Infecções Congênitas Flashcards
Aspectos gerais
Adquiridas intrautero; acrônimo TORCHS;
Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovirus, Herpes vírus, Sífilis;
Triagem pré-natal para toxo e sífilis no 1° e 3° trimestre;
Maior gravidade no 1° trimestre da gestação!!
Maior risco de infecção no 3° trimestre!!
Achados clínicos:
- Gerais: restrição de crescimento intrauterino (RCIU), hepatoespleno, exantema (rubéola se purpúrico ou blueberry muffin, varicela congênita se rash cicatricial em ziguezague acompanhando dermátomo, sífilis se maculopapular e pênfigo palmoplantar), lesões ósseas (sífilis- osteocondrite), cardiopatias (rubéola- PCA ou estenose de valva/artéria pulmonar; miocardite);
- Hematológicas: anemia, plaquetopenia (CMV);
- Neurológicos: microcefalia, hidrocefalia, calcificações (toxo se difusas, CMV se calcificações periventriculares), coriorretinite (toxo), catarata e glaucoma (rubéola);
Exames: hemograma, função hepática, RX de ossos longos, fundo de olho, PEATE (potencial evocado auditivo de tronco encefálico), USG/TC de crânio, LCR, sorologias (IgM), pesquisa viral (secreção nasofaríngea, urina, sangue);
Sequelas: oculares (toxo, varicela congênita e herpes simples), auditivas surdez neurosensorial (CMV, rubéola), ósseas (sífilis tardia- fronte olímpica, nariz em sela, tíbia lâmina sabre)
Toxoplasmose congênita
Agente: Toxoplasma gondii; transmissão: cistos em carne animal mal passada ou ingestão de oocistos em alimentos, água ou mãos contaminadas com fezes de gatos infectados; transmissão transplacentária: toxoplasmose aguda na gestante (assintomática) ou reativação/reinfecção em imunodeficientes;
Maior risco no 3° trimestre; maior gravidade no 1°;
QC: assintomático (85% dos casos, RCIU, prematuridade, alteração de LCR -pleocitose, aumento de proteinorraquia; pode ter sequela ocular- coriorretinite);
Sintomático: tríade de Sabin: hidrocefalia, calcificações difusas e coriorretinite;
Dx:
- Na mãe: sorologia IgM (1-2sem até 2-3m), falso positivo; IgG (soroconversão); Índice de Avidez IgG (baixa <30%; alta >60%) quando alta infecção há mais de 3-4 meses, menor risco de toxo congênita;
- Feto: líq amniótico (PCR T. gondii, amniocentese); comprovada qndo PCR positivo ou IgG + colhida entre 2d-6m de vida ou IgG+ >12m de vida ou clínica + mãe IgG + e exclusão de outras causas;
Notificação compulsória da toxo gestacional e congênita!!
Tto:
- Gestacional: Espiramicina até o final da gestação;
- Fetal: Sulfadiazina+Pirimetamina+Ac Folínico até o final da gestação;
- Congênita: Sulfadiazina+Pirimetamina+Ac Folínico por 12m na criança; se manifestações neurológicas: Prednisona por 4sem; coriorretinite ou hiperproteinorraquia
Seguimento: hemograma (toxicidade da Pirimetamina que pode levar a neutropenia reversível), IgG (normaliza até 1° ano de vida) e avaliações oftalmológicas por toda a vida!!
Síndrome da Rubéola Congênita
Rara em países desenvolvidos devido a vacinação das gestantes!
Transição transplacentária: rubéola aguda materna (após 5-7d)
Gravidade maior quando ocorre no 1° trimestre de gestação, principalmente entre 8-11sem; quando depois de 16 sem, o risco de defeitos congênitos é quase zero.
QC: tríade clássica: catarata (teste do olhinho), surdez neurosensorial (sequela tardia mais comum), cardiopatia (ecocardiograma- PCA 78% , estenose de valvar pulmonar e de artéria pulmonar); rash em blueberry muffin; encefalite, hepatite, retinopatia, estrias osseas, atraso no crescimento; achados tardios: DM (20%) hipotireoidismo, autismo.
Dx: sorologia (IgM sangue, IgG>IgG materna, pesquisa de PCR em secreções)
Notificação compulsória!!
Precaução de contato até 1a (período q excreta o vírus na secreção)
Tto: não há tto específico!! Apenas suporte oftalmológico, auditivo, cardiológico e neurológico.
Citomegalovírus
Vírus da família Herpes viridae, adquirido pelo contato com secreções infectantes;
Transmissão vertical: intrauterina (infecção congênita), perinatal intraparto (secreção vaginal), pós-natal precoce (aleitamento materno)/ transmissão por transfusão de hemoderivados de pcte com citomeglovírus;
Taxa de ataque: infecção primária (30-50%) ou reativação/reinfecção (0,5-3%), por isso é controverso a sorologia de CMV no pré-natal;
QC: assintomático (90%) que apresenta surdez neurossensorial como sequela tardia; sintomático (10%) com RCIU, hepatoesplenomegalia e aumento das transaminases, icterícia com aumento de Bb direta, petéquias por plaquetopenia, microcefalia e calcificações periventriculares;
Principal sequela: surdez neurossensorial, uni ou bilateral!! Solicitar PEATE ao nascimento, 3m, 6m, acompanhamento semestral até os 3 anos, dos 3 aos 6a acompanhamento semestral com audiometria infantil condicional.
