Infecções de VA inferiores Flashcards
Como rastrear a infecção respiratória aguda das VAI?
Através da FR!!! Deve ser contada em 1 minuto:
< 2m: maior igual 60.
2-12m: maior igual 50.
1-5a: maior igual 40.
*OMS: o aumento da FR significa pnm.
Qual a principal etiologia da bronquite aguda e qual o sintoma mais comum?
A etiologia viral, sendo a tosse o principal sintoma.
Qual a causa mais frequente de hospitalização em lactentes?
A bronquiolite.
O que é a bronquiolite aguda?
É uma doença infecciosa (predomínio viral) das VAI menores (bronquíolos), resultando em obstrução inflamatória delas.
Qual a epidemiologia da bronquiolite viral aguda (BVA)? Qual idade é mais grave?
Lactentes < 24 meses (principalmente em <6m), com gravidade maior quando acomete idades de 1-3 meses. Aos 2 anos, quase todas as crianças já foram infectadas.
Quais fatores do lactente permitem o desenvolvimento da BVA?
Maior complacência da parede torácica (facilita colabamendo das VA durante a inspiração), maior quantidade de células inflamatórias (torna a resposta a algum agente - vírus - mais exacerbada) -> predisposição ao broncoespasmo em uma infecção.
Qual a etiologia da BVA?
VSR (> 50%), parainfluenza, adenovírus. Mycoplasma pneumoniae pode ser uma causa, mas é raro.
Como é a transmissão do VSR?
Predominantemente por fômites, sendo que a transmissão por aerossol não é tão importante.
Quais os FR para BVA?
Meninos, tabagismo durante gestação, < 6m, BPN, prematuridade, DBP, desnutrição, aglomeração e aleitamento artificial.
Qual a fisiopatologia da BVA?
Ocorre por obstrução dos bronquíolos por muco, debris celulares, edema, etc. Mesmo o menor espessamento da mucosa afeta significativamente a passagem do ar, ocorrendo uma alteração na relação V/Q, promovendo hipoxemia, acidose e acúmulo de CO2. Como a resistência à passagem do ar é maior na expiração, há sibilância e obstrução valvular (dificulta a saída dele, promovendo hiperinsuflação). Se a obstrução valvular for completa, haverá retenção de ar com posterior reabsorção, evoluindo para atelectasia.
Qual o QC da BVA?
Pródromo de IVAS (espirros e rinorreia), deteriorando para tosse paroxística, dispneia e irritabilidade, está sempre taquipneia (afeta nutrição). Há a sibiliância característicamente, porém em < 2a pode haver apneia. Pode promover fígado e baço palpável além do RC pela hiperinsuflação.
Quais os achados de EF da BVA?
Sibilios (inspiratórios ou bifásicos) e prolongamento do tempo expiratório, taquipneia, dispneia (batimento de asas nasais, retrações).
Quais os critérios de internação para BVA?
< 32s, comorbidades (DBP, CC, imunodeficiências), SaO2 < 90-92%, FR > 60, cianose, apneia, tiragem, gemência, desidratação, recusa alimentar, ausência de diurese em 12h, fator social (incapacidade de reconhecer ou procurar serviço caso sinais de alarme), piora do estado geral (hipoativa, prostrada), < 3m.
Como dx a BVA?
CLÍNICO (1° episódio de sibilância na criança < 2a).
Quais os sinais radiológicos da BVA?
Hiperinsuflação (aumento no diâmetro AP do tórax, retificação de arcos costais e do diafragma, hipertransparência pulmonar), infiltrados reticulonodulares e atelectasias.
Qual o principal ddx da BVA?
A ASMA.
Qual a relação do VSR e a asma?
O VSR é o principal causador de sibilância até os 3a de idade, sendo responsável por promover hiper-responsividade das vias aéreas (característico da asma).
Quais outros ddx de BVA?
Coqueluche, fibrose cística (FC), CC, RGE, pnm bacteriana.
Como diferenciar coqueluche de BVA?
