Schwannoma Vestibular Flashcards

1
Q

Cite os limites da fossa posterior e quais estruturas vasculonervosas passam por ela.

A
  • Fossa posterior é delimitada por face cerebelar do osso temporal (lateralmente), osso occipital (posteriormente), junção esfeno-occipital (anteriormente) e tenda do cerebelo (superiormente).
  • Passam pares IV ao XII e artérias basilares (emergens os ramos PICA e AICA, e portanto, as artérias labirínticas).
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2
Q

O que é ângulo ponto-cerebelar e quais seus 2 tumores mais comuns?

A

O ângulo pontocerebelar, como o próprio nome indica, é uma estrutura localizada entre a ponte e o cerebelo na fossa posterior do crânio. O tumor mais comum dessa região é o Schwannoma Vestibular (o segundo seria Meningioma).

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3
Q
  • Schwannoma é um tumor intracraniano comum?
  • Representa qual porcentagem de tumores do APC?
  • Mais comum em homens ou mulheres?
  • Qual faixa etária predomina?
A
  • Raro (2-7% dos tumores intracranianos) e incidência mundial de 10 para 1 milhão de casos (casos sintomáticos).
  • Cerca de 80-90% dos tumores de APC.
  • Mulheres (+ comum)
  • 50-60 anos (mas pode pegar qualquer faixa etária).
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4
Q
  • Qual o defeito genético?
  • Qual proteína está desregulada e qual sua função?
  • Ocorre em homozigose ou heterozigose?
A
  • Defeito em um gene do BRAÇO LONGO DO CROMOSSOMA 22 (chamado de gene NF2, o mesmo da neurofibromatose tipo 2).
  • Esse gene codifica uma proteína (MERLIN, ou também chamada de schwannomina) que regula a divisão das células de Schwann.
  • Para ter schwannoma, tem que ter defeito nos 2 alelos (HOMOZIGOSE).
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5
Q
  • É benigno ou maligno?
  • Afeta mais qual nervo?
  • É comum seu surgimento no nervo coclear?
  • Qual seu local de origem mais comum?
  • Qual sua taxa de crescimento ao ano?
A
  • BENIGNO (malignização é raríssima. Achados de malignidade na microscopia devemos considerar metástase de tumores pulmonares ou mama por exemplo).
  • NERVO VESTIBULAR SUPERIOR
  • Raramente afeta o coclear
  • ZONA DE OBERSTEINER-REDLICH (zona de transição entre a mielina central e mielina periférica, no interior do conduto auditivo interno).
  • Cresce cerca de 1-2mm ao ano (porém depende do local. Os intracanaliculares são mais lentos. Também cresce mais devagar na idade avançada, cerca de 0,5mm após 60 anos).
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6
Q

Quais os 5 estágios evolutivos da Classificação de Koos (estadiamento)?

A
  • Estádio I = Intracanalicular
  • Estádio II = Tumor com pouca projeção para a cisterna cerebelopontina.
  • Estádio III = Toca o cerebelo e/ou tronco cerebral, mas sem efeito compressivo.
  • Estádio IV = Tumor comprimindo o cerebelo e/ou tronco cerebral.
  • Estádio V = Tumor provoca efeitos compressivos no lado oposto (efeito de massa).
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7
Q

Cite suas características macroscópicas.

A

Apresenta uma cor amarelada e é bem delimitado.

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8
Q

Cite se é um tumor encapsulado, e explique a diferença dos seus 2 tipos histológicos (Antoni A e B).

A

Cápsula:

  • Apresenta uma cápsula representada pelo PERINEURO, que envolve o núcleo (proliferação das células de Schwann).

Apresenta 2 tipos microscópicos:

  • Antoni A (esse tipo representaa MAIORIA DOS CASOS, sendo compacto com células fusiformes dispostas em correntes irregulares, “formação de paliçadas” chamadas CORPOS DE VEROCAY).
  • Antoni B (são tumores bem MAIORES, de consistência mais frouxa, às vezes esponjosa, ou em forma de “CASA DE ABELHA”, com várias formações císticas e microcisticas).

Geralmente apresentam esses 2 tipos no mesmo tumor, com predomínio de um deles.

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9
Q

Qual achado imunihistoquímico pode me ajudar a confirmar o diagnóstico?

