Hemato: anemias e pancitopenias Flashcards

1
Q

ANEMIAS FALCIFORME - COMPLICAÇÕES

Crises álgicas: fisiopatologia, sintomas e manejo

A

Fisiopatologia: falcização das hemácias no interior de vasos que nutrem ossos e músculos (crise vaso-oclusiva)

Sintomas: dor intensa e súbita de localização mal definida (o membro todo, o dorso, o tórax), edema, eritema (dactilite falcêmica é um exemplo clássico de crise álgica vaso-oclusiva, normalmente a primeira manifestação do paciente < 2 anos)

Manejo (válido para todas as crises falciformes)
- Evitar fator desencadeante
- Analgesia adequada (NÃO evitar o uso de opioides)
~ morfina 0,1-0,15 mg/kg
~ se refratária a 3 doses = internar para morfine em BIC +/- quetamina 0,1-0,5 mg/kg/h
~ alta após transição de opioide para VO com a mesma dose por 5 dias
- Hidratação para atingir a euvolemia (não hiperidratar!)
~ Apenas 0,5-1 L EV, o restante oral
- Oxigenoterapia apenas se dessaturação

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2
Q

ANEMIAS FALCIFORME - COMPLICAÇÕES

Autoesplenectomia: fisiopatologia, consequências e como evitar infecções

A

Fisiopatologia: vaso-oclusões e microinfartos repetidos, levando à fibrose do baço e autoesplenectomia antes dos 5 anos

Consequências: maior risco de sepse por microrganismos capsulados (pneumococo, meningococo, H. influenzae) - principal causa de morte em crianças com anemia falciforme

Como evitar infecções:
- Vacinação contra pneumococo, meningococo e H. influenzae
- Penicilina V oral profilática de 3m a 5a de idade (> 5a pode ser feito de forma individualizada)
- Febre em crianças < 5a com anemia falciforme: internação + ATB enteral

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3
Q

ANEMIAS FALCIFORME - COMPLICAÇÕES

Sequestro esplênico e crise aplásica: fisiopatologia, clínica e tratamento

A

Sequestro esplênico:
- Fisiopatologia: vaso-oclusão da veia esplênica, com concentração do sangue no interior do baço, havendo grande destruição das hemácias
- Clínica: piora da anemia + esplenomegalia + reticulocitose
- Tratamento: suporte + transfusão + esplenectomia (após primeira crise)

Crise aplásica:
- Fisiopatologia: infecção e destruição dos precursores eritroides pelo parvovírus B19
- Clínica: piora da anemia + reticulocitopenia (sem esplenomegalia)
- Tratamento: suporte + transfusão

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4
Q

ANEMIAS FALCIFORME - COMPLICAÇÕES

Síndrome torácica aguda: fisiopatologia, clínica e tratamento

A

Fisiopatologia: multifatorial = vaso-oclusão + trombose + infecção (pneumococo, Mycoplasma pneumoniae e Chalmydia pneumoniae)

Clínica: febre e sintomas respiratórios + opacidade pulmonar ao raioX + hipoxemia na gasometria arterial

Tratamento:
- Internação
- Ceftriaxone + macrolídeo ou cefepime + macrolídeo IV
- Hemotransfusão nos casos graves -> Transfusão simples se Ht < 30 OU exsanguíneotransfusão se Ht > 30
~ O objetivo é transfusão de troca, mas para isso o paciente precisa ter reserva para sangrar (Hb ~ 8-9). Se estiver muito anêmico, preferir transfusão simples
- Gerais: afastar desencadeantes + hidratação + analgesia + oxigenioterapia

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5
Q

ANEMIA FALCIFORME - COMPLICAÇÕES

Desencadeadores de falcização e tipo de hemácia formada

A

Desencadeadores: dor, desidratação, hipoxemia, infecção e frio

Hemácias formadas: drepanócitos (em foice ou meia-lua)

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6
Q

HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA

Quando suspeitar de HPN?

