Sífilis congênita Flashcards
O que são infecções congênitas?
Infecções Congênitas (TORCHS)
Infecções transmitidas pela via hematogênica transplacentária.
Antes de começarmos a falar de cada uma das doenças, vamos resgatar alguns conceitos… Primeiro: o que é uma infecção congênita? Como o próprio nome diz, é
uma infecção que está presente durante a gênese daquele organismo. São infecções de TRANSMISSÃO VERTICAL, da mãe para o seu concepto e que se estabelecem
por VIA HEMATOGÊNICA TRANSPLACENTÁRIA. É diferente de uma infecção perinatal, que também é de transmissão vertical na maior parte das vezes, mas que ocorre próximo ao momento do nascimento, em geral na passagem pelo canal de parto, como a infecção pelo vírus HIV, hepatite B… Nestas situações, a gênese dos órgãos já ocorreu!
Em que momento da gestação as infecções congênitas podem ser contraídas?
Qual a clínica das infecções congênitas?
A MAIORIA É ASSINTOMÁTICA durante o nascimento. A suspeita se dá com doença ou sorologia materna!
QUANDO A CRIANÇA É SINTOMÁTICA…
QUADRO ANTENATAL:
ABORTAMENTO, CIUR, PREMATURIDADE
Justamente por estar presente ainda na vida intra-uterina, as infecções congênitas podem levar ao surgimento de manifestações antenatais! Tipo o que? Infecção
congênita pode ser causa de PREMATURIDADE e RESTRIÇÃO AO CRESCIMENTO INTRA-UTERINO. Mesmo assim, é importante entender que na grande maioria das vezes, a criança com infecção congênita está COMPLETAMENTE ASSINTOMÁTICA! A gente vai suspeitar que ela esteja infectada porque houve relato de alteração em sorologia materna, a verdade é essa!
QUADRO INESPECÍFICO:
Visceral (em especial HEPATOMEGALIA)
Ocular (CORIORRETINITE, CATARATA, MICROFTALMIA)
Neurológica
Cutânea (ICTERÍCIA, DOENÇA HEPÁTICA, EXANTEMAS MACULOPAPULARES INESPECÍFICOS)
Medular (PLAQUETOPENIA E EXANTEMA PETEQUIAL/PURPÚRICO)
Quando houver manifestações, estas serão COMPLETAMENTE INESPECÍFICAS, como HEPATOMEGALIA (bem comum), ICTERÍCIA PATOLÓGICA, EXANTEMAS
DIVERSOS, etc! O mais importante nesse tema é identificar o que há de mais peculiar em cada uma das doenças que vamos ver agora.
SEQUELAS:
Neurológica, visual e auditiva: toda infecção congênita pode ser causa de CEGUEIRA OU SURDEZ!
Como se faz o diagnóstico laboratorial das infecções congênitas?
ATENÇÃO AO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: a IgG materna passa pela placenta!
IgM positiva no RN = INFECÇÃO!
IgG positiva no RN = PODE SER IGG MATERNA!
Cuidado! Lembre que o anticorpo que ultrapassa a placenta é a IgG! Se durante os exames do bebê encontramos que a
IgM está positiva, aí sim, podemos dizer que ele está infectado!
O que é a sífilis congênita?
A sífilis congênita é uma infecção transmitida da mãe para o feto através da placenta durante a gestação ou no momento do parto, caso a mãe tenha sífilis não tratada ou inadequadamente tratada. É causada pela bactéria Treponema pallidum e pode levar a uma ampla gama de complicações para o recém-nascido, desde manifestações assintomáticas até consequências graves, como malformações congênitas, atraso no desenvolvimento ou até mesmo óbito.
Em que fase da sífilis ela pode ser transmitida ao feto?
- Pode ser transmitida em QUALQUER FASE DA DOENÇA, mas principalmente na sífilis PRIMÁRIA!
Qual a clínica da sífilis congênita?
CLÍNICA:
- A MAIORIA É ASSINTOMÁTICA!
Vamos lembrar que na grande maioria das vezes a criança vai estar assintomática e que quando tiver sintomas, a clínica predominante vai ser inespecífica!
Mas o que podemos encontrar de característico?
