Ototoxicidade Flashcards
Qual o conceito de ototoxicidade?
- Perda da função auditiva e/ou vestibular por lesões celulares às estruturas da orelha interna, por substâncias químicas (medicamentos ou produtos industrializados). Vai depender da composição química, tempo de uso, dose, via de admnistração e predisposição genética.
- Costuma afetar mais as frequencias agudas e pode vir associado ou não a sintomas vestibulares.
Qual o achado audiométrico para considerar ototoxicidade?
- PANS > 25dB EM MAIS DE 1 FREQUÊNCIA
- Em crianças, QUALQUER ALTERAÇÃO AUDITIVA em mais de 1 frequência já basta.
Cite fatores que contribuem para agravamento do quadro.
- Nível tóxico no plasma
- Aumento crescente de doses diárias
- Exposição prolongada
- Insuficiência renal
- Extremos de idade
- Lesão prévia da orelha interna
- Exposição prévia a ruído
- Exposição prévia a radioterapia.
- Uso concomitante de várias drogas ototóxicas
Sobre os Aminoglicosídeos (amicacina, tobramicina, neomicina, gentamicina), descreva para cada se possui efeito cocleotóxico, vestibulotóxico ou ambos.
Somente cocleotóxica:
- Amicacina
Somente vestibulotóxica:
- Tobramicina
Ambos, mas preferencialmente cocleotóxicas:
- Neomicina
Ambos, mas preferencialmente vestibulotóxicas:
- Gentamicina
Sobre os Aminoglicosídeos:
- Qual mutação genética favorece sua toxicidade aumentando o risco de perda auditiva?
Mutação mitocondrial A1555G
Sobre os Aminoglicosídeos:
- Qual a fisiopatologia da lesão por essa classe?
- Qual mecanismo adicional a gentamicina possui?
- Quais as regiões afetadas primeiro na cóclea e no vestíbulo?
Aminoglicosídeos no geral:
- Entram na orelha interna e aumentam a concentração na perilinfa e endolinfa (permanecendo até 6 meses). Formam RADICAIS LIVRES e promovem APOPTOSE CELULKAR
Gentamicina:
- A gentamicina por si só é um QUELANTE DE FERRO, formando complexos produtores de radicais livres com maior intensidade, lesando DNA mitocondrial, celular, proteínas e ácidos nucleicos, carboidratos e lipidios de membrana, e neurotransmissores.
Regiões afetadas primeiro:
- Na cóclea, afetam inicialmente as CCE (parte basal e depois apical) e posteriormente CCI e gânglio espiral.
- No vestibulo, afetam células ciliadas tipo 1 (utrículo e sáculo) primeiro, e posteriormente células ciliadas tipo 2 (crista ampolar).
Sobre os Aminoglicosídeos:
- Qual o quadro clínico?
- Sintomas tem início após quanto tempo?
- Tem relação com dose e pico sérico?
- Hipoacusia, zumbido, plenitude auricular (cocleotoxicidade) e/ou vertigem, sintomas neurovegetativos, oscilopsia, ataxia, desequilibrio, dificuldade de andar no escuro (vestibulotoxicidade).
- Início em DIAS a SEMANAS.
- SEM relação com dose, pico sérico e outras toxicidades (DOSES BAIXAS JÁ CAUSAM).
Sobre os Aminoglicosídeos:
- Quais os exames mais indicados para diagnóstico?
- Dentro de qual o prazo devem ser solicitados?
- Os exames devem ser realizados com que frequência para monitorizar durante uso dessas drogas?
Diagnóstico:
- AUDIOMETRIA convencional ou de alta frequência, EOA POR PRODUTOS DE DISTORÇÃO (detecção mais precoce) e TESTE VESTIBULAR.
- Devem ser solicitados até 6 meses após suspensão da medicação.
Monitorização:
- Durante o uso, realizar no início do tratamento e 2x/semana.
- Após témino, pedir 1x/mês por no mínimo 7 meses.
Sobre a Cisplatina:
- Qual seu uso clínico?
- É vestibulotóxica ou cocleotóxica?
- Cite 4 mecanismos fisiopatológicos dessa droga.
Uso clínico:
- Tumores sólidos em crianças e adultos.
Efeito:
- Exclusivamente COCLEOTÓXICA.
Mecanismos:
- REDUÇÃO DE GLUTATIONA (encima antioxidante) e produção de RADICAIS LIVRES.
- AUMENTO DA ENZIMA NOX-3 (formadora de radicais livres)..
- Ligação à membrana as CCE com BLOQUEIO DA TRANSDUÇÃO MECANOELÉTRICA.