A

Pacientes jovens com eventos trombóticos em sítios incomuns (ex. veia porta) e sem causa definida + anemia microangiopática + trombocitopenia

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7
Q

ANEMIA FALCIFORME - COMPLICAÇÕES

Tratamento e prevenção de AVE? (2)

A
  1. Tratamento: exsanguineotransfusão parcial ou transfusão de troca
  2. Prevenção: doppler transcraniano anualmente, para pacientes falcêmicos de 2-16 anos
    - Se fluxo de artéria cerebral média > 200 cm/s ou AVE prévio: regime de hemotransfusão crônica, mantendo HbS < 30%
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8
Q

ANEMIA FALCIFORMA - COMPLICAÇÕES

Indicações de hemotransfusão (4) e ATB (4)

A

Hemotransfusão:
- AVE (exsanguineotransfusão parcial)
- Síndrome torácica aguda (transfusão simples ou exsanguineotransfusão)
- Sequestro esplênico / Crise aplásica
- Crises vasoclusivas “comuns”: apenas se Hb < 5

ATB:
- Febre
- Leuco > 30.000
- Hb < 5
- Choque

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9
Q

TALASSEMIAS - DIAGNÓSTICO

Quando suspeitar de talassemia (3)

A
  1. Anemia hipo/micro com RDW normal
  2. Achados de anemia hemolítica crônica e hemólise extravascular (reticulocitose, aumento de LDH e BI, redução de haptoglobina, esplenomegalia)
  3. Antecedente familiar de anemia
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10
Q

TALASSEMIAS - BETA TALASSEMIA MAJOR

Achados clínico-laboratoriais e fisiopatologia (3)

A
  1. Anemia hemolítica grave (eritropoese ineficaz na MO + hemólise extravascular - secundárias ao excesso de cadeias alfa)
  2. Hepatoesplenomegalia (eritropoiese extramedular)
  3. Baixa estatura e deformidades ósseas - crânio em cabeleira e fácies de esquilo (hiperplasia eritroide pela +EPO)

(as duas últimas são formas de compensar a anemia)

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11
Q

ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA

Clínica do traço falciforme e do traço talassêmico

A

Traço falciforme: assintomático (pode ter necrose de papila)

Traço talassêmico (beta talassemia minor): anemia hipo/micro

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12
Q

ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA

Dado laboratorial patognomônico de beta talassemia

A

HbA2 > 3,5%
* Mesmo se houver HbS, trata-se de heterozigose falciforme-talassemia

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13
Q

ANEMIA FALCIFORME - COMPLICAÇÕES

Escada de analgesia proposta pela OMS (3)

A
  1. Dipirona/AINEs (não opiáceos) +/- antidepressivos / benzodiazepínicos / neurolépticos
  2. Codeína/tramadol (opioides fracos) +/- Dipirona/AINEs +/- antidepressivos / benzodiazepínicos / neurolépticos
  3. Morfina/metadona (opioides potentes) +/- Dipirona/AINEs +/- antidepressivos / benzodiazepínicos / neurolépticos
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14
Q

ANEMIA FERROPRIVA - DIAGNÓSTICO

Exame complementar para confirmação diagnóstica de anemia ferropriva na vigência de quadro infeccioso

A

Saturação de transferrina < 20

NÃO solicitar ferritina - além de estoque de ferro, também é uma proteína de fase aguda, estando elevada em processos inflamatórios, como no caso

(Ferritina > 300, em geral, é doença crônica e não pelo processo inflamatório)

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15
Q

ANEMIA FERROPRIVA E MEGALOBLÁSTICA

Causas de ferropenia em adultos e duração do estoque de vitamina B12

A

Ferropenia em adultos = sangramento crônico OU problema na absorção (H pylori, doença celíaca e DII)
(Praticamente NÃO HÁ ferropenia por baixa ingestão de ferro em adultos!!)

Estoque de vitamina B12: duração de 3-6 anos!
(NÃO esperar anemia megaloblástica após meses de bariátrica ou dieta vegetariana)

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16
Q

ANEMIA DA DRC

Nível de Hb esperado e tratamento

A
  1. Anemia por DRC: Hb ~ 8 mg/dL (se níveis muito abaixo de 8, suspeitar de causas concomitantes!)
  2. Tratamento:
    - Reposição dos estoques de ferro
    - Se mantiver com Hb < 10 com estoque de ferro adequado: eritropoietina
  3. Alvo de Hb: 10-12 (Hb > 12 há mais risco do que benefício, como AVE, trombose)
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17
Q

MIELOMA MÚLTIPLO

Fisiopatologia (1), achados clínico-laboratoriais (6) e exames confirmatórios (2)

A

Fisiopatologia:
- Proliferação neoplásica e monoclonal de linfócitos B, que produzem uma grande quantidade de anticorpos monoclonais e infiltram ossos e medula óssea

CRAB:
1. HiperCalcemia (lesões osteolíticas e reabsorção óssea)
2. Insuficiência renal (deposição de anticorpos monoclonais)
3. Anemia (infiltração da MO pelos plasmócitos neoplásicos)
4. Bones = lesões osteolíticas (infiltração dos ossos pelos plasmócitos neoplásicos - crânio em sal e pimenta)