- SINTOMAS INESPECÍFICOS = podem ocorrer na maioria das infecções congênitas!
HEPATOMEGALIA
ICTERÍCIA
EXANTEMA
CORIORRETINITE
ANEMIA HEMOLÍTICA
MICROFTALMIA
Qual a clínica da sífilis congênita precoce?
SÍFILIS PRECOCE (Manifestações clínicas que aparecem nos primeiros 2 ANOS de vida)
RINITE SIFILÍTICA
Obstrução + secreção serossanguinolenta
Diagnóstico diferencial com sinusite bacteriana
PLACAS MUCOSAS, CONDILOMA PLANO
Tipicamente ao redor do ânus
Cuidado para não confundir com violência sexual
PÊNFIGO PALMOPLANTAR
Exantema vesicobolhoso
Todas as lesões cutâneas são ricas em treponema!-lesões contaminadas, manipular com luvas.
OSTEOCONDRITE
Inflamação na região metafisária adjacente à cartilagem de crescimento
Extremamente dolorosas
PSEUDOPARALISIA DE PARROT:
Membro “paralisado” por causa da dor com exame neurológico normal
Diagnóstico diferencial com paralisia de plexo braquial
PERIOSTITE DE DIÁFISE DE OSSOS LONGOS E OSSOS DO CRÂNIO
Sinal do duplo contorno no RX = novas camadas de periósteo se formando
Outras: SNC, ANEMIA HEMOLÍTICA COOMBS DIRETO NEGATIVO, SINAL DE WIMBERGER (“rarefação da tíbia”) CORIORRETINITE (padrão “sal e pimenta na fundoscopia)
Qual a clínica da sífilis congênita tardia?
SÍFILIS TARDIA (> 2 ANOS)
- FRONTE OLÍMPICA (abaulamento do osso frontal)
- NARIZ EM SELA (desmoronamento da base nasal)
- RÁGADES SIFILÍTICAS (sulcos lineares)
- DENTES DE HUTCHINSON E MOLAR EM AMORA
- TÍBIA EM SABRE (consequência da periostite)
- ARTICULAÇÃO DE CLUTTON
- CERATITE INTERSTICIA E SURDEZ
Quais exames são feitos na avaliação do RN suspeito de ter sífilis?
AVALIAÇÃO DO RN
AVALIAÇÃO CLÍNICA, AUDIOLÓGICA E OFTALMOLÓGICA + VDRL DE SANGUE PERIFÉRICO + HEMOGRAMA + PUNÇÃO LOMBAR + RX DE OSSOS LONGOS +
AVALIAÇÃO HEPÁTICA E ELETRÓLITOS
Sempre solicitar esses exames, mesmo que o RN esteja assintomático.
Sempre que a gestante tiver recebido o diagnóstico de sífilis durante a gestação ou então na admissão à maternidade em trabalho de parto, precisamos de uma avaliação cuidadosa do RN e de um VDRL (obrigatoriamente de sangue periférico! Não pode utilizar o VDRL de sangue de cordão, pois há altas taxas de falsopositivo ou falso-negativo)
Obs: os testes treponêmicos (TPHA, FTABS, teste rápido) NÃO são usados na avaliação do RN- pois eles detectam anticorpos IGG, e esses anticorpos podem passar da mãe para o feto.
* O VDRL é usado para diagnóstico e seguimento
- HEMOGRAMA:
Anemia, plaquetopenia, leucocitose ou leucopenia.
- RX DE OSSOS LONGOS:
Osteocondrite, periostite
Quais alterações pode se encontrar no líquor de um RN com sífilis congênita?
- PUNÇÃO LOMBAR:NEUROSSÍFILIS, SE…
VDRL REAGENTE ou
CELULARIDADE > 25 ou
PROTEINORRAQUIA > 150
QUANDO CONSIDERAR O TRATAMENTO DA SÍFILIS CONGÊNITA INADEQUADO?
QUANDO CONSIDERAR O TRATAMENTO INADEQUADO?
