Dioscope - Gastroenterite aguda em idade pediátrica Flashcards

1
Q

A gastroenterite aguda (GAE) resulta…

A

A gastroenterite aguda (GAE) resulta da infeção do trato gastrointestinal por vírus, bactérias ou parasitas

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2
Q

Manifestações da gastroenterite aguda

A

Caracteriza-se pela presença de manifestações clínicas como diarreia, náuseas e vómitos

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3
Q

Problema de saúde pública

A

2ª causa mais comum de internamento em Pediatria

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4
Q

Transmissão dos agentes

A

Via fecal-oral e por ingestão de água ou alimentos contaminados

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5
Q

Incidência na Europa

A

0,5 a 2 episódios por ano, por criança com idade < 3 anos

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6
Q

Agente etiológico mais frequente

A

Rotavirus é o agente etiológico mais frequente na Europa e em Portugal: cerca de 40% dos casos de diarreia nos primeiros 5 anos de vida; responsável por 28% dos internamentos por GEA em Portugal

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7
Q

GAE por norovírus e adenovírus

A

GAE por norovírus e adenovírus têm vindo a aumentar, devido à maior cobertura vacinal antirrotavírus

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8
Q

Agentes bacterianos

A

Agentes bacterianos são responsáveis por 20 a 30% das GAE em Portugal, sendo o mais frequente a Salmonella – incidência superior à da Europa, principalmente nas áreas rurais do país

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9
Q

Sazonalidade

A

Rotavírus – janeiro a março

Norovírus – agosto a outubro

Salmonella – julho e agosto

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10
Q

Sintomas

A

Náuseas/ vómitos alimentares, diarreia (diminuição da consistência das fezes – pastosas ou líquidas – e/ou aumento da frequência das dejeções relativamente ao padrão habitual); podem coexistir dor abdominal e febre

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11
Q

Exame objetivo

A

Sinais clínicos habitualmente ausentes até haver perda de 5% do peso corporal

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12
Q

11 diagnósticos diferenciais

A
  • Outras infeções entéricas
  • Fármacos (laxantes, antibióticos)
  • Alergias/ intolerâncias alimentares (ex. alergia proteínas do leite de vaca)
  • Alterações da absorção/ digestão
  • Doença inflamatória intestinal
  • Fibrose quística
  • Hipertiroidismo
  • Imunodeficiências
  • Intoxicação por metais pesados
  • Causas cirúrgicas (ex. apendicite aguda)
  • Défices vitamínicos minerais
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13
Q

Diagnóstico

A

Diagnóstico é clínico, quadro de diarreia aguda com ou sem vómitos, febre e dor abdominal

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14
Q

Caraterísticas mais sugestivas de infeção bacteriana

A

Febre > 40ºC

Sangue nas fezes

Dor abdominal

Envolvimento do SNC

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15
Q

Caraterísticas mais sugestivas de infeção vírica

A

Sintomas respiratórios

Vómitos

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16
Q

Avaliação laboratorial

A

Recomendada apenas se desidratação moderada com história clínica não concordante com o exame objetivo e em todos os doentes que iniciem fluidoterapia venosa

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17
Q

Exames microbiológicos das fezes

A

(bacteriológico, parasitológico, virológico): não devem ser realizados por rotina, por não alterarem a abordagem terapêutica; considerar realizar em crianças com doença crónica, se sintomas prolongados ou se dúvidas na escolha de antibioterapia

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18
Q

Avaliação clínica - prioridade

A

Avaliação do grau de desidratação

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19
Q

3 principais sinais de desidratação

A
  1. Tempo de preenchimento capilar (TPC) – pode ser avaliado no região do externo
  2. Turgor/ prega cutânea – pode ser avaliada na parede abdominal lateral ao nível do umbigo
  3. Padrão respiratório – taquipneia é um mecanismo de compensação da acidose derivada de perda de HCO3- na diarreia ou produção de ácido lácteo em situação de choque)
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20
Q

Outros sinais a avaliar

A

Peso atual, estado de consciência, grau de hidratação das mucosas,
existência de lágrimas, tensão da fontanela, pulso, pressão arterial, temperatura das extremidades

