Intoxicações agudas Flashcards
Cite produtos de baixa toxicidade, que não exigem tratamento:
Canetas, lápis, sabão em barra, shampoos, batom, vela, massinha, bateria (seca), graxa, termômetro de mercúrio, detergentes
Cite produtos de baixa toxicidade que exigem tratamento se ingeridos em grande quantidade:
Desidorantes, amaciantes, fósforos, colônias, loção pós-barba, bronzeadores
Tratamento em caso de ingestão de agente tóxico:
Promover a descontaminação gástrica se a ingesta tiver ocorrido em menos de 1h.
• se agente cáustico: realizar EDA precoce
• se agente não cáustico: lavagem gástrica ou carvão ativado
Em caso de ingesta a mais de 1h, observação clínica, tratamento sintomático e suporte
Quadro clínico síndrome colinérgica:
Síndrome caracterizada por: hipertermia, taquicardia, hipertensão, taquipneia, midríase, agitação, rubor facial, mucosas secas, retenção urinária, mioclonia, convulsões, alucinações e delírios
Principais agentes síndrome anticolinérgica:
- Antiespasmódicos (alcaloides beladonados): Atropina, Escopolamina, Hiosciamina;
- Antipsicóticos (Clorpromazina, Olanzapina, Quetiapina, Tioridazina);
- Anti-histamínicos (Difenidramina, Pirilamina, Doxilamina);
- Antidepressivos tricíclicos (Amitriptilina, Nortriptilina, Doxepina, Imipramina);
- Plantas da família Solanaceae e cogumelos: Amanitamuscaria e A. pantherina, meimendro, estramônio, Atropa beladona (erva-moura);
- Miorrelaxantes (Ciclobenzaprina, Orfenadrina);
- Agentes antiparkinsonianos (Amantadina, Benzatropina).
Como acontece a síndrome anticolinérgica?
As drogas anticolinérgicas inibem competitivamente a ligação do neurotransmissor acetilcolina aos receptores muscarínicos periféricos e centrais. Estes receptores são encontrados no sistema nervoso autônomo parassimpático pós-ganglionar no músculo liso (intestinal, bexiga e brônquico) e músculo cardíaco, nas glândulas secretoras (saliva e suor), no corpo ciliar do olho e no sistema nervoso central (SNC). Os agentes anticolinérgicos não antagonizam os efeitos nos receptores nicotínicos de acetilcolina, como na junção neuromuscular e pré-ganglionar do sistema nervoso autônomo.
Tratamento síndrome anticolinérgica:
•Suporte clínico:
Suporte respiratório e circulatório. Oxigênio suplementar e ventilação assistida, se necessário;
Os pacientes devem ter acesso intravenoso, monitorização cardíaca e oximetria de pulso contínua;
Hipertensão e taquicardia geralmente são leves e bem tolerados, não requerendo tratamento;
O bicarbonato de sódio deve ser usado no tratamento de intervalos QRS prolongados ou outras arritmias cardíacas causadas por substâncias que não possuem somente efeito anticolinérgicos, como por exemplo os antidepressivos tricíclicos;
Hidratação vigorosa: prevenção de complicações renais em vigência de rabdomiólise (alcalinizar urina, se necessário);
Hipertermia: monitorizar e controlar temperatura com compressas frias e, se necessário, sedação com benzodiazepínico em caso de agitação psicomotora;
Agitação psicomotora/convulsões: benzodiazepínicos.
•Antídoto:
Indicado apenas nos casos graves para reverter os efeitos sobre o SNC;
É um inibidor reversível da acetilcolinesterase. Possui ação rápida (45-60 minutos);
Está contraindicado na presença de distúrbio de condução (alargamento do intervalo QRS) e na suspeita de intoxicação por antidepressivos tricíclicos, pois pode precipitar convulsões e arritmias cardíacas;
Só deve ser administrado em ambiente onde monitoramento intensivo e ressuscitação podem ser realizados;
Fisostigmina: em adultos: 1-2 mg EV, infusão em 2-5 min, podendo repetir em intervalos mínimos de 10 a 15 minutos, desde que o efeito tóxico persista e não haja sinais de efeitos colinérgicos; em crianças: 0,02 mg/kg (máximo 0,5 mg) EV, infusão lenta em 5 minutos; repetir a dose em intervalos de 10 a 15 minutos, desde que o efeito tóxico persista e não há sinais de efeitos colinérgicos;
Precaução: infusão rápida de fisostigmina pode resultar em bradicardia, sialorreia que leva à dificuldade respiratória e convulsões.
