supina, alimentos condimentados e gordurosos, café, chocolate, álcool e tabagismo
- Melhora com anti=acidos
Quadro clínico atípico de DRGE
(Inflamação da via respiratória alta)
- Tosse
- Rouquidão
- Laringite
- Pigarro
- Broncoaspiração
- Pneumonia recorrente
- Asma / sibilância
- Aftas / lesões dentárias
Sinais de alarme de DRGE
(Necessita de EDA)
- > 60 anos
- Hemorragia
- Anorexia
- Perda ponderal
- Disfagia / odinofagia
- Vômitos persistentes
- História familiar de 1º grau de câncer
Indicações de endoscopia para pacientes com DRGE
- DRGE após os 40 anos de idade
- Sinais de alarme
- Sintomas atípicos
- Refratário ao tratamento clínico
Classificação endoscópica de esofagite
Classificação por Savary-Miller:
- Grau I → 1/+ lesões não-confluentes, lineares ou ovaladas, ocupando apenas uma prega longitudinal
- Grau II → Várias lesões ocupando mais de uma prega, que podem ser confluentes, mas não são circunferenciais.
- Grau III → Erosões confluentes que se estendem por toda a circunferência do órgão
- Grau IV → Ulcerações profundas ou estenoses, isoladas ou associadas as outras lesões.
- Grau V → Epitélio de Barrett com confirmação histológica, de extensão variável, isolada ou associada as outras lesões.
Método padrão-ouro para detectar refluxo ácido por DRGE
pHmetria 24h → pH < 4 por mais de 4% do tempo de medicação (DeMeester > 14,7)
Método padrão-ouro para detectar refluxo não-ácido por DRGE
Impedanciometria → Mede pHmetria e resistência em múltiplos níveis
Tratamento não farmacológico para DRGE
- Evitar cintas modeladoras e cintos apertados
- Evitar AINE, colinérgicos, teofilinas, BCC
- Perda de peso
- Cessar tabagismo
- Elevar a cabeceira do leito
- Refeições fracionadas e pouco volumosas
- Não deitar por duas horas após a refeição
- Evitar alimentos que pioram sintomas
Tratamento medicamentoso de DRGE
IBP em dose plena por 8 semanas + metade da dose plena por 3 a 6 meses
+
Procinéticos por 8 semanas
Na crise: Sucralfatos (película de proteção por curto período) ou Antiácidos (tampona solução ácida)
Indicações de tratamento cirúrgico devido DRGE
- Tratamento clínico prolongado e dependente
- IBP por longos períodos em pacientes jovens
- Manifestações atípicas
- DRGE complicado (úlcera, estenose, Barrett)
- Hérnias hiatais sintomáticas
Técnicas cirúrgicas para tratamento de DRGE
Fundoplicatura gástrica:
- Nissen → Válvula total (360º), curta e frouxa → Via abdominal
- Lind → Válvula parcial posterolateral (270º) → Via torácica
Complicações da DRGE e tratamento
- Úlcera esofágica → Risco de hemorragia, perfuração e estenose → Trata com IBP por pelo menos 8 semanas
- Estenose (+ comum idosos, tabagistas e etilistas) → Disfagia → Trata com IBP e dilatação ou cirurgia antirrefluxo
- Barrett (Lesão pré-maligna)
Fatores de risco para esôfago de Barrett
- DRGE com duração > 5 a 10 anos
- Homens
- Obesidade
- Presença de hérnia hiatal
- Refluxo noturno
- Tabagismo
- Parentes de 1º grau com esôfago de Barrett
Diagnóstico de esôfago de Barrett
Endoscopia (Imagem em cor salmão) + Histopatológico (Metaplasia com epitélio colunar intestinal)
Tratamento do Esôfago de Barrett
- Sem displasia → EDA a cada 2 anos
- Displasia de baixo grau → EDA a cada 6 meses + IBP + Cirurgia (Mucosectmia se localizada ou Radiablação se circunferêncial)
- Displasia indeterminada → 80mg de IBP por 3 meses + repetir EDA com biópsia → Se permanecer indeterminada: Tratar cm baixo grau
- Displasia de alto grau → Esofagectomia ou mucosectomia
Efeitos deletérios do uso crônico de IBP
- Colite pseudomembranosa → ↓ proteção contra o Clostridium difficili
- Diminuição na atividade do Clopidogrel → Mesmo metabolismo hepático
- ↓ absorção de cálcio intestinal elevando o risco de fraturas
Tipos de hérnias de hiato
I / Deslizamento → Deslocamento da junção esofagogástrica para o mediastino (+ comum)
II / Rolamento / Paraesofágica → A junção esofagogástrica está na posição correta, mas o fundo gástrico migra (rola) para o mediastino pelo hiato diafragmático
III / Mista → Junção esofagogástrica e fundo gástrico estão na cavidade torácica (Devido alargamento do hiato diafragmático)
IV / Gigante → Mais de 1/3 ou 1/2 do estômago ou qualquer outro órgão abdominal ou estrutura herniada através do diafragma