Dioscope - Ebook Vulvovaginites e Infeções Sexualmente Transmissíveis (terminado) Flashcards
Epitélio da vulva e vagina
Epitélio escamoso estratificado
- vulva: folículos pilosos e glândulas
- vagina: epitélio não queratinizado
Equilíbrio da microbiota vaginal
É fundamental
- para proteção das doenças vaginais
Puberdade
Na puberdade: ↑ estrogénios provoca maturação das células epiteliais à aumenta o glicogénio vaginal
- FAVORECE O CRESCIMENTO DE LACTOBACCILUS (90-95%)
Lactobacillus - ação
Glicogénio - acido láctico - ↓ pH VAGINAL (para 3,5-4,7 na idade reprodutiva)
Outros agentes normais a nível vaginal
Para além do lactobacillus, existem outras bactérias ANAERÓBIAS e aeróbias (5:1)
Corrimento vaginal
Corrimento vaginal é NORMAL! Nem todos os corrimentos vaginais indicam infeção
* Produzido por: +++ muco cervical; fluído endometrial, exsudado glandular (Skene e Bartholin) e transudado vaginal
* Células escamosas esfoliadas da parede vaginal –> Coloração esbranquiçada e consistência
* Humidade fisiológica e prevenção de secura e irritação vulvovaginal
Frequência de infeção vaginal
Maioria mulheres terá infeção vaginal durante a sua vida –> 1 dos motivos + frequentes de urgência em ginecologia
- dx é essencialmente clínico
As 3 doenças + frequentemente associadas a corrimento vaginal anormal
Vaginose bacteriana
Candidíase
Tricomoníase
Dx
Hx clínica dirigida
+
Exame ginecológico
+-
Exames auxiliares de diagnóstico
Hx clínica dirigida
Sintomas uro-ginecológicos: Corrimento (+ comum) e caracteriza-lo; sintomas irritativos (prurido, irritação, ardor, edema), dispareunia,
disúria
Sintomas sistémicos: Febre, calafrios, dor pélvica, náuseas, vómitos – considerar DIP
Hx pessoal e ginecológica: patologias (diabetes, IST, DAI), toma recente de ATB, hx sexual, contraceção
Alguns sintomas podem não
ser de causa infeciosa
Ex. dermatoses
Exame ginecológico
Exame ginecológico (pode ser limitado pelo auto-tratamento da doente com fármacos sem prescrição)
- Inspeção vulva / introito vaginal; Exame com espéculo – caracterizar corrimento, avaliar vagina, colo uterino; Toque bimanual
Exames auxiliares de diagnóstico
Exame microscópico: Exame a fresco (+usado); Corado pelo Gram; Técnica com KOH 10%
Determinar pH vaginal
Teste das aminas ou de Whiff
Exame cultural / testes moleculares – se suspeita clínica e não confirmada por métodos anteriores (+ infeções recorrentes)
Definição de vaginose bacteriana
Síndrome clínica polimicrobiana -SUBSTITUIÇÃO DA FLORA VAGINAL (Lactobacillus sp. produtores de peróxido de hidrogénio) por ALTAS
CONCENTRAÇÕES DE BACTÉRIAS ANAERÓBIAS
(bactérias anaeróbias: Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis, Prevotella sp, Bacteroides sp, Peptostreptococcus sp, Atopobium vaginae)
Causa mais comum de corrimento e mau odor vaginal
Vaginose bacteriana
- muitas vezes é assintomática (dx na citologia CV)
Vaginose bacteriana é IST?
Mulheres sexualmente ativas –> risco aumentado de VB, mas NÃO É IST
Vaginose bacteriana - clínica
- Corrimento BRANCO-ACINZENTADO, ABUNDANTE, FINO E HOMOGÉNEO
- ODOR INTENSO A PEIXE
- NÃO IRRITATIVO (Ligeira irritação vulvar em 25%)
Vaginose bacteriana - dx
Clínico (sintomas e sinais) e apoiado por testes laboratoriais
Critérios clínicos de Amsel (necessário a presença de 3 dos 4 critérios):
1. Corrimento vaginal homogéneo, branco-acinzentado
2. pH vaginal > 4,5 (↓ lactobacillus, impede que estas bactérias acidifiquem o pH vaginal)
3. Corrimento vaginal com odor a peixe (se não for reconhecido, usar gotas de KOH 10% - teste de Whiff +)
4. Presença de clue cells ao exame microscópico a fresco
As bactérias causadoras de vaginose bacteriana…
Fazem parte da flora vaginal –> a presença destas, por si só, não permite o dx
Gold-standard para dx de vaginose bacteriana
É a coloração gram
Vaginose bacteriana - esfregaço Gram
Critérios de Hay-Ison: Baseados nos achados do esfregaço Gram
* Grau 0 - não relacionado com VB, apenas células epiteliais, sem Lactobacilos; INDICA ANTIBIOTERAPIA RECENTE
* Grau 1 - Normal; predomínio de Lactobacilos
* Grau 2 - Intermédio: flora mista com presença de Lactobacilos, mas também Gardnarella ou Mobiluncus.
* GRAU 3 - VAGINOSE BACTERIANA: predomínio de Gardnarella e/ou Mobiluncus e clue cells. Poucos ou nenhuns Lactobacillus
* Grau 4 - Não relacionado com VB; apenas cocos Gram +; ausência de lactobacilos (flora de vaginite aeróbica)
Vaginose bacteriana - tratamento: objetivo
Alívio sintomático e reduzir risco IST (VB associa-se a HIV, herpes e DIP)
Vaginose bacteriana - quem tratar?
Indicado tratar mulheres SINTOMÁTICAS e ASSINTOMÁTICAS QUE SERÃO SUBMETIDAS A TX CIRÚRGICO GINECOLÓGICO
Vaginose bacteriana - tratar parceiros sexuais?
Não!
Vaginose bacteriana - tratamento
Esquemas terapêuticos recomendados:
* Metronidazol oral 500mg, 2 id, 7 dias
* Clindamicina tópica 2%, 7 dias
* Metronidazol óvulos vaginais 500 mg, 5 dias
(A clindamicina e o metronidazol tem = eficácia)
Alternativas: tinidazol oral, clindamicina oral ou óvulos vaginais
Vaginose bacteriana - tratamento de recorrências
- Infeção após 3 a 12 meses do tratamento
- Medicar com Metronidazol tópico, 2x por semana, 4 a 6 meses
Vaginose bacteriana - tratamento na gravidez
- Recomenda-se o tratamento nas GRÁVIDAS SINTOMÁTICAS
- Alguns estudos: em gravidezes de alto risco, a VB associa-se a RPMPT ou PPT
- No entanto, NÃO HÁ BENEFÍCIO NO RASTREIO UNIVERSAL DE VB OU TRATAMENTO DE GRÁVIDAS ASSINTOMÁTICAS
- METRONIDAZOL OU CLINDAMICINA (nenhum é teratogénico)
Vaginose bacteriana - tratamento, na amamentação
Considerar suspender amamentação durante o tx com metronidazol e nas 12-24h após a última toma
Vaginose bacteriana - tratamento
Sintomas: corrimento com odor que piora após relação sexual
Caraterísticas do corrimento: fino, homogéneo, branco-acinzentado
pH vaginal > 4,5
Teste de Whiff +++
Microscopia: ↑ leucócitos; ↓
lactobaccilus; CLUE CELLS
Tratamento: metronidazol ou clindamicina
Candidíase vulvovaginal - causa
