T19_Introdução à micologia, micoses superficiais e subcutâneas Flashcards
Características gerais dos Fungi
- Reino de microorganismos eucariotas;
- Leveduras e bolores;
- Células heterotróficas;
- Parede celular com quitina;
- Membrana celular com esterol único: Ergosterol;
- Reprodução sexuada e/ou assexuada;
- Unicelulares (leveduras) ou pluricelulares (hifas);
- Maiores que as bactérias => visíveis ao MO com objetiva de 40x;
- Crescem em ambientes húmidos
Morfologia dos fungos
- Leveduras: organismos unicelulares, redondos ou ovais;
- Bolores: organismos multicelulares, filamentosos (hifas, sendo um conjunto de hifas um micélio), aparecem quando há humidade ou degradação de material
- Fungos dimorfos: conforme o ambiente e as condições de crescimento, têm forma leveduriforme ou filamentosa. Em ambientes pobres, produzem esporos que, quando as condições melhoram, germinam e dão origem a micélio
Reprodução sexuada
- Estado teleomorfo (2 células com polos diferentes);
- Base da classificação (APESAR de identificação laboratorial se fazer através da reprodução assexuada);
- Raramente observadas no laboratório;
- Alguns fungos não têm reprodução sexuada;
- Varia conforme a forma;
Reprodução assexuada
- Estado anamorfo;
- Base da identificação laboratorial;
- Observáveis no laboratório;
- Todos os fungos têm este tipo de reprodução
Formas de reprodução das Leveduras:
- Gemulação - célula mãe emite prolongamento que dará origem a célula filha. Por vezes, podem não se separar, dando origem a pseudo hifas => Diferem das hifas reais porque as verdadeiras têm bordos paralelos e não têm uma constrição;
- Clamidosporos - em condições adversas, produzem células mais espessas com parede refringente
Forma de reprodução dos Bolores:
- Esporos sexuados - zigosporos, ascosporos, basidiosporos;
- Esporos assexuados - esporangiosporos (dentro de estrutura sacular) ou conídios (livres);
- Extensão da hifa - em condições favoráveis
Formas de Diagnóstico laboratorial
- Exame direto;
- Exame cultural => mesmos meios que bactérias;
- Perfis bioquímicos (leveduras);
- Serologia;
- Pesquisa de Ags e Acs;
- Biópsia e histopatologia;
- Inoculação animal;
- Sondas moleculares;
Exame cultural: Meio de Sabouraud
-
Fungos leveduriformes
-
Mais frequente:
- Candida albicans => colónias arredondadas, faz parte da flora intestinal mas pode colonizar orofaringe ou vagina;
- Cryptococcus neoformans => encontrado no excremento de pombo, pode ser inalado e causar infeção em pessoas imunocomprometidas (HIV = meningoencefalite);
-
Mais frequente:
-
Fungos filamentosos:
- Aspergillus fumigatus é o mais frequente
Observação microscópica de leveduras
- Unicelulares:
- Cryptococcus é bactéria capsulada => teste da tinta da China para ver ao MO;
- Pseudohifas: Candida albicans
Observação microscópica da cultura de micélios vegetativos
- Hifas septadas: micélios septado;
- Hifas não septadas: micélio coenocítico (fungos + antigos)
Esporos vs. conídios
- Esporos: esporos formados dentro de estrutura sacular;
- Conídios: esporos que são livres;
Fungos e resistência terapêutica
São estáveis na sua resistência, inata ou através de mutações de novo:
=> NÃO HÁ RESISTÊNCIA ADQUIRIDA AOS ANTI FÚNGICOS
Mecanismos Patogénicos dos fungos
- Micotoxicoses
- Doença de Hiperensibilidade
- Colonização e doença
Qual é a vantagem do exame directo a fresco ou corado
- Como os fungos são estruturas grandes, bastante maiores que as bactérias, nós podemos indentificá-los no exame direto.
- Tem um valor enorme para os fungos porque se eu vir um fungo no exame direto a invadir um tecido, isso é um diagnóstico garantido que aquela infeção tem uma origem fúngica.
- Posso observar de forma direta o fungo ou semeá-lo e ter uma cultura que apresenta uma vantagem, pois na cultura temos o fungo crescido e conseguimos identificar um fungo filamentoso e realizar testes para identificar uma levedura. Mas no exame direto não conseguimos fazer isso, não conseguimos saber que fungo está presente porque todos os fungos filamentosos no exame direto têm o mesmo aspeto (são hifas) e todos os fungos leveduriformes têm o mesmo aspeto, logo, não distinguimos género nem espécie.
