ENDOCRINOPED - DM1 Flashcards
O que é o Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) e qual sua principal característica fisiopatológica?
O DM1 é uma doença autoimune, poligênica, caracterizada pela destruição das células β pancreáticas, resultando em uma deficiência completa de insulina.
!) Ao contrário do DM2, que envolve resistência à insulina, o DM1 ocorre devido à destruição das células beta responsáveis pela produção de insulina, levando à hiperglicemia crônica.
Qual a incidência do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) e quais são os padrões epidemiológicos característicos?
-O DM1 corresponde a 5-10% de todos os casos de diabetes, sendo responsável por 90% dos casos de diabetes em crianças.
-A incidência é bimodal, com picos entre 5-7 anos e durante a puberdade.
-É raro antes dos 1 ano de idade, e alguns casos podem ocorrer até os 25 anos.
-Após os 25 anos, a condição é chamada de LADA (Diabetes Autoimune Latente no Adulto).
Quais fatores estão associados ao desenvolvimento do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
Fatores genéticos + Fatores ambientais
Quais fatores ambientais estão associados ao desenvolvimento do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
Os fatores ambientais têm um papel importante na ocorrência do DM1. Os mais comuns incluem:
-Vírus: Como o Coxsackie e o vírus da rubéola, que podem causar diabetes por mimetismo molecular, já que esses vírus têm antígenos semelhantes aos das células beta.
-Toxinas: Como pesticidas.
-Teoria da higiene: Crianças que não foram expostas a certos antígenos na infância podem ter maior risco de desenvolver DM1 após os 5 anos.
-Deficiência de Vitamina D: A falta de vitamina D, especialmente nas mães durante a gestação, é um fator de risco, pois a vitamina D é protetora contra doenças autoimunes.
-Alimentos: Certos alimentos também podem influenciar o risco, embora os mecanismos ainda não sejam totalmente compreendidos.
Quais são os sinais e sintomas típicos do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
-Enurese noturna: Dificuldade em controlar a micção, um sintoma comum devido à hiperglicemia.
-Perda de peso inadequada: Apesar de o apetite ser normal ou até aumentado, há uma perda de peso por deficiência de insulina.
-Infecções fúngicas: Como balanopostite e vulvovaginite.
-Cansaço e irritabilidade: Com diminuição do rendimento escolar em crianças.
-Cetoacidose diabética
Como a falta de insulina leva à cetoacidose diabética no DM1?
A ausência de insulina no DM1 estimula a lipólise (quebra das gorduras), liberando ácidos graxos, que são usados como fonte de energia. No entanto, isso gera corpos cetônicos como subproduto. A acumulação excessiva de corpos cetônicos leva à acidose metabólica, o que resulta em sintomas como hipotensão, taquicardia, respiração de Kussmaul, hálito cetônico, e desidratação. A cetoacidose pode ser fatal se não tratada rapidamente.
Quais são os critérios diagnósticos para o Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
O diagnóstico do DM1 é feito com base nos seguintes critérios:
-Glicemia em jejum ≥ 126 mg/dL.
-Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) com 75g após 2 horas ≥ 200 mg/dL.
-Glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL + sintomas de hiperglicemia.
-HbA1c ≥ 6,5%.
Além disso, a presença de autoanticorpos no sangue é importante para confirmar a etiologia autoimune do DM1
Quais autoanticorpos são comumente positivos no Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
Anti-GAD65: Anticorpo contra a enzima ácido glutâmico descarboxilase, presente em aproximadamente 70-90% dos casos de DM1.
Anti-IA2: Anticorpo contra a tirosina fosfatase, que também é comum em DM1.
Anti-ICA: Anticorpo contra as células das ilhotas de Langerhans.
Anti-Insulina: Principalmente em crianças, é um anticorpo dirigido contra a insulina.
Peptídeo C: Usado para medir a função das células beta, pois permanece mais tempo circulando no sangue que a insulina.
O que caracteriza o primeiro estágio do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
O primeiro estágio do DM1 é caracterizado pela presença de autoanticorpos contra as células β pancreáticas, mas sem hiperglicemia. Neste estágio, a pessoa ainda não apresenta níveis elevados de glicose no sangue, mas já há uma resposta autoimune que pode eventualmente levar à destruição das células beta. A intervenção precoce (como o uso de medicamentos que modulem o sistema imune) pode atrasar ou até impedir o desenvolvimento da hiperglicemia e a progressão para o DM1 completo.
O que ocorre no segundo estágio do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
No segundo estágio, a pessoa pode apresentar sinais de pré-diabetes, com uma disfunção beta leve, mas ainda sem níveis críticos de glicose elevados. A destruição das células beta pancreáticas já está em andamento, mas a capacidade de produção de insulina ainda não está completamente comprometida. O quadro pode incluir glicemias em jejum mais altas do que o normal, mas ainda não atingindo os critérios diagnósticos para diabetes. A monitorização mais rigorosa da glicose e mudanças no estilo de vida podem ser recomendadas neste estágio.
O que caracteriza o terceiro estágio do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
No terceiro estágio, há hiperglicemia manifesta, com a presença de sintomas típicos de diabetes (como sede excessiva, poliúria, perda de peso, cansaço, etc.). Neste estágio, a destruição das células beta pancreáticas é significativa o suficiente para causar uma deficiência de insulina que resulta em níveis elevados de glicose no sangue. O diagnóstico de DM1 é confirmado através de exames laboratoriais, como glicemia de jejum, TOTG e dosagem de autoanticorpos. A pessoa começa a necessitar de insulinoterapia para controlar a glicose.
Quem deve ser rastreado para o Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) e por que?
O rastreamento para DM1 é indicado especialmente em crianças que têm familiares de primeiro grau com a doença, como irmãos. Embora o DM1 seja primariamente uma doença autoimune, não existem testes genéticos específicos para diagnosticá-lo diretamente. No entanto, certos testes genéticos podem identificar uma predisposição genética, como os genes do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC), especialmente HLA-DR3, HLA-DR4, HLA-DQ2 e HLA-DQ8.
Qual é o tratamento principal para o Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
O tratamento do DM1 é baseado na insulinoterapia, pois o corpo não produz insulina. As insulinas disponíveis incluem:
-Insulina NPH (insulina basal): Controla a glicemia entre as refeições e durante a noite.
-Insulina regular (insulina bolus): Usada para controlar a glicemia pós-prandial, após as refeições.
Idealmente, o tratamento deve ser dividido em 50% de insulina basal e 50% de insulina bolus, ajustado conforme a monitorização glicêmica.
Além disso, é essencial a vacinação, especialmente devido à associação com vírus que podem desencadear o DM1.
Como é realizada a monitorização glicêmica no Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1)?
A monitorização glicêmica no DM1 pode ser feita através de:
Glicosímetros capilares: Medem a glicemia no sangue.
Monitorização glicêmica contínua (CGM): Sistema que monitora a glicemia intersticial ao longo do dia, fornecendo informações em tempo real para ajuste das doses de insulina.