OTORRINO - RLF Flashcards
O que é a laringe?
A laringe é um tubo formado por cartilagens, músculos, membranas e mucosa, localizado entre a parte inferior da faringe e a traqueia. Ela é dividida em três partes: supraglote, glote e infraglote. A laringe tem cerca de 5 cm nos adultos e é inervada pelo nervo vago (X par).
O que é o Refluxo Laringofaríngeo (RLF)?
O RLF é uma condição inflamatória que afeta os tecidos do trato aerodigestivo superior, relacionada ao refluxo do conteúdo gastroduodenal. Esse refluxo pode induzir alterações morfológicas na faringe e laringe. Pode ocorrer com ou sem sintomas esofágicos associados.
Qual a diferença entre a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e o Refluxo Laringofaríngeo (RLF)?
DRGE: Relacionada ao esôfago, caracterizada por sintomas típicos como azia, regurgitação e dispepsia, especialmente à noite.
RLF: Relacionado à via aérea (faringe e laringe), com sintomas atípicos como pigarro, disfonia, tosse crônica, sensação de corpo estranho na garganta, entre outros, principalmente durante o dia.
Como o refluxo fisiológico difere do RLF?
O refluxo fisiológico ocorre após as refeições e é geralmente assintomático, com episódios curtos e sem danos ao esôfago. Já o RLF ocorre continuamente, afetando principalmente a parte superior do trato digestivo, sem a proteção que o esôfago tem contra os ácidos, o que pode gerar inflamação e lesões na laringe e faringe.
Quais são os três principais mecanismos fisiopatológicos do RLF?
1- Contato direto do material refluído com a mucosa da faringe/laringe.
2- Microaspirações, que desencadeiam reflexos protetores das vias aéreas superiores e inferiores (como tosse crônica).
3- Reflexos vagais, causados pela acidificação no terço distal do esôfago, que também podem resultar em tosse crônica.
O que é o Esfíncter Esofágico Superior (EES) e qual o seu papel no RLF?
O EES é uma válvula muscular localizada na junção da faringe com o esôfago. Quando ele está alterado, o refluxo de ácido pode atingir a parte superior do trato digestivo (laringe e faringe), gerando os sintomas do RLF. Alterações no EES, como diminuição da sua pressão, são comuns em pacientes com refluxo laringofaríngeo.
Quais fatores predisponentes aumentam o risco de RLF?
Aumento da pressão abdominal: obesidade, gestação, ascite.
Redução da pressão do EEI: fumo, álcool, certos medicamentos (como anticolinérgicos, bloqueadores de canal de cálcio) e hormônios (especialmente estrogênio e progesterona).
Idade: Com o envelhecimento, há um colapso da barreira antirrefluxo e maior uso de medicamentos que promovem relaxamento inadequado do EEI.
Como a tosse crônica está relacionada ao RLF?
A tosse crônica no RLF é frequentemente causada por microaspirações do material ácido na via aérea e também por reflexos vagais provocados pela acidificação do esôfago. Além disso, a tosse pode aumentar a pressão abdominal, piorando o refluxo e perpetuando o ciclo.
Quais são as manifestações clínicas mais comuns do RLF?
Pigarro (93,8% dos pacientes).
Globus faríngeo (sensação de bolo na garganta).
Disfonia (mudança na voz, pior pela manhã).
Tosse crônica, geralmente seca.
Dor de garganta (às vezes unilateral).
Ressecamento ou ardência na garganta.
Laringoespasmo.
Halitose, sialorréia (salivação excessiva), amargor na boca.
Gotejamento pós-nasal e otalgia (dor no ouvido).
Como a disfonia se manifesta no RLF?
A disfonia é mais acentuada pela manhã devido ao edema das pregas vocais durante a noite, causado pelo refluxo enquanto o paciente dorme. A voz pode ficar rouca e falhar, e a pessoa pode precisar limpar a garganta para recuperar a voz.
Quais complicações o RLF pode causar na mucosa respiratória?
O RLF pode causar edema e inflamação nas pregas vocais e nas áreas ao redor, levando a alterações como granulomas de contato, que são formações de tecido inflamatório devido ao atrito constante (como o ato de pigarrear). O RLF também pode contribuir para a formação de úlceras e aumentar o risco de complicações como o espasmo laríngeo.
Como o RLF pode afetar a saúde oral?
O refluxo pode alterar o pH bucal, o que pode alterar a flora oral, provocando:
Halitose (mau hálito).
Gengivites e periodontites.
Erosão dentária devido ao contato com ácido do refluxo
Quais exames são utilizados para o diagnóstico do RLF?
-Videonasofaringolaringoscopia: Exame de imagem da faringe e laringe, evidenciando sinais como edema, hiperemia e granulomas.
-pHmetria de 24 horas: Mede o pH no esôfago, mas sua utilidade é limitada para RLF isolado.
-Manometria esofágica: Avalia a pressão do EEI e do EES.
-Endoscopia digestiva alta: Para afastar lesões esofágicas graves, como o esôfago de Barrett.
-Teste terapêutico: Administração de medicamentos por 12-16 semanas para observar a resposta clínica.
Quais são os tratamentos comportamentais para o Refluxo Laringofaríngeo (RLF)?
Elevar a cabeceira da cama.
Evitar alimentos que pioram o refluxo (gordurosos, cítricos, cafeína, etc.).
Evitar deitar-se após refeições.
Parar de fumar e perder peso.
Como é o tratamento medicamentoso do RFL?
Antiácidos (para casos leves).
Inibidores da bomba de prótons (IBPs) (como omeprazol, pantoprazol): Tratamento de escolha.
Procinéticos: Utilizados quando há sintomas digestivos associados.
Sucralfato: Efeito citoprotetor, pode ser usado junto com IBPs.