Principais Tumores de Cabeça e Pescoço Flashcards
Tumores de Paratireóide
Fisiologia das paratireoides: produzem o PTH, que age diretamente no osso (aumenta a população de osteoclastos, fazendo o Ca sair do osso e ir pro sangue) e no rim (evita a perda de Ca, excreta Fósforo, ativa a vit D), e indiretamente no intestino (a Vit D promove a absorção de Ca); tudo isso promove um aumento do Ca e diminuição do Fósforo, com um sistema de feedback negativo;
Hiperpara primário: Adenoma (+ frequente), Duplo Adenoma, Hiperplasia multiglandular (NEM1), carcinoma de Paratireóide (raro, normalmente de manifesta com tu palpável);
Adenoma (90%): uniglandular, benigno; aumento do PTH promove> ossos= desmineralização e Tu marrom (osteoclastoma); Rins= urina com Ca e fósforo aumentado, litíase;
- QC: ossos= osteopenia, osteoporose, fraturas, dor, Tu marrom; rins= nefrolitíase, ureterolitíase, nefrocalcinose, perda da função renal;
- Lab: sangue= cálcio alto, PTH alto, fósforo baixo; Urina= cálcio alto, fósforo alto;
- Tto: Adenoma uniglandular= Paratireoidectomia focalizada (indicações: repercussão clínica, idade <50a, TFG<60ml/min, Cálcio> 1ponto VR, Calciúria >400mg/kg/24h; programação: avaliação de órgãos alvo [USG rins e vias urinárias, densitometria óssea], localização [USG cervical, MIBI=cintilografia, TC/RNM/SPECT]); evita-se grandes dissecções do pescoço, evita-se manipulação das outras paratireoides, confirmação de que o tecido ressecado é paratireoides> congelação, confirmação de que de trata de doença uniglandular> PTH rápido (espera-se queda de 50%); Doença multiglandular= Paratireoidectomia subtotal (deixar 1 delas) ou total+autoimplante, o objeto é a queda de >80% [se insuficiente: exploração cervical/mediastinal; pode gerar hematoma e lesão do n. laríngeo inferior]
- Complicações cirúrgicas: Hipocalcemia, hipopara (PTH alto e fósforo baixo), fome óssea (PTH alto e fósforo baixo), piora da função renal, hipercalemia, hematoma cervical, lesão do n. laríngeo inferior;
Tumor de glândulas salivares
Anatomia: maiores> parótidas, submandibulares e sublinguais; menores> submucosas;
- Parótida: localiza-se próximo à orelha, o nervo facial passa dentro dela;
- Submandibular: localiza-se no nível IB, entre o ventre anterior e posterior do digástrico, encaixada no músculo milo-hioideo;
Etiologias: inflamatórias, infecciosas, neoplásicas;
Neoplasias: benignas> Adenoma pleomórfico (+ frequente), Tu de Warthin; malignas> carcinoma muco-epidermoide, carcinoma adenóide cístico, carcinoma ex-adenoma pleomórfico;
Regra dos 80% (prediz a chance de benignidade ou malignidade a depender da glândula afetada): parótidas 80% é benigno; submandibular 50%-50%; sublingual e menores 80% é maligno;
Segunda regra dos 80%: 80% dos Tu benignos de parótida são Adenoma pleomórfico;
QC de Tu benignos: nódulo de crescimento progressivo, achado em exame de imagem, progressiva e insidiosa, não dói; Dx inicialmente por USG/TC/RNM ou PAAF eventualmente; Tto: ressecção cirúrgica, com margem livre e preservação dos nervos;
- Adenoma pleomórfico: 80% dos TU benignos, potencial malignização, recidivante> pseudópodes, tto cirúrgico, com margens livres e preservação do nervo;
- Tu de Warthin: cistoadenoma papilífero linfomatoso, exclusivo de parótida, captação no MIBI, cístico, bilateral (~10-15%), tabagismo, não maligniza;
QC Tu malignos: baixo grau> ~ ao benigno; alto grau> ulceração, dor, mestástase cervical, invasão do nervo; Dx por USG/TC, RNM (difusão e perfusão; MELHOR EXAME), PAAF; Estadiamento com Exame radiológico de cabeça, pescoço e tórax; Tto: ressecção de margens livres, eventualmente esvaziamento cervical+RT/QT;