Dx: isolamento viral na cultura de fibroblastos (PADRÃO-OURO) Demora 1m pra sair. PCR em secreções de urina/saliva (secreta por até 3m). Sorologias tem baixa sensibilidade/especificidade
Tto: qndo tem infecção confirmada em RN sintomático com manifestações neurológicas (calcificações, LCR alterado, perda auditiva, coriorretinite), tratar por 6 semanas com Ganciclovir ou Valganciclovir (efeito adverso: neutropenia);
Se infecção confirmada mas assintomático, o tto é controverso!
Infecção perinatal: aleitamento materno, maioria dos casos é assintomático; sintomático se RNPT <32sem, peso <1500g, sd sepsis like, colestase, plaquetopenia; Dx PCR viral em secreções tardiamente; tto se sintomático por 2-3sem com Ganciclovir ou Valganciclovir.
Leite cru é controverso para prematuro/leucodepleção de hemoderivados/uso de hemoderivados de doadores soronegativos para CMV.
Sífilis Congênita: triagem pré-natal e quadro clínico
Transmissão transplacentária do treponema pallidum; gestante com sífilis em qualquer estágio; transmissão maior quando sífilis primária ou secundária (taxa de ataque de 70-100%) e quando ocorre no 3° trimestre;
Diagnóstico de sífilis materna é difícil!! Mãe frequentemente assintomático; importância da triagem pré-natal;
Triagem: VDRL (não treponêmico, detecta anticorpos anticardiolipinas, qndo as células são danificadas pelo treponema, falso positivo principalmente em dças autoimunes, alta sensibilidade, acompanhamento da resposta terapêutica- neg com tto);
FTA-Abs/ TPHA/ ELISA (treponêmicos, confirmação diagnóstica, nao serve para acompanhamento- uma vez positivo, será sempre positivo);
QC: criança assintomática >60% dos casos, história materna (triagem pré-natal e tto);
Criança sintomática: precoce (<2a, RCIU, prematuridade, hepatoespleno, lesões ósseas como periostite, osteocondrite, pseudoparalisia de Parrot, lesões cutaneomucosas como pênfigo palmoplantar, fissuras periorificiais, rinite serossanguinolenta, exantema maculopapular difusa, condiloma anogenital, anemia, plaquetopenia) X tardia (>2a, manifestações sequelares, neurológicas como retardo mental, hidrocefalia, surdez neurossensorial, oculares como coriorretinite em sal e pimenta, lesões ósseas como fronte olímpica, nariz em sela, tíbia em lâmina de sabre, articulações de Clutton, tríade de Hutchinson= ceratite Intersticial+ lesão do VII par+ dentes de Hutchinson);
Investigação RN
Doença de notificação compulsória!!
Sífilis congênita: diagnóstico e tratamento
Tto orientado pelo estágio clínico:
- Sífilis recente: Penicilina benzatina IM, dose única, 2,4 milhões UI;
- Sífilis tardia: Penicilina benzatina IM, 2,4 milhões UI, 1x/sem em 3sem;
- Neurossífilis: Penicilina cristalina IV, 18-24 milhões/dia; 4/4h por 14d;
Se cronologia desconhecida? Tratar como latente tardia!
Se não tiver Penicilina? Substitui por ceftriaxona, porém não há estudos de eficácia na redução da transmissão vertical!
Seguimento clínico e controle de VDRL mensal!
Sucesso= queda de VDRL aos longo dos meses;
Cura= queda 2 diluições em 3m, 4 diluições em 6m;
Tratar parceiros se infectados, conforme estágio clínico da infecção;
Adequadamente tratada= se usado Penicilina benzatina, de acordo com o estágio clínico, INÍCIO até 30d pré-parto, documentação queda VDRL, avaliação risco de infecção (não precisa de controle do tto só parceiro mais);
Investigação e tto do RN: avaliar QC do RN e tto materno;
1. Sintomático: solicitar RX ossos longos, hemograma, LCR, VDRL sangue e LCR, SEMPRE tratar com relação ao LCR: alterado? Neurossífilis= Penicilina cristalina 10d, 50.000 UI/Kg/dose, 12/12 nos primeiros 7d, 8/8h a partir do 7°d; normal? Penicilina procaína IM 10d, 50.000 UI/kg/dia.
Neurossífilis= VDRL+ e LCR>25 cels, ptn>150mg/dl (se >28d de vida= 5 cels, ptn 40); PENICILINA CRISTALINA;
- Assintomático: tto materno adequado: VDRL sangue RN> negativo? Penicilina benzatina dose única OU seguimento; positivo? Agir como se fosse sintomático, exames completos, tratar de acordo com o LCR;
Tto materno inadequado: exames completos; se exames normais e VDRL-, tratar com dose única de Penicilina benzatina; se exames alterados, tratar de acordo com o LCR;
Seguimento clínico: mensal até 6m, bimensal até 1a; colher VDRL com 1,3,6,12,18 e 24m; 2 VDRL negativos= alta; elevação ou não negativação= investigar;
Se neurossífilis= LCR a cada 6m, até a normalização dos parâmetros bioquímicos, citológicos e imunológicos;