Síndromes Eméticas Flashcards
O que é a regurgitação?
São movimentos de eliminação do conteúdo gástrico para o esôfago e boca sem associação com esforço (passivo).
Por que ocorre a regurgitação de forma tão frequente nos neonatos?
Por um amadurecimento incompleto do EEI. Frequentemente se resolve com o tempo conforme há o amadurecimento do TGI.
O que são os vômitos?
Apesar de também serem movimentos de expulsão do conteúdo gástrico pela boca, são resultantes de um reflexo coordenado de hipersalivação, ânsia de vômito involuntária, abaixamento violento do diafragma e contração dos mm. abdominais. Tudo isso é coordenado pelo centro do vômito. OU SEJA, há esforço e algum estresse (diferentemente de regurgitação).
O que é o refluxo gastroesofágico (RGE)?
É o retorno PASSIVO do conteúdo gástrico para dentro do esôfago, sendo fisiológico e não está associado a qualquer doença ou consequência clínica.
Como o RGE se manifesta?
Nos adultos geralmente é assintomático, enquanto que nos RNs e lactentes tende a ser mais sintomático, manifestando-se como a regurgitação.
Qual a fisiopatologia do RGE?
Ocorre por uma competência deficitária do EEI, permitindo o refluxo do conteúdo gástrico, levando algumas semanas para alcançar a pressão do adulto. Isso ocorre por menor massa muscular no esôfago, pequeno comprimento do esôfago abdominal e deficiência no clareamento esofágico (efeito gravitacional perdido, peristaltismo imaturo e produção de saliva baixa).
Qual o QC do RGE?
Lactente saudável, com estado nutricional preservado, que apresenta refluxo (regurgitação) que tende a melhorar a partir do 2° semestre de vida, obedecendo ao progressivo amadurecimento dos mecanismos antirrefluxo com o passar da idade.
Quais os critérios dx do RGE?
São os critérios de ROMA IV: presença de ambos os critérios para lactentes de 3-12m de vida: 1. Regurgitações ≥ 2x/dia por ≥3s. 2. Ausência de vômitos, hematêmese, aspiração, apneia, déficit ponderoestatural ou dificuldade de alimentação/deglutição.
Qual o prognóstico do RGE?
90% já se revertou com 12m de vida, porém uma minoria pode evoluir para a DRGE por mecanismos ainda não compreendidos.
Qual o tto do RGE?
Tranquilização dos pais (transitoriedade do quadro, ausência de complicações), decúbito lateral esquerdo, supina para dormir (evitar a posição prona), refeições fracionadas em pequenos volumes e com alimentos engrossados.
O que é a DRGE?
É o refluxo do conteúdo gástrico para dentro do esôfago (assim como o RGE), porém de maneira mais frequente e persistente, havendo consequências prejudiciais ao organismo (esofagite e sintomas respiratórios).
Qual a fisiopatologia da DRGE?
Ocorre pelo desequilíbrio entre os fatores de proteção da mucosa (barreiras antirrefluxo, clareamento esofágico) e fatores que a lesam (características do material refluido, volume e duração do contato com a mucosa).
Quais são as barreiras antirrefluxo?
EEI, fatores periesfincterianos (pinçamento diafragmático, incisura cardíaca - ângulo de Hiss -, roseta mucosa, ligamento frenoesofágico).
O que é o clareamento esofágico?
É a capacidade do esôfago em se manter sempre vazio, evitando o contato de substâncias oriundas do estômago com a mucosa esofagiana. Consiste nas ondas peristálticas e na saliva.
Qual o QC da DRGE?
Vômitos diários contínuos ou com alguns períodos de acalmia, podem ficar muito irritadas, pode haver déficit ponderoestatural, pode haver acometimento respiratório se atingir a árvore traqueobrônquica (faringite, laringite, traqueíte, bronquite, pnm - mais frequentes durante o sono), pirose (queimação retroesternal), disfagia, pode haver anemia (sangramento crônico de pequena monta). Pode haver ruminação e sd da morte súbita do lactente.
Qual um importante ddx da DRGE e como diferenciar?
A alergia alimentar, pois também cursa com quadro de vômitos. No entanto, na alergia alimentar, haverá resposta ruim às medidas antirrefluxo e medicamentos, alergia respiratória, eczema, colite, constipação e/ou história de alergia alimentar na família.