- REDUÇÃO DO GENE BCL2 causando maior APOPTOSE CELULAR.
Sobre a Cisplatina:
- Qual o quadro clínico esperado?
- Qual a taxa de perda auditiva irreversível por essa droga?
- Como diagnosticar?
Quadro clínico:
- Zumbido, hipoacusia, perda em frequências altas, bilateralmente de caráter progressivo, sendo DOSE-DEPENDENTE e IRREVERSÍVEL. Depende de outros fatores como idade do paciente, tratamento associado a radioterapia e uso de outros ototóxicos, predisposição genética e IRA.
Sequelas:
- CAUSA PERDA IRREVERSÍVEL EM 20-90% NOS ADULTOS e 50-90% EM CRIANÇAS (não é possível bloquear a cocleotoxicidade, mesmo com fracionamento de dose e hidratação venosa).
Diagnóstico:
- Diagnóstico com audiometria convencional, alta frequência e EOAPD (mais precoce).
Sobre a Eritromicina:
- Qual sua classe?
- É vestibulo ou cocleotóxica?
- É reversível?
- É um macrolídeo
- COCLEOTÓXICA (causa PANS bilateral em todas as frequências acompanhado de zumbido).
- Perda é REVERSÍVEL (retorno em 3 dias após suspensão)
Sobre os Diuréticos de Alça (Furosemida):
- São vestibulo ou cocleotóxicos?
- Qual o mecanismo de ototoxicidade?
- É reversível?
- COCLEOTÓXICOS
- Alteram o potássio na estria vascular, e portanto, o potencial endococlear.
- A ototoxicidade é rara, geralmente fraca, transitória e reversível.
Sobre o Mercúrio:
- Vestibulo ou cocleotóxico?
- Qual o quadro?
- Cocleo e vestibulotóxico.
- É um metal volátil e tóxico, lipossolúvel (passar a BHE, oxida e impregna SNC). Pode cuasr perda auditiva coclear ou retrococlear (casos graves, com desmielinização do córtex temporal e depósito no giro temporal transverso). Dependendo do grau de intoxicação, pode gerar nistagmo, alterações cerebelares e reflexos patológicos (Babinski).
Da lista abaixo, cite quais são somente cocleotóxicas, somentte vestibulotóxicas ou que possui ambos os efeitos:
- Tobramicina
- Ampicilina
- Amicacina
- Furosemida
- Clorafenicol
- Ciscplatina
- Eritromicina
- Polimixina B
- Ibuprofeno
- AAS
- Neomicina (mais cócleo)
- Gentamicina (mais vestibulo)
- Cipro, Levo ou Norfloxacino
- Estreptomicina
- Metotrexate
- Beta-bloqueadores
- Hidroxicloroquina
- Mercúrio e metais pesados
Somente vestibulotóxicas:
- Tobramicina
- Ampicilina
Somente cocleotóxicas:
- Amicacina
- Furosemida
- Clorafenicol
- Ciscplatina
- Eritromicina
- Polimixina B
- Ibuprofeno
- AAS
Ambos os efeitos:
- Neomicina (mais cócleotóxica)
- Gentamicina (mais vestibulotóxica)
- Cipro, Levo ou Norfloxacino
- Estreptomicina
- Metotrexate
- Beta-bloqueadores
- Hidroxicloroquina
- Mercúrio e metais pesados
- Cite 8 substâncias que possui capacidade de OTOPROTEÇÃO.
- Quais as duas principais contra os efeitos da cisplatina?
- TIOSSULFATO DE SÓDIO e FOSFOMICINA.
São as duas principais. Interação direta com cisplatina, ligando-se irreversivelmente a ela, deslocando a droga do seu sítio tóxico, previndo a interação com enzima superóxido dismutase, impede formação de radicais livres e intracelulares, bloqueio aos danos das celulas sensoriais que levam a apoptose.
- ACETILCISTEÍNA (antioxidate e aumenta níveis de glutationa).
- SALICILATO DE SÓDIO (atua sendo quelante de ferro, elimina radicais livres, oxidade no lugar dos tecidos).
- GINKGO BILOBA (EGB 761, atua removendo superóxidos e radicais livres).
- LACTATO (via transtimpânica, ação nas CCE, reduz lesão delas).
- D-METIONINA e L-METIONINA (liga a cisplatina e reduz toxicidade).
- DIETILDITIOCARBAMATO (quelante de metais pesados).
A cóclea parece ter uma autodefesa, sendo visto após 8 semanas potencial regenerador de CCE (visto adaptações intracocleares por agressão por aminoglicosídeos).