  1. Hipergamaglobulinemia monoclonal
  2. Hemácias em rouleax

Exames confirmatórios:
- Mielograma com >60% de plasmócitos
- Biópsia de MO com >10% de plasmóscitos

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18
Q

ANEMIA HEMOLÍTICA

Condição a ser investigada em jovens com cálculo biliar (principalmente preto)

A

Anemia hemolítica! Pode não dar anemia, apenas aumenta a produção de bilirrubina

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19
Q

ANEMIAS E CITOPENIAS

O que pensar diante de anemia + trombocitopenia (4)

A
  1. Doença da medula óssea
  2. Hipertensão portal: anemia ferropriva por sangramento VEG e trombocitopenia por hiperesplenismo
  3. SHU ou PTT: anemia microangiopática + trombocitopenia + IRA
  4. CIVD: anemia microangiopática + trombocitopenia + fibrinogênio aumentado + alargamento de TP e TTPa
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20
Q

Causas de poliglobulia (4)

A
  1. Desidratação
  2. Hipoxemia crônica (tabagismo, DPOC)
  3. Uso de esteroides anabolizantes
  4. Doença medular (policitemia vera)
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21
Q

HIDROXIUREIA

Mecanismo de ação, efeitos adversos e doses

A

Mecanismo:
- Maior proporção de HbF em relaçãoa HbS
- Efeito citotóxico
- Menor adesão dos eritrócitos ao endotélio
- Vasodilatação por maior produção de NO

Efeitos adversos:
- Leucopenia com neutropenia
- Trombocitopenia e anemia (mais raros)
- Aumento do VCM! (Forma de avaliar adesão ao tratamento)

Dose:
- 15 mg/kg/d até 35 mg/kg/d
- Progredir até a dose máxima tolerada: PLQ > 100k, reticulócitos > 100k e neutrófilos > 1500
~ Alvo: controle clínico!

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22
Q

FERRO

Padrões de sobrecarga de ferro e causas

A

Aumento de ferritina E IST (> 45%):
- Hemocromatose
- Hemotransfusão (> 15-20 CH)
- Talassemias e anemia sideroblástica

Aumento isolado de ferritina (IST baixo):
- Síndrome metabólica
- Etilismo +/- Hepatopatia
- Neoplasias e doenças autoimunes
- Síndrome hemofagocítica
~ Nos quadros inflamatórios (sd metabólica, etilismo), há PCR elevado (outro marcador de fase aguda)

[hmg, perfil de ferro, pcr, lesão e função hepática, perfil glicêmico e lipídico]

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23
Q

FERRO

Exames complementares para estimar a extensão do depósito tecidual de ferro e linhas gerais do tratamento

A

Exames para avaliar depósito de ferro:
- RNM padrão T2 estrela - avalia coração e fígado
- Biópsia hepática - preferível apenas se alteração de enzimas hepáticas
~ Indicam necessidade e urgência de tratamento

Exames de lesão de órgão-alvo:
- Ecocardiograma e ECG
- TSH e T4L
- Lesão e função hepática
- Perfil glicêmico

Tratamento:
- Sem anemia importante: flebotomia
- Com anemia importante: quelante de ferro (deferiprona e e deferasirox)

24
Q

HEMOCROMATOSE

Etiologia, fisiopatologia e quadro clínico

A

Etiologia:
- Mutações recessivas no gene HFE:
~ Homozigoto C282Y (principal)
~ Homozigoto H63D e heterozigoto C282Y/H63D (poucos sintomas)
- Outras mutações que não são no gene HFE (raras!)

Fisiopatologia:
- Devido à mutação, ocorre maior absorção intestinal de ferro, que se deposita nos tecidos (hipófise, coração, fígado, pâncreas, articulações e pele)

Clínica:
- Hipogonadismo
- Cardiopatia (IC, arritmias)
- Hepatopatia (cirrose)
- Diabetes mellitus
- Artralgia/artrites
- Hiperpigmentação cutânea

