Hemato: anemias e pancitopenias Flashcards
ANEMIAS FALCIFORME - COMPLICAÇÕES
Crises álgicas: fisiopatologia, sintomas e manejo
Fisiopatologia: falcização das hemácias no interior de vasos que nutrem ossos e músculos (crise vaso-oclusiva)
Sintomas: dor intensa e súbita de localização mal definida (o membro todo, o dorso, o tórax), edema, eritema (dactilite falcêmica é um exemplo clássico de crise álgica vaso-oclusiva, normalmente a primeira manifestação do paciente < 2 anos)
Manejo (válido para todas as crises falciformes)
- Evitar fator desencadeante
- Analgesia adequada (NÃO evitar o uso de opioides)
~ morfina 0,1-0,15 mg/kg
~ se refratária a 3 doses = internar para morfine em BIC +/- quetamina 0,1-0,5 mg/kg/h
~ alta após transição de opioide para VO com a mesma dose por 5 dias
- Hidratação para atingir a euvolemia (não hiperidratar!)
~ Apenas 0,5-1 L EV, o restante oral
- Oxigenoterapia apenas se dessaturação
ANEMIAS FALCIFORME - COMPLICAÇÕES
Autoesplenectomia: fisiopatologia, consequências e como evitar infecções
Fisiopatologia: vaso-oclusões e microinfartos repetidos, levando à fibrose do baço e autoesplenectomia antes dos 5 anos
Consequências: maior risco de sepse por microrganismos capsulados (pneumococo, meningococo, H. influenzae) - principal causa de morte em crianças com anemia falciforme
Como evitar infecções:
- Vacinação contra pneumococo, meningococo e H. influenzae
- Penicilina V oral profilática de 3m a 5a de idade (> 5a pode ser feito de forma individualizada)
- Febre em crianças < 5a com anemia falciforme: internação + ATB enteral
ANEMIAS FALCIFORME - COMPLICAÇÕES
Sequestro esplênico e crise aplásica: fisiopatologia, clínica e tratamento
Sequestro esplênico:
- Fisiopatologia: vaso-oclusão da veia esplênica, com concentração do sangue no interior do baço, havendo grande destruição das hemácias
- Clínica: piora da anemia + esplenomegalia + reticulocitose
- Tratamento: suporte + transfusão + esplenectomia (após primeira crise)
Crise aplásica:
- Fisiopatologia: infecção e destruição dos precursores eritroides pelo parvovírus B19
- Clínica: piora da anemia + reticulocitopenia (sem esplenomegalia)
- Tratamento: suporte + transfusão
ANEMIAS FALCIFORME - COMPLICAÇÕES
Síndrome torácica aguda: fisiopatologia, clínica e tratamento
Fisiopatologia: multifatorial = vaso-oclusão + trombose + infecção (pneumococo, Mycoplasma pneumoniae e Chalmydia pneumoniae)
Clínica: febre e sintomas respiratórios + opacidade pulmonar ao raioX + hipoxemia na gasometria arterial
Tratamento:
- Internação
- Ceftriaxone + macrolídeo ou cefepime + macrolídeo IV
- Hemotransfusão nos casos graves -> Transfusão simples se Ht < 30 OU exsanguíneotransfusão se Ht > 30
~ O objetivo é transfusão de troca, mas para isso o paciente precisa ter reserva para sangrar (Hb ~ 8-9). Se estiver muito anêmico, preferir transfusão simples
- Gerais: afastar desencadeantes + hidratação + analgesia + oxigenioterapia
ANEMIA FALCIFORME - COMPLICAÇÕES
Desencadeadores de falcização e tipo de hemácia formada
Desencadeadores: dor, desidratação, hipoxemia, infecção e frio
Hemácias formadas: drepanócitos (em foice ou meia-lua)
HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA
Quando suspeitar de HPN?
Pacientes jovens com eventos trombóticos em sítios incomuns (ex. veia porta) e sem causa definida + anemia microangiopática + trombocitopenia
ANEMIA FALCIFORME - COMPLICAÇÕES
Tratamento e prevenção de AVE? (2)
- Tratamento: exsanguineotransfusão parcial ou transfusão de troca
- Prevenção: doppler transcraniano anualmente, para pacientes falcêmicos de 2-16 anos
- Se fluxo de artéria cerebral média > 200 cm/s ou AVE prévio: regime de hemotransfusão crônica, mantendo HbS < 30%
ANEMIA FALCIFORMA - COMPLICAÇÕES
Indicações de hemotransfusão (4) e ATB (4)
Hemotransfusão:
- AVE (exsanguineotransfusão parcial)
- Síndrome torácica aguda (transfusão simples ou exsanguineotransfusão)
- Sequestro esplênico / Crise aplásica
- Crises vasoclusivas “comuns”: apenas se Hb < 5
ATB:
- Febre
- Leuco > 30.000
- Hb < 5
- Choque
TALASSEMIAS - DIAGNÓSTICO
Quando suspeitar de talassemia (3)
- Anemia hipo/micro com RDW normal
- Achados de anemia hemolítica crônica e hemólise extravascular (reticulocitose, aumento de LDH e BI, redução de haptoglobina, esplenomegalia)
- Antecedente familiar de anemia
TALASSEMIAS - BETA TALASSEMIA MAJOR
Achados clínico-laboratoriais e fisiopatologia (3)
- Anemia hemolítica grave (eritropoese ineficaz na MO + hemólise extravascular - secundárias ao excesso de cadeias alfa)
- Hepatoesplenomegalia (eritropoiese extramedular)
