Diabetes Mellitus na Criança e Adolescente Flashcards
Diabetes - epidemiologia
- Mais prevalente no sexo feminino
- Em crianças entre os 6 meses - 10 anos, a DM tipo 1 corresponde a 95% dos casos
- Os restantes 5% correspondem a outros tipos associados a síndromes, medicação ou alterações monogénicas (MODY)
Diabetes tipo 1
- Presença de auto-anticorpos (em 90% dos casos), que leva à destruição das células beta, com surgimento sob a forma de cetoacidose e são insulinodependentes
Principal fármaco associado à diabetes
- Corticoides
Síndromes associados à diabetes
- Síndrome de Cushing
- Síndrome de ovário poliquístico
- Síndrome de Rabson-Mendenhal
- Acromegálias
Diabetes - patogénese
- Combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais
- Perda de tolerância imunológica central e periférica -> resulta na alteração quantitativa e qualitativa das células T reguladoras
- Fatores ambientais:
- Défice vitamina D
- Raios UV
- Microorganismos
- Determinadas dietas
Outros fatores ambientais que podem estar implicados no aumento epidemiológico da DM tipo 1
- Fatores climatéricos
- Alterações globais da dieta
- Sedentarismo
*Teoria epigenética e teoria da higienização
Estadios da DM tipo 1
- A diabetes tipo 1 não se inicia com o diagnóstico clínico (já existe antes)
- Estadio 1: pelo menos 2 anticorpos contra células do pâncreas e glicémia capilar maioritariamente normal
- Estadio 2: para além dos anticorpos, já existe algumas alterações da glicémia (pré-diabetes/intolerância à glicose)
- Estadio 3: último estadio em que já existe manifestação clínica com os sinais e sintomas característicos
Fatores de risco genéticos na DM tipo 1
- Fator familiar de 1º grau tem muita influencia
- Irmão com diabetes -> risco 8%
- O pai tem maior peso sob o ponto de vista genético
- Gémeo homozigótico com diabetes -> risco 30%
Genes associados à DM tipo 1
- HLA no cromossoma 6; cerca de 50% tem o genótipo com HLA específico: DR3 e DR4
- Outras mutações envolvidas na imunotolerância: AIRE, PTPN22, CD25, CTL-A4
DM tipo 1 - diagnóstico
- Baseia-se num diagnóstico clínico e num teste positivo; se o diagnóstico clínico não for claro, repetir o mesmo teste para confirmar
- Cut-offs dos testes:
- HbA1c > 6,5%
- