Cardiologia pediátrica Flashcards

1
Q

Qual a importância das cardiopatias congênitas (CC)?

A

São a principal causa de mortalidade por malformações congênitas na infância. A incidência é de cerca de 0,8% dos NV.

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2
Q

Quais as principais CC e qual a frequência de cada uma?

A

CIV (30-35%), CIA tipo secundum (6-8%), PCA (idem), CoAo (5-7%), T4F (idem), estenose pulmonar (idem), estenose aórtica (4-7%) e TGA (3-5%).

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3
Q

Qual a CC cianótica mais comum?

A

Pelo Nelson, é a T4F, enquanto que pela SBT é a TGA.

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4
Q

Como é a circulação fetal? Explique.

A

É dita em paralelo, em que há comunicações entre o coração direito e o esquerdo. O sangue chega da placenta pela veia umbilical, alcançando o ducto venoso e então o AD. O sangue que vem da VCI passa do AD para o AE pelo forame oval, enquanto que o sangue da VCS cai direto no VD, onde apenas 10% do sangue vai para os pulmões (pois há grande resistência vascular pulmonar na vida fetal) e 90% vai para a aorta descendente pelo ducto arterioso.

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5
Q

Como a circulação fetal se altera após o nascimento? Explique.

A

Com o nascimento, há expansão pulmonar e e aumento na PO2, havendo vasodilatação pulmonar e diminuição de sua resistência (se completa em 1s). Além disso, há aumento na RVP por retirada da placenta, fazendo com que o sangue do VD vá todo para o pulmão e não para a aorta. O aumento da pressão no AE promove fechamento do forame oval (3m) e o aumento da PaO2 com queda nas PGs (especialmente PGE2) promovem obliteração do ducto arterioso e se transforma em ligamento arterioso.

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6
Q

Quando é mais comum ocorrerem as manifestações das CC?

A

Após o fechamento da circulação fetal, pois enquanto estiverem abertos.

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7
Q

Quais as possíveis manifestações das CC e quando ocorrem?

A

As CC que promovem shunt D-E promovem cianose (o sangue que chega à periferia é não oxigenado pois não passa pelos pulmões) e as que promovem shunt E-D promovem IC (o sangue não consegue chegar a circulação sistêmica e há sobrecarga do VE).

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8
Q

Quais as possíveis fisiopatologias das CC acianóticas (CCA)?

A

Podem ocorrer por sobrecarga de volume ou de pressão.

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9
Q

Explique a CCA por sobrecarga de volume (correlacione com o QC e o desenvolvimento dele).

A

Nessas CCs há uma comunicação entre o VD e o VE que permite uma sobrecarga cavitária, havendo o dobro de fluxo pulmonar em relação ao sistêmico (relação Qp/Qs 2:1). Ocorre um shunt E-D pois a RVP é maior que a RV pulmonar, que se torna progressivamente maior conforme a RVp diminui com o passar dos meses. Com essa queda, há aumento do fluxo de sangue pelo defeito septal, chegando mais sangue aos pulmões, em que ocorrerá extravasamento de líquido para os alvéolos e interstício, havendo edema pulmonar e redução na sua complacência, que promoverão taquipneia e desconforto respiratório. Além disso, a sobrecarga de volume promove aumento do trabalho cardíaco, estimulando o SNAS havendo taquicardia e déficit ponderoestatura (muita energia gasta pelo coração). Essas alterações cardíacas promovem remodelamento estrutural do coração com dilatação das câmaras. Essa sobrecarga contínua sobre o pulmão, com o passar dos anos, irá promover uma hipertensão pulmonar (HP) secundária - síndrome de Einsenmenger.

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10
Q

Explique a CCA por sobrecarga de pressão (correlacione com o QC e o desenvolvimento dele).

A

Nesses casos, há alguma estrutura que promove resistência à passagem do sangue na saída do VD ou do VE, como na estenose de valva pulmonar, aórtica ou CoAo. Quando a obstrução é leve/moderada, há compensação por hipertrofia e dilatação cardíacas. Porém quando grave, já no RN existem manifestações de falência do VD (estenose pulmonar) com hepatomegalia, edema e cianose e na obstrução ao VE haverá edema pulmonar (congestão retrógrada), sintomas de baixo DC (hipoperfusão) e falência de VD. Na CoAo, há manutenção da circulação enquanto houver ducto arterioso.

