IVAS Flashcards
Qual a desordem infecciosa mais comum da infância?
A nasofaringite (ou rinofaringite/rinosinusite) viral (resfriado comum). É uma condição benigna e autolimitada.
O que é o resfriado comum?
É uma infecção viral que promove inflamação da mucosa do nariz, nasofaringe e seios paranasais.
Qual a importância de morbidade do resfriado comum?
É um grande facilitador de infecções bacterianas secundárias, podendo complicar com OMA e sinusite. *NÃO complica com faringite bacteriana.
Qual a diferença entre o resfriado e a gripe?
Gripe é uma doença sistêmica epidêmica causada pelo vírus INFLUENZA, caracterizado clinicamente por febre alta, mialgias e prostração. Já o resfriado apresenta manifestações mais restritas às VAS.
Qual a epidemiologia do resfriado comum?
Ocorrem cerca de 6-8 episódios por ano em crianças, declinando após os 3a de vida.
*A criança que convive com muitas crianças pode chegar até 10-12x/ano de resfriado comum.
Quais os agentes etiológicos da nasofaringite viral e qual o principal?
Rinovírus (p - > 50%), coronavírus, metapneumovírus e VSR. Outros (incomuns): influenza, parainfluenza, adenovírus, enterovírus e bocavírus.
Como ocorre a transmissão dos vírus do resfriado comum?
A principal forma é através do contato direto (fômites), mas também pode ocorrer pela forma inalatória.
Qual a patogenia do resfriado comum?
Ocorre a invasão pelo vírus nas células colunares ciliadas das VAS, promovendo inflamação local, tornando a mucosa congesta por vasodilatação e aumento na produção de muco. Há o recrutamento de PMN para o local, explicando a coriza purulenta mesmo sem bactéria.
Qual o QC do resfriado comum?
Inicia-se com sensação de “garganta arranhando” que dura até 3 dias, evoluindo com espirros, rinorreia e obstrução nasal (estes 2 estão sempre presentes, definindo a síndrome). A coriza evolui de clara para purulenta, não significando bactéria, mas sim debris celulares + PMN. Alguns vírus (VSR, influenza e adenovírus) podem promover manifestações sistêmicas de mialgia e prostração. Pode haver tosse pelo gotejamento pós-nasal (é predominantemente noturna!!!). A febre geralmente está presente e é alta (39°). Tem duração média de 1 semana.
*Ao EF: podem haver roncos (indicam grande quantidade de secreção nas VAS - a tosse mobiliza o local de ausculta dos roncos).
Qual a principal complicação do resfriado comum? O que me faz suspeitar do quadro?
A OMA. Essas crianças apresentam mudança na gravidade do quadro, passando a ter febre alta, irritabilidade e dor no ouvido. *Complicações menos comuns: pnm e sinusite.
Qual doença pode ser agravada pelo resfriado comum?
A crise de asma brônquica, podendo ser deflagrada ou agravada pelo resfriado comum.
Como é feito o dx da nasofaringite viral?
CLÍNICO.
Quais os ddx do resfriado comum e como diferenciá-los?
RA: espirros em salvas e prurido ao contato com algum alérgeno. CE: unilateral e secreção fétida, podendo ser sanguinolenta. Sinusite: quadro mais intenso e grave (cefaleia, edema periorbitário, rinorreia ou tosse > 14d). Coqueluche: tosse proeminente e persistente. Sífilis congênita: rinorreia serossanguinolenta.
Qual o tto do resfriado comum?
Sintomáticos: antitérmicos (se Tax > 38° - acetaminofen e dipirona; 1 gt/kg/dose 6/6 e 0,5 gt/kg/dose 6/6, respectivamente), lavagem nasal com salina isotônica e orientação para sinais de gravidade.
Devo usar AAS nas IVAS?
Não é recomendado pela associação com a sd de Reye em infecções causadas pelo vírus influenza (ou varicela).
Comente sobre a sd de Reye.
É uma disfunção hepática grave com encefalopatia. Apresenta letalidade elevada.
Devo usar anti-histamínicos e descongestionantes nasais tópicos nas IVAS?
Não, o MS não recomenda o uso dessas medicações para < 2 anos.
Como evitar o resfriado comum?
Lavagem das mãos.
Quais os agentes etiológicos das faringoamigdalites?
Os vírus (p) e as bactérias. A etiologia bacteriana é rara em < 3 anos.
A remoção das amígdalas afeta a suscebilidade à faringoamigdalite?
Não, pois não afeta a aquisição da doença, o curso clínico ou a chance de complicações.
Quais os principais vírus envolvidos na faringoamigdalite?
Adeno, corona, entero, rino, VSR, EBV e HSV (herpes simples).
Quais as principais bactérias envolvidas na faringoamigdalite?
S. pyogenes - beta hemolítico do grupo A de Lancefield - é a principal. Em adolescentes sexualmente ativos e vítimas de abuso sexual, pode haver faringoamigdalite por gonococo. Outra bactéria envolvida é a difteria.
Quais as formas clínicas clássicas das faringoamigdalites? Explique.
