Diarreia crônica Flashcards
O que são reações alimentares?
CONSUMO DE ALIMENTO- MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
As reações alimentares (ou reações adversas alimentares) dizem respeito ao conjunto de doenças em que existem manifestações clínicas decorrentes de uma intolerância ou alergia a um determinado alimento. Essa reação pode ser tóxica ou não tóxica. Vamos entender!
DEFINIÇÕES:
- REAÇÕES TÓXICAS: consumo de alimentos contaminados com toxinas (independe do indivíduo)
- REAÇÕES NÃO TÓXICAS: o consumo de alimentos gera manifestações que surgem por conta de uma suscetibilidade individual (depende do indivíduo). Pode ser imunomediado ou não imunomediado.
NÃO IMUNOMEDIADO: INTOLERÂNCIAS ALIMENTARES não envolve mecanismo imunológico, geralmente associado a DEFICIÊNCIA ENZIMÁTICA!
IMUNOMEDIADOS: ALERGIAS ALIMENTARES envolve MECANISMO IMUNOLÓGICO!
Perceba que NEM TODA REAÇÃO ALIMENTAR É ALERGIA! Pode ser apenas intolerância, sem mecanismo imunomediado, mas apenas
relacionado a deficiência enzimática
Qual a definição de intolerância á lactose?
DEFICIÊNCIA DE LACTASE/NÃO ABSORÇÃO DA LACTOSE
A lactase é a enzima que digere a lactose (dissacarídeo), separando a glicose da galactose, permitindo a absorção desses carboidratos. Se a lactase está deficiente, a lactose permanece intacta no tubo digestivo e não é absorvida! Sem lactase, não há lactose… Outra possibilidade de não haver absorção de lactose é a lesão na mucosa
intestinal que permitiria essa absorção
Quais as causas da intolerância a lactose?
PRIMÁRIA:
Algum fator genético que não permite a produção de lactase
(1) CONGÊNITA (rara)
(2) HIPOLACTASIA DO TIPO ADULTO: forma mais frequente - naturalmente, ocorre uma redução na produção de lactase ao longo dos primeiros
anos de vida. Em alguns indivíduos, de forma idiopática, apresentam esse declínio de forma mais intensa, desenvolvendo a hipolactasia do tipo adulto (apesar do nome, pode se iniciar na infância/adolescência). São pacientes que, conforme o tempo vai passando, progressivamente apresentam sintomas.
SECUNDÁRIA:
Algum fator “externo” que não permite a absorção da lactose
(1) LESÃO DE MUCOSA INTESTINAL (exemplo: diarreia por rotavírus, doença celíaca, alergia a proteína do leite de vaca, etc). Depois da regeneração da mucosa, tudo volta a acontecer normalmente.
Quais as manifestações clínicas da intolerância a lactose?
CLÍNICA:
LACTOSE NÃO DIGERIDA -FERMENTADA PELAS BACTÉRIAS DO TGI -PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO E GASES
- DIARREIA + fermentação no cólon levando ao acúmulo de ácidos orgânicos e gases -DISTENSÃO
ABDOMINAL COM DOR, FLATULÊNCIA E FEZES EXPLOSIVAS + HIPEREMIA PERIANAL
*Quadro carga dependente= Quanto mais lactose consome, mais clínica vai ter.
Como é feito o diagnóstico da intolerância a lactose?
DIAGNÓSTICO:
- QUADRO CLÍNICO TÍPICO + TESTE TERAPÊUTICO DE RETIRADA +/- TESTES COMPLEMENTARES
Quais os exames complementares da intolerância a lactose?
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR:
- TESTE DO HIDROGÊNIO EXPIRATÓRIO: o hidrogênio em excesso no TGI é absorvido e é exalado pelos pulmões.
- TESTE DE ABSORÇÃO DA LACTOSE: administra lactose e faz teste de curva glicêmica. Se o paciente não absorve lactose, o aumento da glicemia também não ocorre.
- TESTES ENZIMÁTICOS ESPECÍFICOS
Quais os mecanismos da aplv?
(1) MEDIADOS POR IGE
(2) NÃO MEDIADOS POR IGE
(3) MISTOS
Qual o tratamento da intolerância a lactose?
TRATAMENTO:
- Reduzir consumo de lactose
- Administração de LACTASE antes das refeições
Como funciona o mecanismos mediado por IGE da aplv?
(1) MEDIADOS POR IGE:
REPRESENTANTES:URTICÁRIA/ANAFILAXIA
- Manifestações mais AGUDAS/IMEDIATAS
O indivíduo é primeiramente sensibilizado por um alérgeno alimentar e produz anticorpos da classe IgE. Se entrar em contato novamente com o alérgeno, os
anticorpos IgE produzidos previamente durante a sensibilização rapidamente entram em contato com o alérgeno, promovendo degranulação de
mastócitos/basófilos, liberação de histamina, mediadores inflamatórios e surgimento de manifestações clínicas (cutâneas, TGI, etc). Tudo isso ocorre de forma rápida, aguda!
Como funciona o mecanismo não mediados por IGE da aplv?
(2) NÃO MEDIADOS POR IGE
- REPRESENTANTES: PROCTITE, ENTEROCOLITE, FPIES (enterocolite induzida por proteína alimentar)
- Manifestações mais ARRASTADAS/PROGRESSIVAS/CRÔNICAS
As reações alérgicas que não são medidas por IgE possuem manifestações clínicas de quadro mais insidioso e normalmente estão relacionados a quadros do TRATO GASTROINTESTINAL!