Maioria é causada por um SOBRECRESCIMENTO DE CANDIDA ALBICANS (as restantes são causadas por C. glabrata, C. tropicalis, C.Krusei)
Geralmente não coexistem com outras infeções e NÃO é uma IST
Candidíase vulvovaginal - parceiros
10% dos parceiros tem doença peniana concomitante
Candidíase vulvovaginal - FRs (9)
- Gravidez
- Diabetes
- Obesidade
- Imunodeprimidos
- Corticoterapia
- Contracetivos orais
- Terapia ATB largo espectro
- Roupa justa
- Uso habitual penso higiénico
Candidíase vulvovaginal - idade + frequente
Mais comum nos ANOS REPRODUTIVOS: Candida spp. requer tecidos com estrogénio
* Raro antes da menarca ou pós-menopausa
Candidíase vulvovaginal - clínica
Sintomas: Prurido vulvar (+++), ardor, disúria externa e dispareunia
Sinais: CORRIMENTO VAGINAL BRANCO, GRUMOSO E ESPESSO (tipo requeijão)
ADERENTE ÀS PAREDES VAGINAIS, INODORO E ERITEMA, edema e fissuras vulvares
Candidíase vulvovaginal - diagnóstico
Essencialmente clínico e pode ser confirmado laboratorialmente
Candidíase vulvovaginal - dx laboratorial
Blastosporos / Pseudohifas no exame microscópico a fresco ou cultura +, numa mulher sintomática
* pH vaginal NORMAL (< 4,5)
* Teste das aminas/Whiff: CORRIMENTO INODORO
* Exame microscópico a fresco: LEVEDURAS/BLASTOSPOROS E PSEUDOHIFAS
* Esfregaço Gram: LEVEDURAS/BLASTOSPOROS E PSEUDOHIFAS (+ SENSÍVEL)
* Cultura: positiva para espécies Candida
2 tipos de candidíase vulvovaginal
Candidíase não complicada
Candidíase complicada
Candidíase não complicada
Esporádica ou pouco frequente
Ligeira a moderada
Candida albicans provável
Mulher não imunocomprometida
Candidíase complicada
Recorrente
Severa
Candidíase não-albicans
Mulher imunodeprimida, com diabetes descompensada ou debilitada
Candidíase recorrente
Se ≥4 episódios SINTOMÁTICOS por ano
* 20-30% após tratamento
* Frequentemente associada a fatores de risco (diabetes, imunodeficiência, corticoides ou ATB)
* Ponderar outros dx: dermatite ou eczema vulvar
Candidíase vulvovaginal - quem tratar?
Não é recomendado o tratamento de mulheres assintomáticas e parceiros sexuais assintomáticos
- tratar mulheres sintomáticas e parceiro sexual sintomático, com balanite
Candidíase vulvovaginal não complicada - tratamento
Esquemas orais e vaginais são igualmente eficazes
- Primariamente com aplicação VAGINAL de imidazol sintético durante 7 dias (CLOTRIMAZOL, tioconazole, miconazol,
econazol,..) - Fluconazol ORAL em baixa dose (150 mg) é igualmente eficaz (seguro na gravidez)
Candidíase vulvovaginal recorrente - tratamento
Fluconazol oral 1x por semana, durante 6 meses ou tx tópico 1-2x por semana –> prevenção de recorrência
Candidíase vulvovaginal - C. glabrata: tratamento
C. glabrata é resistente a todos os imidazoles –> tx com ácido bórico ou violeta genciana
Candidíase vulvovaginal não complicada - tratamento descritivo
Tratamento oral:
- fluconazol 150 mg, toma única
ou
- itraconazol 200 mg, 2 id, toma única ou 1g 2 tomas (12h/12h)
Tratamento intravaginal:
(todos “conazol” exceto clotrimazol e nistatina - NÃO CONFUNDIR: metronidazol não é antifúngico, não se usa para tratar candidíase!)