•Descontaminação:
Lavagem gástrica: indicada apenas nos casos de ingestão de grandes quantidades e em até 1 hora após a ingestão;
Carvão ativado: pode ser usado após 1 hora da ingestão devido a diminuição da motilidade gastrointestinal. Avaliar indicação de carvão ativado em múltiplas doses (ex. antidepressivos tricíclicos).
O que é síndrome colinérgica?
Colinérgicos são um grupo de substâncias que agem estimulando os receptores colinérgicos, resultando na síndrome colinérgica muscarínica e/ou nicotínica.
Os carbamatos e organofosforados são inseticidas inibidores da acetilcolinesterase, de uso agrícola, doméstico e veterinário.
O “chumbinho” é um produto clandestino desviado da agricultura e vendido ilegalmente como raticida.
Quadro clínico síndrome colinérgica:
A sintomatologia muscarínica é mais precoce, seguida da nicotínica.
Manifestações do SNC e nicotínica são sinais de gravidade.
Hipotermia, taquicardia, hipotensão, bradipneia, miose, sudorese, lacrimejamento, sialorreia intensa, broncorreia, dispneia, náuseas/vômitos, fibrilações, fasciculações.
•Efeitos muscarínicos:
Glândulas exócrinas: sialorreia, sudorese, lacrimejamento;
Olhos: miose puntiforme, visão borrada;
Aparelho gastrointestinal: náuseas, vômitos, dor abdominal tipo cólica, diarreia;
Aparelho respiratório: hipersecreção brônquica, broncoespasmos (roncos e sibilos na ausculta pulmonar), dispneia, edema agudo pulmonar;
Aparelho cardiovascular: hipotensão arterial, bradicardia, bloqueio AV;
Aparelho urinário: incontinência urinária.
Efeitos nicotínicos:
Fibras pré-ganglionares do Sistema Nervoso Autônomo: taquicardia, hipertensão arterial, palidez cutânea;
Junção neuromuscular na placa motora: fasciculações, câimbras, fraqueza muscular, arreflexia.
Efeitos colinérgicos no SNC:
Ansiedade;
Cefaleia;
Tremores;
Depressão do centro respiratório;
Convulsões;
Coma.
Síndrome intermediária:
Surge 2 a 4 dias após o início dos sinais nicotínicos e muscarínicos;
Mais comum nas intoxicações por organofosforado muito lipossolúvel (fenthion);
Ocorre em 5 a 10% dos casos de intoxicação por inibidores da acetilcolinesterase;
Fisiopatologia ainda não está bem esclarecida;
Não há correlação entre a sintomatologia e a atividade da acetilcolinesterase;
Caracterizada por: paralisia da musculatura proximal dos membros, da musculatura flexora do pescoço e da musculatura respiratória.
Neuropatia periférica tardia:
Ocorre entre 2 a 3 semanas após a intoxicação aguda;
Mais frequente em indivíduos expostos cronicamente aos organofosforados dos grupos fosfatos, fosfonatos e fosfomidatos;
Parece estar relacionado à degeneração axonal causada pela inativação da esterase neurotóxica;
Eletroneuromiografia mostra padrão de denervação parcial;
A degeneração axonal pode ter recuperação lenta e às vezes parcial;
Caracterizada por: dores musculares, fraqueza progressiva, que se inicia nos membros inferiores, associada à perda de sensibilidade e à diminuição de reflexos tendinosos e paralisia flácida de músculos distais.
Principais agentes de síndrome colinérgica:
Organofosforados (diazinon, clopirifos, malation, paration, metamidofós, forato etc e gases neurais - arma química, tais como, sarin, soman, tabun, VX)
Nicotina
Cogumelo (Boletus sp., Citocybe socybe sp.)
