T28_Hepatites virais Flashcards

1
Q

Definição de Hepatite

A

Inflamação do fígado, pode ser de causa infecciosa ou não infecciosa

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2
Q

Clínica da Hepatite:

A
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3
Q

Evolução das Hepatites virais

A
  • Tipicamente, as hepatites causadas pelos vírus da hepatite A e E têm um curso clínico agudo, que ocorre e resolve num espaço de tempo inferior a 6 meses.
  • Nos casos das hepatites B e D (sendo que a D só tem curso clínico quando associado à B) tipicamente resolve-se antes dos 6 meses, mas em 5% dos casos transformam-se em casos crónicos.
  • No caso da hepatite C, uma percentagem muito relevante (cerca de 85%) vê a sua infeção perdurar no tempo.
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4
Q

Transmissão:

A
  • Via entérica
  • Via Parentérica
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5
Q

Características gerais do Virus da Hepatite A

A
  • Vírus RNA; família Picornaviridae; género Hepatovírus
  • Cápside icosaédrica, sem invólucro
  • Genoma de RNA linear, cápside é formada por 4 proteínas estruturais (VP1 a VP4)
  • Alta estabilidade – resistente altas temperaturas; ácidos e bases
  • 50% população com > 40 anos tem Ac IgG anti hepatite A
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6
Q

Clinica da Hepatite A:

A
  • Período de incubação: 10-50 dias
  • 70% crianças e 30% adultos são assintomáticos
  • Quadro súbito de febre, astenia, mialgias, artralgias, anorexia, náuseas e vómitos. Pode ocorrer obstipação ou diarreia, dor no hipocôndrio direito, icterícia e prurido que pode durar 1 a 2 semanas.
  • Maioria casos evolução benigna, sem complicações, com retorno à normalidade cerca de 2 meses depois
  • 20% adultos requerem hospitalização
  • 1/1000 casos desenvolve hepatite fulminante -> insuficiência hepatocelular grave (associada a outras patologias de base e idade > 40 anos)
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7
Q

Diagnóstico Hepatite A:

A
  • Clínica semelhante entre as várias hepatites não permite a sua distinção
  • Diagnóstico laboratorial – detecção Ac específios classe IgM e IgG em amostra de soro ou plasma:
    • Ac anti VHA IgM
    • Ac anti VHA IgG
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8
Q

Características Gerais do Virus da Hepatite E:

A
  • Vírus RNA; família Hepeviridae; género Hepevírus (1990)
  • Cápside icosaédrica, sem invólucro, tamanho pequeno
  • Genoma de RNA simples
  • 4 genótipos conhecidos: I e II atingem exclusivamente o Homem, III e IV o Homem e os animais (+++ suínos)
  • Alcança o fígado onde se replica -> acumulação na vesícula biliar -> excretado nas fezes em grande quantidade
  • Insuficiência hepática fulminante (taxa de mortalidade 20-30%) - pode ser muito grave em grávidas (3º trimestre)
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9
Q

Clinica da Hepatite E

A
  • Período de incubação: 15-60 dias
  • Excreção fecal inicia-se uma semanas antes da sintomatologia e até 2-3 semanas depois
  • Icterícia da pele e mucosas com sintomas gerais semelhantes a síndrome gripal
  • Colúria, acolia, hepato-esplenomegália com rash pruriginoso
  • Maioria das infecções são assintomáticas
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10
Q

Diagnóstico Hepatite E

A
  • Diagnóstico laboratorial – detecção Ac específicos classe IgM e IgG em amostra de soro ou plasma;
  • Marcadores de Hepatite E:
    • Ac anti VHE IgM
    • Ac anti VHE IgG
    • RNA VHE (carga viral)
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11
Q

Tratamento da Hepatite A e E

A
  • Não existe tratamento específico
  • Doença auto-limitada
  • São aplicadas medidas gerais de suporte
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12
Q

Profilaxia da Hepatite A e E

A
  • Medidas básicas de higiene (lavagem das mãos e dos alimentos); saneamento básico
  • Vacinação
    • Hepatite A - está indicada em indivíduos de grupos de risco (contactos com infectados; viajantes para zonas endémicas por exemplo), confere protecção duradoura. Em Portugal não faz parte do Plano Nacional Vacinação
    • Hepatite E - em desenvolvimento vacina recombinante (não aprovada e não comercializada)
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13
Q

Características gerais do virus da Hepatite B:

A
  • Vírus DNA (cadeia dupla) ; família Hepadnaviridae, tamanho 42 nm
  • Nucleocápside icosaédrica, com invólucro lipídico
  • É um vírus estável - resiste álcool e éter (-20ºC + 20 anos); destruído por autoclavagem a 121ºC (20 min) e inativado por hipoclorito de sódio 0.5% (3 min)
  • Cápside icosaédrica (AgHBc)
  • Invólucro - dupla camada lipídica: S, M, L
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14
Q

De que forma está organizado o genoma do virus da Hepatite B?