- clotrimazol creme vaginal, 1%, 6 dias
ou
- clotrimazol comprimido vaginal 500 mg, dose única
ou
- clotrimazol comprimidos vaginais 200 mg, 3 dias consecutivos ou 100 mg, 6 dias consecutivos
ou
- miconazol creme vaginal 2%, 6 dias
ou
- econazol creme vaginal 1%, 6 dias
ou
- econazol óvulo vaginal 150 mg, 3 dias
ou
- sertaconazol óvulo vaginal 300 mg, dose única
ou
- sertaconazol comprimido vaginal 500 mg, dose única
ou
- sertaconazol creme vaginal 2%, 6 dias
ou
- isoconazol creme vaginal 1%, 6 dias
ou
- tioconazol comprimido vaginal 100 mg, 6 dias
ou
- fenticonazol creme vaginal 2%, 6 dias
ou
- fenticonazol, óvulo vaginal 200 mg, 6 dias
ou
- nistatina comprimido vaginal, id, 14 dias
-
Candidíase vulvovaginal complicada - tratamento, se severa (descrição)
Fluconazol 150 mg per os, toma única, e repetir após 3 dias (dias 1 e 4)
e/ou
terapêutica antifúngica tópica 14 dias
Candidíase vulvovaginal complicada - tratamento, se recorrente (descrição)
Tratamento inicial
- fluconazol 150 mg ou 200 mg a cada 3 dias, num total de 3 tomas (dia 1, 4 e 7)
e/ou
- terapêutica antifúngica tópica (7 a 14 dias)
Tratamento de manutenção
- fluconazol (100 mg, 150 mg ou 200 mg), 1x semana, durante 6 meses
- caso não seja possível a terapêutica oral, terapêutica tópica intermitente, após a menstruação
Candidíase vulvovaginal - resumo
Sintomas/sinais: Corrimento vaginal; dispareunia superficial; prurido vulvar; eritema e edema vulvar; fissuras vulvares
Caraterísticas do corrimento: branco, grumoso e espesso, TIPO REQUEIJÃO, PLACAS
ADERENTES
pH vaginal normal (<4,5)
Teste de Whiff negativo
Microscopia: pseudohifas;
blastosporos/ leveduras
Tratamento: Clotrimazol tópico por 7 dias; Fluconazol oral 150mg toma única
Tricomoníase vulvovaginal - agente
Causada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaginalis
Tricomoníase vulvovaginal - transmissão
Nos adultos é transmitida por via SEXUAL
Tricomoníase vulvovaginal - infeção
Infeção na VAGINA, URETRA e GLÂNDULAS periuretrais e perivaginais
- Maioria apresenta INFEÇÃO URETRAL COEXISTENTE
Tricomoníase vulvovaginal - associa-se a…
Associa-se a endometrite, DIP, infertilidade, gravidez ectópica e parto pré-termo
Tricomoníase vulvovaginal - IST
Coexiste com outras IST
Parece facilitar a transmissão HIV
Tricomoníase vulvovaginal - clínica
Podem ser assintomáticas
* Corrimento vaginal ESPUMOSO E AREJADO ou amarelo-esverdeado, mau-odor
* Eritema e prurido vulvar; DISÚRIA e hemorragia pós-coital (cervicite)
* Petéquias no colo uterino/vagina (COLO EM FRAMBOESA) – Típico mas raro
Tricomoníase vulvovaginal - diagnóstico
É confirmado pelo exame microscópico a fresco das secreções vaginais:
* leucócitos, células epiteliais maduras, e Tricomonas
Tricomoníase vulvovaginal - laboratorialmente (3)
- Teste de Whiff: habitualmente positivo
- pH > 4,5
- Exame cultural diagnostica > 95% dos casos e os testes de amplificação de ácidos nucleicos tem sensibilidade e especificidade próximas de 100% (não efetuados em Portugal)
Tricomoníase vulvovaginal - rastreio
Mulheres diagnosticadas devem realizar rastreio para outras IST (++ gonorreia e clamídia)
Tricomoníase vulvovaginal - quem tratar?
Indicado tratar mulheres SINTOMÁTICAS e PARCEIROS SEXUAIS
Tricomoníase vulvovaginal - via de tratamento preferencial
A administração SISTÉMICA É PREFERENCIAL (vs tópica) –> Altas taxas infeção uretra e glândulas parauretrais
- não se recomendam os tratamentos locais
Tricomoníase vulvovaginal - tratamento
METRONIDAZOL OU TINIDAZOL ORAL 2g, toma única
- Evitar RS até que a doente/parceiro estejam curados
- Evitar álcool se tx metronidazol/tinidazol –> evitar reação tipo dissulfiram
Tricomoníase vulvovaginal - recorrências
- Confirmar adesão ao tratamento, a possibilidade de reinfeção por novo companheiro, a possibilidade infeção por mais do que 1 agente ou outra causa subjacente
- T. vaginalis resistentes ao metronidazol –> Tratar com altas doses de Tinidazol
Tricomoníase vulvovaginal - gravidez
Tricomoníase tem sido associada a PPT, rotura prematura de membrana, e baixo peso ao nascer
Tricomoníase vulvovaginal - gravidez: quem tratar?
