CAD Flashcards

1
Q

A CAD é resultado do que?

A

Da grave deficiência de insulina e do aumento dos níveis dos hormônios contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e GH), que são hiperglicemiantes.

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2
Q

Qual o resultado da CAD para o organismo?

A

Hiperglicemia, hiperosmolaridade, desidratação (primeiramente intracelular e depois extracelular), distúrbios eletrolíticos, acidose metabólica e cetose.

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3
Q

Por que ocorre a hiperglicemia?

A

A insulinopenia promove diminuição da captação periférica de glicose, promovendo a hiperglicemia, que é agravada pelos hormônios contrarreguladores. Esses fatores promovem um estado catabólico no organismo, aumetnando ainda mais liberação de glicose para a corrente sanguínea.

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4
Q

Por que há hiperosmolaridade na CAD?

A

Pela fórmula da osmolaridade plasmática (OsM = 2x (Na + K) + glicemia), é evidente o motivo da hiperosmolaridade em casos de hiperglicemia, como ocorre na CAD.

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5
Q

Qual a consequência da hiperosmolaridade para o organismo?

A

Movimento de água livre do interior das células para o meio extracelular, promovendo DESIDRATAÇÃO INTRACELULAR.

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6
Q

Explique a desidratação na CAD.

A

Quando a glicemia atinge níveis superiores à 180 mg/dl, há diurese osmótica, induzindo grande perda de volume plasmático e eletrólitos -> é essa diurese a grande resposável pela desidratação na CAD.

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7
Q

Como está a natremia na CAD?

A

Inicialmente, há uma hiponatremia dilucional, pois a hiperosmolaridade promove passagem de água livre para o MEC, diluindo o sódio plasmático. Existe uma fórmula para calcular a real concentração do sódio plasmático.

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8
Q

Como está a calemia na CAD?

A

Para compensar a acidose metabólica da CAD, há atividade do trocador H+/K+, havendo liberação de K+ para o MEC, promovendo hipercalemia. No entando, a diurese osmótica promove perda de potássio. Por tanto, o potássio pode estar elevado, normal ou reduzido.
O K+ também pode ser perdido por vômitos (mais intensos conforme pior a acidose).

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9
Q

Qual cuidado deve-se ter em relação ao potássio na correção da CAD?

A

Após correção da acidose metabólica, as células irão liberar H+ para o MEC e captar o K+ perdido, podendo haver uma hipocalemia significativa.

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10
Q

Explique a origem da cetoacidose.

A

A liberação dos hormônios contrarreguladores da insulina promovem aumento da lipólise, resultando em aumento de AG livres, que são encaminhados para oxidação -> convertidos em Acetil-CoA. Em situações normais, esse acetil irá para a oxidação aeróbica, sendo que uma pequena parcela irá formar corpos cetônicos. Porém, na CAD, a produção de Acetil-CoA é tão intensa pela lipólise aumentada que o acetil-coa forma acetoacetato, que dá oreigem ao beta-hidroxibutirato e acetona.

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11
Q

Qual o destino dos corpos cetônicos formados na CAD pelo excesso de acetil-coa?

A

Como a produção deles ultrapassa a capacidade de uso dos tecidos, é estabelecida a cetose, na qual há elevada concentração desses corpos no plasma e urina. A acetona é volatilizada e eliminada pelos pulmões (hálito cetônico), porém o beta-hidroxibutirato é o responsável pela acidose metabólica que se estabelece.

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12
Q

O que ocorre com o beta-hidroxibutirato após tto da CAD? No que isso implica no seguimento do tto?

A

Esse corpo cetônico é transformado em acetoacetato. Implica que os testes de cetonemia medem os níveis de acetoacetato, fazendo com que esses testes permaneçam positivos mesmo em uma resposta adequada ao tto, pois o beta-hidroxibutirato está sendo convertido nessa molécula. Portanto, esse exame não deve ser usado como seguimento do tto.