25
**HEMOCROMATOSE** Rastreio e confirmação diagnóstica, avaliação de depósito tecidual de ferro e tratamento
Rastreio: - **Saturação de transferrina**: > **45%** em mulheres e > **55%** em homens - **Ferritina**: > **200** em mulheres e > **300** em homens Confirmação diagnóstica: - **Teste genético** das mutações no HFE (C282Y, H63D) Depósito tecidual: - O grau de depósito deve ser avaliado em indivíduos com ferritina > 1000 OU alteração de enzimas hepáticas OU sintomas de insuficiência cardíaca - **RNM de coração e fígado** Tratamento: - **Flebotomia** terapêutica: ~ Inicialmente 1x/sem até ferritina 50 ~ Manter ferritina 50-100 com flebotomias a cada 2-3 meses ~ alvo: IST < 50% / ferritina < 50
26
**PANCITOPENIA** Quadro clínico e emergências associadas que devem ser ativamente investigadas (consequências e causas das citopenias)
Clínica: - Hb: palidez, astenia/dispneia, taquicardia - PLQT: sangramento (gengivorragia, epistaxe, SUA), equimose/hematoma, petéquias - Leuco: febre, infecções de repetição Emergências da consequência das citopenias: - Anemia: **Core anêmico**/IC de alto débito pela anemia - Plaquetopenia: **Sangramento** ativo com **PLQT < 50.000** // **PLQT < 10.000** mesmo na ausência de sangramento - Neutropenia: **Neutropenia febril** Emergências da causa das citopenias: - **Microangiopatias trombóticas**: calcular escore **PLASMIC** para avaliar risco de PTT e necessidade de plasmaférese precoce - **Leucemias agudas**: sobretudo promielocítica para avaliar necessidade de ATRA
27
**PANCITOPENIAS** Categoriais de causas de pancitopenia
Falência da MO: - Anemia **aplástica, HPN** e síndrome mielodisplásica (**SMD**) - Carenciais (**B12**, ácido fólico, anorexia) - Infecções **virais** (EBV, HIV, hepatites, CMV, parvovírus) - **Medicações** (QTx, RTx, bactrim, clorpromazina, cloranfenicol, carbamazepina, fenitoína) - **Autoimunidade** [HMG, provas de hemólise, perfil de ferro, B12, AF] [sorologias] [marcadores de autoimunidade] [mielograma e biópsia de MO] Infiltração medular: - **Neoplasias** (leucemia, linfoma, neoplasias sólidas) - Fibrose (**mielofibrose**) - **Infecções** invasivas (TB, histoplasmose) [mielograma e biópsia de MO] Destruição periférica: - **Sequestro esplênico** - **CIVD** e PTT [esplenomegalia] [investigar inicialmente as causas extra-medulares. Se nada for encontrado, partir para o estudo medular com mielograma + biópsia de MO] [Falência da medula = 2 As, 2 Bs e 1 C - autoimunidade / anemia aplástica (doenças da medula) // bactrim (medicamentos) / b12 (carenciais) / cmv (infecções virais) Infiltração da medula = 3 Fs - fudeu, é neoplasia / fibrose / fungo Destruição periférica = 2 Cs - CIVD / "cequestro" esplênico]
28
**APLÁSTICA** Etiologia e fisiopatologia e diagnóstico de anemia aplástica
Etiologia e fisiopatologia: - Evento **autoimune** mediado por **células T** que culmina na destruição das **células-tronco hematopoiéticas** na MO Diagnóstico: - Citopenia de pelo menos **2 linhagens**: Hb < 10 / PLQT < 50.000 / Neut < 1500-1800 - Reticulocitopenia - Biópsia de **MO**: **hipocelular** com substituição por tecido **adiposo** (ausência de células anormais E de infiltração por neoplasia/infecção/fibrose)
29
**APLÁSTICA** Tratamento e classificação da anemia aplástica
O tratamento depende da classificação de gravidade! Classificação de gravidade: - Grave: pelo menos 2 = **PLQT < 20**.000 / **Retic < 20**.000 / **Neut < 500** - Muito grave: grave + **neut < 200** - Moderada: os demais casos Tratamento: - Casos graves ou muito graves: ~ Se **< 40 anos E doador** compatível: **TMO** ~ Se > 40 anos OU ausência de doador compatível: imunossupressão com esquema tríplice = **ciclosporina + eltrombopague + globulina anti-timocítica** - Casos moderados: **eltrombopague** em monoterapia [ciclosporina causa lesão renal e hipomagnesemia - deve ser monitorada com concentração plasmática entre 200-400 ou 150-250 se DRC]
30
