MGF1 - Investigação em MGF Flashcards
Como construir uma boa questão de investigação?
Dificuldade em encontrar uma dúvida importante que possa ser transformada num estudo válido e exequível
Aplicar os critérios FINER, para perceber se a dúvida tem possibilidade de conduzir a um bom estudo, constitui
um dos aspetos prioritários
o Exequível (Feasible)
o Interessante
o Nova (Novel)
o Ética
o Relevante
Critérios FINER
o Exequível (Feasible)
o Interessante
o Nova (Novel)
o Ética
o Relevante
Critérios FINER - exequível (feasible)
Exequível (Feasible):
* É a regra número 1 para não se perder tempo
* Ter pessoas experientes em investigação ajudará a reconhecer os potenciais problemas na execução do estudo, e de desenhar estratégias que os evitem
* Todas as decisões têm prós e contras, e consequências
* Estudos piloto
Critérios FINER - interessante
Interessante:
* Porque é que a equipa de investigação irá investir inúmeras horas neste projeto?
* Qual é a motivação?
* Razões pelas quais seria aceite para uma publicação ou um congresso? Mesmo aceite, seria interessante para
discussão?
* Alguém o referenciará mais tarde?
Critérios FINER - nova (novel)
Nova (Novel):
* A replicação tem o seu valor e importância em ciência, mas…
* Um bom estudo acrescenta, ou reformula, o que já é conhecido
Critérios FINER - ética
Ética:
* Muitas vezes as questões éticas não são claras ou consensuais
* Uma parecer do entendimento ético das instituições, da comunidade e dos participantes é fundamental para que um estudo não seja comprometido ou desacreditado mais tarde
Critérios FINER - relevante
Relevante:
* O estudo será tanto mais relevante quanto mais o seu resultado (possível) avançar o conhecimento científico e
a prática na área
Conhecimento da área em estudo
É necessário um conhecimento profundos da área em estudo. A construção deste conhecimento, deve basear-se em pesquisas que simultaneamente contribuem para a definição de uma boa questão de investigação:
- literatura
- comunidade
- pontes entre “áreas distintas”
Conhecimento da área em estudo - literatura
Literatura:
o Editoriais são fontes ricas de questões por resolver;
o Bons artigos de revisão (sistemática);
o Secção de discussão de artigos com estudo originais;
o Cartas a comentar ou contestar aspetos publicados, indicam questões importantes mal resolvidas;
o As recomendações clínicas “baseadas na evidência” indicam quais as necessidades de decisão
clínica que se encontram pouco fundamentadas. Serão trabalhos muito bem recebidos, porque
ajudam a preencher evidências pouco fundamentadas;
o Hipóteses levantadas por casos clínicos, geralmente são difíceis de estudar
Conhecimento da área em estudo - comunidade
o Perguntar aos profissionais que trabalham nessas realidades é muito importante;
o Falar com investigadores e orientadores;
o Pesquisar as comunicações publicadas em congressos e encontros na área dá uma noção de direção e dos avanços recentes
Conhecimento da área em estudo - pontes entre áreas distintas
Pontes entre áreas “distintas”
o Por exemplo entre a saúde e a… Sociologia, Economia, Ética, Comunicação social, Gestão, Informática,
Educação, Ergonomia, Política, etc.
Conhecimento da área em estudo - estar atento a situações que mudem as regras o jogo
Estar atento a situações que “mudam as regras do jogo”
o Novo paradigma fisiopatológico;
o Novas tecnologias, novos medicamentos e novas intervenções;
o Novas regras de acesso e organização dos cuidados de saúde
A hipótese em investigação deriva da questão em estudo e deve ser a consequência lógica da argumentação
A hipótese em investigação deriva da questão em estudo e deve ser a consequência lógica da argumentação na
introdução do projeto → é o fator primário que justifica a população participante, os critérios de seleção, o
processo de amostragem, as variáveis colhidas, a análise estatística, etc.
o definir o que se sabe (state-of-art) sobre um tema;
o o que não é ainda conhecido;
o justificar o interesse e a novidade de propor um estudo que se dirija a essa incerteza, com um modelo
conceptual do fenómeno em estudo, com uma definição clara de como essa incerteza deve ser testada em
termos quantitativos, e antecipando a relevância dos resultados deste estudo
Como construir uma boa questão de investigação - situações a serem equacionadas
Ou seja, várias situações devem ser equacionadas e percebidas como situações a resolver:
- A quem se dirige este estudo? População geral, adulto, indivíduos com uma certa doença, com uma doença numa determinada fase, com determinados fatores de risco?
- De que forma se pretende avaliar a situação? Descrevendo, comparando, verificando possíveis associações, etc.