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13
Q

Qual exame posso utilizar para avaliar resposta ao tto da CAD?

A

Pode-se utilizar o ânion-gap, que é um indicador indireto dos níveis de corpos cetônicos, pois a diminuição do ânion-gap significa redução de corpos cetônicos.

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14
Q

Quais as principais manifestações clínicas da CAD em menores de 2 anos? Por que isso é importante?

A

Sintomas discretos de perda de peso, poliúria e polidipsia (a mãe pode relatar a presença de formigas nas fraldas). É importante pois depende da percepção da mãe, sendo que nessa faixa etária há muito atraso de diagnóstico, estando mais suscetíveis ao desenvolvimento da CAD.

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15
Q

Qual a principal causa de CAD em pctes pediátricos previamente dx com DM1?

A

Omissão de doses de insulina ou aplicação de doses insuficientes. Ocorre em famílias que estão em fase de negação da doença.

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16
Q

Quais os fatores precipitantes da CAD?

A

Infecções, traumas e estresse.

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17
Q

Qual a relevância das infecções como predisponente de CAD e quais as principais infecções associadas?

A

30-40% dos casos de CAD ocorrem por infecções, sendo as principais: pnm, ITU e infecção do TGI.

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18
Q

Por que ocorre CAD após infecção, trauma ou estresse?

A

Pois há maior liberação dos hormônios contrarreguladores da insulina, promovendo um estado hiperglicêmico em pcte que já não tinha um controle bom da glicemia.

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19
Q

Qual o QC da CAD?

A

Polidipsia, poliúria, perda de peso e graus variados de desidratação, taquipneia.

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20
Q

Por que ocorre hiponatremia na CAD?

A

Primeiramente por efeito dilucional, mas também pela perda de sódio e outros eletrólitos pela diurese osmótica.

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21
Q

Por que a hiponatremia deve ser prontamente corrigida?

A

Pois a hiponatremia é a responsável pela complicação mais temida da CAD, o edema cerebral.

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22
Q

Quais os sinais de desidratação?

A

Boca seca, extremidades frias, pulsos periféricos finos, taquicardia, hipotensão, alteração do TEC, ausência de lágrimas, fontanela rebaixada, sonolência, olhos fundos e confusão mental.

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23
Q

Por que pode ocorrer dor abdominal na CAD? Explique a importância desse achado.

A

Pode ocorrer esse sintoma pelos distúrbios hidroeletrolíticos. Essa dor, se houver irritação peritoneal, pode mimetizar um quadro de abdome agudo infeccioso.

24
Q

Por que ocorre taquipneia na CAD?

A

Na tentativa de compensar a acidose metabólica, o organismo aumenta a FR para elimitar CO2 e manter o pH próximo do normal.

25
Q

Qual outra alteração respiratória pode estar presente?

A

Ritmo de Kussmaul.

26
Q

Quais as complicações da CAD?

A

Edema cerebral, fenômenos trombóticos, arritmias cardíacas (2ária à hipocalemia) e hipoglicemia.

27
Q

Quais as manifestações de edema cerebral?

A

Início súbito, após instalação do tto (pode ocorrer também antes do tto), de: cefaleia, HAS + bradicardia, vômitos, desorientação, rebaixamento do NC, letargia, convulsões, …

28
Q

Qual a complicação MAIS COMUM na CAD? Explique.

A

Hipoglicemia. Ocorre por falha no tto (excesso de insulina com reposição insuficiente de glicose).

29
Q

Qual nível de glicose é o alerta para eu intervir?

A

70.

30
Q

Como está a glicemia no paciente em CAD?

A

Sempre acima de 200 mg/dl.

31
Q

Como está o sódio e o potássio na CAD?

A

Sódio total estará SEMPRE reduzido pela perda urinária, mas o sérico pode estar normal, elevado (perda de água superior à perda de Na pela urina) ou diminuído (77% dos casos).
Potássio pode estar normal, elevado ou reduzido.

