Microbiologia: Micoses Subcutâneas Flashcards
Características da esporotricose.
- Causada por fungos dos gêneros Sporothrix.
- Fungo dimórfico, saprófita do solo, isolado de palha, cascas de árvores, frutas, madeira, excretas de animais.
- Conídios (esporos) podem se espalhar pelo ambiente: contaminação é na forma de filamento (no tecido, encontramos a forma leveduriforme).
- Adquirida via implantação traumática.
- Doença granulomatosa crônica subcutânea ou sistêmica.
- Não é uma doença de notificação compulsória.
Transmissão da esporotricose.
- Transmissão sapronótica: ocorre através da implantação traumática de fungos presentes no ambiente e entram em contato direto com humanos e animais.
- Arranhões e mordidas de gatos (transmissão zoonótica).
Fatores de virulência e manifestações clínicas da esporotricose.
- Proteínas de parede celular, as quais promovem adesão.
- Quinases e proteínas de choque térmico: possibilitam o dimorfismo e termotolerância.
- Proteinases extracelulares e intracelulares: estão envolvidas na degradação de constituintes da pele e clivagem de anticorpos.
- Melanina: promove a neutralização de espécies reativas de oxigénio e óxido nítrico.
Manifestações clínicas da implantação traumática da esporotricose.
- Subcutânea: doença é cutânea localizada/fixa.
- Linfática: causa a forma linfocutânea.
- Sanguínea/invasiva: causa a forma cutânea disseminada.
Forma linfocutânea/cutaneolinfática da esporotricose.
- Lesão inicial no local de traumatismo prévio, que pode não ser notada pelo paciente, constituindo o cancro de inoculação.
- O cancro é a lesão inicial.
- Depois do cancro, a medida que o fungo acessa e se estabelece nos vasos linfáticos, ele vai se disseminando pelo corpo pelo sistema linfático.
- Formação de uma cadeia de nódulos ao longo dos vasos linfáticos, assumindo um trajeto ascendente nos membros acometidos (aspecto esporotricóide ou cordão esporotricóide).
Forma Subcutânea da esporotricose.
- Forma cutânea localizada/fixa.
- Lesão única: não realiza um trajeto ascendente como a forma linfocutânea (lesão fica restrita ao local da inoculação).
- Por não haver o aspecto esporotricoide, não há sugestão imediata da etiologia.
Forma sanguínea/invasiva da esporotricose.
- Forma cutânea disseminada: via hematogênica, com lesões cutâneas aparecendo por todo o corpo.
- Pode haver envolvimento sistêmico ou não.
- A disseminação hematogênica ocorre principalmente em indivíduos imunocomprometidos, e é responsável pelas formas sistêmicas da doença.
- Comum aparecerem lesões osteoarticulares.
- A maioria envolve órgãos internos.
Epidemiologia da esporotricose.
- A infecção ativa pelo HIV foi associada como um fator de risco para a mortalidade por esporotricose.
- Homens e mulheres apresentam taxa de infecção semelhante.
Diagnóstico da esporotricose.
- Diagnóstico clínico: observação das lesões.
- Laboratorial/microbiológico: exame direto (adiciona-se KOH 10% e observa-se a presença de leveduras) e cultura (realiza-se a cultura do espécime clínico em meio contendo Ágar Sabouraud + Cloranfenicol).
- A partir dessa cultura, podemos fazer o subcultivo das amostras em temperaturas diferentes, justamente para observar o termodimorfismo.
Tratamento da esporotricose.
- Leve: solução de iodeto de potássio.
- O medicamento deve ser mantido por, pelo menos, 2 semanas após a cicatrização total das lesões, que, na maioria dos casos, se dá em torno da 6a semana.
- Na forma moderada e grave, o tratamento costuma durar ao menos 12 meses, o que, muitas vezes, leva ao abandono pelo paciente.
Características da cromoblastomicose.
- Infecção crônica de evolução lenta, caracterizada pela presença de nódulos ou lesões papulosas que podem ser ulceradas ou não.
- Causada por fungos demáceos (produzem melanina naturalmente).
- Vivem no solo ou vegetais em decomposição: fungos saprófitas.
- Caráter ocupacional: comum em comunidades rurais negligenciadas.
- Tipos de trauma: plantas, animais e ferramentas agrícolas.