Porque é que o exame cultural não é um exame seguro no diagnóstico fungico:
- Não é um diagnóstico tão seguro porque como a maioria dos fungos existem no meio ambiente, o simples facto de abrir uma placa pode fazer com que um esporo caia dentro da placa e eu ter o crescimento de um fungo.
- Portanto, um exame cultural positivo, não me garante que a doença seja de facto causada por um fungo, uma vez que pode tratar-se de uma contaminação laboratorial.
- Para um diagnóstico seguro eu devo observar o fungo na estrutura do tecido e isso só possível saber-se se eu fizer uma observação direta do tecido (exame direto, exame corado).
Infecções Fungicas mais frequentes em Portugal
Qual é o tipo de divisão celular que mais se observa nos fungos no laboratorios
Divisão assexuada
Diferença entre pseudo-hifas e hifas verdadeiras
As hifas verdadeiras têm bordos paralelos e não têm zonas de constrição
Nível de envolvimento tecidular das micoses:
- Micoses superficiais: camada externa da epiderme e cabelo;
- Micoses cutâneas: camada profunda da epiderme, cabelo e unhas;
- Micoses subcutâneas: derme, tecido celular subcutâneo, músculo e fáscia;
- Micoses sistémicas;
- Micoses oportunistas: em hospedeiros suscetíveis
Micoses superficiais
-
Stratum corneum:
- Pityriases vesicolor;
- Tinha negra;
-
Haste pilosa (fungos originam nódulos):
- Piedra branca;
- Piedra negra;
Colheita e transporte de amostras
- Colheita: escama cutânea (raspado) ou cabelo;
- Transporte: placa de Petri ou envelope;
- Observação ao MO com KOH: permite transparência por digerir queratina;
Pityriasis vesicolor
- A + frequente, causada por Malassezia furfur;
- Lesões hipopigmentadas que vão crescendo pelo tronco, braços e costas;
- Mais evidentes em melanodérmicos ou leucodérmicos no Verão (bronzeado destaca);
- Raramente podem ser lesões hiperpigmentadas;
- Diagnóstico:
- Clínico;
- Observação ao MO das escamas de pele, com KOH e tinta de Parker => hifas e leveduras (“esparguete com almondêgas”)
- Exame cultural não necessário;
- Tratamento: creme durante 15 dias
Tinha negra
- Causado por Hortaea werneckii;
- Mácula castanha, nas palmas e solas;
- Não é contagioso;
- Típico de regiões tropicais e subtropicais;
- Diagnóstico:
- Clínico;
- Observação ao MO das escamas de pele, com KOH => fungo negro (produção de melanina), hifas septadas e aneloconídios;
- Exame cultural não necessário
Piedra branca
- Causado por Trichosporon beigelii;
- Nódulos pálidos e moles na superfície pilosa, nos pêlos da axila e virilha;
- Causado por má higiene e característico de regiões tropicais ou subtropicais;
- Diagnóstico:
- Clínico;
- Observação do cabelo ao MO com KOH => crescimento na superfície da haste (ECTOTRIX);
- Exame cultural: Sabouraud 25ºC, 2-3 dias;
- Tratamento: shampoo antifúngico ou rapar cabelo;
Piedra negra
- Causado por Piedraia hortae;
- Nódulos negros e duros no cabelo => fica frágil;
- Devido a má higiene;
- Característico de regiões tropicais ou subtropicais;
- Diagnóstico:
- Clínico;
- Observação do cabelo ao MO com KOH => crescimento na superfície da haste (ECTOTRIX) e dentro da bainha do cabelo (ENDOTRIX);
- Exame cultural: Sabouraud, 25ºC, crescimento lento;
- Tratamento: shampoo antifúngico ou rapar cabelo
Tratamento micoses superficiais
LESÕES CUTÂNEAS:
- Antifúngicos tópicos => derivados do imidazol;
- Outros medicamentos tópicos => hipossulfito de sódio, sulfureto de selénio;
- Em situações graves => azol oral;
LESÕES DO CABELO:
- Antifúngicos tópicos;
- Rapar cabelo;
- Boa higiene corporal;
Fungos das micoses superificiais: CARACTERÍSTICAS GERAIS
- São fungos superficiais da zona queratinizada => importante para colheita de amostra;
- Fungos são estéreis MAS transmissíveis;
Dermatófitos
- Afetam zona queratinizada da pele, cabelo e unhas;
- Mais profundas que superficiais, o que implica uma resposta inflamatória mais intensa;
- São fungos filamentosos, queratinofílicos, existentes no Homem e nos animais;
- Três famílias morfológicas:
- Mycrosporum;
- Tricophyton;
- Epidermophyton;
Clínica
- Tinhas podem ser arredondadas com contorno mais intenso;