32
Q

Como está a gasometrial venosa na CAD?

A

pH sempre diminuído, bic diminuído, BE reduzido.

33
Q

Como está a osmolaridade na CAD?

A

SEMPRE aumentada.

34
Q

Como está o hemograma na CAD?

A

Hematócrito pode estar aumentado pela hemoconcentração da desidratação. Pode haver leucocitose (55%), até mesmo com desvio à esquerda.

35
Q

Como está a cetonemia e a cetonúria na CAD?

A

Ambos estão aumentados, diferenciando entre CAD e outras causas de hiperglicemia associada à acidose.

36
Q

Quando eu considero resolução da CAD?

A

pH > 7,3, bic > 15 mmol/L, BOHB < 1 ou normalização do ânion-gap.

37
Q

Por que a glicemia não é critério para resolução da CAD?

A

Pois o pcte geralmente está hiperglicêmico durante a resolução da CAD.

38
Q

Qual a classificação da CAD?

A

Leve: pH < 7,3 ou bic < 15
Moderada: < 7,2 ou < 10
Grave: < 7,1 ou < 5.

39
Q

Como é o tto da CAD?

A

Estabilização (ABC, monitorização), reposição de fluidos e eletrólitos (15-20 ml/kg SF 0,9% em 1-2h), terapia insulínica (infusão contínua de insulina regular sem ser em bolus para evitar hipoglicemia e hipoK), reposição de potássio (no início do tto), iniciar SG 5% quando glicemia < 250 mg/dl.
*Tratamento VIP: volume, insulina (0,14 U/kg/h - bolus 0,1 U/kg; exceto se K < 3,3, sendo que eu reponho K antes, doso K após 1h e vejo se está > 3,3) visando glicemia 50-80 mg/dl, e potássio (repor sempre, exceto se K > 5,2).

40
Q

Quando deve ser iniciada a insulinoterapia na CAD?

A

Após 1-2h do início da reposição de fluidos, pois pode acarretar edema cerebral.

41
Q

Qual medida pode ser adicionada à insulinoterapia no tto da CAD?

A

Com o objetivo de evitar hipoglicemia, pode-se instalar um soro glicosado 5% quando a glicemia atingir 250-300 mg/dl, evitando variações bruscas em seu valor.

42
Q

Como se desenvolve a DM 1 e a DM 2?

A

A DM 1 ocorre por uma insuficiência pancreática na produção de insulina que ocorre por destruição autoimune das células beta-pancreáticas. Já na DM 2, a ação periférica da insulina é prejudicada pelo desenvolvimento de uma resistência celular (RI).

43
Q

Qual a média de idade de abertura da DM 1?

A

Entre 7-15 anos, porém pode ocorrer em qualquer faixa etária.

44
Q

O que influencia no QC da DM 1?

A

A velocidade de destruição das células beta. Isso é importante pois lactentes e crianças pequenas são mais propensas a abrirem o quadro de DM 1 com uma CAD, que é menos frequente abrir o quadro assim em adolescentes.

45
Q

Quais os efeitos da insulina nos principais órgãos efetores?

A

Fígado: aumenta captação da glicose, estimula síntese de glicogênio e aumenta lipogênese.
MEE: aumenta captação de glicose e síntese de glicogênio e síntese de proteínas.
Adiposo: captação de glicose e TGC e aumento da lipogênese.

46
Q

Qual a fisiopatologia da DM 1 causando CAD?

