Sinais e Sintomas Ortopédicos na Criança Flashcards
História clínica - tipo de parto e riscos associados
- Parto eutócico difícil e RN macrossómico -> fraturas e lesões do plexo braquial
- Posição pélvica -> displasia do desenvolvimento da anca
Exame objetivo - alterações do pescoço
- Torcicolo congénito
- Síndrome Klippel-Feil (fusão das vértebras cervicais)
Exame objetivo - alterações da clavícula
- Fratura da clavícula
- Pseudoartrose congénita da clavícula (distúrbio da fusão dos centros de ossificação)
Exame objetivo - alterações das articulações
- Rigidez do cotovel -> sinostose radioulnar
- Rigidez da anca -> DDA ou deformidades congénitas do fémur
- Rigidez de múltiplas articulações -> artrogripose
Sinostose radioulnar
- Bilateral em 60% dos casos
- Fusão entre o rádio e ulna
- Limitação dos movimentos de pronação e supinação
Artrogripose
- Contratura congénita a nível articular de duas ou mais articulações em áreas corporais diferentes
- Limitação da flexão e extensão das articulações afetadas
- Associado a mais de 300 doenças
Exame objetivo - manobras da anca
- Assimetria na abdução da anca
- Teste Galeazzi: avalia o encurtamento do fémur; positivo em casos de fémur curto congénito ou luxação da anca
- Teste Barlow: avalia a instabilidade da anca; positivo se há deslocamento posterior da cabeça femoral para fora do acetábulo (induz luxação)
- Teste de Ortolani: para confirmar a luxação após o teste de Barlow (repõe a cabeça do fémur no acetábulo)
Exame objetivo - pé
- O normal é o arco longitudinal estar ausente na criança pequena
- Arco alto (pé cavo) -> lesão neurológica
Reflexo preensão palmar
- Desaparece aos 2-4 meses
- Se assimétrico ou persistente -> paralisia cerebral
Reflexo preensão plantar
- Desaparece aos 9-12 meses
- Se assimétrico ou ausente -> paralisia cerebral
Reflexo de Moro
- Desaparece aos 3-6 meses
- Se diminuído -> hipertonia, hipotonia ou paralisia flácida
- Se persistentes -> paralisia cerebral
- Se ausente -> lesão de estrutura nervosa
Reflexo marcha automática
- Desaparece aos 1-2 meses
- Se ausente -> paralisia flácida
- Se persistente -> disfunção neurológica
Pseudoparalisia
- Incapacidade de mobilização de um membro
- Mais afetado são os membros superiores
Pseudoparalisia - etiologia
- Infeção articular ou do osso
- Alterações neurológicas como paralisia do plexo braquial
- Fratura
Pseudoparalisia por infeção
- Pode ou não existir sinais inflamatórios
- Hiper ou hipotermia
- Leucopenia
- PCR normal ou aumentada
- Suspeita se múltiplos acessos periféricos ou centrais e se dor localizada a um segmento
- Agente mais frequente é o S. aureus
- Infeções multifocais em 50% dos casos
Pseudoparalisia por infeção - MCDTs
- Radiografia:
- Luxação ou subluxação da articulação (por acaumulação de pus)
- Laxidão muscular
- Rarefação óssea ou reação periosteal
- Ecografia:
- Útil no derrame intra-articular ou abcesso sub-periósteo
- Em caso de artrite sética da anca, realizar ecografia da anca contralateral
- RM (mais específica e sensível)
Pseudoparalisia por infeção - tratamento
- É uma urgência
- Antibioterapia combinada
- Aspiração e drenagem cirúrgica
Pseudoparalisia por infeção - complicações
- Destruição rápida da cartilagem
- Dismetria dos membros
- Artrite pós-infecciosa
- Separação epifisária
Pseudoparalisia por paralisia do plexo braquial - fatores de risco
- Diabetes materna
- Macrossomia
- Trabalho de parto prolongado
- Utilização de fórceps
- Distócia de ombros
Pseudoparalisia por paralisia do plexo braquial - diagnóstico
- Diagnóstico é clínico:
- Membro superior não mexe, tónus muscular diminuído e sem contrações musculares voluntárias
- Reflexo de Moro ausente
Paralisia de Erb
- Sinal de “garçon”: mão virada para trás por rotação interna do cotovelo, extensão do cotovelo, pronação do antebraço e flexão do punho
- Lesão mais alta a nível de C5-C6
Síndrome de Horner
- Envolvimento total do plexo braquial
- Ptose palpebral, miose, anidrose e enoftalmia
- Radiografia do tórax para confirmar se existe paralisia hemidiafragmática ipsilateral
Pseudoparalisia por paralisia do plexo braquial - tratamento
- Fisioterapia é 1ª linha (maioria tem melhoria aos 3 meses)
- Se não houver resposta, avançar para cirurgia (neurorrafia)
Pseudoparalisia por fratura - fatores de risco
- Macrossomia
- Parto eutócico
- Apresentação pélvica
Pseudoparalisia por fratura - MCDTs
- Radiografia
