Vômito e diarreia no lactente Flashcards
Principais causas de vômitos no lactente e como distinguir clinicamente
- Infecioso: início súbito
- EHP: pós prandial precoce ou tardio, em jato, leite digerido
- Estenose esofágica: vômito alimentares no pós-prandial
- Vômitos biliares: obstrução alta
- Vômitos incoercíveis: distúrbios hidroeletrolíticos ou HIC (atentar para história de trauma)
- Vômito hemático: ingestão de sangue no parto ou doença hemorrágica do RN
- Vômitos mucosos: infecção respiratória
- Alergia/intolerância alimentar: glúten, leite de vaca, ovos, chocolate, peixes
- Ingestão medicamentosa
Sugestão de etiologia infecciosa conforme quadro clínico
(1) Dor intensa, muito vômito, volume das fezes, associação com sinais de gripe –> pensar em vírus
(2) Diarreia invasiva: se não está no mecanismo secretor, haverá sangue e pus nas fezes, tenesmo, dor abdominal e febre alta;
(3) Mecanismo toxigênico: febre baixa, mas com grande perda de líquido nas fezes [cólera –> perda de 10-20 litros];
(4) Yersinia: dor abdominal muito intensa e artrite;
(5) Campylobacter: dor abdominal que simula apendicite;
Exames laboratoriais em diarreias aguda infeciosas complicadas
(1) EPF com pesquisa de piócitos e vírus + MIF {Merthiolate-Iodo-Formol}, para preservar a forma de cisto
(2) Coprocultura
(3) Pesquisa de antígenos virais nas fezes
(4) Hemograma/PCR
(5) Ionograma (em desidratados)
História clínica da diarreia não infecciosa por alergia alimentar
(1) Criança mamou até os 6 meses;
(2) Introdução de novo leite –> infecção, sem febre, sem sangue ou pus;
(3) Diarreia que se prolonga, podendo começar como aguda, mas cronificando depois
Principal medida diagnóstica para diarreia aguda por alergia alimentar
TESTE DO DESENCADEAMENTO: suspeita de alergia à proteína do leite –> retira a proteína –> deixa a criança por 2-4 semanas e faz a reintrodução –> se tiver sintomas da alergia alimentar –> Diagnóstico confirmado
Tratamento geral das diarreias infecciosas
(1) Dieta:
a) Constipante
b) Aumento da oferta de líquidos (pausa 1h após vômitos);
c) Manter amamentação
d) Jejum durante reversão da desidratação
(2) Hidratação [principal tratamento]
(Sem desidratação): hidratação oral em casa
(Desidratação): hidratação oral em unidade de saúde ou hospital
(Alterações hemodinâmicas): hidratação endovenosa
Valores do soro de hidratação oral
(1) Ataque: 50ml/kg/4h lento
(2) Manutenção (próximas 4h)
a) 100 mL/kg/dia pelos primeiros 10 kg de peso (0-10 kg)
b) 50 mL/kg/dia pelos seguintes 10 kg de peso (10-20 kg)
c) 20 mL/kg/dia pelos restantes (> 20 kg)
Tratamento medicamentoso/suplementar das diarreias bacterianas
(1) Antieméticos –> Ondansetrona 0,1mg/kg (Vonau), se vômitos frequentes
(2) Antidiarreicos –> Racecadotrila (Tiorfan) 1,5mg/kg 3x/d até cessar diarreia (não usar em <3m ou diarreia invasiva)
(3) Antibióticos:
a) Ciprofloxacino 15mg/kg VO, 12/12h por 3d (1º opção)
b) Azitromicina, 10 a 12mg/kg no 1ºd e 5 a 6mg/kg por mais 4d VO (2º opção)
c) < 3 meses e quadros graves = Internação e Ceftriaxona, 50-100mg/kg/d EV por 2-5d
(4) Probióticos: Saccharomyces boulardii 250-750mg/d (Floratil) por 5-7d
(5) Zinco [indicado principalmente para crianças desnutridas]
a) 10mg para <6 meses e 20mg para >6 meses, Iniciar após 4h de hidratação e mantendo por 10-14 dias
Antiparasitários usados
(1) Giardia ou Ameba: metronidazol ou secnidazol;
(2) Helmintos: albendazol, metronidazol;
Indicações absolutas para o uso de ATB
(1) Diarreia com sangue nas fezes (disenteria)
(2) Cólera
(3) Infecção aguda comprovada por Giardia lamblia ou Entamoeba hystolitica
(5) Imunossuprimidos
(6) Anemia falciforme
(7) Portadores de prótese
(8) Crianças com sinais de disseminação bacteriana
Extraintestinal
Tratamento da APLV
(1) Fórmulas especiais para APLV
a) Fórmula com proteínas extensamente hidrolisadas com/sem lactose [usar com lactose se a diarreia não for grave];
b) Fórmulas à base de aminoácidos [casos mais graves];
(2) Retirar da dieta o alimento suspeito
Critérios de internação
(1) DA grave
(2) RN menor que 3 meses
(3) Presença de sangue nas fezes após 48 horas do início do tratamento
Medidas higienossanitárias que devem ser informadas aos cuidadores para cuidado com a criança
- Lavar as mãos frequentemente com água corrente
- Não partilhar toalhas da criança
- Não ir à creche até 48h após cessar vômitos e/ou a diarreia
- Não fazer natação ou usar piscinas durante duas semanas após a última dejecção diarreica