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11
Q

Quais as possíveis fisiopatologias das CC cianóticas (CCC)?

A

Podem ocorrer com hipofluxo pulmonar ou com hiperfluxo pulmonar.

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12
Q

Qual a principal CC com hiperfluxo pulmonar?

A

TGA (saída da aorta pelo VD e da pulmonar pelo VE, fazendo com que haja hiperfluxo pulmonar pois o VE é muito mais musculoso que o VD).

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13
Q

Quais fatores podem diminuir a cianose e melhorar a perfusão nas CCC?

A

Alterações que promovam um shunt E-D, permitindo a oxigenação do sangue, como CIA, CIV e PCA.

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14
Q

Quais síndromes genéticas estão fortemente ligadas às CC?

A

Edwards 18 (90%), Down 21 (50%), Turner 46 XO (40%).

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15
Q

Quais agentes teratogênicos ou condições maternas favorecem o desenvolvimento das CCs?

A

Teratógenos: warfarin, valproato, SRC, álcool, ácido retinoico. Maternas: fenilcetonúria, DM, LES.

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16
Q

Como deve ser feita a investigação inicial de uma suspeita de CC?

A

Primeiramente se divide ela entre cianótica e acianótica (oxímeto e EF) e a cianótica em hiper, hipo ou normofluxo pulmonar (RX). O próximo passo é então avaliar, pelo ECG, se há alguma hipertrofia cardíaca. Finalmente é feito um exame mais apurado para diagnosticar (TC/RNM, eco, cateterismo).

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17
Q

Quais as principais formas de manifestação de uma CC?

A

Cianose, sd de IC, sopro cardíaco isolado e arritmias.

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18
Q

O que é e quais os tipos de cianose?

A

É a presença de sangue desoxigenado nos tecidos, promovendo a coloração azulada de pele e mucosas. Ocorre quando há uma hb desoxigenada > 5 g/dl. Pode ser periférica (extremidades) ou central (face, língua, lábios).

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19
Q

Quais as possíveis etiologias de uma cianose e quais as características de cada uma?

A

Cardíaca: a cianose geralmente é generalizada (periférica + central), podendo ocorrer por obstrução ao fluxo pulmonar (T4F) ou por mistura do sangue (TGA). Outras: hematológica, pulmonar ou neurológica.

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20
Q

Qual é uma terapêutica fundamental para o paciente com CCC?

A

Alguma terapia que promova a patência do canal arterial, pois permite que o sangue da aorta volta para os pulmões para ser oxigenado.

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21
Q

Qual teste pode ser usado para diferenciar uma cianose cardíaca de não cardíaca? Explique-o.

A

O teste da hiperóxia (enquanto o eco não está disponível). Administra-se O2 a 100% por 5-10 minutos e verifica-se a PaO2. Se a PaO2 for > 160 mmHg, sugere fortemente ausência de CC (> 250 praticamente exclui esse dx).

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22
Q

Quais as principais CCC? Correlacione com o fluxo pulmonar.

A
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23
Q

Quais CC promovem ICC e como o fazem?

A

As principais são CIV, TGA + CIV, PCA, DSAV (hiperfluxo pulmonar), estenose aórtica e CoAo (obstrução à saida do VE).

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24
Q

Qual o QC da ICC?

A

Depende da idade: - RN e lactentes: taquipneia, desconforto respiratório, interrupção das mamadas com grande frequência, taquicardia, pré-cordio hiperdinâmico, hepatomegalia, déficit ponderoestatural, edema (couro cabeludo e dorso principalmente). - Crianças maiores: semelhante ao adulto - intolerância ao exercício, dificuldade em acompanhar as outras crianças em brincadeiras em grupo, dificuldade de andar de bicicleta/subir escadas/fazer educação física na escola.

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25
Q

Como é a formação do septo interatrial (SIA) e quando ocorre o fechamento do forame oval?