Carbamatos (aldicarb, carborfuram, carbossulfam, carbanil, propoxur)
Fisiopatologia da síndrome colinérgica:
Mecanismo de ação: Agem inibindo a enzima acetilcolinesterase (Achase), que cataliza a hidrólise da acetilcolina nas sinapses dos sistemas nervosos central e autônomo e na junção neuromuscular, resultando no aumento da acetilcolina nas sinapses dos receptores muscarínicos e nicotínicos.A inibição é irreversível para os organofosforados (mais grave) e reversível para os carbamatos (ação mais curta).
Tratamento síndrome colinérgica:
Suporte avançado para manutenção da vida:
- Manutenção da permeabilidade das vias aéreas;
- Oxigenoterapia e suporte ventilatório, se necessário;
- Nos casos de síndrome intermediária, a ventilação mecânica prolongada pode ser necessária por algumas semanas. É importante evitar o uso de succinilcolina durante a intubação;
- Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos;
- Tratar hipotensão: ressuscitação volêmica com cristaloides;
- Se possível, monitorização cardíaca e dosagem periódica de painel cardíaco, conforme a gravidade do caso;
- Convulsões: benzodiazepínicos (ex: diazepam).
Antídotos
*Atropina: Antagonista competitivo dos receptores muscarínicos da acetilcolina; Não atua nos receptores nicotínicos, portanto, a miofasciculação não é parâmetro para atropinização; Deve ser iniciada o mais precocemente possível na presença de sintomatologia muscarínica (broncoespasmo, broncorreia, bradicardia); Importante: a presença de taquicardia e hipertensão não contraindicam a atropinização, pois podem ser decorrentes da hipoxemia causada pelo broncoespasmo/broncorreia e/ou dos efeitos nicotínicos tardios da intoxicação.
Doses para atropina: Adulto: 1-2 mg, EV, repetidas de 10/10 minutos ou 15/15 minutos; Crianças: 0,015 a 0,05 mg/kg dose repetidas de 10/10 minutos ou 15/15 minutos;Critérios para o espaçamento das doses de atropina (30/30 min; 60/60 min; 2/2 h): o objetivo é atropinizar o paciente, e não intoxicá-lo com atropina.
Lavagem gástrica: indicada em até 1 hora da ingestão. Nos casos de ingestão na formulação em granulados, pode ser realizada até 4 horas após a ingestão;Carvão ativado: maior eficácia em até 1 hora após a ingestão.Dose em adulto: 50 g dissolvido em 250 ml de água ou soro fisiológico, por sonda nasogástrica, mantendo a mesma fechada;Dose em crianças: 0,5 a 1 g/Kg (máximo de 50 g) dissolvido em água ou soro fisiológico na proporção de 5 mL/g, por sonda nasogástrica, mantendo a mesma fechada. Pode ser administrado por via oral, se o paciente estiver alerta e cooperativo. Neste caso, pode ser dissolvido em suco de laranja para melhorar a palatabilidade.
Medicamentos contraindicados: Morfina, barbitúricos, reserpina, fenotiazínicos, aminofilina, teofilina, insulina (para tratar a hiperglicemia transitória).
Sinais de regressão da sintomatologia muscarínica:
secura da boca, ausculta pulmonar normal (regressão do broncoespasmo e da broncorreia)
Sinais de atropinização e de intoxicação por atropina:
Sinais de atropinização: boca seca, rubor facial e midríase;Sinais de intoxicação atropínica: boca seca, rubor facial, midríase, taquicardia, agitação psicomotora, alucinações, hipertermia;
Principais agentes de síndrome hipnótico-sedativa/narcótica:
- Barbitúricos (Agentes hipnóticos, sedativos para a indução de anestesia e para tratamento da epilepsia e do status epilepticus.)
Classificação: São divididos em quatro grupos principais, de acordo com sua farmacocinética e uso clínico: Ação ultracurta: tiopental; Ação curta: pentobarbital, secobarbital; Ação intermediária: amobarbital, aprobarbital, butabarbital; Ação longa: fenobarbital, primidona. - Benzodiazepínicos (Ação ultracurta: midazolam, temazepam, triazolam; Ação curta: alprazolam, lorazepam, oxazepam; Ação prolongada: diazepam, clordiazepóxido, clonazepam.)
- Opioides: Como medicamento (analgésico e antitussígeno): morfina, codeína, meperidina, metadona, pentazocina, propoxifeno, oxicodona, tramadol, fentanil e alfentanil; Droga de abuso (semissintético): heroína.