A

A insulina é um hormônio direcionado para a captação de glicose pelas células, especialemente MEE, hepáticas e adiposas. A deficiência de insulina na DM 1 faz com que a glicose permaneça fora das células (no plasma), produzindo hiperglicemia e hiperosmolaridade. Quando os níveis de glicose excedem a capacidade de absorção renal (> 180 mg/dl), há glicosúria e com ela a excreção de água e eletrólitos (poliúria). Consequentemente, a desidratação e hiperosmolaridade estimula a sede (polidipsia). As células periféricas incapazes de usar glicose como fonte de energia passam a estimular a secreção de hormônios contrarreguladores, como o glucagon, epinefrina, GH e cortisol, que irão promover glicogenólise, gliconeogênese, lipólise e síntese de cetoácidos pelo fígado (acetoacetato e beta-hidroxibutirado) a partir de AG livres, que funcionarão como substrato energético para as células. Com os hormônios contrarreguladores, a hiperglicemia piora. Os cetoácidos provocam acidose metabólica e o excesso de CO2 é eliminado pela respiração (hiperventilação - respiração de Kussmaul). O hálito torna-se com odor de frutas pela acetona exalada (hálito cetônico). Ocorre, ainda, cetonúria que piora a desidratação e dores abdominais, vômitos e fraqueza (pelos cetoácidos), promovendo desrregulação hidroeletrolítica, que, junto com a acidose metabólica e falta de glicose neuronal irão promover rebaixamento do NC. A desidratação ainda ativa o SRAA, aumentando a expoliação de K+. Uma ressalva da calemia é que inicialmente ela pode estar normal, pois a espoliação é compensada pela acidose metabólica. Porém uma vez corrigida a CAD, o K+ cai e reflete a hipocalemia. Como a criança perde MUITA glicose pela urina, apesar de uma polifagia que ocorre, há perda de peso, pois perde muita caloria.

47
Q

Por que ocorre a hipocalemia na CAD?

A

Efeito caliurético da aldosterona e pela glicosúria, cetonúria (íon negativo carrega o K+) e a própria poliúria.

48
Q

Qual o QC da CAD?

A

Desidratação (pela perda de água e eletrólitos pela urina e vômitos), ritmo de Kussmaul, alteração no NC, poliúria, polidipsia, perda de peso, taquipneia, dor abdominal, vômitos. Pode haver leucocitose com desvio à esquerda e elevação da amilase.

49
Q

Quais os critérios bioquímicos para CAD?

A

Hiperglicemia (> 200), acidose metabólica (pH < 7,3 OU bic < 15) e cetonemia ou cetonúria (EAS: cetonúria > 3+).

50
Q

Quais as possíveis complicações do tto da CAD?

A

Hipoglicemia, hipocalemia e edema cerebral.

51
Q

Quando o bic pode ser usado no tto da CAD e quais as possíveis complicações do seu uso?

A

Em CAD grave (pH < 6,9 e chocados - baixa contratilidade miocárdica e vasodilatação periférica). Os riscos são: sobrecarga de sódio e risco de edema cerebral.

52
Q

A manutenção da cetonúria na CAD após tratamento é indício de falha terapêutica? Explique.

A

Não, pois com a paulatina resolução da acidose metabólica, o excesso de beta-hidroxibutirato é convertido em acetoacetato, que é eliminado na urina.

53
Q

Como deve ser a reposição de K+ na CAD?

A

Se K+ < 3,3 mEqs/L, acrescentar 40 mEqs/L de K na solução. Se entre 3,3-5,5, acrescentar 20-30 mEqs/L. Se > 5,5, adiar reposição de K+ e coletar novos exames em 2h.

54
Q

Quais cuidados devem ser tomados com o Na no paciente em CAD?

A

Cuidar com a hiponatremia devido à hidratação e à própria condição de desidratação do paciente. Portanto devo dosar o Na após 1h. Se Na < 135, manter SF 0,9%. Se Na ≥ 135, usar NaCl 0,45%.
*Devo fazer o sódio corrigido: aumentar 1,6 de Na para cada 100 de aumento da glicemia.

55
Q

Quando a BIC deve ser desligada na CAD?

A

Só posso tirar a insulina quando o quadro estiver compensado. Eu tenho que ter melhora da ACIDOSE (e não apenas da glicemia) para poder desligar a BIC: pH > 7,3, bic > 15, AG < 12 = eu começo a insulina SC e após 1h eu desligo a BIC.