A

O SIA apresenta 2 componentes, um inferior, mais delgado e próximo ao AE (septo primum) e outro superior, mais rijo e musculoso e próximo ao AD (septo secundum). Após o nascimento, a redução na RVp e o aumento na RVP promovem parada do shunt pelo forame oval, havendo fechamento funcional dele. O fechamento anatômico ocorrerá apenas com 1 ano de idade.

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26
Q

Qual a relação da CIA com outras CC?

A

É relativamente comum.

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27
Q

Quais os tipos de CIA?

A

Tipo ostio primum (localização baixa em relação às valvas AV) e tipo ostio secundum (ou tipo fosse oval - mais superior; tipo mais comum de CIA). Outro tipo de CIA é o tipo seio venoso, que se localiza próximo à VCS.

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28
Q

Qual a fisiopatologia da CIA?

A

Nos primeiros anos de vida, não há um shunt E-D tão proeminente pela menor complacência do VD e resistência maior dos vasos pulmonares (até 3m de vida). Com o passar dos anos, essa complacência do VD aumenta e permite um maior shunt, podendo aparecer os sintomas. O aumento do fluxo pelo coração direito promove dilatação de AD, VD e artéria pulmonar com VE e aorta normais. Essa dilatação progressiva pode promover, no adulto, ICC e arritmias.

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29
Q

Qual o QC da CIA?

A

Grande maioria é assintomática, sendo dx por um sopro ao EF. Porém pode haver dispneia (edema pulmonar), palpitações (arritmias por dilatação), fadiga aos esforços (edema pulmonar), infecções respiratórias (edema pulmonar) e déficit ponderoestatural (SNAS) e IC (raro). Ao EF pode haver desdobramento fixo de B2, sopro sistólico. Se CIA grande: diastólico, ruflar em tricúspide.

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30
Q

Como dx a CIA?

A

Rx: aumento do AD e VD, aumento da trama vascular pulmonar e da tronco pulmonar com marcada dilatação do ramo direito. Eco: mostra a CIA, aumento do AD e VD e quantifica o fluxo (Qp/Qs 2:1). ECG: pode estar normal ou haver alargamento de QRS (BRD), padrão RSR em V1 (aspecto da letra M).

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31
Q

Qual o prognóstico da CIA e a conduta?

A

Evolução benigna sendo assintomáticos até a 3a década (geralmente). Podem haver complicações tardias com IC, arritmias, HP e alterações valvares. Conduta: cx eletiva após 2a de idade (evitar dilatação das câmaras direitas).

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32
Q

Quando a cirurgia para correção da CIA está indicada?

A

Pacientes sintomáticos ou assintomáticos com relação Qp/Qs 2:1.

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33
Q

Qual a CC mais frequente?

A

CIV.

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34
Q

Qual a evolução mais comum de uma CIV?

A

A maioria é que as CIVs médias/pequenas evoluam com redução do diâmetro e fechamento espontâneo nos primeiros 2a de vida.

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35
Q

Quais os tipos de CIV?

A

Dependem de sua localização em relação à crista supraventricular: - Acima: CIVs infundibulares (porção superior são as valvas aórtica ou pulmonar). - Abaixo: pode ser infracristal no septo membranoso (p) ou muscular (tipo queijo suiço quando múltiplas CIVs). A CIV mais comum é a perimembranosa.

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36
Q

Qual a fisiopatologia das CIVs?

A

Promoverão um shunt E-D, porém até os 1os 3m de vida, pela alta RVp, esse shunt é pequeno. Após esse período, há o aparecimento dos sintomas da CIV. Outro fator envolvido na fisiopatologia da CIV é o tamanho da comunicação. Quando < 0,5 cm² (CIV restritiva) há limitação na magnitude do shunt. Porém quando > 1 cm² (não restritiva), o defeito é grande a ponto de equalizar as pressões, sendo que o shunt é deterinado, então, pela RVp.

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37
Q

Quais as manifestações clínicas e o EF da CIV?