**APLÁSTICA** Outra condição hematológica muito associada e motivo e raciocínio no manejo das duas condições
- **HPN** --> associação tão importante que, ao se diagnosticar uma, deve-se **investigar ativamente** a outra ~ Motivo: pela alteração nos receptores de membrana, os **clones HPN** da MO **não são reconhecidos** pelos linfócitos T que medeiam a autoimunidade na AA, de modo que há destruição das células normais e preservação dos clones HPN Raciocínio: - Tratar o **fenótipo predominante** no momento: ~ Se **hemólise ou TEV** = HPN ~ Se citopenias sem hemólise ou TEV = anemia aplástica Em geral, à medida que se trata um, o outro passa a prevalecer
31
**HPN** Etiologia e fisiopatologia e quadro clínico
Etiologia e fisiopatologia: - Mutação genética que causa deficiência dos fatores **CD55 e CD59**, que protegem as células do sistema complemento, de modo que as células-tronco hematopoiéticas são **destruídas pelo complemento** Quadro clínico: - **Pancitopenia** com anemia **hemolítica** não-imune - **Trombose** de sítios pouco comuns (SNC, abdominal - veia porta) - Consumo de NO (pela hemoglobina livre devido à hemólise): disfunção **erétil** e **hipertensão pulmonar**
32
**HPN** Confirmação diagnóstica e tratamento
Diagnóstico: - **Citometria de fluxo** com **clone HPN** elevado em contexto clínico compatível - anemia hemolítica não imune, trombose -, não havendo um ponto de corte bem definido ~ clone HPN são as células das linhagens de eritrócito, granulócito ou monócito que apresentam deficiência do CD55 e CD59 Tratamento: - Se quadro leve, apenas suporte - Se quadro grave: **eculizumab** (inibidor da fração C5 do complemento) ~ Cuidados do eculizumab: aumento o risco de infecção grave por meningococo --> o paciente deve vacinar antes do início do tratamento (*meningo acwy E meningo b*) - Se associado a AA ou SMD graves: **TMO**
33
**SMD** Etiologia e fisiopatologia e diagnóstico da neoplasia mielodisplásica
Etiologia e fisiopatologia: - Mutação causadora de **displasia em precursores mieloides**, que não conseguem se diferenciar e sofrem apoptose, causando citopenias ~ SMD é um *espectro de neoplasias hematológicas malignas* que podem evoluir para LMA Diagnóstico: - **Citopenia** de 1+ linhagem mieloide - **Mielograma e biópsia de MO** com os seguintes achados: ~ **displasia > 10%** das células mieloides ~ **blastos < 20%** na MO ou no SP (descartar leucemia aguda)
34
**SMD** Classificação, fator definidor de prognóstico e tratamento das neoplasias mielodisplásicas
O tratamento depende da classificação Classificação: - **R-IPSS** = muito baixo, baixo, intermediário, alto e muito alto ~ *Citopenias* ~ Número de *blastos* na MO ~ Alterações *citogenéticas* (ex: tipo de translocação, de deleção, gene mutado) - Fator definidor do prognóstico: risco de **evolução para LMA** Tratamento: - Baixo risco: **expectante ou suporte** (agentes indutores de hematopoiese) - Alto risco: **TMO ou QTx** (paliativa)
35
**HEMÓLISE** Causas de anemia hemolítica
Hereditárias: - **Hemoglobinopatias** (falciforme, talassemia) - **Esferocitose** hereditária - Deficiência de **G6PD** Adquiridas: - **AHAI** (quentes e frios) - **Microangiopáticas** (PTT, SHU, CIVD) - **HPN** - Outras: malária, valvas metálicas, drogas Intravasculares: - HPN - Microangiopatias - AHAI por anticorpos frios - G6PD Extravasculares: - Hemoglobinopatias - Esferocitose - AHAI por anticorpos quentes
36
**HEMÓLISE** Investigação de anemia hemolítica
Quando suspeitar: - Anemia + provas de hemólise positivas ~ **LDH e BI** elevados ~ **haptoglobina** reduzida ~ **reticulocitose** ~ hemoglobinúria e hemossiderinúria = hemólise intravascular ~ esplenomegalia = hemólise extravascular Exclusão inicial: - Se for **hipo/micro com RDW normal** → alta suspeita de talassemia Exames iniciais: - **Coombs direto**: se positivo → AHAI (10% das AHAI apresentam CI negativo!) - **Esfregaço** de sangue periférico: ~ esquizócitos → microangiopatias ~ drepanócitos → falciforme ~ leptócitos (alvo) → hemoglobinopatias ~ esferócitos → qualquer AH (não necessariamente esferocitose) Causas de haptoglobina reduzida sem ser hemólise: - **Hemotransfusão** recente - Insuficiência hepática - Trauma com hematoma
37
