ENDOCRINOPED - HIPOTIREOIDISMO 1 Flashcards
O que caracteriza o hipotireoidismo congênito (HC) e quais são suas causas principais?
O hipotireoidismo congênito (HC) é a deficiência de hormônios tireoidianos ao nascimento, uma das causas mais comuns de retardo mental que pode ser prevenido.
Quais são as principais causas de hipotireoidismo congênito?
1- Disgenesia tireoidiana (80-85%): refere-se a problemas de desenvolvimento ou migração da tireoide, como agenésia (ausência da glândula), ectopia (tireoide fora da região normal), hipoplasia (tireoide subdesenvolvida) e hemiagenesia (ausência de um lóbulo).
2- Disormonogênese (10-15%): causas relacionadas a mutações genéticas que afetam a produção de hormônios tireoidianos, como defeitos na síntese de T4/T3. Exemplos incluem mutações nos genes SCL26A4 (pendrina), TPO (tireoperoxidase) e DUOX2.
Quais são os fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento de hipotireoidismo congênito?
Os principais fatores de risco para o HC incluem:
-Sexo feminino (2:1 em relação ao masculino).
-Idade materna > 39 anos.
-Prematuridade e gemelaridade.
-Deficiência de iodo materna.
-Tireoidopatia autoimune materna (atual ou pregressa).
-Uso de medicamentos que afetam a síntese dos hormônios tireoidianos durante a gestação (iodo, lítio, amiodarona, antitireoidianos).
-Doenças genéticas subjacentes, como síndrome de Down, que tem risco aumentado de HC (20 vezes mais provável).
Como ocorre a síntese dos hormônios tireoidianos no corpo?
A produção de hormônios tireoidianos é um processo complexo iniciado no hipotálamo, que secreta o TRH (hormônio liberador da tireotrofina). O TRH estimula a hipófise anterior a produzir TSH (hormônio estimulante da tireoide). O TSH age sobre a glândula tireoide, estimulando a produção de hormônios tireoidianos.
A produção de T3 e T4 ocorre nos folículos tireoidianos, com o transporte de iodo para o interior do folículo, mediado pela pendrina e NIS (simporte de sódio e iodo). O iodo é então incorporado à tireoglobulina, formando MIT (mono-iodotirozina) e DIT (di-iodotirozina). A enzima TPO (tireoperoxidase) catalisa a junção de MIT e DIT para formar T3 e T4, que são os hormônios tireoidianos ativos.
Como o hipotireoidismo congênito é classificado?
1-HC Primário: Causado por distúrbios localizados na tireoide (disgenesia ou disormonogênese).
2-HC Secundário: Causado pela deficiência do TSH, geralmente devido a lesões na hipófise anterior.
3-HC Terciário: Causado pela deficiência de TRH, devido a lesões no hipotálamo.
4-HC Periférico: Distúrbios no transporte, metabolismo ou ação dos hormônios tireoidianos, sendo o tipo mais raro.
O que é disgenesia tireoidiana e quais são os tipos mais comuns?
Disgenesia tireoidiana é uma falha no desenvolvimento da glândula tireoide, que pode se manifestar de diferentes formas:
Agenesia: Ausência completa da glândula tireoide.
Ectopia: Tireoide fora da localização usual, sendo o tipo mais comum, com destaque para a localização sublingual.
Hipoplasia: Glândula tireoide subdesenvolvida ou de tamanho reduzido.
Hemiagenesia: Ausência de um dos lóbulos da tireoide, mantendo o outro funcional.
O que é disormonogênese e como ela afeta a produção dos hormônios tireoidianos?
Disormonogênese refere-se a falhas na síntese ou na ação dos hormônios tireoidianos devido a mutações genéticas que afetam enzimas ou proteínas envolvidas na produção de T3 e T4.
As causas podem incluir:
Mutação do gene SLC26A4 (pendrina): Afeta o transporte de iodo para dentro do folículo tireoidiano.
Mutação do gene da tireoglobulina: A tireoglobulina é a proteína precursora que forma T3 e T4. Mutações afetam a produção dos hormônios.
Mutação do gene da tireoperoxidase (TPO): A TPO é responsável pela iodação da tireoglobulina.
Mutação do gene DUOX2 e DUOXA2: Essas mutações afetam as enzimas envolvidas na peroxidação do iodo.
Mutação do gene DEHAL1: Envolvido na desiodação das iodotironinas, afetando o metabolismo de T3 e T4.
Mutação inativadora do receptor de TSH (TSH-R): Afeta a capacidade da tireoide de responder ao TSH, prejudicando a síntese de hormônios tireoidianos.