A

Clínica: depende da magnitude do shunt (depende do tamanho da CIV e da RV). Uma CIV pequena é assintomática com bom ganho ponderoestatural (PE). CIVs moderadas já promovem hiperfluxo pulmonar e sobrecarga do coração direito (ICC, infecções respiratórias de repetição e déficit PE). CIVs grandes são aquelas com diâmetro ≥ aorta, havendo grande aumento do coração esquerdo e congestão pulmonar grave, sendo um quadro exuberante. EF: ictus cordis deslocado, frêmito paraesternal, sopro holossistólico rude.

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38
Q

Como fazer dx de CIV?

A

Rx: cardiomegalia, intensificação da trama pulmonar (CIVs grandes). Eco: CIV. ECG: sobrecarga ventricular (bilateral ou esquerda) com dilatação atrial. Pode haver onda T invertida em V1 (sugere HP) ou ascendente (HP confirmada).

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39
Q

Qual a conduta na CIV?

A

A CIV pequena e sem repercussão hemodinâmica não precisa de tto cirúrgico. Já as CIVs moderadas/grandes devem ser tratadas: - Manejo clínico: diuréticos, digitálicos, IECA e restrição hídrica (controlar sintomas e garantir crescimento adequado). - Cirurgia: ausência de controle clínico dos sintomas, entre 6-12m com defeitos significativos (mesmo com controle clínico) e em > 2 com relação Qp/Qs 2:1.

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40
Q

O que é a sd de Eisenmenger?

A

É uma HP secundária às CC que cursam com hiperfluxo pulmonar e congestão prolongada, como CIV, CIA, PCA e DSAV.

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41
Q

Qual a fisiopatologia da sd de Eisenmenger?

A

A congestão pulmonar, hipóxia e hipercapnia promovem remodelamento vascular pulmonar, havendo hipertrofia da camada média, hiperplasia intimal, obliteração do lúmen vascular e etc. O resultado é a REVERSÃO DO SHUNT, pois a RVp passa a ser MAIOR que a RVP, fazendo com que o shunt torne-se D-E.

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42
Q

Qual o QC da sd de Eisenmenger?

A

Cianose (ou agravamento dela), piora do desconforto respiratório, taquipneia, fadiga e arritmias. EF: sopro de regurgitação tricúspide (hilossistólico), podendo ser sentida a pulsação da artéria pulmonar na borda esternal superior esquerda.

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43
Q

Qual o tto da sd de Eisenmenger?

A

O melhor é a profilaxia por correção das CC. No manejo clínico da sd, podem ser usados BCCs e prostaciclina para tentar promover vasodilatação pulmonar.

44
Q

Quando e como ocorre o fechamento do canal arterial?

A

O fechamento funcional ocorre com 12h de vida e o anatômico com 14-21d. O fechamento ocorre pelo aumento no teor de oxigênio no sangue causado pela respiração pulmonar.

45
Q

Qual a fisiopatologia da PCA?

A

Há desvio de sangue da aorta para a tronco pulmonar, pois a RVP é maior que a RVp. A magnitude desse shunt depende das características do canal e da diferença de pressão, podendo chegar até a 70% do DC sendo direcionado para a circulação pulmonar.

46
Q

Qual o QC da PCA?

A

Pulso de amplitude aumentada, pulso palmar, PA divergente (baixa da diastólica), precórdio hiperdinâmico, sopro sistólico infraclavicular esquerdo que irradia para dorso contínuo (ou em maquinaria).

47
Q

Como fazer dx da PCA?

A

Rx: aumento das câmaras esquerdas, trama vascular pulmonar e aorta ascendente. Eco: relação AE/raíz da aorta > 1,5:1 reflete aumento do AE secundário a um shunt E-D importante. ECG: sobrecarga biventricular com predomínio de VE.

48
Q

Qual a conduta no PCA e por quê?

A

Deve ser feito o fechamento (cirúrgico ou por cateter) em todos os casos a fim de evitar a endarterite infecciosa. A cirurgia deve ser feita com < 1 a de vida. Para o fechamento medicamentoso, a escolha é a indometacina.

49
Q

O que é a CoAo?

A

É um estreitamento de QUALQUER PONTO da aorta (até a bifurcação ilíaca).

50
Q

Qual a principal localização da CoAo?

A

98% dos casos localizam-se abaixo da emergência da artéria subclávia E na origem do ducto arterioso - é justaductal.