**AHAI** AHAI por anticorpos quentes: fisiopatologia, causas e tratamento
AHAI por anticorpos **quentes** (80% dos casos): Fisiopatologia: - Produção de **IgG** contra hemácias, causando hemólise **extravascular** (esplenomegalia) Causas: - **Idiopática** (principal) - Infecções virais (**HIV**) - Leucemia/linfoma (**LLC**) - **LES** - Medicamentos (**cefalosporina e alfa-metildopa**) Tratamento: - **Prednisona** 1 mg/kg por 10-14 dias - se resposta, iniciar desmame ~ Corticorrefratários: rituximabe +/- esplenectomia ~ Corticodependentes: ciclosporina, azatioprina, micofenolato
38
**AHAI** AHAI por anticorpos frios: fisiopatologia, causas e tratamento
AHAI por anticorpos **frios** (15%): Fisiopatologia: - Produção de **IgM** contra hemácias, causando hemólise **intravascular** (hemoglobinúria e hemossiderinúria) Causas: - **Idiopática** - Doenças **linfoproliferativas** (mieloma) - Infecção por **EBV, CMV e micoplasma** Tratamento: - Evitar exposição ao **frio**, manter extremidades aquecidas
39
**ESFEROCITOSE** Etiologia e fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento
Etiologia e fisiopatologia: - Mutação autossômica **dominante** (apesar de 10-15% poder ser recessiva) que causa deficiência de **proteínas do citoesqueleto** das hemácias (anquirina e espectrina), que adquirem **formato esférico** com alta concentração de Hb (esferócitos) e sofrem lise ao passar pelos capilares esplênicos (**hemólise extravascular no baço**) Clínica: - **Anemia hemolítica** extravascular com esplenomegalia - **Hipercromia** e **esferócitos** em sangue periférico - Antecedente **familiar** positivo (autossômica dominante) Confirmação diagnóstica: - Teste da **fragilidade osmótica** (hemácias sofrem lise precoce ao serem inseridas em meio hipotônico) Tratamento: - **Suporte** - Casos graves (dependente de transfusão, anemia sintomática persistente): **esplenectomia** (curativo!) ~ Vacinar até 14 dias antes para Pneumo, Meningo, Haemophilo e Influenza
40
**G6PD** Fisiopatologia e etiologia, quadro clínico, diagnóstico e tratamento
Fisiopatologia e etiologia: - Mutação **ligada ao X** que causa deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase, proteína que protege as células do **estresse oxidativo**, de modo que, em situações de estresse, as hemácias acumulam agentes oxidantes e sofrem lise (**hemólise intravascular**) Clínica: - **Anemia hemolítica** intravascular em surtos, desencadeados por **estressores oxidativos** - Principais estressores: infecções, grão de fava, sulfas, nitrofurantoína, quinolonas, primaquina, dapsona, ácido nalidíxico, naftalina etc - Corpúsculos de **Heinz** e hemácias **mordidas** Confirmação diagnóstica: - Dosagem da **atividade da G6PD** - reduzida ~ A dosagem deve ser feita **3 meses APÓS** a crise - durante a crise, as hemácias com G6PD reduzidas sofrem lise, restando apenas as "normais", sendo o resultado durante a crise falso negativo Tratamento: - Suporte e evitar desencadeantes
41
**SIDEROBLÁSTICA** Etiologia e fisiopatologia, clínica, diagnóstico e tratamento
Etiologia e fisiopatologia: - Congênita: mutação genética **ligada ao X** que causa **deficiência de protoporfirina**, de modo que o **ferro livre** se acumula nos precursores eritroides, causando apoptose na medula óssea - Adquirida: **álcool**, deficiência de B6 (**pirazinamida, isoniazida**), intoxicação por **chumbo**, deficiência de **cobre**, síndrome **mielodisplásica** Clínica: - Anemia **microcítica** (congênita) ou **macrocítica** (adquirida) com RDW aumentado - Hemácias com corpúsculos de **Papenheimer** Confirmação diagnóstica: - **Sideroblastos em anel** na medula óssea Tratamento: - Congênita: reposição de **B6** - Adquirida: afastar o fator causal
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**TALASSEMIAS** Etiologia e fisiopatologia e classificação clínica
- Defeito **genético** (deleção/mutação) nos genes produtores de alfa ou beta globina → redução da produção de um tipo de globina, com acúmulo do outro --> **excesso de globina livre** se precipita no interior das células, causando sua destruição: ~ nos precursores eritroides da MO → **eritropoiese ineficaz** ~ nos eritrócitos circulantes → **hemólise** extravascular (no baço) - **Alfa** globina: 2 genes em cada **cromossomo 16** (**4 genes** total) - **Beta** globina: 1 gene em cada **cromossomo 11** (**2 genes** total) A gravidade da anemia é tão maior quanto menor a produção da globina: - Talassemia **maior**: **Hb < 7** + dependência de **transfusão crônica** (alvo Hb ~ 9,5) - Talassemia **intermédia**: Hb **7-10** - Talassemia **menor** (traço): Hb **> 10**, assintomática