- Pretendem usar-se medições prospetivas ou retrospetivas? Transversais ou longitudinais? Neste último caso, qual o intervalo de tempo? Que tipo de medições?
- Quais as variáveis / dimensões medidas e como (entrevistas, exames clínicos, dimensões medidas e como
(entrevistas, exames clínicos, exames complementares, etc.)? Qual a variável dependente do estudo (ou
resultado), e as principais variáveis independentes (ou fatores)? - Os participantes do estudo serão organizados em quantos grupos? Obtidos como? Quais as suas principais características?
A resposta a estes (e outros) itens é importante para definir a questão em estudo
Hipótese ou objetivo do projeto de investigação
A resposta a estes (e outros) itens é importante para definir a questão em estudo, através da expressão da hipótese ou objetivo do projeto de investigação:
* hipóteses ou objetivos primários (que justificam o estudo por si só);
* hipóteses e objetivos secundários (que completam ou enriquecem o estudo, mas não o justificam, ou decorrem do sucesso do objetivo primário)
Erros a evitar na construção de uma boa questão de investigação
- Não observar os critérios FINER;
- Perder o foco da questão de investigação, e pretender responder “a tudo” num único estudo
o Um estudo deve ter “massa crítica” suficiente para ser interessante e relevante, mas se muito pesado, além de se tornar menos exequível, torna-se menos motivador, e a sua mensagem torna-se menos clara; - Desistir facilmente / não estar pronto a mudar de ideias;
- Não compreender que estes processos precisam de tempo para amadurecer, mas que também precisam de pró-atividade, envolvimento de redes de colaboração e de discussão
Construção de boa questão de investigação - checklist
- Tenho a minha questão de investigação escrita?
- Tenho os critérios FINER discutidos?
- Fiz a revisão bibliografia, de material de congressos, etc., pensando e aperfeiçoando a minha questão de
investigação? - Dei a minha questão de investigação e os critérios FINER a ler a outros investigadores e entendidos na área?
Como definir os objetivos e as hipóteses de um estudo?
OS OBJETIVOS:
o são a operacionalização da pergunta de investigação;
o têm que ser claros e precisos (sem ambiguidades);
o têm que ser definidos na fase inicial do projeto pois constituem o eixo a partir do qual se desenvolve o
desenho de estudo;
o são suscetíveis de investigação específica;
o realistas e operativos;
o as principais perguntas a que se deseja responder;
o último parágrafo da Introdução;
o verbo no infinitivo
Como definir os objetivos e as hipóteses de um estudo? - 2 principais objetivos
Existem dois grandes tipos de objetivos:
* Objetivo descritivo
* Objetivo Analítico
Como definir os objetivos e as hipóteses de um estudo? - objetivo descritivo
Objetivo descritivo
o Tem que incluir o fenómeno a descrever (ex.: prevalência, incidência, sintomas), o problema (ex.: gripe) e a população;
o Exemplo: “Determinar a prevalência de diabetes mellitus tipo 1 nas crianças da região norte”
Como definir os objetivos e as hipóteses de um estudo? - objetivo analítico
Objetivo Analítico
o Tem que incluir a variável independente ou exposição ou intervenção (ex.: tabagismo), a variável
dependente ou resposta (ex.: cancro do pulmão) e a população;
o Exemplos: “Verificar se a educação para a saúde em grupo produz melhores resultados do que a individual no controlo metabólico dos utentes com diabéticos tipo 1 do centro de saúde de Gaia”
Hipóteses de investigação
Ao contrário do objetivo descritivo, o objetivo analítico traduz uma hipótese de investigação que no final do estudo irá ser ou não rejeitada pelo investigador
As hipóteses podem ser formuladas recorrendo à hipótese nula e à hipótese alternativa
Hipótese nula (H0): afirma independência entre variáveis
Hipótese alternativa (H1): afirma não independência entre variáveis
Verbo no infinitivo como a primeira palavra do objetivo
Formular sempre as hipóteses de investigação num estudo analítico como exercício mental para a
preparação da fase de análise de dados
A hipótese nula é mais simples de interpretar do que a alternativa
Hipóteses de investigação - hipótese nula (H0)
H0: A educação para a saúde em grupo não produz resultados diferentes do que a educação individual no controlo metabólico dos doentes diabéticos tipo 1
Hipóteses de investigação - hipótese alternativa (H1)
H1: A educação para a saúde em grupo produz resultados diferentes da educação individual no controlo
metabólico dos doentes diabéticos tipo 1
Tipo de estudo a escolher
A escolha do TIPO DE ESTUDO é essencial