- Amostras laboratoriais são colhidas por raspagem de escamas cutâneas, principalmentes nos bordos;
- NÃO DÁ PRURIDO;
- Cada fungo tem o seu tropismo:
- Tinha do corpo;
- Tinha crural;
- Tinha da cabeça (pode parecer S. aureus, impetigo ou S. pyogenes);
- Tinha da barba;
- Tinha do pé (pé de atleta);
- Tinha das unhas (onicomicoses);
- Tinha da mão;
Tinha do corpo
- T. rubrum;
- T. concentricum;
- M. canis;
- M. gypseum;
Tinha crural
- T. cruris
Tinha da cabeça:
- M. canis;
- T. tonsurans;
- T. schoenleinii;
- Atinge folículo piloso, leva a queda de cabelo (ficam “cotos de cabelo”);
- Alopécia transitória => exceção: T. schoenleinii causa alopécia definitiva (tinha favosa), porque destrói a raiz do folículo capilar;
- Não existe em Portugal => mais em crianças negras
Tinha da barba
- T. verrocosum;
- T. rubrum;
Tinha do pé
Pé de atleta;
- T. mentagrophytes var. interdigitalis;
- T. rubrum;
- E. floccosum;
Tinha da mão
- T. rubrum;
- T. erinacei;
Tinha das unhas
- Onicomicose;
- Muito frequente: predisposição aumenta com idade; Podem ser: proximais, distais ou superficiais;
- As unhas são células mortas, o que dificulta tratamento: Vernizes antifúngicos não tratam, mas impedem que se dissemine a infeção (têm eficácia moderada);
- Fungo é eliminado passada 4-6 meses (unha regenera);
- Tratamento mais eficaz é lixívia ou vinagre sob as unhas;
- Onicomicose superifical: T. mentragrophytes;
- Onicomicose distal e proximal: T. rubrum;
Dermatofitoses
- Infeção na pele glabra, cabelos ou unhas revela-se em localização única ou múltipla;
- Formas clínicas diversas, podendo a mesma forma clínica ser originada por diferentes espécies, e a mesma espécie originar diferentes formas clínicas;
- Ocasionalmente podem coexistir mais de uma espécie de dermatófito;
- O contágio a partir de uma lesão pode manifestar-se noutro local (autoinoculação);
- Epidemias infantis: baixo nível higiénico e social;
- Contágio elevado em crianças e lesões transmitidas por animais, mas menor em formas crónicas do adulto;
Diagnóstico
- Clínico;
- Pesquisa do agente no cabelo, unhas e raspado de pele; Exame direto a fresco (KOH) = diagnóstico;
- Exame cultural = confirmação, identifcação da espécie, prognóstico, epidemiologia;
Identificação da espécie - Características dos conídios
Tratamento
Antifúngico sistémico: terbinafina ou itraconazol
Características das Micoses subcutâneas
- Infeção que envolve as camadas mais profundas da derme, tecido celular subcutâneo, músculo, fáscia ou osso;
- Caráter crónico e insidioso;
- Associação a trauma (agentes teriam baixo poder patogénico se barreiras estivessem íntegras);
- Agentes etiológicos do solo ou vegetação em decomposição;
- Raras na Europa => exceto esporotricose e micetoma (+)
Características Esporotricose linfocutânea
- Lesões ulceradas ao longo do trajeto linfático => fungo tem tropismo para linfáticos;
- Identificação microscópica;
- Sporothrix schenckii;
Caracterostocas Cromoblastomicose
- Fungos negros = demaceáceos;
- Nódulos verrucosos no local de inoculação, que com a evolução assumem aspeto de couve flor, ficam secos e bosselados;
- Mais frequentes nos trópicos;
- Biópsia revelar corpos escleróticos;
- Difícil tratar com antifúngicos => leva a deformações graves e amputação
Características do Micetoma eumicótico
- Lesões múltiplas e deformantes, crónicas, envolvendo tecido celular subcutâneo;
- Mais frequentes nos trópicos;
- Característico: fístulas que drenam grânulos (são hifas aglomeradas em elevada densidade);
- Diagnóstico feito por anatomia patológica;
- Pode atingir fáscias e osso;
- DISTINGUIR de micetoma actinomicótico, provocado por bactéria Actinomyces
Manifestações clínicas
- Esporotricose linfocutânea;
- Cromoblastomicose;
- Micetoma eumicótico;
- Feohifomicose;
Diagnóstico de micoses subcutâneas
- Clínico;
- Exame histopatológico;
- Exame cultural
Tratamento de micoses subcutâneas
-
Esporotricose:
- Iodeto de potássio
- Itraconazol
-
Cromoblastomicose:
- Itraconazol
- Terbinafina
-
Micetoma:
- Terbinafina
- Voriconazol
- Posaconazol
- Amputação;