Quais as complicações da DRGE?
Esofagite de refluxo (pela acidez gástrica, pepsina e sais biliares, promovendo inflamação da mucosa e prejuízo na peristalse, gerando um ciclo vicioso), úlceras, estenose esofágica, hx, aspiração pulmonar, esôfago de Barret (metaplasia intestinal).
Comente sobre a estenose esofágica por DRGE.
É uma complicação rara porém mais grave da doença, ocorrendo após anos de DRGE. Há disfagia e odinofagia progressivas (pela consistência do alimento).
Como é feito o dx de DRGE?
É clínico, podendo até mesmo ser feita uma prova terapêutica com IBPs. Outros exames são a pHmetria, endoscopia com bx, radiografia contrastada.
Como tratar a DRGE?
Além de medidas dietéticas e posturais, o tratamento farmacológico é necessário:
- Procinéticos: aumentam a pressão do EEI e aceleram o esvaziamento gástrico (metoclopramida, bromoprida, domperidona - este não promove efeitos extrapiramidais por não atravessar a BHE).
- Redutores da acidez gástrica: antagonistas H2 (ranitidina, famotidina) e IBPs (pref - prazois).
Quando o tto cirúrgico da DRGE está indicado e qual é ele?
A cirurgia é a fundoplicatura, sendo realizada em casos refratários ao tratamento medicamentoso em que há graves complicações esofagianas, respiratórias e nutricionais.
O que é a estenose hipertrófica do piloro (EHP)?
É uma hipertrofia desproporcional do piloro, impedindo o esvaziamento gástrico adequado.
Qual a epidemiologia da EHP?
1-3/1000 NV, meninos, sangue B e O. Pode estar associado a outras malformações, como FTE (fístula traqueoesofágica), hipoplasia do frênulo labial inferior, trissomia do 18.
Qual a etiologia da EHP?
Não são completamente conhecidas. Suspeita-se de envolvimento de inervação, prostaglandinas, gastrina e óxido nítrico.
Quando se inicia o quadro da EHP?
Geralmente após as 3 primeiras semanas de vida, porém pode aparecer já na primeira bem como apenas após o 5° mês de vida.
Qual o QC da EHP?
Vômitos pós-alimentares que pioram progressivamente, NÃO BILIOSOS (a obstrução é proximal à ampola de Vater) e as consequências metabólicas dos vômitos: alcalose metabólica hipoclorêmica, hipocalemia, desidratação, perda de peso, desnutrição.
EF: pode-se palpar massa móvel de cerca de 2 cm à direita da região epigástrica ao lado da borda hepática. Pode-se visualizar as ondas de peristalse do estômago tentando vencer a EHP.
Como pode ser feito o dx de EHP?
Na maioria das vezes é clínico, porém alguns casos podem necessitar de exames complementares, como a USG de abdome e a radiografia contrastada (alongamento do canal pilórico, saliência da musculatura dentro do antro - sinal do ombro).
Quais os ddx da EHP e como diferenciar?
DRGE com hérnia hiatal: radiografia contrastada.
HCSR: acidose metabólica, hiponatremia, hipoglicemia.
Erros inatos do metabolismo.
GECA: diarreia (é raro na EHP).
Qual o tto da EHP?
Correção dos DHE e AB e pilorotomia a Ramstedt (pilorotomia + pilororafia perpendicular ao eixo do piloro).
O que é a sd dos vômitos cíclicos (SVC)?
São episódios recorrentes de vômitos por horas ou dias intercalados por períodos assintomáticos.
Qual a etiologia da SVC?
Possível associação com enxaqueca, desordens mitocondriais e do SNA.
Qual o QC da SVC?
Pode se iniciar em qualquer idade (p - 2-5a), havendo crises de vômitos que duram cerca de 2-3 dias com 4 ou mais crises por hora. Pródromos podem estar presentes (náuseas, sudorese, palidez, foto e fonofobia) e fatores precipitantes (estresse físico/psicológico, infecção). Além disso, poderão estar presentes as complicações dos vômitos (DHE e AB, Mallory-Weiss).
Como é o tto da SVC?
Crise aguda: hidratação, anti-eméticos (ondansetrona) e agonistas serotoninérgicos (sumatriptan).
Prevenção: fenobarbital, eritromicina, propanolol, amitriptilina.