Bronquiolite viral aguda Flashcards
Qual a definição de bronquiolite?
1º episódio de sibilância associado a uma infecção viral em uma criança < 2 anos”
Trata-se de uma PNEUMONIA VIRAL EM MENORES DE 2 ANOS! Mas, por que quando temos uma
infecção viral do trato respiratório de uma criança < 2 anos temos uma bronquiolite? Entenda: quando temos uma
infecção bacteriana, a bactéria aspirada se aloja DIRETAMENTE no alvéolo – o restante do trato respiratório inferior não
é atingido – o bronquíolo, por exemplo. Ou seja, é uma doença alveolar.
Na bronquiolite viral aguda, o vírus não chega ao nosso alvéolo “voando” (ele não é aspirado) – ele chega sendo
transmitido de célula por célula – então, antes de chegar ao alvéolo, o vírus atinge o bronquíolo! Nos adultos, essa
infecção no bronquíolo não gera repercussão, mas, na criança, a repercussão é grande. Tão grande que chega a ser mais
importante que a inflamação alveolar – na criança, o bronquíolo é naturalmente pequeno – evolui com DOENÇA
OBSTRUTIVA DE PEQUENAS VIAS AÉREAS, com dificuldade na inspiração e expiração.
Uma criança pode ter infecção de via área inferior várias vezes, mas a gente só considera bronquiolite o 1º episódio
Qual a etiologia da bronquiolite?
ETIOLOGIA:
- VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (isolado ou coinfecção) em 50-75% dos casos
- RINOVÍRUS E METAPNEUMOVÍRUS humano em segundo plano
Como ocorre a transmissão da bronquiolite?
TRANSMISSÃO:
- CONTATO DIRETO
Qual o quadro clínico da bronquiolite?
QUADRO CLÍNICO:
- < 2 anos + PRÓDROMOS CATARRAIS + FEBRE E TOSSE (importante dado para diferenciar da pneumonia afebril do lactente) +TAQUIPNEIA (!)
- Perceba que até aqui está “igualzinho” à pneumonia bacteriana. Como diferenciar? Através dos SIBILOS! Os sibilos são marcadores de obstrução de pequenas vias de condução – é predominantemente expiratório (ao contrário do estridor).
- SIBILOS (!) (importante para diferenciar da pneumonia bacteriana) + PROLONGAMENTO DO TEMPO EXPIRATÓRIO
As bancas, para dificultar, não têm usado mais o termo “sibilos” em prova. Passaram a usar “estertores DIFUSOS”. Perceba que numa pneumonia bacteriana, os
estertores são mais localizados, diferente da bronquiolite, que seriam “difusos”.
Obs: a partir do 2º episódio de sibilância, não chamamos mais de bronquiolite, mas de “lactente sibilante” (nesses casos,
pode ser asma…)
Como é feito o diagnóstico da bronquiolite?
DIAGNÓSTICO:
- CLÍNICO!
Quais os exames complementares da bronquiolite?
EXAMES COMPLEMENTARES:
- Hemograma: costuma ser NORMAL (ou DISCRETA LINFOCITOSE)
- PESQUISA DE ANTÍGENOS VIRAIS NO ASPIRADO NASOFARÍNGEO (pode ajudar na diferenciação com pneumonia bacteriana)
- Radiografia de tórax: sinais de HIPERINSUFLAÇÃO (retificação da cúpula diafragmática, aumento dos espaços intercostais, hipertransparência pulmonar);ATELECTASIA- isso ocorre por que o ar entra e tem dificuldade de sair.
Obs: a hiperinsuflação pulmonar pode gerar FÍGADO E BAÇO PALPÁVEIS!
Qual o tratamento da bronquiolite?
TRATAMENTO:
- SUPORTE! NÃO HÁ TRATAMENTO ESPECÍFICO (quadro autolimitado de ± 2-3 semanas)
Quando internar a criança com bronquiolite?
Quando internar (SBP)?
- MENORES DE 3 MESES
- NASCERAM COM IDADE GESTACIONAL < 32 SEMANAS
- DISPLASIA BRONCOPULMONAR/CARDIOPATIA CONGÊNITA
- SINAIS DE GRAVIDADE, FATORES DE RISCO PARA EVOLUÇÃO MAIS GRAVE (doença de base, prematuridade…)
Qual o tratamento hospitalar de uma criança com bronquiolite?
Se internar…
- OXIGENOTERAPIA, se saturação < 90-92% (CNAF( cânula nasal de alto fluxo), máscara, etc)
- AVALIAR ALIMENTAÇÃO VIA SONDA GÁSTRICA (a taquipneia dificulta a alimentação VO)
- HIDRATAÇÃO (dar preferência a soluções ISOTÔNICAS- 134/150 mec/l de sódio ) + soro glicosado
- Considerar NBZ COM SALINA HIPERTÔNICA a 3% (encurta o período de internação hospitalar) somente se a criança estiver HOSPITALIZADA.
- NÃO FAZER BETA-2-AGONISTA!
- NÃO FAZER NBZ COM ADRENALINA!
- NÃO USAR CORTICOIDE! Não é benéfico…
- NÃO SE RECOMENDA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA (adora cair em prova)!
* só fazer hidratação venosa se a criança não tolerar alimentação com sonda
*Antes era recomendado se fazer o teste terapêutico com salbutamol, se melhorasse podia continuar, se não tirava, hoje nem isso é recomendado.
Qual a prevenção para a bronquite?
PREVENÇÃO
PALIVIZUMABE( synages): anticorpo monocolonal contra o VSR
5 DOSES (1x/mês por 5 meses)
Começar 1 mês antes do período de maior sazonalidade (varia de região para região)
Indicações:
MS
< 1 ano: prematuro < 29 semanas
< 2 anos com cardiopatia congênita (com repercussão hemodinâmica) ou doença pulmonar na prematuridade- tem que fazer 1 ciclo no 1º ano e no 2º ano de vida.
SBP: mesmas indicações MS + Prematuro entre 29-32 semanas (com idade < 6 meses)
Qual o diagnóstico diferencial da bronquiolite?
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
SIBILANTE TRANSITÓRIO PRECOCE
- “Criança que sibilou (episódios repetidos) nos PRIMEIROS 2-3 ANOS DE VIDA e depois parou de sibilar.” = provável BRONQUIOLITE.
SIBILANTE PERSISTENTE
- “Criança que sibilou (episódios repetidos) nos PRIMEIROS 2-3 ANOS E QUE CONTINUOU SIBILANDO.” = provável ASMA.
SIBILANTE DE INÍCIO TARDIO
- “Criança que SÓ COMEÇOU A SIBILAR COM 5-7 ANOS DE VIDA.” = provável ASMA.
Obs: aos 2-3 anos de idade, como saber se é bronquiolite (sibilante transitório precoce) ou asma (sibilante persistente)? Falam a favor de ASMA: (1) episódios
recorrentes; (2) história familiar positiva; (3) rinite alérgica e eczema atópico; (4) eosinofilia (> 4%)