- Ecografia (útil em fraturas oculas principalmente no úmero proximal)
*Lesão que parece fratura na radiografia mas sem dor à mobilização -> pseudoartrose da clavícula
Pseudoparalisia - tratamento
- Imobilização:
- Fraturas do fémur: arnês de Pavlik ou gesso pelvi-podálico unilateral
- Fraturas do MS: colocar braço ao peito
- Tem bom prognóstico nesta idade
Metatarso aducto
- Bordo interno curvo, calcanhar neutro e planta do pé em forma de feijão
- Se deformidade flexível -> tratamento com obserção e alongamentos (resolução aos 2-3 anos)
- Se deformidade rígida -> gessos seriados plea técnica de Kyte antes dos 3 meses
- Cirurgia após os 3 anos se os gessos não resolveram
Pé boto ou equino-varo congénito
- Cavo do pé
- Aducto do antepé
- Varo do retropé
- Equino
Pé boto ou equino-varo congénito - tratamento
- Gessos seriados pelo método de Ponseti (4-6 semanas) + tenotomia do tendão de Aquiles
- Utilização de bota especial até aos 4 anos por risco de recidiva
Calcaneovalgus
- Retropé em rotação externa e dorsiflexão
- Diagnóstico diferencial com deformidade póstero-medial da tíbia
- Resolve com massagem e alongamentos entre os 3-6 anos
*Na deformidade póstero-medial da tíbia há risco de dismetria dos membros em 3-4 cm
Astrálago (tálus) vertical congénito
- Quando há verticalização da articulação astrálago-escafoideia (talonavicular)
- Resulta em pé plano congénito muito grave
- Diagnóstico com radiografia com pé em flexão plantar lateral
- Tratamento com gessos seriados seguidos por cirurgia (tenotomia de Aquiles) antes dos 2 anos -> tem bons resultados estéticos mas resulta num pé pouco funcional
Displasia de desenvolvimento da anca (DDA)
- Displasia do teto do acetábulo, ou seja, cobertura insuficiente da anca para manter o fémur no acetábulo
- Fatores de risco major:
- Apresentação pélvica
- História familiar de DDA
- Torcicolo congénito
- Fatores de risco minor:
- Sexo feminino
- Primeiro filho
- A anca esquerda é mais afetada
DDA - manobras de exame objetivo
- Assimetria na abdução e na altura dos joelhos no teste de Galeazzi
- Manobras de Barlow e Ortolani positivas
- Teste de Klisic: indicador na crista ilíaca e dedo médio no trocânter -> se houver displasia a linha formada entre os dois dedos não cruza o umbigo
*Se a luxação é irredutível e provoca limitações graves da mobilidade, devemos pensar em luxação teratológica (origem in utero ou associada a outras malformações) -> diagnóstico com radiografia
DDA - diagnóstico
Nas primeiras 4 semanas:
1. Exame objetivo
Entre as 4 semanas-3meses:
1. Ecografia -> cobertura da cabeça do fémur < 50% e indica luxação
DDA - tratamento
- Se luxação e alterações no EO -> arnês de Pavlik
- Se subluxação e com EO normal -> observação (resolve espontaneamente)
- Em crianças mais velhas usar a cunha de Splint
DDA - follow-up
- Ecografia às 2-3 semanas após o tratamento
- Radiografia depois dos 3 meses
Luxação congénita do joelho
- Etiologoa provavelmente relacionada com a contratura do quadricípete e deformidade o ligamento cruzado anterior
- Ao EO existe hiperextensão do joelho, ausência de flexão e palpação dos côndilos femorais na fossa poplítea
- Diagnóstico com radiografia e ecografia apenas nos diagnósticos incertos
- Tratamento com tração manual e gessos seriados em flexão progressiva (há risco de fratura em ramo verde)
- Tratamento cirúrgico só está indicado se não houver resposta até aos 6 meses
Torcicolo congénito
- Deriva da contratura do esternocleidomastoideu por fibrose intramuscular
- Fatores de risco: apresentação pélvica e parto difícil
- Associação com DDA e metatarso aducto
- EO: orelha aponta para o sítio da lesão; massa palpável até aos 3 meses
- Tratamento: fisioterapia e alongamentos; se não resolver, fazer radiografia para excluir síndrome de Klippel-Feil (fusão das vértebras cervicais)
- Se não houver melhoria e for excluído síndrome -> cirurgia com secção do músculo
Pseudoartrose congénita da clavícula
- Entidade rara
- Ausência de fusão dos centros de ossificação medial e lateral da clavícula
- Mais frequente no sexo masculino e à direita
- Tumefação palpável não dolorosa
- Tratamento é conservador e só se faz cirurgia por preocupação estética
Reação periosteal
- Resulta do aumento da densidade óssea ou da cartilagem
- A maioria é fisiológica: aparece entre 1-4 meses; são finas, uniformes e simétrica; ocorrem sobretudo no fémur, tíbia e úmero
- Patológicas: < 1 mês ou > 4 meses e espessura superior a 2mm