É um dos primeiros passos a ter em conta ao longo de um trabalho de investigação
Os estudos de investigação em ciências da saúde podem dividir-se, grosso modo, em OBSERVACIONAIS e
EXPERIMENTAIS
O tipo de estudo a utilizar depende do OBJETIVO ou PERGUNTA DE INVESTIGAÇÃO e condiciona a estratégia de análise dos resultados
Estudos observacionais
Nos estudos OBSERVACIONAIS, limitamo-nos a observar, medir e analisar determinadas variáveis
Não temos qualquer intervenção ou controlo no fator de estudo
Estudos observacionais - exemplos
Descritivos: questionário
Analíticos
- coorte: prospetivo e retrospetivo
- caso-controlo
Estudos observacionais descritivos
- têm como finalidade descrever as características dos indivíduos estudados;
- estimar a frequência de determinado problema de saúde;
- avaliar a eficácia de um tratamento ou a fiabilidade de um instrumento de medida
- Os estudos descritivos não investigam relações de causa-efeito
- Os mais conhecidos e utilizados são os estudos transversais, também denominados de prevalência
Estudos observacionais analíticos
Os ESTUDOS OBSERVACIONAIS ANALÍTICOS avaliam a relação entre uma causa ou fator de estudo (por
exemplo, um fator de risco) e um efeito ou variável de resposta (por exemplo, a frequência com que aparece
uma doença)
Incluem os estudos de coorte e de caso-controle
Estudos observacionais analíticos - estudos de coorte
Nos estudos de coorte, os indivíduos classificam-se em função de estarem ou não expostos ao fator de
estudo e são seguidos durante um determinado período de tempo para observar a frequência com que aparece o efeito da intervenção
Podem ser retrospetivos ou prospetivos, dependendo da relação entre o início do estudo e a exposição à doença ou fator de estudo
Estudos observacionais analíticos - estudos de caso-controlo
Nos estudos de caso-controlo, elege-se um grupo de pessoas que já têm, por exemplo, uma doença (casos) e um grupo que não tem, que se utiliza como controlo
Estudos experimentais
Nos estudos EXPERIMENTAIS, o investigador controla a intervenção em estudo. Este tipo de estudos é utilizado para avaliar a eficácia de determinada intervenção terapêutica ou atividade preventiva, por exemplo
Os ensaios clínicos podem ser “não controlados” ou “controlados” → estes últimos podem ser “aleatorizados”
ou “não aleatorizados”
O exemplo mais paradigmático deste tipo de estudos é o ensaio clínico aleatorizado (ECA)
A decisão sobre o estudo a escolher pode basear-se…
A decisão sobre o estudo a escolher pode basear-se nos critérios FINER:
o Feasible (factível),
o Interesting (interessante),
o New (novo),
o Ethical (ético) ,
o Relevant (relevante)
Ensaios clínicos - vantagens
Maior controlo do fator de estudo
Menor possibilidade de vieses
Reprodutíveis e comparáveis
Ensaios clínicos - desvantagens
Caros
Limitações éticas
Dificuldades de generalização
Estudo de coorte - vantagens
Estimam incidências
Estudo de coorte - desvantagens
Caros e de difícil execução
Pouco úteis em
doenças raras
Requerem amostras grandes
Risco de perda de casos no seguimento
Estudo caso-controlo - vantagens
Mais baratos e de curta duração
Permitem analisar vários fatores de risco para uma mesma doença
Estudo caso-controlo - desvantagens
Não estimam diretamente a incidência
A sequência temporal entre exposição e doença
nem sempre é fácil de estabelecer
Estudos descritivos - vantagens
Fáceis de executar e relativamente baratos
Estudar diferentes variáveis ao mesmo tempo
Estudos descritivos - desvantagens
Não são úteis em doenças raras/de curta duração
Qual o tipo de estudo a escolher? - erros a evitar
- Decidir qual o tipo de estudo a fazer antes de ter uma boa pergunta de investigação;
- Iniciar a investigação sem antes estabelecer um protocolo de atuação;
- Selecionar um tipo de estudo inadequado à pergunta que desejamos responder
Tipos de estudos observacionais
Estudos descritivos
Estudos analíticos
Ecológico - correlação: unidade de estudo é a população (conjunto)
Transversal - prevalência: unidade de estudo é o indivíduo
Casos e controlos - caso-referência: unidade de estudo é o indivíduo
Coorte - longitudinal (follow-up): unidade de estudo é o indivíduo
Tipos de estudos experimentais (outra designação é estudos de intervenção)
Ensaio clínico randomizado controlado - ensaio clínico: unidade de estudo são os pacientes
Ensaios clínico randomizado controlado com grupos (clusters): unidade de estudo são os grupos
Ensaios de campo
Ensaios comunitários - estudos de intervenção na comunidade: unidade de estudo são os indivíduos saudáveis na comunidade