Sialoadenites: inflamação, infecção, cálculo; QC: sinais flogísticos, dor à alimentação, abcessos, mais frequente: submandibular; Dx USG/TC/RNM e eventualmente biópsia; tto: medicamentoso inicialmente, cirurgia em casos graves, sialoendoscopia;
Esvaziamentos Cervicais
Nível I: submandibular
Nível II: 1/3 cranial do feixe júgulo-carotídeo
Nível III: 1/3 médio do feixe júgulo-carotídeo
Nível IV: 1/3 caudal do feixe júgulo-carotídeo
Nível V: trígono posterior (borda posterior do esternocleideo, clavícula e borda anterior do trapézio)
Nível VI: compartimento central;
Classificação do esvaziamento:
- Indicação: Terapêutico se N+ ; Eletivo se N-;
- Extensão: Radical (Clássico/Modificado) se níveis de I a V (clássico: leva junto a jugular interna, o nervo acessório e o esternocleideo; modificado: preserva pelo menos 1 das estruturas anteriores ou as 3); Seletivo se não pegar de I a V (Supra-omohioideo> I a III; Lateral> júgulo-carotídeo; Central> recorrencial);
Nervo acessório (Nível II e V)> déficit de abdução de MS;
Nervo Vago (níveis II, III e IV, entre jugular e carótida)> disfonia;
Nervo hipoglosso (nível I e II)> déficit de mobilidade da língua;
Ramo marginal mandibular do N. facial (Nível I)> déficit de mímica da face;
Nervo frenico (níveis III, IV e V, acima do m. escaleno anterior)> paralisia diafragmática;
Nervo lingual (nível I)> déficit de sensibilidade da língua);
Ducto torácico (nível IV à esquerda)> fístula linfática;
Nervo laríngeo recorrente e paratireoides (nível VI)> disfonia e hipopara;
Câncer de Boca
Uma das mais prevalentes e mais graves!
Carcinoma epidermóide da boca
FR: tabagismo (isolado), etilismo (efeito sinérgico com tabagismo), HPV (mais descrito na orofaringe), trauma crônico (especialmente prótese mal ajustada), imunodeficiência, má higiene oral;
QC: sintomas iniciais= lesão ulcerada, frequentemente com massa cervical, 4Ds (Dor, Disfonia, Disfagia, Dispneia); casos avançados= sangramento, síndrome consumptiva, insuf respiratória, dor incontrolável;
Dx: biópsia (incisional se maiores, excisional com margem livre se pequenas, PAAF p/ linfonodos);
Ambulatorial X Cirúrgico
Lesões pré-malignas: Leucoplasia (+ frequente e - grave; geralmente displasia de baixo grau, evolui pra CA em 10% dos casos); Eritroplasia (na maioria das vezes já tem um carcinoma in situ, 90% dos casos evolui pra CA); CD> sempre fazer biópsia excisional;
Exames complementares: Cancerização de campo e Estadiamento> Kit CEC= EF completo (oroscopia+ palpação cervical), exame endoscópico completo (laringoscopia, EDA e broncoscopia) e exame radiológico completo (TC tórax, cabeça e pescoço);
Estadiamento:
-T (tumor; tamanho 2 (T1), 4 (T2) e >4 (T3), invasão de outras estruturas (T4); profundidade <5mm (T1), >5mm (>=T2));
-N (N0= sem linfonodo; N1= 1 linfonodo, ipsilateral, até 3cm; N2A= 1 linfonodo, ipsilateral, 3-6cm; N2B= >1 linfonodo, ipsilateral, até 6cm; N2C= linfonodos contralaterais, <6cm; N3A= linfonodos >6cm ou conglomerado linfonodal >6cm; N3B= linfonodo qualquer tamanho com evidência de extravasamento capsular);
-M (M0= sem metástase à distância; M1= com mestástase à distância);
Invasão de mandíbula, maxila, base do crânio, espaço mastigatório, carótida, fáscia pré-vertebral; nos dois últimos, o tumor é irrececável;
Tto: cirúrgico (mais usado; exceto se irressecabilidade ou sem condição clínica), não cirúrgico com QT/RT, combinado (para casos mais avançados; cirúrgico+ QT/RT adjuvante);