Manifestações clínicas da cromoblastomicose.
- Lesões iniciais apresentam dor leve ou ausência de dor: evolução lenta e assintomática.
- Dor e prurido intenso são mais comuns em lesões mais graves: faz com que o paciente coce o local da lesão, favorecendo o aparecimento de infecções bacterianas secundárias.
- Fungo não fede, mas quando a lesão muda o odor pode significar que houve uma infecção secundária, por bactéria por exemplo.
- As lesões predominam nos membros inferiores, seguindo para os superiores, face, tronco, nádegas, etc.
- Disseminam-se regionalmente por via linfática e hematogênica, formando conglomerados que podem se alternar com áreas de fibrose cicatricial e ocupar grandes áreas do membro afetado, tendo incapacidade funcional.
Tipos de lesões da cromoblastomicose.
- Lesão Nodular: lesões mais recentes, nódulos bastante macios, moderadamente elevados, rosa pálido ou roxo e superfície pode ser lisa, papilar ou escamosa.
- Lesão Verrucosa: semelhantes a verrugas comuns, com hiperqueratose (espessamento da parte mais externa da epiderme).
- Lesão Tumoral: massas tumorais muito maiores e mais salientes e papilomatosas, em geral cobertas por restos epidérmicos cinza-sujos, crostas e queratoses (aparência característica de couve-flor).
- Lesão Placa: lesões plano-convexas de várias formas e tamanhos, de cor avermelhada a violeta e escamosas na superfície.
- Lesão cicatricial/atrófica: crescimento periférico com cicatriz atrófica, enquanto no centro da lesão ocorre o processo de cicatrização. Normalmente são anulares, arqueadas ou rastejantes dentro da lesão.
Diagnóstico da cromoblastomicose.
- Exame clínico: corpos escleróticos.
- Exame direto: preparação do espécime clínico com KOH 10%.
- Cultura: ágar Sabouraud.
- Sorologia: cromomicina (antígeno inoculado na região subcutânea).
Tratamento da cromoblastomicose.
- Métodos físicos: cirurgia excisional, crioterapia, termoterapia e terapia fotodinâmica.
- Métodos químicos: antifúngicos (Itraconazol ou Terbinafina (2° linha)).
- Métodos físicos e químicos geralmente são realizados conjuntamente.
Feohifomicose.
- Fungos demáceos (pigmentados de marrom devido a presença de melanina em sua parede celular), onde a morfologia do tecido do organismo causador é micelial.
- Amplamente distribuídos: no solo e madeiras.
- Presença de lesões nodulares, ulceradas ou não.
- Na grande maioria das vezes, são cística, em geral única, assintomática, bem encapsulada e subcutânea.
- A lesão pode ocorrer em qualquer localização e é devida à implantação traumática do fungo.
- Pouco frequente, aparece como pápulas ou nódulos.
- Observação das hifas demáceas no exame direto.
Características da eumicetoma.
- Inoculação traumática
- Comum em jovens de regiões rurais.
- Pode ser causado por fungos hialinos (claros) e fungos demáceos (marrons).
- A partir da inoculação, tem-se a formação de grãos escuros (fungos demáceo) ou claros (fungos hialinos) devido à multiplicação fúngica.
- À medida que eles se desenvolvem, tem-se a formação de fístulas drenantes, que drenam o exsudato inflamatório para fora do tecido.
- Gera o comprometimento de fáscia, músculos, articulações e ossos.
- Pelo caráter indolente, a dor é pequena, e a inflamação evolui com invasão do tecido subcutâneo ao longo dos meses (aumento importante do volume do membro, levando a deformidades e limitação funcional).
- Devido à fibrose, a área é dura à palpação, com elevações e saída de secreção pelas fístulas.
Diagnóstico da eumicetoma.
- Clínico.
- Diagnóstico microbiológico: observação de grãos eumicóticos (aglomerados de hifas) presentes no tecido, as quais podem ser demáceas ou hialinos, dependendo do fungo que causou a eumicetoma.
Tratamento da eumicetoma.
- Excisão cirúrgica é o melhor tratamento, tanto nas fases iniciais como nas tardias.
- Antifúngicos: Itraconazol ou cetoconazol por 9 a 12 meses.
- Métodos físicos: cirurgia excisional, crioterapia, termoterapia e terapia fotodinâmica.