A

ADN cadeia dupla, circular, parcialmente incompleto 3’ , polaridade (+)

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15
Q

Transmissão do Virus Hepatite B

A

parentérica, sexual, vertical (perinatal: maioria no parto, 90% se mãe AgHBe+ e 90% evolui para cronicidade)

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16
Q

Clinica do Virus Hepatite B:

A
  • Quadro Agudo
  • Quadro Crónico
  • Quadro fulminante
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17
Q

Diagnóstico laboratorial Hepatite B

A
  • Marcadores serológicos clássicos – ensaios imunoenzimáticos
  • Biologia molecular
    • Quantificação do DNA HBV (carga viral) - Genotipagem HBV
    • Testes de resistência HBV
18
Q

Marcadores serológicos Hepatite B:

A
  • Ag HBs
  • Ag HBe
  • Ac anti HBc IgM
  • Ac anti HBc
  • Ac anti HBe
  • Ac anti HBs
19
Q

Características do Ag HBs?

A
  • Antigénio de superfície ou antigénio de Austrália
  • Marcador da actividade da doença e de infecciosidade. Desaparece com a elevação do Ac específico Ac HBs
  • Marcador muito precoce, pode ser detectado no período de incubação, fase aguda ou estadio crónico
  • Se evolução favorável desaparece 3-6 meses de doença
  • Se durante 1º mês não houver descida título -> pensar em cronicidade
  • Hepatite crónica B – persistência do Ag HBs para além do 6º mês de doença
  • Quantificação do Ag HBs <> relação com resposta imune e carga viral VHB indica replicação; pode ser útil para avaliar resposta ao tratamento com interferon e monitorização da evolução da doença nos imunocompetentes correlaciona-se com gravidade
20
Q

Carcaterísticas dos Ac HBs

A
  • O Ag HBs provoca o aparecimento de Ac neutralizantes contra os seus epítopos
  • É o último marcador a aparecer. Surge quando desaparece o Ag HBs (2º-3º mês de doença)
  • A sua presença indica imunidade larga duração à reinfecção (vacinação ou infecção passada)
  • único marcador presente nos vacinados.

Vacinados – a resposta imunitária não é tão intensa e os Ac baixam (por vezes desaparecem por completo). Revacinar?

“Curados” – os Ac permanecem detectáveis durante muito tempo

21
Q

Características dos AC HBc IgM e IgG

A
  • Os Ac HBc produzidos inicialmente são da classe IgM, atingem o seu valor mais elevado aquando da maior expressão clínica e depois diminui progressivamente até ao seu desaparecimento aos 3-6 meses. Marcador de infecção aguda
  • Os Ac HBc IgG é detectável com a sintomatologia inicial e persiste durante toda a doença e aquando da cura permanecendo detectáveis por toda a vida. A sua positividade indica contacto com o vírus mas não é um Ac protector.
22
Q

Carcateristicas dos Ag HBe e Ac HBe

A
  • O Ag HBe tem um excelente correlação com a existência de uma elevada actividade replicadora do vírus. A sua determinação é obrigatória em todas as amostras Ag HBs positivas. Com a evolução diminui e torna-se indetectável antes do desaparecimento do Ag HBs – bom prognóstico
  • O Ac Hbe quando surge indica, geralmente, uma diminuição da infecciosidade. A seroconversão precoce para este marcador indica uma boa evolução clínica. Habitualmente existe um pequeno “atraso” entre desaparecimento do Ag Hbe e o aparecimento do Ac Hbe. Nas infecções crónicas esta seroconversão só surge passados anos.
23
Q

Resumo dos vários marcadores serológicos na:

  • Hepatite B aguda com cura
  • Hepatite B crónica
A

Os gráficos seguintes servem de resumo dos vários marcadores serológicos na hepatite B aguda com cura (1) e da hepatite B crónica (2).

24
Q

Tratamento Hepatite B

A
  • Hepatite B aguda não tem indicação para tratamento na maioria dos casos (autolimitada; ponderar se grave)
  • Interferão + antivirais: - protocolos bem estabelecidos (lamivudina e adefovir) - múltiplas estratégias
25
Q

Profilaxia Hepatite B

A
  • Medidas gerais de higiene; uso preservativo; não partilha de seringas e agulhas
  • Vacinação – Plano Nacional Vacinação 3 doses: 0 ; 2 e 6 meses

AcHBs <10 mUI/ml - revacinação se:

  • imunodeprimidos
  • pós-exposição
  • hemodiálise crónica
26
Q

Características do Virus da Hepatite D

A
  • Vírus D ou vírus delta, vírus defectivo que necessita da presença do VHB para produzir infecção
  • O virião tem um invólucro lipoproteico formado pelo AgHBs e uma estrutura proteica interna onde se localiza o genoma viral
  • O genoma do vírus é formado por uma cadeia ARN circular simples que forma um complexo com o AgHD
  • Infecção mais frequente em crianças e jovens
  • Transmissão: muito semelhante à da hepatite B (sexual +++ nas reg endémicas)
27
Q