A

Positiva para S100 (indica tumor de origem neuronal, não senddo exclusivo).

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10
Q
  • A neurofibromatose tipo 2 tem qual origem genética?
  • Cite 3 características de schwannomas associados a essa doença.
  • É possível implante coclear?
A

Neurofibromatose tipo 2:

  • É autossômica DOMINANTE, com quase 100% de penetrância, sendo uma das três formas clínicas da apresentação da doença de von Recklinghausen, que acomete SNC.

Schwannoma:

  • BILATERAIS
  • CRESCIMENTO RÁPIDO
  • DESTRUIÇÃO / INVASÃO

Faixa etária mais jovem, mas são histologicamente semelhantes aos dos casos esporádicos.

Tratamento:

  • Não é possível, pois o nervo é destruído bilateralmente. Nesses casos é indicado IMPLANTE DE TRONCO ENCEFÁLICO.
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11
Q

Qual a tríade clínica esperada no Schwannoma Vestibular?

A

Hipoacusia, zumbido e tontura.

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12
Q
  • Hipoacusia é frequente?
  • É uni ou bilateral?
  • Perda mais em graves ou agudos?
  • Qual porcentagem dos casos aparece como surdez súbita?
A
  • Sim, é o SINTOMA MAIS COMUM, presente em 70 a 80% dos casos.
  • UNILATERAL e PROGRESSIVA
  • Em geral, perda mais em AGUDOS (diferentemente de Meniere, que ocorre em graves).
  • Cerca de 10% SURGE COMO SURDEZ SÚBITA.
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13
Q

Existe relação do tamanho do tumor com o grau de perda?

A

NÃO HÁ RELAÇÃO ENTRE TAMANHO DO TUMOR E GRAU DE PERDA AUDITIVA.

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14
Q

Qual o segundo sintoma mais comum?

A
  • ZUMBIDO. Pode ser AGUDO, contínuo ou flutuante. UNILATERAL na maioria.

Obs: o nervo coclear também possui uma tonotopia. Sua parte mais externa é de sons agudos, do meio médios e mais internas graves. Paciente com acúfeno unilateral bastante agudo, pensar em schwannoma.

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15
Q

O que devo pensar se houver TONTURA associada?

A
  • TONTURA NÃO É COMUM, pois há compensação central devido ao crescimento lento.
  • PODE INDICAR COMPRESSÃO CEREBELAR, principalmente se houver alteração de provas cerebelares, desequilíbrio e instabilidade.
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16
Q

O que devo pensar se ocorrer hipoestesia facial?

A
  • Ocorre devido compressão do V par (trigêmeo), atingindo 1/3 médio da face (hipoestesia ou dor).
  • Indica TUMOR GRANDE, porque existe certa distância do VIII para para o trigêmeo.
17
Q

O que devo pensar se ocorrer paralisia facial periférica?

A
  • PARALISIA NÃO É COMUM. O nervo facial aguenta bem estiramento e compressão pelo Schwannoma Vestibular.
  • No caso de paralisia com massa no conduto auditivo interno, devo pensar em SCHWANNOMA DO PRÓPRIO NERVO FACIAL ou outros tumores (METÁSTASE ou HEMANGIOMA do facial).
18
Q

Explique o Sinal de Hitselberger e justifique porque pode ser um achado mais comum do que paralisia facial.

A
  • HIPOESTESIA DA CONCHA AURICULAR
  • Comprometimento das fibras sensitivas presentes no tronco do nervo FACIAL (VII). Lembrar que o ramo intermédio sofre primeiro com estiramento e compressão, antes da raiz motora do facial. Essa manifestação vem antes da paralisia facial (que muitas vezes não aparece), sendo um achado PRECOCE.
19
Q

O que cefaleia pode indicar?

A

Pode ocorrer em LESÕES MUITO AVANÇADAS, em que há compressão de vasos, seios e meninge. Localização subocciptal ou holocraniana.

20
Q

Paciente com schwannoma teve quadro rapidamente evolutivo de hipoacusia, paralisia facial aguda, hipoestesia facial, rouquidão, sonolência e sinais de compressão de tronco encefálico. Qual a suspeita e a conduta?