NÃO PENICILÍNICO (se alergia: dessensibilização > eritromicina). Tem que ser penicilina benzatina! Se a gestante tiver alergia, tem que fazer todo um processo de dessensibilização para tentar, a todo custo, usar a penicilina. Se não conseguir, pode usar esquemas alternativos, com macrolídeos. Mas esse macrolídeo não vai passar pela placenta e acompanhar o feto – por isso o tratamento é considerado inadequado!
INADEQUADO PARA A FASE /INCOMPLETO]/SEM QUEDA DO VDRL. Deve ser documentada uma queda dos títulos de
VDRL após o tratamento em pelo menos duas diluições em 3 meses; ou quatro diluições em 6 meses.
INÍCIO > 30 DIAS ANTES DO PARTO
NÃO DOCUMENTADO.
Mesmo que a paciente não tenha sido tratada de forma correta, os títulos de VDRL podem permanecer muito baixos para o resto da vida. A única maneira que temos de saber se isso é uma cicatriz sorológica ou uma doença em atividade é tendo a garantia que essa
paciente tenha sido tratada de forma correta.
*Parceiro tratado não é mais uma condição a ser considerada para um tratamento adequado.
QUAL A CONDUTA PARA UMA MÃE NÃO TRATADA OU INADEQUADAMENTE TRATADA?
NOTIFICAR O CASO
Realizar TODOS os exames e tratar TODOS os casos!
LCR ALTERADO (VDRL REAGENTE OU CÉLULAS > 25 OU PTN > 150):
Penicilina CRISTALINA IV POR 10 DIAS
LCR NORMAL E OUTRA ALTERAÇÃO (IMAGEM/CLÍNICA):
Penicilina CRISTALINA IV 10 DIAS OU
Penicilina PROCAÍNA IM 10 DIAS (50.000U/KG/DOSE)
ASSINTOMÁTICO E TODOS OS EXAMES NORMAIS ( VDRL negativo):
Penicilina BENZATINA IM em dose única
QUAL A CONDUTA PARA UMA MÃE TRATADA ADEQUADAMENTE?
SITUAÇÃO 2
MÃE ADEQUADAMENTE TRATADA
Pedir inicialmente apenas o VDRL do RN!
RN SINTOMÁTICO/EXAME FÍSICO ALTERADO OU VDRL MAIOR QUE O MATERNO EM 2 DILUIÇÕES (2X MAIOR):
-NOTIFICA
Pedir TODOS OS EXAMES e
Tratar com Penicilina CRISTALINA (LCR ALTERADO) ou PROCAÍNA (LCR NORMAL) 10 DIAS
Se exame físico alterado com VDRL não reagente: avaliar outras infecções congênitas (STORCH)
RN ASSINTOMÁTICO/EXAME FÍSICO NORMAL E VDRL NÃO MAIOR QUE O MATERNO EM 2 DILUIÇÕES: CRIANÇA EXPOSTA
COM GARANTIA DE ACOMPANHAMENTO: ACOMPANHA
SEM GARANTIA DE ACOMPANHAMENTO: EXAMES + TRATAMENTO DE ACORDO COM OS RESULTADOS
RN ASSINTOMÁTICO/EXAME FÍSICO NORMAL E VDRL NÃO REAGENTE:
COM GARANTIA DE ACOMPANHAMENTO: ACOMPANHA
SEM GARANTIA DE ACOMPANHAMENTO: Penicilina BENZATINA DU
Como é feito o acompanhamento da sífilis congênita?
ACOMPANHAMENTO
- Acompanhamento CLÍNICO NO 1º ANO
- VDRL SERIADO ATÉ 18 MESES
1, 3, 6, 12 e 18 meses
SE 2 CONSECUTIVOS NEGATIVOS = interrompe
SE 2 CONSECUTIVOS POSITIVOS = trata
IDEAL: declinar aos 3 meses e negativar aos 6 meses
- DEPOIS DE 18 MESES: TESTE TREPONÊMICO POSITIVO CONFIRMA A SÍFILIS CONGÊNITA (única utilidade no acompanhamento)
- PUNÇÃO LOMBAR, AVALIAÇÃO AUDITIVA, VISUAL E NEUROÓGICA A CADA 6 MESES NOS PRIMEIROS 2 ANOS
NÃO ESQUEÇA DE NOTIFICAR SÍFILIS CONGÊNITA!