A coqueluche (B. pertussis) apresenta curso e duração muito prolongados, apresentando 3 fases: catarral (1-2s, hiperemia conjuntival, lacrimejamento, rinorreia, espirros, febre baixa, intensa leucocitose e linfocitose), paroxística (2-6s, tosse seca e irritativa, paroxística e inexorável) e convalescência (≥ 2s, redução da tosse e dos paroxísmos). Porém em < 3m, a fase catarral podem não ser percebida e as manifestações são diferentes, com batimento da asa nasal, rubor facial, tosse e engasgos, podendo haver até apneia.
Quando pensar em FC ao invés de BVA?
Sibilos persistentes e refratários aos broncodilatadores, dificuldade de ganho ponderal, sintomas de má absorção (esteatorreia), anormalidades hidroeletrolíticas e baqueteamento digital.
Como as CC provocam broncoespasmo?
Pelo hiperfluxo pulmonar, havendo edema do parênquima e ingurgitamento linfático, promovendo uma espécie de obstrução dos bronquíolos, manifestando-se como broncoespasmo.
Qual o tto da BVA?
Aspirar VA s/n, cabeceira à 30° (pref prona), O2 suplementar se SaO2 < 90-92%, nutrição (evitar em taquidispneicos), hidratação venosa.
*A NBZ com broncodilatadores e fisioterapia respiratória não devem ser indicadas de rotina. Os GC e antivirais não apresentam recomendação.
Quais tratamentos são controversos na BVA?
Broncodilatadores, corticoide, antiviral, ATB, fisioterapia respiratória - são terapias não indicadas.
Como a BVA pode ser prevenida?
Palivizumabe (Ac monoclonal para o VSR)!!! Benefício comprovado em (MS): < 1a + RNPT < 29s OU < 2a com CC com repercussão hemodinâmica ou doença pulmonar da prematuridade (displasia broncopulmonar que precisaram de tto nos últimos 6m).
*Pela SBP: além das indicações do MS, < 6m + RNPT entre 29-32s.
Quando deve ser aplicado o palivizumabe?
É feito pro 5m de acordo com a sazonalidade da região, recebendo 5 doses no ano.
Quais as possíveis complicações da BVA e quando ocorrem?
O período crítico da BVA é entre 48-72h do início do quadro, com maior chance de complicações: hipoxemia, acidose e falência respiratória, pneumotórax, atelectasia.
Quais medicações podem ser realizadas para imunização passiva contra o VSR?
São medicações usadas na profilaxia da BVA: Ig hiperimune contra o VSR (RespiGam) e o anticorpo monoclonal humanizado (pavilizumabe).
Como é a aplicação do pavilizumabe?
Mensal, IM, e iniciar 1 mês antes dos meses de maior sazonalidade do VSR.
O que é a bronquiolite obliterante (BO)?
É uma doença rara em que há obstrução CRÔNICA dos bronquíolos e pequenas VAs.
Como ocorre a BO?
Após um insulto infeccioso (geralmente) agudo, há um reparo anormal do espitélio respiratório, havendo fibrose dos bronquíolos com obliteração progressiva dos bronquíolos. Pode evoluir para BOOP (a fibrose se extendeu para alvéolos e ductos alveolares com proliferação de fibroblastos).
Qual a etiologia da BO?
Os mais comuns são: adenovírus, influenza, parainfluenza, VSR, sarampo, Mycoplasma pneumoniae, varicela e B. pertussis. Outras: doenças reumatológicas (AIJ, LES, Sjogren, ES, AR), pós-tx MO, inalação de fumaça tóxica (NO2 e NH3), aspiração (RGE, CE), drogas.
Qual o QC da BO?
Recorrência de dispneia, tosse crônica e escarro. EF: sibilos, estertores e hipoxemia.
Qual o achado radiográfico da BO?
Áreas irregulares de hipertransparência + bronquiectasias. É melhor visualizada pela TC.
Como tratar a BO?
Não há terapia definitiva, apenas drogas que podem melhorar a obstrução: uso PROLONGADO de GC e imunomoduladores (tacrolimus, ciclosporina) em aerossol.
O que é, em termos simples, a pnm?
É uma inflamação do parênquima pulmonar, que pode ser causada por infecções (maioria) ou causas não infecciosas.
Quais as possíveis causas não infecciosas de pnm?
Broncoaspiração de alimento ou conteúdo gástrico, CE ou drogas/radiação.
Qual a importância da pnm?