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21
Q

Classificação do grau de desidratação, de acordo com sinais clínicos

A

Ligeira (< 3% perda peso)

Moderada (3 - 9% perda peso)

Grave (> 9% perda peso)

22
Q

Desidratação ligeira - caraterísticas

A

% peso perdido, inferior a 1 ano: < 5

% peso perdido, superior a 1 ano: < 3

nível de consciência: alerta

TPC (em segundos) < 2

Lágrimas presentes

FR normal

FC normal

Pulso normal

Pressão arterial normal

Turgor cutâneo normal

Fontanela normal

Olhos normais

Mucosas normais

Débito urinário normal

Sede ligeiramente aumentada

Défice estimado (ml/kg) < 1 ano: < 50

Défice estimado (ml/kg) > 1 ano: < 30

23
Q

Desidratação moderada - caraterísticas

A

% peso perdido, inferior a 1 ano: 5-10

% peso perdido, superior a 1 ano: 3-6

nível de consciência: irritável

TPC (em segundos) 2-4

Lágrimas diminuídas

FR ligeiramente aumentada

FC ligeiramente aumentada

Pulso fraco

Pressão arterial: hipotensão ortostática

Turgor cutâneo diminuído

Fontanela deprimida

Olhos encovados

Mucosas secas

Débito urinário: oligúria

Sede moderadamente aumentada

Défice estimado (ml/kg) < 1 ano: 50-100

Défice estimado (ml/kg) > 1 ano: 30-60

24
Q

Desidratação grave - caraterísticas

A

% peso perdido, inferior a 1 ano: > 10

% peso perdido, superior a 1 ano: > 6

nível de consciência: comatoso

TPC (em segundos) > 4

Lágrimas ausentes

FR aumentada

FC aumentada

Pulso impalpável

Pressão arterial: hipotensão

Turgor cutâneo muito diminuído

Fontanela muito deprimida

Olhos muito encovados

Mucosas muito secas

Débito urinário: oligo-anúria

Sede muito aumentada

Défice estimado (ml/kg) < 1 ano: > 100

Défice estimado (ml/kg) > 1 ano: 70-90

25
Q

Critérios de referenciação SU hospitalar (5)

A
  • Idade < 2 meses
  • Vómitos persistentes
  • Dejeções muito frequentes e de grande volume (> 8 episódios/ dia)
  • Sinais de desidratação moderada a grave
  • Comorbilidade grave
26
Q

Tratamento - prioridade

A

Rehidratação oral
* É a 1ª linha de tratamento na desidratação ligeira a moderada

27
Q

Se falência da re-hidratação oral

A

Rehidratação entérica por sonda naso/orogástrica (eficácia semelhante à rehidratação endovenosa, com menor tempo de internamento e menos complicações, como hiponatrémia)

28
Q

Soros de rehidratação oral (SRO)

A

Soros de rehidratação oral (SRO): soluções compostas por sódio e glucose, uma vez que esta facilita entrada de sódio através da parede intestinal
* SRO com baixa osmolaridade (50-60 mmol/l de sódio) são mais eficazes, reduzem o nº de dejeções diarreicas e vómitos – recomendação ESPGHAN
* A formulação clássica da OMS tem osmolaridade mais elevada (90 mmol/l de sódio), já sem aplicabilidade prática – formulação atual da OMS: 75 mmol/l de sódio
* Administração do SRO: Volume (ml) = grau desidratação (%) x 10 ml/kg; fornecer a cada 3-4 horas (acrescentar 2 ml/kg de SRO por cada episódio de vómito e 10 ml/kg por cada dejeção diarreica)

29
Q

Bebidas domésticas

A

Bebidas domésticas (sumos de fruta, chá, refrigerantes, bebidas energéticas) devem ser evitados - a sua elevada osmolaridade aumenta o volume das dejeções