Objetivos do tto: cura, reestabelecimento da funcionalidade e estética;
Nunca operar: M1, invasão de carótida/fascia pré-vertebral/estruturas mediastinais, necessidade de glossectomia e laringectomia totais, necessidade de enxertação bilateral de órbita;
Princípios do tto cirúrgico: ressecção com margens livres, esvaziamento cervical (terapêutico com radical modificado OU eletivo se níveis I, II e III), reconstrução (com sutura primária ou retalho de peitoral maior);
Câncer de Orofaringe
CEC de Orofaringe
1) Às vezes localiza-se na região posterior da amígdala, difícil de acessar pelo EF/endoscópicos, TC e até pelo PET; pode ser um primário oculto (pcte q desenvolve linfonodo cervical aumentado, descobre um CEC na punção e n encontra depois a lesão primária);
2) Associação com HPV; metástase cervical com degeneração cística (podemos achar q é um cisto branquial ou metástase de tireóide);
3) Associação clássica c tabagismo e etilismo; a epidemiologia depende do país;
No Brasil: 70% etilismo/tabagismo e 30% HPV;
QC: semelhante a lesão de boca; ulcerada e friável;
Perfil do pcte por etilismo/tabagismo: homem, mais velho, fumou e bebeu a vida toda, com lesão ulcerada (clássico);
Pcte por HPV: mais novo, prevalência similar entre homens e mulheres, geralmente n fuma e n bebe (ou em pequenas quantidades);
Odinofagia, 4Ds, mestástase (linfática ou hematogênica; no HPV há mestástases grandes com degeneração cística);
Dx: biópsia (fazer pesquisa do p16: imuno-histoquímica; Dx indireto pelo HPV);
Estadiamento: depende do status HPV (se negativo, semelhante ao estadiamento para CA de boca; se positivo= melhor prognóstico, não existe T4B [critérios de irressecabilidade), não existe subdivisão dos N);
Tto: cirúrgico (se acesso per-os/TORS, invasão da boca, invasão do osso, T4a/N3); RT/QT (se necessidade de mandibulotomia, glossectomia+laringectomia total, invasão de base de crânio, HPV+)
Câncer de Laringe e Hipofaringe
CEC
FR: tabagismo, etilismo, HPV e imunodeficiência;
Anatomia:glote, supraglote e hipofaringe;
QC: sintomas iniciais= 4Ds e massa cervical; casos avançados= sangramento, síndrome consumptiva, Insuf respiratória;
Laringe= glote> disfonia, melhor prognóstico (pcte que fuma, apresenta disfonia súbita e n melhora em 14d é CA de laringe até q se prove o contrário); supra-glótico> disfagia, pior prognóstico; infra-glótico é mto raro;
Conduta na emergência: Garantia da via aérea (não intubar, evitar crico, traqueo com anestesia local e biópsia se possível);
Dx: biópsia (por EDA, broncoscopia, guiada por imagem, laringoscopia de suspensão [em CC, com via aérea garantida; melhor jeito!]);
Estadiamento: kit CEC> EF, laringoscopia, endoscopia, broncoscopia, TC face/pescoço/tórax;
T= T1> pregas móveis (T1a: unilateral; T1b: bilateral), T2> paresia, T3> paralisia ou invasão discreta da cartilagem tireoide, T4> invasão grosseira da cartilagem tireoide ou estruturas vizinhas;
N e M: semelhante ao CA de boca;
Tto: cirúrgico, não cirúrgico RT/QT, combinado;
Objetivos do tto: cura, funcionalidade e estética;
Tipos de laringectomia: total (traqueo pro resto da vida e afonia) ou parcial (aberta [horizontal oi vertical] ou endoscópica);
Princípios do tto cirúrgico: ressecção com margens livres, esvaziamento cervical (Terapêutico ou Eletivo [glote se T3 ou T4; supraglote se T2, T3 e T4; esvaziamento do feixe júgulo-carotídeo, bilateralmente na maioria das vezes; se infra-glótico, esvaziar tbm o nível VI]) e reconstrução;