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**ALFA TALASSEMIA** Espectro de fenótipos possíveis com base na quantidade de genes deletados
Apenas 1 gene: - Portador assintomático - discreta **hipocromia e microcitose**, sem anemia - Sem alteração na EFHb - Diagnóstico apenas por pesquisa molecular dos genes da alfa-globina 2 genes: - **Anemia** hipo/micro leve - Sem alteração na EFHb - Diagnóstico apenas por pesquisa molecular dos genes da alfa-globina 3 genes: - Anemia e **hemólise moderadas a grave**, **esplenomegalia** - EFHb com presença de **HbH** (formada pela junção de **4 globinas beta** em excesso) 4 genes: - Incompatível com a vida - **hidropsia fetal** - Formação da **Hb de Barts** na vida fetal (formada pela junção de **4 globinas gama** em excesso)
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**TALASSEMIAS** Condutas gerais
- Reposição de **ácido fólico**: 1-5 mg/d VO ~ Indicado para toda hemólise crônica - Suporte **transfusional** - Se sobrecarga de ferro: **quelante** de ferro - **Esplenectomia** - Colecistectomia (risco aumento de cálculos biliares pretos)
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**FERROPRIVA** Reposição oral e endovenosa
Oral: - Sulfato ferroso **40 mg Fe elementar** - **80-120** mg **todos os dias ou em dias alternados** ~ diário = normaliza Hb em 3-4 sem, porém menos tolerável (vômitos, constipação) ~ dias alternados = normaliza Hb em 6-8 sem, com maior tolerabilidade - Repetir Hb após **3-6 sem** (se dose diária ou em dias alternados) e manter reposição por **mais 6 meses** além da normalização Endovenosa: - **Noripurum 100 mg/5 mL** - Dose total de ferro: **peso x 2,4 x (Hb alvo - Hb real) + 500** --> total em mg ~ Hb alvo 14 ~ 15 - Cada aplicação deve ter **2 ampolas** diluídas em **200 mL de SF**, correr em **2h** - Fazer 2-3 aplicações por semana (4-6 ampolas/sem), pelo tanto de semanas necessárias para atingir a dose total de ferro - Indicada quando reposição oral é intolerada OU componente disabsortivo (bariátrica, DII)
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**MEGALOBLÁSTICA** Reposição de vitamina B12 e ácido fólico
Vitamina B12: - Cianocobalamina **1000 mcg** IM **1x/sem por 4 sem** ~ se anemia grave ou sintomas neurológicos: 1000 mcg 3x/sem na primeira semana antes dessas 4 semanas - Manutenção: 1000 mcg IM **1x/mês** OU 5000 mcg IM de 3/3 meses - Monitorização: reticulocitose em 3-4 dias // aumento de Hb em 1-2 sem // normalização do HMG em 1-2 meses Ácido fólico: - 1-5 mg VO 1x/dia
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**ANEMIA** Anemia macro em idosos, em que foram excluídas causas carenciais e hemolíticas, devemos pensar em…
Neoplasia **mielodisplásica** (SMD)
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**ANEMIA** Anemia macro em idosos, em que foram excluídas causas carenciais e hemolíticas, devemos pensar em…
Neoplasia **mielodisplásica** (SMD)
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**ANEMIA** Causas de anemia micro, normo e macrocíticas
Microcíticas: - Ferropriva - Talassemia - Doença crônica - Sideroblástica congênita Normocíticas: - Doença crônica - Doença renal crônica - Hemólise - Doenças medulares (aplástica, mielofibrose) Macrocíticas: - Megaloblástica - Hemólise (reticulocitose) - Etilismo - Hepatopatia, tireoidopatia - Sideroblástica adquirida - Doenças medulares (aplástica, mielodisplasia)
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**MACROCITOSE** Medicamentos que classicamente causam macrocitose
- AZT (zidovudina) - Hidroxiureia - Metformina (causa deficiência de B12)
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**MEGALOBLÁSTICA** Fisiopatologia e quadro clínico-laboratorial