Clinica da Hepatite D

A
  • Podem variar de formas agudas benignas, formas crónicas (por vezes assintomáticas) a hepatite fulminante
  • A infecção pelo VHD ocorre SEMPRE na presença do VHB, os 2 vírus contribuem para a lesão hepática resultando numa doença mais grave. É frequente a progressão para a cirrose
  • Co-infecção ou Super-Infecção
28
Q

Diagnóstico da Hepatite D

A
  1. Marcadores serológicos clássicos
  • Ag HDV
  • Ac HDV
  1. Técnicas de amplificação de ácidos nucleicos
29
Q

Como se correlacionam os Anticorpos na Co-infecção e na Sobre-Infecção?

A
30
Q

Características gerais do Virus da Hepatite C?

A
  • Família Flaviviridae, hepacivirus, tamanho 60 nm
  • O genoma do vírus é formado por uma cadeia ARN que necessita de tradução em ADN para produzir novos vírus
  • Nucleocápside icosaédrica (proteína C) e invólucro (glicoproteínas E1 e E2)
31
Q

Transmissão da Hepatite C

A
  • essencialmente parentérica (85% contacto com material contaminado com sangue ou líquidos corporais); a sexual é pouco provável
  • nas crianças o mecanismo mais importante é a transmissão vertical (á risco nas grávidas com elevada carga viral aquando do parto e co-infecção VIH)
32
Q

Grupos de Risco da Hepatite C

A
33
Q

Evolução epidemiológica da Hepatite C em Portugal

A

Portugal – 1.5% Gen.1b/coinfecção VIH Toxicodependentes genótipo 3a/4

34
Q

Clinica da Hepatite C

A

Pode cursar de forma aguda ou crónica:

  • Infecções agudas- habitualmente assintomáticas ou sintomatologia ligeira
  • Infecções crónicas – principal causa de cirrose hepática e de transplante

Complicações: cirrose; varizes esofágicas; encefalopatia e carcinoma hepatocelular

35
Q

Diagnóstico e monitorização da Hepatite C

A
  1. Marcadores serológicos clássicos -Pesquisa de Ac anti VHC
  2. Técnicas de amplificação de ácidos nucleicos - Detecção de RNA viral
36
Q

Distribuição do RNA e anticorpos ao longo do tempo na hepatite C:

  • Infecção autolimitada
  • Infecção crónica
A
  • No caso de uma infeção autolimitada há uma correção muito rápida das transaminases, posterior aumento e persistência dos Ac anti- VHC e o RNA a partir de determinado momento deixa de ser detetável.
  • No caso de uma infeção cronica, o RNA viral continua a ser detetável e há oscilações da transaminases ao longo do tempo.
37
Q

No diagnóstico de hepatite C por técnicas cmoleculares, o que significa a detecção de RNA viral?

A

RNA- VHC – a sua presença implica infecção activa e portanto capacidade infecciosa.

Maioritariamente efetuada por PCR tempo real, resultados quantitativos. Permite:

  • Confirmação hepatite C ativa
  • Verificar suspeita de infeção aguda sem presença de Ac (imunocomprometidos que não desenvolvem esses anticorpos)
  • Diagnóstico da transmissão vertical
  • Avaliação pré-terapêutica e monitorização da resposta ao tratamento
38
Q

Qual a importância da Genotipagem na Hepatite C

A
  • A determinação do genótipo é fundamental na avaliação do doente, para escolha da terapêutica mais adequado e prognóstico.
  • Método de referência – sequenciação directa das regiões NS5B, E1 e E2 do genoma (método muito laboroso e pouco utilizado)
  • Maioria dos métodos disponíveis (PCR; RFLP e LiPA) identifica os 6 genótipos principais
39
Q

Algoritmo clinico da DGS para a Hepatite C

A
40
Q

Tratamento Hepatite C

A
  • Combinação de interferão e Ribavirina (boa resposta em 50%)
  • Regras de suspensão muito estritas reguladas pelos valores da carga viral
  • Atualmente, com medicamentos e combinações como: Sovaldi (sofosbuvir) ou Harvoni (sofosbuvir + ledispavir), levaram a uma mudança de paradigma, com curas >95%
41
Q

Profilaxia Hepatite C

A
  • Não há vacina disponível (grande variabilidade genómica do VHC)
  • Medidas gerais de profilaxia
    • precauções universais no contacto com sangue e líquidos biológicos
    • transmissão vertical não está indicada cesarina /excepção se co-infecção com VIH. Não está contra-indicada a amamentação
42
Q

Comparação entre os 5 virus da Hepatite quanto a:

  • Classificação
  • Genoma
  • Invólucro
  • Transmissão
  • Clínica
  • Vacina
A