51
Q

Qual a principal malformação congênita associada à CoAo?

A

A válvula aórtica bicúspide.

52
Q

Qual a fisiopatologia da CoAo?

A

Coarctações graves fazem com que quase todo suprimento sanguíneo dos MMII seja proveniente do canal arterial (ou seja, do VD), promovendo cianose diferencial (apenas nos seguimentos inferiores). Além disso, há hipertrofia do VE por aumento da pós-carga, se disseminando retrogradamente promovendo ICC. A CoAo promove HAS por fenômenos de obstrução vascular e por hipoperfusão renal. Os pulsos femorais, tibiais posteriores e pediosos são abolidos ou pouco palpáveis e com o tempo o sangue passará para a parte inferior do corpo pelas gll mamárias internas e intercostais.

53
Q

Qual o QC da CoAo?

A

Se grave, pode haver ICC e cianose diferencial logo após o nascimento, coincidindo com o fechamento do canal arterial. CoAo menos graves podem se manifestar como HAS e alterações de pulsos, podendo ou não apresentar ICC. EF: impulso pré-cordial, frêmito (circulação colateral) ao longo dos EIC. Se aorta bicúspide, haverá sopro/estalido de ejeção no foco aórtico irradianto para fúrcula. Há diferença no pulso e PA entre MMSS e MMII. Pode haver pulso de MMII mais precocemente que no MMSS no mesmo batimento.

54
Q

Como fazer dx da CoAo?

A

Rx: cardiomegalia global, erosões costais (vasos colaterais). Eco: coarctação e anomalias associadas. ECG: hipertrofia biventricular ou apenas esquerda.

55
Q

Qual o tto da CoAo?

A

Em RN com CoAo grave: manter o canal arterial pérvio com PGE1 para permitir perfusão dos MMII e correção cirúrgica da coarctação.

56
Q

Por que ocorre a T4F?

A

Ocorre por um desvio anterior do SAV durante a embriogênese.

57
Q

Quais os achados cardinais da T4F?

A

Cavalgamento de aorta (dextroposição da aorta), CIV, estenose pulmonar (infundívulo e válvula) e hipertrofia ventricular direita.

58
Q

Qual a fisiopatologia da T4F?

A

A gravidade do quadro é ditada pelo grau de estenose pulmonar. Se for discreta, haverá um shunt E-D e a cianose pode não ocorrer (Fallot rosa ou acianótico). Porém quando mais intensa, a contração do VD sofre resistência para o pulmão e há um shunt D-E, promovendo a cianose (não é necessariamente presente após o nascimeto, pois o CA permite a oxigenação do sangue).

59
Q

Qual o QC da T4F?

A

Na estenose grave, a cianose é intensa desde o nascimento e o fluxo pulmonar é dependente do canal arterial. Se leve, pode ser o Fallot rosa com sopro cardíaco alto e/ou ICC (pela CIV). Conforme a criança cresce e a estenose progride, há o aparecimento da cianose. Podem haver queixas de cansaço e cianose após atividade física (regride com repouso e posição de cócoras).

60
Q

O que são as crises hipercianóticas?

A

São crises paroxísticas de cianose que ocorrem nos 2 primeiros anos de vida, havendo hiperpneia, agitação, agravamento da cianose e síncope.

61
Q

Quando ocorrem as crises hipercianóticas?

A

Podem ser pela manhã ou após o choro, porém são imprevisíveis e espontâneas.

62
Q

Por que ocorre a crise hipercianótica?

A

Por um espasmo infundibular com fechamento completo da passagem de sangue para o pulmão, fazendo um shunt D-E intenso pela CIV.

63
Q

Por que a posição de cócoras alivia a crise hipercianótica?

A

Pois aumenta a RVP, reduzindo o shunt pela CIV e forçando um aumento no fluxo pulmonar.

64
Q

Quais os achados no EF da T4F?

A

Sopro sistólico ao longo da borda esternal esquerda e estalido protossistólico.

65
Q

Como fazer dx da T4F?

A

Rx: área cardíaca normal, botão aórtico saliente, arco da pulmonar escavado, ponta cardíaca acima do diafragma (sinal do tamando holandes) e hilos pulmonares pouco expressivos. ECG: HVD. Eco: todas as alterações.