Quais são as causas do hipotireoidismo congênito secundário e terciário?
O hipotireoidismo congênito secundário e terciário resulta de falhas nos sistemas regulatórios acima da tireoide:
Secundário: Deficiência do TSH, geralmente devido a lesões na hipófise anterior. Pode ocorrer por mutações em genes que afetam a formação ou a secreção de TSH, como PROP1, POUF1, LHX3, LHX4 e PIT1.
Terciário: Deficiência do TRH, geralmente devido a lesões no hipotálamo. A falha na produção de TRH leva a uma produção reduzida de TSH, afetando a função tireoidiana.
que caracteriza o hipotireoidismo congênito periférico e quais suas causas?
O hipotireoidismo periférico é um tipo raro de HC, causado por problemas no transporte, metabolismo ou ação dos hormônios tireoidianos. Algumas causas incluem:
Resistência periférica aos hormônios tireoidianos: Isso ocorre quando os receptores celulares não conseguem interagir adequadamente com T3 e T4, apesar de os hormônios estarem presentes em níveis normais no sangue.
Anormalidade no transporte do hormônio tireoidiano: Alterações nos transportadores que facilitam a passagem de T3 e T4 para dentro das células.
Alterações no metabolismo: Mutação nos genes envolvidos na conversão de T4 em T3 (como o gene deiodinase).
Quais são as principais diferenças entre o hipotireoidismo congênito periférico e o primário?
Hipotireoidismo Congênito Primário: A falha está na glândula tireoide, que não consegue produzir hormônios adequados, resultando em elevação de TSH devido à ausência de feedback.
Hipotireoidismo Congênito Periférico: A tireoide e a hipófise funcionam normalmente, mas os hormônios não conseguem agir nas células-alvo devido a problemas nos receptores, transporte ou metabolismo dos hormônios.
Diagnóstico: No HC primário, o TSH estará elevado, enquanto no periférico, o TSH será normal ou elevado, mas a ação dos hormônios é prejudicada nas células.
Quais são os sinais clínicos típicos do hipotireoidismo congênito em recém-nascidos?
Bócio (se houver disormonogênese).
Macroglossia (língua aumentada).
Choro rouco.
Icterícia prolongada (acima de 7 dias).
Pele seca e fria, hipotonia e hipoatividade.
Hipotermia e bradicardia.
Fontanelas amplas e distensão abdominal.
Hérnia umbilical e dificuldade para se alimentar.
Constipação (atraso na eliminação do mecônio).
Esses sinais se tornam mais evidentes após a terceira ou quarta semana de vida.
Verdadeiro ou Falso
O diagnóstico deve ser feito quando o RN ainda é assintomático
Verdadeiro
O diagnóstico precoce é crucial, pois após 14 dias de vida sem tratamento, a criança pode desenvolver complicações neurológicas irreversíveis.
Como o hipotireoidismo congênito é diagnosticado?
Triagem neonatal (teste do pezinho), com dosagem de TSH. Valores de TSH > 20 UI/mL são indicativos de HC primário.
Avaliação clínica, incluindo história de sofrimento neonatal e malformações associadas, como fenda palatina ou micropênis.
Exame físico pode revelar sinais sugestivos de HC, como bócio ou surdez (no caso da síndrome de Pendred).
Caracterize o teste do pezinho
-Dosagem do TSH por imunofluorimetria em amostra de sangue em papel filtro
-Valor de corte do TSH adotado pela PNTN: 10 UI/mL
-TSH entre 10 e 20 UI/mL são consideradas limítrofes e nova amostra em papel filtro é realizada
-TSH > 20 UI/mL são consideradas hipotireóideas mas é necessário fazer a dosagem pelo sangue venoso
-TSH > 40 necessário tratar imediatamente
-Realizar em o 3º e 5º dia de vida
-Se RN < 37 semanas, baixo peso ao nascimento, gemelaridade, uso de dopamina ou amiodarona, expostos ao iodo ou com anomalia cardíaca congênita, realiza-se a triagem no 5º, 10º e 30º dia de vida
*porque são situações que podem resultar em falsos negativos
Quais exames laboratoriais são úteis no diagnóstico do hipotireoidismo congênito?
TSH e T4 Livre (T4 L) para confirmar o diagnóstico.
Tireoglobulina: útil nos casos de disgenesia, pois em pacientes sem tireoide a tireoglobulina será indetectável.
Exames adicionais, como Prolactina, Cortisol, IGF-1, IGFBP-3, são realizados em casos de HC central (problemas hipofisários ou hipotalâmicos).
Dosagem de iodo urinário: pode ser útil, pois pacientes com HC primário têm baixa excreção urinária de iodo.