INTERNATO - Estado de Mal Epiléptico Flashcards

1
Q

O que é o EME convulsivo?

A

Condição resultante da falha dos mecanismos responsáveis ​​pelo término das convulsões ou do início de mecanismos que levam a convulsões anormalmente prolongadas (após 5 minutos) ou uma condição que pode ter consequências de longo prazo (após 30 minutos), incluindo morte neuronal, lesão neuronal e alteração das redes neuronais, dependendo do tipo e duração das crises.

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2
Q

Por que a definição de EME usa o tempo de 30 minutos? E por que eu já devo intervir com 5 minutos?

A

Pois é o tempo necessário para demonstrar lesão neuronal em modelos animais. Eu já devo intervir com 5 minutos pois já foi comprovado que uma crise que dure mais que 5 minutos apresenta enormes chances de durar mais que 30 minutos, além de que o atraso ao tto está relacionado ao atraso na resposta ao tto.

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3
Q

O que é o EME refratário?

A

São as convulsões clínicas ou eletroencefalográficas que persistem após adequada dose inicial de BZD e fármacos de 2a linha aceitáveis.

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4
Q

Qual a epidemiologia do EME e qual a sua prevalência em crianças com epilepsia?

A

Pode ser uma complicação aguda de doença (ex: encefalite) ou ocorrer como manifestação de epilepsia. A maior parte ocorre no 1° ano de vida.

Cerca de 10-20% das crianças com epilepsia terão ao menos 1 episódio de EME em sua vida. O EME pode ser a forma de abertura do quadro de epilepsia.

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5
Q

Qual a fisiopatologia do EME?

A

Inicialmente, as alterações do elevado consumo cerebral e muscular de energia são compensadas por mecanismos compensatórios, havendo aumento da PA, FC e vasoconstrição periférica por liberação de catecolaminas. A glicemia reduz drasticamente pelo elevado consumo e pelo metabolismo anaeróbio dos músculos, elevando lactato e promovendo acidose metabólica. A partir de um determinado tempo em EME, esses mecanismos são sobrecarregados e há queda na PA, na perfusão cerebral, na oxigenação do cérebro e da glicemia, promovendo hipoventilação, hipóxia e edema cerebral. A contração muscular repetida causa hipertermia e rabdomiólise.

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6
Q

Por que ocorre a lesão cerebral no EME?

A

Pela associação com a hipóxia, hipertermia, glicemia, hipertensão arterial e acidose, que são resultantes da falha dos mecanismos compensatórios.

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7
Q

Qual o achado neuropatológico do EME?

A

A esclerose do hipocampo.

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8
Q

Como a crise epiléptica promove lesão e morte neuronal?

A

Pois a excessiva ativação dos receptores de glutamato e influxo de cálcio nas células favorecem sua morte.

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9
Q

Qual o possível mecanismo fisiopatológico de resistência ao uso de fármacos no EME?

A

Com o passar da crise, há a contínua redução de receptores GABAérgicos nos neurônios (depressores do SNC) e aumento nos receptores NMDA, explicando a progressiva farmacorresistência aos fármacos conforme maior a duração da crise.

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10
Q

Quais os grupos etiológicos do EME?

A

Criptogênico (idiopático): EME na ausência de um insulto ao SNC ou disfunção metabólica em paciente sem lesão neurológica. Sintomática remota: EME em paciente com história prévia de insulto neurológico associado a aumento no risco de convulsões (TCE, AVE). Aguda sintomática: EME durante doença aguda que envolve insulto neurológico (meningite, TCE, hipóxia) ou disfunção metabólica (hipoGL, hipoNa, hipoK). Febril: principal causa de EME, sendo provocado apenas pela febre em paciente sem história de convulsões febris. Encefalopatia progressiva: EME em paciente com doença neurológica progressiva (câncer, neurodegeneração, sd neurocutâneas).

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11
Q

Quais as principais causas de EME no RN?

A

Encefalopatia hipóxico-isquêmica, infecção SNC, hemorragia intracraniana, distúrbios HE.

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12
Q

Quais as principais causas de EME no lactente de 1-2 meses?

A

Infecção SNC, hematoma sub-dural, anóxia, disfunção de DVP.

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13
Q

Quais as principais causas de EME na infância?

A

Infecção SNC, hematoma sub-dural, anóxia, disfunção de DVP, anticonvulsivantes, BCC, ATB (betalactâmicos, carbapenêmicos, quinolonas.

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14
Q

Quais os tipos de EME de acordo com a causa?

A

Crise febril prolongada, criptogênico (problemas na adesão ao tto anticonvulsivante ou infecção extracraniana concomitante) e sintomático (infecção ou lesão do SNC), alteração metabólica, intoxicação exógena, …).

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15
Q

Quais exames laboratorias devem ser solicitados em caso de EME?

A

HMG, metabólicos (Na, Ca, Mg, GL), PGA, função hepática e renal, toxicológico e erro inato do metabolismo.