66
Q

Quais as possíveis complicações da T4F?

A

Trombose cerebral, abcesso cerebral, EI e IC.

67
Q

Qual o tto da T4F?

A

Evitar anemia e policitemia, propanolol (relaxamento da musculatura infundibular). Durante a crise hipercianótica: manter a criança em posição genupeitoral, O2, morfina (reduz a taquidispneia), propanolol (relaxa m. infundibular), cetamina (aumento da RVP e sedação), DVA (aumentar RVP). Se não melhorar: cx paliativa de Blalock-Taussig (colocação de shunt entre a subclávia e a pulmonar). Tto cirúrgico: Blalock-Taussig se más condições clínicas e anatomia desfavorável OU correção total com 4-6m de vida (se: cianose menos grave, crescimento relativamente bom, ausência de crises cianóticas).

68
Q

Qual conduta deve ser tomada para RNs com T4F até a corração cirúrgica?

A

Manter infusão contínua de PGE1 para evitar o fecha.ento do CA.

69
Q

Como é a cirurgia de correção total da T4F?

A

Remoção das faixas de músculos localizadas no infundíbulo e fechamento da CIV com um patch.

70
Q

O que é a TGA?

A

É uma topografia anormal dos grandes vasos da base do coração, em que a aorta sai do VD e a tronco pulmonar sai do VE.

71
Q

Como é a circulação na TGA?

A

Existem 2 circulações em PARALELO: o retorno venoso sistêmico vai para o VD que volta para a circulação sistêmica pela aorta sem se oxigenar e o sangue que retorna dos pulmões até o coração esquerdo retorna para eles pela tronco pulmonar. Se não houver “mistura” desses sangues, este distúrbio é incompatível com a vida.

72
Q

Quais estruturas são fundamentais para a sobrevivência do RN com TGA? Explique.

A

O forâme oval e o CA, pois eles que permitem a passagem de sangue oxigenado para a circulação sistêmica. Além disso, cerca de 50% dessas crianças apresentam CIV, permitindo essa passagem de sangue.

73
Q

Qual fator materno aumenta a chance de TGA?

A

DM.

74
Q

Qual o QC da TGA?

A

Depende da integridade do SIV. Se íntegro, haverá cianose nas primeiras horas de vida (concomitante ao fechamento do CA). O quadro promove hipóxia e acidose metabólica, resultando em ICC (taquipneia, cansaço às mamadas, gemência e palidez cutâneo-mucosa.

75
Q

Como dx a TGA?

A

Rx: mediastino superior estreito, sombra cardíaca em ovo deitado. Eco: essencial para definir as alterações. ECG: não ajuda muito no dx. Teste da hiperóxia: não há melhora com o O2 a 100%.

76
Q

Qual o tto da TGA?

A

Infusão contínua da PGE1, manutenção da temperatura e glicemia para controle pré-operatório. Caso não haja melhora apesar da infusão de PGE1, pode-se realizar a atriostomia de Rashkind por balão. A cirurgia definitiva com SIV íntegro é a inversão arterial de Jatene em até 14d de vida (evitar perda de massa muscular do VE).

77
Q

O que é a atriostomia de Rashking por balão?

A

Confecção de uma CIA para permitir maior mistura de sangue.

78
Q

Qual a fisiopatologia da estenose pulmonar com SIV íntegro?

A

Há uma valva pulmonar imperfurada que faz com que quase todo o sangue que chega ao AD se direcione ao AE, promovendo ejeção para a aorta e um pouco de sangue vai para o pulmão pelo CA.

79
Q

Qual o principal tipo de HAS na pediatria?

A

Depende da idade: - RN: trombose da artéria renal após cateterização da artéria umbilical. - Lactentes e pré-escolares: doença renal, CoAo, medicações, endocrinopatias. - Adolescentes: HAS essencial (primária).

80
Q

Quando eu falo que a criança tem HAS e quais as divisões dela?