Como funcions o mecanismos misto da aplv?
3) MISTOS
- REPRESENTANTES: DESORDENS EOSINOFÍLICAS
- Principal exemplo: ESOFAGITE EOSINOFÍLICA
No mecanismo misto, pode haver o mecanismo imunomediado por IgE, mas também outros mecanismos! A principal doença relacionada a essa classe é a esofagite
eosinofílica, que terá mais detalhes nos resumos de gastroenterologia.
Como é feita a avaliação complementar da APLV?
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR:
- DOSAGEM DE IGE SÉRICA( in vitro)
- TESTES CUTÂNEOS (PRICK-TEST)-(in vivo)
- DEFINITIVO: TESTE DE PROVOCAÇÃO ORAL (TPO). É o exame padrão-ouro!= Você oferece o alimento e se tiver reações adversas logo após, é por que a pessoa é sensibilizada.
Qual o quadro clínico da esofagite eosinofílica?
- Pode ou não estar relacionada a alergia alimentar
-Infiltrado eosinofílico na mucosa do esôfago - LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES: quadro clínico semelhante a DRGE
- ESCOLARES E ADOLESCENTES:DISFAGIA E IMPACTAÇÃO ALIMENTAR
- EDA:ANÉIS CONCÊNTRICOS (“TRAQUEIZAÇÃO”), EXSUDATOS, SULCOS OU ESTRIAS, FRAGILIDADE MUCOSA- A deposição desses infiltrados com o tempo leva a diminuição do lúmen do esôfago.
- HISTOPATOLÓGICO: > 15 EOSINÓFILOS/CAMPO
- TRATAMENTO:DIETA, IBP, CORTICOTERAPIA TÓPICA COM FLUTICASONA OU BUDESONIDA SPRAY
Qual a diferença entre proctocolite e enterocolite alérgica?
Perceba: dentro da APLV, no que tange as manifestações gastrointestinais, a manifestação que vai nos chamar atenção é SANGUE NAS FEZES ou DIARREIA CRÔNICA.
Sempre que aparecer um paciente (geralmente lactente) com um desses sintomas após história de administração de leite de vaca, ficar atento! O grande ponto,
após identificada a alergia, é diferenciar a PROCTOCOLITE da ENTEROCOLITE (ou ENTEROPATIA). Cada uma tem suas particularidades!
(1) PROCTOCOLITE: ocorre MESMO EM ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO, manifestada por SANGUE NAS FEZES (eventualmente com presença de muco), mas com BOM ESTADO GERAL E GANHO PONDERAL SATISFATÓRIO.
(2) ENTEROCOLITE (OU ENTEROPATIA): geralmenteNÃO OCORRE EM QUEM RECEBE AME e tem relação com quem RECEBE FÓRMULA INFANTIL/LEITE DE VACA. Ocorre DIARREIA CRÔNICA + DÉFICIT DE CRESCIMENTO.
Qual o tratamento
TRATAMENTO:
- SE ESTIVER EM AME: SUSPENDER LEITE DE VACA DA DIETA
MATERNA. Mantém o AME, mas a mãe da criança para de receber LV e derivados!
- SE ESTIVER EM FI: TROCA POR FI “EXTENSAMENTE
HIDROLISADA”. SE NÃO RESPONDER: FÓRMULA A BASE DE
AMINOÁCIDOS. É uma fórmula que “cliva” o peptídeo alergênico, tornando-o mais
tolerável. As fórmulas “parcialmente hidrolisadas” não servem! Tem que ser
“extensamente”. Se não melhorar mesmo assim, partir para a fórmula a base de aminoácidos.
O leite de soja pode ser usado em substituição ao leite de vaca?
OBS: LEITE SOJA NUNCA DEVE SER USADO NOS PRIMEIROS 6 MESES DE VIDA (única exceção é a galactosemia). A PARTIR DOS 6 MESES, para os quadros IGE MEDIADOS, é uma possibilidade terapêutica.
Quem tem APLV vai ter para sempre?
Detalhe! O DIAGNÓSTICO NÃO É PERMANENTE! A criança costuma a desenvolve tolerância com o passar dos anos!
Periodicamente, o teste de provocação oral pode ser feito para a reintrodução.
O que é o FPIES?
FPIES (ENTEROCOLITE INDUZIDA POR PROTEÍNA ALIMENTAR)
É um processo de alergia alimentar não mediado por IgE!
- Ocorre de forma AGUDA geralmente 1-4 HORAS APÓS ALIMENTAÇÃO
- Manifestada por NÁUSEAS E VÔMITOS e eventualmente com sinais de DESIDRATAÇÃO/CHOQUE! Diante do quadro inespecífico, é
de difícil diagnóstico! Identificar os pacientes com FPIES é ainda um desafio. O diagnóstico é composto de história clínica compatível, sinais e sintomas característicos,
associados à melhora após retirada do desencadeante suspeito, exclusão de outras possíveis causas e teste de provocação oral (TPO) para casos selecionados. A
ocorrência de vômitos após 1-4 horas do consumo de comida suspeita, na ausência de sintomas respiratórios ou cutâneos mediados por IgE, representa o critério maior da FPIES aguda