A

Suspeita:

  • Síndrome do Ângulo Ponto-Cerebelar Aguda. Indica HEMORRAGIA INTRATUMORAL, sendo uma urgência otorrinolaringológica.

Conduta:

  • Solicitar RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
  • Considerar INTERVENÇÃO CIRÚRGICA IMEDIATA.
21
Q
  • Qual o tipo de perda esperada na audiometria?
  • O que seria fenômeno de Roll-Over e Decrutamento, visto em alguns casos?
  • Qual a diferença entre Decrutamento e Recrutamento e o que cada um representa?
A

Tipo de de perda:

  • PANS UNILATERAL (perda maior em agudos).

Achados sugestivos:

  • FENÔMENO ROLL-OVER: piora da discriminação (IRF) à medida que se aumenta o volume sonoro além de 40dB acima do limiar tonal.
  • DECRUTAMENTO: reflexo estapediano com alargamento do intervalo entre o limiar tonal e o limiar do reflexo além de 65 dB.

Observação: quando temos Decrutamento (explicado acima) temos suspeita de lesões RETROCOCLEARES, como Schwannoma. Já quando ocorre o Recrutamento (Fenômeno de Metz), ou seja, quando o limiar do reflexo estapediano em indivíduos com PANS é observado na mesma intensidade que em indivíduos com audição normal (diferença é menor ou igual a 65 dB), temos suspeita de lesões COCLEARES.

22
Q

Quais exames eu posso solicitar para topografar o Schwannoma?

A
  • Provas calóricas podem mostrar hiporreflexia ou arreflexia (elas testam os canais laterais, e portanto ajuda a avaliar o nervo vestibular superior).
  • vHIT ajuda a topografar porque testa os canais (o CSC lateral é inervado pelo vestibular superior).
  • VEMP Ocular: utrículo (vestibular superior).
  • VEMP Cervical : sáculo (vestibular inferior).

Atenção: ressonância magnética ajuda no diagnóstico mas não consegue topografar o tumor (não identifica qual o nervo acometido).

23
Q

Cite 4 achados do BERA que são indicativos.

A

O BERA pode mostrar achados de lesão retrococlear por acometimento do nervo, principalmente por:

  • AUMENTO DE INTERVALO I-III (> 2,3 ms)
  • AUMENTO DE INTERVALO I-V (> 4,4 ms).
  • AUMENTO DA DIFERENÇA INTERAURAL DE ONDA V (> 0,4ms).
  • AUSÊNCIA DE ONDA I

Eletrococleografia tem pouca utilidade (não solicitada).

24
Q

Quais exames de imagem devem ser solicitados?

A
  • RM DE CRÂNIO E OSSO TEMPORAL COM CONTRASTE (padrão ouro para diagnóstico, com sensibilidade de 100% até mesmo para proporções milimétricas, sendo também o melhor para definir formas e dimensões).
  • TOMOGRAFIA DE OSSO TEMPORAL (é indispensável, principalmente para planejamento cirúrgico e avaliar relação com estruturas ósseas do APC).
25
Q

Quais os achados de RM?

A
  • T1= ISO (em relação ao tecido cerebral).
  • T2 = HIPO (em relação ao LCR).
  • T1 pós-contraste: HIPER (realce intenso e hemogêneo pelo gadolíneo).

Lembrar que não se faz contraste em T2.

26
Q

Cite seu principal diagnóstico diferencial de origem tumoral, como diferenciá-lo por exames de imagem, e outros 5 tumores que podem aparecer no APC.

A

Principal diagnóstico diferencial:

  • MENINGIOMA (foto): corresponde a 10% dos tumores de APC (2° mais comum). Enquanto o Schwannoma tem forma arredondada, sempre centrado no CAI, o Meningioma tem forma de meia-lua, com sua base “aderida” à face posterior do rochedo, com o CAI geralmente livre e descentralizado em relação ao tumor. A imagem pode mostrar a famosa CAUDA DURAL. Apresenta mesma densidade na RM que o Schwannoma.