A

Quando a PAS e/ou PAD estão acima do p95 em 3 ou mais ocasiões. Quando está entre p90 e p95 é dita pré-hipertensa. Em > 12a a pré-hipertensão é definida como PA > 120x80 e abaixo do p95. Divide-se em: HAS estágio 1 (PA ≥ p95 e abaixo do p99 + 5 mmHg) e estágio 2 (PA ≥ p99 + 5 mmHg).

81
Q

Comente sobre a HAS renovascular.

A

É a HAS que se desenvolve por uma diminuição da TFG (ex: nefrite, obstrução da artéria renal), havendo ativação do SRAA com retenção de Na e água.

82
Q

Comente sobre a HAS endócrina.

A

Hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, doenças adrenais (Cushing, hiperplasia adrenal congênita), feocromocitoma.

83
Q

Quais medicações podem promover HAS na pediatria?

A

Simpatomiméticas (descongestionantes nasais, medicamentos para TDAH, supressores do apetite), contraceptivos orais, IMSP.

84
Q

Em quais crianças eu vou investigar HAS 2ária?

A

Em TODAS as crianças com dx de HAS.

85
Q

Qual o objetivo do tto da HAS na pediatria?

A

Manter a PA abaixo do p90.

86
Q

Como tratar a HAS na pediatria?

A

Crianças assintomáticas ou pré-hipertensas deverão ser, inicialmente, ser submetidas apenas ao tratamento não farmacológico (dieta, redução da ingesta de sal, exercícios físicos aeróbicos diários, evitar álcool e tabaco). Porém quando sintomáticas, com lesão de órgão-alvo, HAS 2ária, HAS estágio 2, associada ao DM 1 e 2 e não responsiva ao tto não farmacológico, deverá ser instituído o tto farmacológico (IECA, BRA, BB, BCC, diuréticos).

87
Q

O que é a ICC?

A

É uma síndrome em que há insuficiência do DC em suprir as necessidades metabólicas dos tecidos.

88
Q

Quais as principais causas de ICC na pediatria?

A

CC, miocardites inflamatórias, TSV, FR e HAS por GNPE.

89
Q

Qual a fisiopatologia da ICC?

A

Há uma hipoperfusão tecidual e hipóxia celular, desencadeando mecanismo compensatórios para tentar aumentar o DC e a perfusão tecidual. Há, portanto, ativação do SRAA, aumentando a pré-carga. Porém há um limite, após o qual o DC não consegue mais ser suficiente e aparecem os sintomas da ICC. Há também ativação do SNAS com melhora do ino/cronotropismo, porém com aumento da pós-carga, aumentando a demanda metabólica do coração e hipertrofiando as câmaras cardíacas.

90
Q

Tabela causas ICC ped.

A
91
Q

Qual o QC da ICC?

A
  • Respostas compensatórias: taquicardia, ritmo em galope, pulsos finos, sudorese, pele fria e pálida, baixo ganho PE. - IVE: edema pulmonar, dispneia, taquipneia, ortopneia, estertores, sibilos, dificuldade de mamar, diminuição da SaO2. - IVD: congestão venosa sistêmica, hepatomegalia, edema palpebral e ganho de peso rápido.
92
Q

Quais os achados da ICC nos exames complementares?

A

Rx: aumento da área cardíaca (índice cardiotorácico > 0,65; 0,55 e 0,5 em RN, lactentes e crianças maiores, respectivamente), congestão venocapilar pulmonar. ECG: arritmia e sobrecarga. Eco, ANP.

93
Q

Qual o tto da ICC?

A
  • Medidas gerais: cabeceira elevada, fracionar dieta, diminuir ingesta hídrica, controle da T, Gl e eletrolítico. - Digitálicos (digoxina - aumenta Ca intracelular e a contração cardíaca). - Diuréticos: furosemida e espironolactona. - Vasodilatadores: IECA (captopril e enalapril). - Antiarrítmicos: em TSV (gelo em face, massagem carotídea, Valsalva, adenosina IV, cardioversão elétrica).
94
Q

O que é o choque?

A

É a incapacidade do organismo em suprir oxigênio aos tecidos de acordo com suas demandas metabólicas.

95
Q

Quais as fases do choque?

A

Compensada e descompensada.

96
Q

Quais os acontecimentos na fase compensada do choque?