30
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - OMS clássica

A

Na+ 90

K+ 20

Cl- 80

HCO3- 30

Glucose 111

Osmolaridade 311

31
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - OMS atual

A

Na+ 75

K+ 20

Cl- 65

HCO3- 30

Glucose 75

Osmolaridade 245

32
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - ESPGHAN

A

Na+ 60

K+ 20

Cl- 60

HCO3- 30

Glucose 90

Osmolaridade 240

33
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - Dioralyte®

A

Na+ 60

K+ 20

Cl- 60

HCO3- 30

Glucose 90

Osmolaridade 220

34
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - Oral Suero®

A

Na+ 60

K+ 20

Cl- 38

HCO3- N/A

Glucose 80

Osmolaridade 212

35
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - Miltina®

A

Na+ 60

K+ 20

Cl- 50

HCO3- 30

Glucose 89

Osmolaridade 220

36
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - Eletrolit®

A

Na+ 50

K+ 20

Cl- 37

HCO3- 19

Glucose 110

Osmolaridade 230

37
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - Bi-Oral Suero®
(L. reuteri)

A

Na+ 64

K+ 20

Cl- 20

HCO3- 10

Glucose 80

Osmolaridade 211

38
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - SueroBivos®
(L. rhamnousus GG)

A

Na+ 64

K+ 20

Cl- 20

HCO3- N/A

Glucose 90

Osmolaridade 223

39
Q

Composição das soluções de rehidratação oral - Bacilac SRO®
(L. rhamnousus – B. lactis)

A

Na+ 75

K+ 20

Cl- 65

HCO3- 10

Glucose 75

Osmolaridade 245

40
Q

Tratamento - alimentação

A
  • Deve ser mantida, evitar pausas alimentares superiores a 4 a 6 horas – medida associada a diminuição do volume das dejeções diarreicas e da duração
  • Deve ser mantido o aleitamento materno e/ou a dieta habitual – não estão recomendadas dietas especiais (com baixo teor de lactose, gorduras, hidrolisados proteicos ou ”dieta obstipante” à base de pão, arroz o maçã)
41
Q

Tratamento - probióticos

A

Adjuvantes no Tx da GAE, utilizar apenas os que demonstraram eficácia clínica na diminuição dos sintomas (em cerca de 1 dia): Lactobacillus GG e Saccharomyces boulardii

42
Q

Tratamento - prebióticos

A

Não recomendado

43
Q

Tratamento - anti-eméticos

A

Não usar por rotina, podem ser úteis se vómitos persistentes

44
Q

Tratamento - antiperistálticos (loperamida)

A

Não recomendado (efeitos adversos potencialmente fatais < 3 anos)

45
Q

Tratamento - zinco

A

Sem evidência de utilidade em países desenvolvidos; utilização universal recomendada pela UNICEF, OMS e ESPGHAN nos países em desenvolvimento, com lactentes/crianças desnutridos

46
Q

Tratamento - antibióticos

A

Não recomendada por rotina; exceções – GAE por Shigella (azitromicina ou ceftriaxona), GAE por Salmonella (medicar apenas lactentes < 3 meses e crianças imunodeprimidas), diarreia do
viajante (adaptar ao local da viagem - ciprofloxacina, co-trimoxazol, doxicilina), GAE grave com clínica de doença grave e invasiva

47
Q

Prevenção - 3 medidas

A
  • Medidas gerais: saneamento básico, correta higienização das mãos, adequado armazenamento dos alimentos, consumo de água tratada ou engarrafada (países em desenvolvimento)
  • Promoção do aleitamento materno exclusivo até aos 4-6 meses de vida
  • Imunização antirrotavírus: recomendada pela SPP, ESPID e ESPGHAN – vacina extra-plano, decisão conjunta com os pais
48
Q

Prevenção - medidas gerais

A

Medidas gerais: saneamento básico, correta higienização das mãos, adequado armazenamento dos alimentos, consumo de água tratada ou engarrafada (países em desenvolvimento)

49
Q

Prevenção - vacinação

A

Imunização antirrotavírus: recomendada pela SPP, ESPID e ESPGHAN – vacina extra-plano, decisão conjunta com os pais

50
Q
A