Outros tumores:

  • Lipoma: bastante raro no APC. RNM mostra hiperintenso em T1 e moderadamente hipointenso (ou iso) em T2.
  • Hemangioma: afeta mais o NERVO FACIAL. É uma lesão pequena com PFP.
  • Tumor epidermoide: congênito (1% dos casos de APC). Diferencia pela RNM (lesão hipointensa em T1 e hiperintensa em T2).
  • Schwannoma do V par: costuma nascer e mostrar-se centrado no cavo de Meckel, não invade CAI.
  • Schwannoma do VII par: difícil diferenciar do VIII, mas aqui o sintoma facial também surge mais rápido.
27
Q

Cite outros 2 diagnósticos diferenciais (não tumorais).

A
  • Síndrome de Ménière (clínica muito semelhante pela tríade, porém perda ocorre em graves).
  • Neurite do VII ou VIII (pode gerar imagens semelhantes ao do Schwannoma vestibular, o que diferencia é o quadro clínico).
28
Q

Qual critério para adotar uma conduta expectante?

A
  • Tumor ASSINTOMÁTICO, PEQUENO (< 2cm) e de CRESCIMENTO LENTO (<3mm/ano).

Avaliar também expectativa de vida, condições clínicas e cirúrgicas, anatômicas e audição contralateral.

Atualmente tem se estudado uso de Bevacizumab (imunobiológico) no tratamento conservador.

29
Q
  • Cite o nome das 4 vias de acesso para cirurgia desse tumor.
  • O que significa audição útil?
  • Quais cirurgias preservam a audição?
  • Quais cirurgias não são indicadas para tumores que atingem o fundo do conduto auditivo interno?
A
  • RETROSSIGMÓIDEA

Para pacientes com AUDIÇÃO ÚTIL (limiares < 50dB e IRF > 50%), com schwannomas de qualquer tamanho, assim como pacientes anacúsicos. Essa via PRESERVA AUDIÇÃO. Não indicada para tumores que atingem fundo do CAI. É feita por neurocirurgião.

  • TRANSLABIRÍNTICA

Para pacientes ANACÚSICOS com TUMORES PEQUENOS e que atingem O FUNDO DO CAI. Permite boa preservação do facial e acesso direto ao nervo vestibular superior. Tem dificuldade de exposição da parte medial do tumor, junto ao tronco encefálico. Ela NÃO PRESERVA a audição (destrói a orelha interna). É a via de preferência do otologista.

  • FOSSA MÉDIA (SUPRAPETROSA)

Para TUMORES PEQUENOS, especialmente os INTRACANALICULARES. Essa via pode PRESERVAR a audição. Via preferencial para SCHWANNOMAS DO NERVO FACIAL, JUNTO AO GÂNGLIO GENICULADO (pela fácil exploração e descompressão do nervo).

  • RETROLABIRÍNTICA

Consiste em remover a porção posterior do osso temporal, preservando bloco labiríntico e abertura da dua pré-sigmoidea para epxpor o APC. Alternativa para PRESERVAR a audição. Ruim para tumores que atingem fundo do CAI.

Obs: é comumente empregada a associação de mais de uma via, principalmente da via translabiríntica com retrossigmoidea (a depender do tamanho ou localização dos tumores).

30
Q
  • Qual a indicação de Radiocirurgia Estereotáxica (RCE)?
  • Qual a indicação de Radioterapia Estereotáxica Fracionada (REF)?
  • Qual a indicação de Radioterapia Estereotáxica Hipofracionada (REH)?
  • Quais os principais efeitos adversos?
A

Considerado um dos principais tratamentos.

  • Radiocirurgia estereotáxica (RCE): para tumores restritos ao CAI, idoso, paciente clinicamente inoperável, recidiva e caso bilateral. Atualmente também para tratamento primário de tumores menores com crescimento rápido. DOSE ÚNICA DE 13 Gy.
  • Radioterapia estereotáxica fracionada (REF): permite tratar tumores acima de 3cm (maiores e irregulares) sendo feitas DOSES DIÁRIAS DE 1,8 - 2Gy (até 45Gy).
  • Radioterapia estereotáxica hipofracionada (REH): são 3 sessões divididas (SOMAM 18Gy). Objetivo é tentar associar as vantagens das duas técnicas acima.

Efeitos adversos incluem cefaleia, zumbido, desequilíbrio e hidrocefalia. Taxas desses efeitos variam de 1-4%. Pode também haver perda de audição tardia.