- Recomendado tratar TODAS AS GRÁVIDAS SINTOMÁTICAS
- NAS ASSINTOMÁTICAS CONSIDERAR O TRATAMENTO ≥37 SEMANAS pelo risco transmissão ao RN – infeção respiratória e genital
Tricomoníase vulvovaginal - tratamento na gravidez
Tratamento com METRONIDAZOL (seguro na gravidez)
* O tratamento pode não prevenir as complicações da gravidez
Tricomoníase vulvovaginal - seguimento
Desnecessário (não é custo-efetivo), exceto casos raros de recorrências frequentes
Tricomoníase Vulvovaginal - resumo
Sintomas/sinais: corrimento abundante com odor; disúria; dispareunia; hemorragia pós-coital; colo em framboesa
Caraterísticas do corrimento: amarelo-esverdeado; espumoso e arejado
pH vaginal > 4,5
Microscopia: tricomonas - protozoário flagelado; ↑ leucócitos
Tratamento: Metronidazol ou
Tinidazol oral, 2g, toma única
Infeções sexualmente transmissíveis associam-se a…
Associam-se a infertilidade, cancro ou morte
Infeções sexualmente transmissíveis - causa comum de…
Causa + comum de INFERTILIDADE EVITÁVEL e FORTE associação com GRAVIDEZ ECTÓPICA
Infeções sexualmente transmissíveis - risco de adquirir HIV…
Risco de adquirir HIV parece estar associado a outras IST
Infeções sexualmente transmissíveis - transmissão
Transmissão: Contacto pele a pele ou troca de fluídos corporais
* ↑ risco sexo anal: tecidos mais sensíveis (transmissão pode ocorrer por essas lesões)
Infeções sexualmente transmissíveis - diagnóstico
Hx clínica –> muitas IST são assintomáticas numa fase inicial ou tardia
* Se IST –> procurar outras (20-50% infeção coexistente)
Exame físico:
* Região inguinal: rashes, lesões e adenopatias
* Vulva, períneo e área perianal: lesões ou ulceras, e palpar tumefações ou edema
* Glândulas Bartholin, Skene e uretra: local frequente de infeção gonorreica
* Vagina e colo: procurar sinais de lesões ou corrimento anormal
Muitas IST são caracterizadas por…
Muitas IST são caracterizadas por úlceras genitais ou cervicite, uretrite ou ambas
Vaginose bacteriana - agente
Polimicrobiana
Vaginose bacteriana - clínica
- Vulva normal
- Corrimento branco-acinzentado
- Odor intenso a peixe
- Wiff + e ph >4,5
Vaginose bacteriana - quem tratar?
- Mulheres sintomáticas
- Grávidas sintomáticas
- Mulheres assintomáticas
que vão ser submetidas a
cirurgia ginecológica - Não é recomendado o
tratamento dos parceiros
sexuais - A mulher deve ser
aconselhada a usar
preservativo durante o
tratamento ou evitar
relações sexuais
Vaginose bacteriana - como tratar? (principais opções)
- Metronidazol oral 500 mg
2x/dia, 7 dias - Metronidazol óvulos vaginais 500 mg, 5 dias
- Clindamicina creme a 2% ao
deitar, 7 dias (reduz a eficácia dos preservativos durante o tratamento)
Vaginose bacteriana - tratamento alternativo?
- Clindamicina oral 300 mg
2x/dia, 7 dias - Cloreto de dequalínio 1x/ao
deitar, 6 dias - Tinidazol oral 2g 1x/dia, 2
dias
Vaginose bacteriana - se recividas?
Metronidazol óvulos, 2 x semana, 4 a 6 meses
Vaginose bacteriana - se doente grávida, tratamento?
- Metronidazol oral 500 mg
2x/dia, 7 dias - Metronidazol oral 500 mg
3x/dia, 7 dias - Clindamicina oral 300 mg
2x/dia, 7 dias - Clindamicina tópica não
deve ser usada na segunda
metade da gravidez - Metronidazol tópico e
Cloreto de dequalínio não
estão contra-indicados - Amamentação:
Metronidazol oral, não
amamentar durante o
tratamento e nas 12-24h
após a última toma
Vaginose bacteriana - tratamento, se doente VIH+
Mesmo tratamento das mulheres HIV negativas
Candidíase - agente
Candida albicans (90%)
Candidíase - clínica
- Eritema, edema e fissuras
vulvares - Corrimento vaginal branco,
grumoso e espesso (tipo
“requeijão”) - Inodoro
- Ardor e prurido vulvar e
dispareunia
Candidíase - quem tratar?