- Baixa estatura e deformidades ósseas - crânio em cabeleira e fácies de esquilo (hiperplasia eritroide pela +EPO)
(as duas últimas são formas de compensar a anemia)
ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
Clínica do traço falciforme e do traço talassêmico
Traço falciforme: assintomático (pode ter necrose de papila)
Traço talassêmico (beta talassemia minor): anemia hipo/micro
ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
Dado laboratorial patognomônico de beta talassemia
HbA2 > 3,5%
* Mesmo se houver HbS, trata-se de heterozigose falciforme-talassemia
ANEMIA FALCIFORME - COMPLICAÇÕES
Escada de analgesia proposta pela OMS (3)
- Dipirona/AINEs (não opiáceos) +/- antidepressivos / benzodiazepínicos / neurolépticos
- Codeína/tramadol (opioides fracos) +/- Dipirona/AINEs +/- antidepressivos / benzodiazepínicos / neurolépticos
- Morfina/metadona (opioides potentes) +/- Dipirona/AINEs +/- antidepressivos / benzodiazepínicos / neurolépticos
ANEMIA FERROPRIVA - DIAGNÓSTICO
Exame complementar para confirmação diagnóstica de anemia ferropriva na vigência de quadro infeccioso
Saturação de transferrina < 20
NÃO solicitar ferritina - além de estoque de ferro, também é uma proteína de fase aguda, estando elevada em processos inflamatórios, como no caso
(Ferritina > 300, em geral, é doença crônica e não pelo processo inflamatório)
ANEMIA FERROPRIVA E MEGALOBLÁSTICA
Causas de ferropenia em adultos e duração do estoque de vitamina B12
Ferropenia em adultos = sangramento crônico OU problema na absorção (H pylori, doença celíaca e DII)
(Praticamente NÃO HÁ ferropenia por baixa ingestão de ferro em adultos!!)
Estoque de vitamina B12: duração de 3-6 anos!
(NÃO esperar anemia megaloblástica após meses de bariátrica ou dieta vegetariana)
ANEMIA DA DRC
Nível de Hb esperado e tratamento
- Anemia por DRC: Hb ~ 8 mg/dL (se níveis muito abaixo de 8, suspeitar de causas concomitantes!)
- Tratamento:
- Reposição dos estoques de ferro
- Se mantiver com Hb < 10 com estoque de ferro adequado: eritropoietina - Alvo de Hb: 10-12 (Hb > 12 há mais risco do que benefício, como AVE, trombose)
MIELOMA MÚLTIPLO
Fisiopatologia (1), achados clínico-laboratoriais (6) e exames confirmatórios (2)
Fisiopatologia:
- Proliferação neoplásica e monoclonal de linfócitos B, que produzem uma grande quantidade de anticorpos monoclonais e infiltram ossos e medula óssea
CRAB:
1. HiperCalcemia (lesões osteolíticas e reabsorção óssea)
2. Insuficiência renal (deposição de anticorpos monoclonais)
3. Anemia (infiltração da MO pelos plasmócitos neoplásicos)
4. Bones = lesões osteolíticas (infiltração dos ossos pelos plasmócitos neoplásicos - crânio em sal e pimenta)
- Hipergamaglobulinemia monoclonal
- Hemácias em rouleax
Exames confirmatórios:
- Mielograma com >60% de plasmócitos
- Biópsia de MO com >10% de plasmóscitos
ANEMIA HEMOLÍTICA
Condição a ser investigada em jovens com cálculo biliar (principalmente preto)
Anemia hemolítica! Pode não dar anemia, apenas aumenta a produção de bilirrubina
ANEMIAS E CITOPENIAS
O que pensar diante de anemia + trombocitopenia (4)
- Doença da medula óssea
- Hipertensão portal: anemia ferropriva por sangramento VEG e trombocitopenia por hiperesplenismo
- SHU ou PTT: anemia microangiopática + trombocitopenia + IRA
- CIVD: anemia microangiopática + trombocitopenia + fibrinogênio aumentado + alargamento de TP e TTPa
Causas de poliglobulia (4)
- Desidratação
- Hipoxemia crônica (tabagismo, DPOC)
- Uso de esteroides anabolizantes
- Doença medular (policitemia vera)
HIDROXIUREIA
Mecanismo de ação, efeitos adversos e doses
Mecanismo:
- Maior proporção de HbF em relaçãoa HbS
- Efeito citotóxico
- Menor adesão dos eritrócitos ao endotélio
- Vasodilatação por maior produção de NO
Efeitos adversos:
- Leucopenia com neutropenia
- Trombocitopenia e anemia (mais raros)
- Aumento do VCM! (Forma de avaliar adesão ao tratamento)
Dose:
- 15 mg/kg/d até 35 mg/kg/d
- Progredir até a dose máxima tolerada: PLQ > 100k, reticulócitos > 100k e neutrófilos > 1500
~ Alvo: controle clínico!
FERRO
Padrões de sobrecarga de ferro e causas
Aumento de ferritina E IST (> 45%):
- Hemocromatose
- Hemotransfusão (> 15-20 CH)
- Talassemias e anemia sideroblástica
Aumento isolado de ferritina (IST baixo):
- Síndrome metabólica
- Etilismo +/- Hepatopatia
- Neoplasias e doenças autoimunes
- Síndrome hemofagocítica
~ Nos quadros inflamatórios (sd metabólica, etilismo), há PCR elevado (outro marcador de fase aguda)
[hmg, perfil de ferro, pcr, lesão e função hepática, perfil glicêmico e lipídico]