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16
Q

Quando devo realizar punção lombar no EME?

A

Em alta suspeita de infecção do SNC.

17
Q

Qual o uso da TC e RNM no EME?

A

Permite o dx de edema cerebral secundário ao EME ou até mesmo de possíveis lesões etiológicas.

18
Q

Como deve ser a monitorização do paciente após o EME?

A

EEG contínuo.

19
Q

Quais as fases da evolução do EME?

A

0-5 min: prodrômica/incipiente. 5-10 min: precoce. 10-30 min: estabelecida. 30-60 min: refratária.

20
Q

Qual o fármaco de escolha para uso no ambiente pré-hospitalar no EME?

A

BZDs: diazepam retal, midazolam (VO, retal ou intranasal)

21
Q

Como deve ser feito o tratamento farmacológico hospitalar do EME?

A

Inicialmente administra-se um BZD, podendo ser midazolam EV/IO/IM (EV: 0,5 mg/kg/dose), diazepam retal/IO/EV (EV: 0,1-0,3 mg/kg/dose). Caso haja refratariedade ao uso dos BZDs (sem resposta após 10 min e 2 doses de BZDs), usa-se outro anticonvulsivante, como a fenitoína EV (20 mg/kg) ou o fenobarbital (1a linha em RN) EV (15-20 mg/kg, máx 1000 mg). Caso não haja resposta, diz-se que é um EMER.

22
Q

Quais condições estão associadas ao EMER?

A

Etiologias agudas e graves, como AVE e encefalite.

23
Q

O que fazer em caso de EMER?

A

Posso fazer o coma farmacológico com infusão EV contínua de midazolam ou propofol.

24
Q

Como deve ser o atendimento inicial ao paciente em EME?

A

Garantir o ABC: vias aéreas pérvias (pode ser necessária a IOT), avaliar circulação, garantir AVP, monitorizar SSVV.

25
Q

Por que ocorre a hipoxemia no EME?

A

Acredita-se que por vários fatores: prejuízo na respiração, aumento do consumo de O2 ou salivação excessiva/secreções traqueobrônquicas.

26
Q

Quais as consequências da hipoxemia para o organismo?

A

Aumentam o consumo de glicose (metabolismo anaeróbio), promovendo hipoglicemia cerebral, acidose lática e depleção de ATP cerebral. A hipoxemia + acidose promovem depressão CV.

27
Q

Como a glicemia varia no decorrer do EME?

A

Inicialmente está aumentada pela liberação de catecolaminas, porém com o passar da crise há um grande consumo dela pelo metabolismo anaeróbio e grande atividade de músculos e neurônios, promovendo hipoglicemia.

28
Q

Como a PA se altera no EME?

A

Inicialmente há elevação da PA por aumento do DC decorrente da liberação de catecolaminas e SNAS, promovendo um grande fluxo sanguíneo cerebral para compensar a demanda metabólica, porém essa PA se reduz com o passar da crise, resultando em hipotensão, caindo o fluxo cerebral.

29
Q

Qual a consequência do EME na PIC?

A

Há elevação dela por esse hiperfluxo cerebral inicial, interferindo ainda mais no aporte de O2 e promovendo edema cerebral. O aumento ocorre pela acidose, hipoxemia e retenção de CO2, que vasodilata o SNC.

30
Q

Qual o principal preditor de mortalidade no EME?

A

Qual foi a condição de base que promoveu o EME.

31
Q

Qual o mecanismo de ação dos BZD?

A

Atuam estimulando os receptores GABA no SNC, promovendo depressão neurológica. Isso explica porque a resposta ao tratamento diminui conforme aumenta o tempo da crise no EME, pois há diminuição desses receptores conforme maior o tempo da crise.

32
Q

Quais os BZD mais usados para tratar EME?

A

Diazepam, lorazepam e midazolam.

33
Q

Comente sobre o lorazepam (aspectos farmacocinéticos e farmacodinâmicos).

A

Adm IV, intranasal ou retal. Tempo de meia vida de 40h em RN e 10-12h em crianças mais velhas/adultos. Leva 2 minutos para fazer efeito, com duração efetiva de 4-6h. Se distribui menos que o diazepam pelo tecido adiposo.

34
Q

Qual a primeira conduta no paciente em EME?

A

CAB da reanimação pediátrica, posicionando a cabeça, aspirando VA, máscara de O2 (ou IOT se não estiver ventilando espontaneamente), monitorização (SaO2 e cardíaca), acesso venoso, EEG contínuo (se refratário às drogas de primeira linha ou VM ou curarizado).

35
Q

Qual a primeira medida laboratorial no paciente em EME?

A

Glicemia capilar (importantíssimo!!!). Se hipoglicemia adm rapidamente SG 10% 5ml/kg.

36
Q

Posso diluir a fenitoína em SG 5%? Explique.

A

Não, pois há precipitação de seu sal com diminuição de seu efeito.