- Mulheres sintomáticas
Grávidas sintomáticas - Parceiro sexual sintomático,
com balanite!!! - Não é recomendado o
tratamento de parceiros
sexuais assintomáticos
Candidíase - como tratar?
- Fluconazol oral 150 mg toma
única - Clotrimazol creme 1% 1x/dia,
6 dias - Clotrimazol comprimido
vaginal 500 mg, dose única
(As terapêuticas tópicas,
óvulos/cremes vaginais,
diminuem a eficácia dos
preservativos)
Candidíase - tratamento alternativo
Sintomatologia severa:
Fluconazol oral 150 mg e
repetir após 72 horas e/ou
terapêutica antifúngica tópica
14 dias
Candidíase - tratamento, se recidivas
- Recorrente (≥ 4
episódios/ano): Fluconazol
oral 150 mg de 3/3 dias até 3
tomas e/ou terapêutica
antifúngica tópica 7-14 dias - Tratamento de Manutenção
Fluconazol oral 150 mg
1x/semana, 6 meses
Candidíase - tratamento, se doente grávida
Terapêutica antifúngica tópica
(APENAS) 7 dias
Candidíase - tratamento, se doente VIH+
Mesmo tratamento das
mulheres HIV negativas
Tricomoníase - agente
Trichomonas vaginalis
Tricomoníase - clínica
- Eritema vulvar e vaginite,
colo “framboesa-like”
(2%) - Corrimento vaginal
espumoso e arejado ou
amarelo esverdeado - Queixas de irritação,
sensação de queimadura,
prurido vulvar, disúria e
coitorragias - Wiff + e ph>4,5
Tricomoníase - quem tratar?
- Mulheres sintomáticas
Grávidas sintomáticas - É obrigatório tratar
parceiros sexuais (IST)!!! - Evitar relações sexuais
até estar terminada a
terapêutica e ficarem
assintomático
Tricomoníase - como tratar?
- Não se recomendam os
tratamentos tópicos
Metronidazol oral 2 g
toma única - Tinidazol oral 2 g toma
única - Secnidazol oral 2 g toma
única
Tricomoníase - tratamento alternativo
Metronidazol oral 500 mg
2x/dia, 7 dias
Tricomoníase - tratamento, se utente grávida
- Metronidazol 2 g oral
toma única - Amamentação:
Metronidazol 2 g oral
toma única, não amamentar durante e até 12-24h após o
tratamento - Tinidazol 2 g oral toma
única, não amamentar
até 72h após o tratamento
Tricomoníase - se doente HIV+
- Metronidazol oral 500 mg
2x/dia, 7 dias - Se refratário:
Metronidazol/Tinidazol
oral 2 g 1x/dia, 7 dias - O rastreio anual é
recomendado, tal como a
avaliação 3 meses após
o tratamento de uma
infecção
5 agentes de úlceras vulvares
Herpes genital
Sífilis
Cancróide
LGV
Granuloma inguinal
Herpes genital - agente
HSV 2 (65-80%) e HSV 1
Herpes genital - clínica
- +++ jovens
- Incubação 4 a 7 dias
- DOR
- MÚLTIPLAS LESÕES
- Infecção primária: vesiculas
bilaterais e frequentemente
coalescendo; resolução em
duas semanas - Infecção recorrente: lesões menos exuberantes, unilaterais;
resolução em 5-7 dias
Herpes genital - como tratar?
- 1º episódio: Deve ser sempre
tratado - Aciclovir 400 mg 3 id, 7-10 dias
- Valaciclovir 1000 mg 2 id, 7-10
dias - Doença recorrente:
- Aciclovir 400 mg, 3 id 5 dias
- Aciclovir 800 mg 2 id 5 dias ou 3 id durante 2 dias
- Valaciclovir 500 mg 2 id 3 dias ou 1000 mg id 5 dias
Evitar relações sexuais durante o período prodrómico e enquanto tiverem lesões
- Se VIH:
- Aciclovir 400 mg 3 id 5-10 dias
- Valaciclovir 1000 mg 2 id 5-10 dias
Sífilis - agente
Treponema pallidum
Sífilis - clínica
- +++ 20-24 anos
- Incubação 3-90 dias (média 3
semanas) - INDOLOR
- LESÃO ÚNICA
- Pápula -> úlcera (cerca de 2 cm); bordos bem definidos, elevados e duros; exsudado seroso; base vermelha e dura, sem crosta
Sífilis - como tratar?