A

É a fase em que os mecanismos compensatórios conseguem manter a PA normal. Há um aumento do DC (por aumento da FC) e da RVP (por aumento do tônus simpático), redirecionando o fluxo para órgãos nobres (cérebro, coração, fígado e rins) em detrimento de outros órgãos (intestinos, MEE e pele - enchimento capilar periférico lentificado). Há mudança no metabolismo de aeróbio para anaeróbio, promovendo um consumo ineficiente de glicose e alta produção de lactato, promovendo aumento da FR para eliminar o CO2 em excesso (acidose metabólica e maior produção pelos tecidos). Há aumento da excreção de H+ e retenção de bic nos rins, além da ativação do SRAA, cortisol, ADH e catecolaminas, resultando em diminuição no DU.

97
Q

O que é a fase quente que ocorre no choque séptico? Diferencie do choque frio.

A

Ocorre ainda na fase compensada do choque séptico, em que há uma redução da RVP ao invés de aumento, havendo pulsos amplos, extremidades quentes e enchimento capilar periférico reduzido. O choque frio é aquele com DC reduzido e RVP aumentada, havendo extremidades frias, pulsos periféricos reduzidos e enchimento capilar lentificado.

98
Q

O que ocorre na fase descompensada do choque?

A

Há hipotensão e disfunção tecidual, ocorrendo pois os mecanismos compensatórios não conseguem mais manter a PA e passam a ser deletérios para o organismo. Aqui ocorrem os sinais de disfunção orgânica.

99
Q

Quais os sinais de disfunção orgânica usados para avaliar o choque?

A

CV: hipotensão apesar de fluidoterapia OU necessidade de DVA. Respiratório: PaO2/FiO2 < 300 OU PaCO2 > 65 OU necessidade de FiO2 > 50% para manter SaO2 ≥ 92% OU necessidade de VM. Hematológico: plaquetopenia < 80k e INR > 2. Renal: Cr > 2x LSN. Neurológico: ECG < 12 OU queda ≥ 3 na ECG. Hepático: brb ≥ 4 mg/dl OU transaminases > 2x LSN.

100
Q

O que é a SIRS (sd da resposta inflamatória sistêmica)?

A

É o conjunto de alterações sistêmicas provocadas pela incapacidade do organismo em controlar a cascata inflamatória desencadeada por fatores infecciosos ou não.

101
Q

Quais os critérios clínicos para definir a SIRS?

A

2 ou mais dos seguintes: Tcentral (oral, cateter, vesical ou retal) ≥ 38° ou < 36°; leucocitose ou leucopenia ou > 10% imaturos; taquicardia; taquipneia.

102
Q

Quais os tipos de choque?

A

Hipovolêmico (mais comum na pediatria - diarreia, vômitos, hx), distributivo (o séptico é o 2° tipo mais comum na pediatria), obstrutivo (pneumotórax hipertensivo, TEP, tamponamento cardíaco), cardiogênico (CC ou adquiridas). Outras formas de choque distributivo é o anafilático e o neurogênico.

103
Q

Como deve ser o manejo inicial do choque na pediatria?

A

Na primeira hora deve-se fazer fluidoterapia através de 2 acessos venosos periféricos (ou IO) 20 ml/kg em bolus até melhora da perfusão (máximo de 60 ml/kg). Se o choque for resistente à fluidoterapia, adm DVA - dopamina e epinefrina para choque frio e noradrenalina para choque quente. No caso do choque séptico, ainda na primeira hora é fundamental o início de ATB empírico.

104
Q

Quais seriam parâmetros de boa resposta à fluidoterapia?

A

Melhora do NC, da FC, DU > 1 ml/kg/h e TEC < 2s.

105
Q

Quais os efeitos da dopamina, epinefrina, dobutamina e noradrenalina no choque?

A

Dopamina: aumento da contratilidade cardíaca e vasoconstrição periférica (esta se dose > 10 mcg/kg/min. Epinefrina: aumenta FC e inotropismo e potente vasoconstritor. Dobutamina: aumenta contratilidade cardíaca e causa vasodilatação periférica. Norepinefrina: vasoconstrição potente, quase sem ação sobre miocárdio.