Fisiopatologia: - Deficiência de B12 e/ou AF (precursores de bases nitrogenadas do DNA), comprometendo a divisão e diferenciação dos precursores hematopoiéticos, que se dividem menos e ficam maiores (macrocitose) e sofrem lise (hematopoiese ineficaz), gerando pancitopenia Quadro clínico-laboratorial: - Sintomas anêmicos - Sintomas carenciais (glossite e queilite angular) - Se deficiência de B12: sintomas neurológicos desmielinizantes -> perda de sensibilidade vibratória, neuropatia periférica, ataxia e demência - Anemia macrocítica e pancitopenia leve - LDH e BI elevados com reticulocitopenia - Neutrófilos hipersegmentados (5+)
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**MEGALOBLÁSTICA** Causas de deficiência
B12: - Vegetarianismo prolongado (reservas duram 4-6 anos) - Anemia perniciosa ou gastrite atrófica por H pylori - Bariátrica ou ressecção ileal - Doença celíaca ou DII - Insuficiência pancreática exócrina - Medicamentos (metformina) AF: - Etilismo - Gestantes - Medicamentos (MTX, anticonvulsivantes)
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**FERROPRIVA** Fisiopatologia, alterações iniciais e quadro clínico-laboratorial
Fisiopatologia: - Deficiência de ferro prejudicando a formação do grupo heme da hemoglobina, causando anemia Alterações: - Consumo das reservas de ferro para manter o ferro circulante -> ferritina reduzida, IST e ferro sérico normais - A ferritina não é mais capaz de manter o ferro circulante, causando hipocromia e microcitose sem anemia -> ferritina, ferro sérico e IST reduzidos + hipocromia e microcitose sem anemia - Anemia hipo/micro com RDW aumentado e plaquetose reacional Quadro clínico-laboratorial: - Sintomas anêmicos - Sintomas carenciais (glossite e queilite angular) + sintomas de ferropenia (picacismo, coiloníquia, Plummer-Vinson) - Anemia hipo/micro com RDW aumentado e plaquetose reacional - Ferritina, IST e ferro sérico reduzidos + TIBC aumentado
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**FERROPRIVA** Causas e investigação
Causas: - Sangramento crônico (SUA, lesão do TGI) - Comprometimento da absorção (bariátrica, gastrite atrófica por H pylori, doença celíaca) - Baixa ingesta é exceção! Apenas casos extremos Investigação: - EDA e colonoscopia (CA gástrico ou colorretal, gastrite atrófica, doença celíaca) - Se exames normais: fazer reposição oral empírica - se falha de tratamento, investigar alterações absortivas OU investigar outro diagnóstico (talassemia)
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**FERRO** Alterações do perfil de ferro das anemias hipo/micro e causas de RDW aumentado
Ferropriva: - Ferritina, ferro sérico e IST reduzidos - TIBC aumentado Doença crônica: - Apenas ferritina aumentada - Ferro sérico, IST e TIBC reduzidos Sideroblástica: - Todos aumentados - ferritina, ferro sérico, IST e TIBC Anemia hipo/micro com RDW aumentado: - Ferropriva - Sideroblástica
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**FALCIFORME** Etiologia e fisiopatologia e quadro clínico
Etiologia e fisiopatologia: - Mutação **recessiva** no gene da **beta-globina** (cromossomo 11 - troca de ácido glutâmico por valina), formando a **HbS**, a qual tem a característica de se **polimerizar na forma desoxigenada**, causando falcização das hemácias, o que provoca **hemólise e vaso-oclusão** Quadro clínico: - Anemia **hemolítica** (provas de hemólise positivas) - Esfregaço de SP com **drepanócitos** (foice) e **leptócitos** (alvo) - Crises **vaso-oclusivas e disfunções orgânicas** (cardiopatia, nefropatia, osteoporose, retinopatia) ~ seguimento periódico com ecocardio, função renal e proteinúria, DMO e FO
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**SC** Etiologia e fisiopatologia e quadro clínico da hemoglobinopatia SC
Etiologia e fisiopatologia: - Mutação em ambos os genes da beta-globina, uma da **HbS** e outra da **HbC**, produzindo em torno de 50% de cada. A HbC não se polimeriza, porém ela **desidrata a hemácia** e favorece a polimerização da HbS Quadro clínico: - Intermediário **entre traço e anemia** falciforme - Maior incidência de **retinopatia e osteonecrose de fêmur** do que na anemia falciforme