- Penicilina benzatínica 2,4 milhões de unidades IM, dose
única - Se alergia:
- Dessensibilização (preferencial)
- Doxiciclina 100 mg 2 id 14 dias
- Ceftriaxone 1 g IM id 10 dias
- Azitromicina 2 g dose única
- Eritomicina 500 4 id
Doença de declaração obrigatória
Cancróide - agente
Haemophilus ducreyi
Cancróide - clínica
- Muito raro no Ocidente
- Incubação: 3-14 dias
- DOR +++
- UMA OU DUAS LESÕES
- Pápula ou pústula no local de inoculação, inicialmente indolor -> dolorosa, profunda, mole, de bordos mal definidos; com exsudado necrótico, com cheiro
Cancróide - como tratar?
- Azitromicina 1g dose única
- Ceftriaxone 250 mg IM dose única
- Ciprofloxacina 500 mg 2 id 3 dias
- Eritromicina 500 mg 3 id 7 dias
LGV - agente
Chlamydia trachomatis (L1, L2 e L3)
LGV - clínica
- Raro em mulheres; a aumentar a frequência em homossexuais
- Incubação 3-21 dias
- INDOLOR
- LESÃO ÚNICA
- Pápula -> posteriormente
pode ulcerar (raramente
observado) e cicatrizar rapidamente
LGV - como tratar?
- 1.ª linha
- Doxiciclina 100 mg 2 id 21 dias
- 2.ª linha
- Eritromicina 500 mg 4 id 21 dias
- Azitromicina 1000 mg uma vez por semana, 3 semanas
Doença de declaração obrigatória
Granuloma inguinal - agente
Klebsiella granulomatis
Granuloma inguinal - clínica
Incubação < 2 semanas – 3 meses
- INDOLOR
- UMA OU MÚLTIPLAS
- Nódulos/ pápulas -> lesão vermelha, sangrativa -> bordos bem definidos; frequente a
extensão às pregas cutâneas e
surgimento de fissuras profundas («knife cut like»)
Granuloma inguinal - como tratar?
- Primeira linha:
- Doxiciclina 100 mg 2 id 21 dias
- 2.ª linha:
- Ciprofloxacina 750 mg 2 id 21 dias
- Eritromicina 500 mg 4 id 21 dias
- Azitromicina 500 mg id, 21 dias
- Azitromicina 1000 mg 1x/semana pelo menos três semanas
- Trimetoprim/sulfametoxazol
160/800 mg 2 id, 21 dias - Se ainda houver lesões ao fim de 3 semanas, prolongar o tratamento
2 agentes de cervicite
Clamídia
Gonorreia
Cervicite por clamídia - agente
Chlamydia trachomatis
Cervicite por clamídia - clínica
- Corrimento inespecífico ou, mais raramente, muco-purulento (amarelado)
- Colo uterino friável e congestivo, coitorragias
Cervicite por clamídia - como tratar?
- Azitromicina 1 g toma única
- Doxiciclina 100 mg 2x/dia, 7 dias
Cervicite por clamídia - 3 considerações
- Doença de declaração obrigatória
- Obrigatório tratamento dos parceiros sexuais (IST)
- Abstinência sexual durante 7 dias
Cervicite por gonorreia - agente
Neisseria gonorrhoeae
Cervicite por gonorreia - clínica
- Sintoma mais frequente é um corrimento amarelo-esverdeado
- Por vezes pode existir Bartholinite associada
Cervicite por gonorreia - como tratar?
- Ceftriaxone 250 mg IM + Azitromicina 1 g toma única
- Cefixima 400 mg toma única
- Amoxicilina + Ácido Clavulânico 3 g toma única
Cervicite por gonorreia - 4 considerações
- Doença de declaração obrigatória
- Tratamento empírico, concomitante, anti-Chlamydia (se não for possível excluir esta coinfecção)
- Obrigatório tratamento dos parceiros sexuais (IST)
- Abstinência sexual durante 7 dias