- Eritematosas: hiperemia e congestão da tonsila. Principal etiologia é viral. 2. Eritematopultáceas: hiperemia e edema + exsudato amarelado não aderente em criptas e tonsilas. Os principais são EBV e S. pyogenes. 3. Pseudomembranosas: placas esbranquiçadas que aderem às tonsilas. O agente é a difteria. A tentativa de retirar causa sangramento. 4. Ulcerosas: superficial ou profundas (angina de Plaut-Vincent - ulceração profunda unilateral e de odor fétido -, TB, sífilis, IMSP). 5. Sd Lemierre: tromboflebite da veia jugular interna com êmbolos pulmonares sépticos (infiltrados pulmonares e hipóxia). *Essas formas não são estritas.
Como é o QC da faringoamigdalite associada ao resfriado comum?
A faringite geralmente não está associada a dor intensa e odinofagia. Há dor de garganta (“coçando/arranhando”), corrimento nasal, tosse, mal-estar, anorexia e febre. Ou seja, um quadro de nasofaringite + sistêmico. Há eritema e edema da faringe, podendo conter exsudato. Pode haver poliadenopatia. Não dura mais que 5 dias.
Como é o QC da faringoamigdalite por adenovírus?
É uma faringite com a presença de conjuntivite associada ao quadro sugere muito adenovírus (é a febre faringoconjuntival).
Como é o QC da faringoamigdalite associada ao coxsackie A?
Origina uma forma incomum de faringite, a herpangina, em que há pequenas vesículas no palato mole, úvula e pilares amigdalianos anteriores, que se rompem e geram úlceras esbranquiçadas. Há febre, dor de garganta e disfagia. Pode haver dor abdominal (indistinguível de AA), sd mão-pé-boca e pode evoluir com miocardite.
Como é o QC da faringoamigdalite associada ao EBV?
Amigdalite exsudativa (50%), febre, linfadenopatia generalizada e esplenomegalia. Caso haja adm de ampicilina, evoluirá com um rash típico. O quadro pode permanecer por até 15d.
Qual o QC da faringite estreptocócica?
O quadro se inicia com queixas inespecíficas (cefaleia, dor abdominal, mal-estar), podendo haver anorexia, vômitos e febrão (40°), evoluindo com dor de garganta com a presença de exsudato amarelo-acinzentado (pode estar ausente). Há linfadenomegalia cervical anterior ou submandibular única dolorosa. O EF que sugere o quadro é hiperemia de amigdalas com ou sem exsudato, associada a petéquias em palato mole (reforça a etiologia bacteriana, apesar de poder ocorrer na viral). Evolui com melhora em 4-5 dias independentemente do ATB.
*É mais comum em 5-15 anos.
**NÃO TEM TOSSE OU CATARRO!!!
Qual a epidemiologia da faringite estreptocócica?
A idade típica é entre 5-15 anos, sendo raro em < 3 anos.
Quais as possíveis complicações da faringite estreptocócica?
Abcessos peritonsilates (amigdalite + disfagia + sialorreia = marcador de disfagia grave; trismo por espasmo do pterigoide, abaulamento periamigdaliano e rechaço da úvula) e na parede lateral da faringe (p), GNPE, febre reumática, escarlatina, sd do choque tóxico (cepa específica).
Qual o primeiro passo no dx de faringite aguda? Como fazer isso?
Diferenciar entre infecção viral e bacteriana, que é difícil apenas pelo QC. A cultura por swab de orofaringe é o padrão-ouro para dx de S. pyogenes (mais sensível). Outras opções são: teste rápido para antígenos (alta especificidade), ASLO (> 330 Todd).
*Peço os exames complementares quando estou na dúvida entre viral e bacteriana.
**Caso TR negativo, estou autorizado a fazer cultura e aguardar o resultado antes de entrar com ATB desde que ainda esteja na janela para febre reumática.
Comente sobre os exames laboratoriais na diferenciação entre faringite viral e bacteriana.
O leucograma não é de grande ajuda (pouco específico).
Qual o tto da faringite estreptocócica e qual a sua importância?
O tratamento é com penicilina benzatina (benzetacil dose única), podendo recorrer à amoxicilina e a ampicilina por 10 dias, eritromicina e azitro caso alergia às penicilinas. É importante para prevenir a ocorrência das complicações supurativas e da febre reumática (se iniciado em até 9 dias do quadro). O uso do ATB não reduz a incidência de GNPE, porém deve ser feito para erradicar a cepa nefritogênica.
Qual a evolução esperada da faringite estreptocócica com o uso do ATB?
A defervescência ocorre em até 24h.
Quais as indicações de tonsilectomia?
Crianças que fazem faringotonsilites de repetição (> 7 episódios no último ano e > 5 episódios/ano nos últimos 2 anos).
Qual a fisiopatologia e o QC do abcesso retrofaríngeo como complicação de faringite estreptocócica?
É uma complicação que ocorre predominantemente em crianças entre 3-4 anos de idade, pois nessa faixa etária o tecido linfoide no espaço retrofaríngeo (espaço entre a parede posterior da faringe e a fáscia pré-vertebral) é rico, recebendo a drenagem da cavidade oral, faringe e fossas nasais, favorecendo a contaminação da região por uma bactéria e a formação do abcesso. Após os 5a, esse tecido linfoide involui e a complicação torna-se mais rara. O QC é de febre, irritabilidade, dificuldade de engolir, sialorreia, rigidez e dor à mobilização de pescoço. Pode haver voz abafada, estridor e dificuldade respiratória.