É responsável por cerca de 20% das mortes em crianças menores de 5 anos.
Quais os pacientes mais suscetíveis à pnm e por que o são?
Neonatos e IMSP, pois se os sistemas de defesa do organismo estiverem intactos, a pnm não se desenvolve (geralmente).
Quais os FR para pnm em < 2 anos?
< 9m, desnutrição, doença pulmonar (FC, asma), ausência de aleitamento, frequentar creches e muitas pessoas em casa, alterações anatômicas (FTE), RGE, doenças neurológicas, IMSP.
Qual a importância da radiografia na pnm?
Permite o diagnóstico da pnm e nos dá uma noção da extensão do processo inflamatório. Cuidar que, em crianças pequenas, o timo pode ser confundido com área de consolidação pulmonar (“imagem de vela de barco”).
Quais os tipos de QC de pnm e a etiologia?
Pnm bacteriana, pnm atípica e BVA.
Quais os tipos de pnm pelo padrão radiológico e quais os principais agentes etiológicos envolvidos em cada? Explique cada tipo
Broncopneumonia: S. aureus. A radiografia é multiforme, não respeitam a segmentação pulmonar, podendo ser únicas ou múltiplas, esparsas ou confluentes. Podem haver pneumatoceles. Pnm lobar/segmentar: comprometem homogeneamente um lobo ou segmento pulmonar, podem ter broncogramas aéreos. O principal agente é o pneumococo. Pnm intesticial: vírus ou Mycoplasma. Aumento da trama broncovascular, espessamento peribrônquico e hiperinsuflação. Podem ter áreas de consolidação pela atelectasia.
Em quais pacientes é mais comum cada tipo de pnm pelo padrão radiológico?
Broncopnm: IMSP, com doença de base, neonatos, pré-termos, desnutridos. Pnm lobar: > 6m, principalmente crianças maiores.
Como ocorre o desenvolvimento da pnm bacteriana?
Geralmente por aspiração de bactérias potencialmente patogênicas que colonizam a orofaringe para as VAI. Outros: hematogênica ou contiguidade.
Quais os agentes etiológicos envolvidos na pnm no geral?
< 2a: viral (p - VSR e rinovírus) e bacteriano (pneumococo). > 2a: viral = bacteriano (pneumococo até 5a, depois começam, além do pneumococo, os germes atípicos a ganharem destaque - M. pneumoniae e Clamídia pneumoniae).
Para pnm bacteriana:
< 1-2m: GBS e GN entéricos.
> 1-2m: pneumococo e S. aureus (esta principalmente < 1a).
Qual a importância da pnm bacteriana por S. aureus?
É uma pnm grave, que evolui com complicações e geralmente apresenta PORTA DE ENTRADA CUTÂNEA (disseminação hematomgênica)!!!
*Ocorre principalmente em < 1a.
Agentes em ≥ 5 anos.
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Qual a epidemiologia e a etiologia principal da pnm viral?
Ocorre principalmente no inverno. O principal vírus envolvido é o VSR.
Qual o QC da pnm viral?
A maioria é precedida por vários dias de sintomas de VAS (tosse, coriza, obstrução nasal), febre (geralmente mais baixa). Casos mais graves podem ter desconforto respiratório e cianose. A maioria se recupera sem intercorrências ou sequelas. Pode complicar com uma pnm bacteriana secundária.
Como fazer o dx da pnm viral?
RX: infiltrado intersticial difuso, aumento da trama vascular, pode haver hiperinsuflação. HMG: leucograma normal ou POUCO elevado (< 20k, predominando linfócitos). Definitivo: isolamento do vírus em amostra.
Como tratar as pnm virais?
Geralmente: apenas suporte. Casos mais graves: hidratação venosa, oxigenioterapia. Drogas: ativos apenas contra o influenza - amantadina, rimantadina, oseltamivir (apenas se iniciado até 36-48h da infecção). RIbavirina (contra VSR in vitro).
Qual a epidemiologia da pnm bacteriana (PB) na infância?
É uma infecção incomum em crianças que não apresentem uma doença crônica subjacente (FC ou IMSP), portanto devo suspeitar disso em pnm bacteriana recorrente. Frequentemente sucede uma pnm viral.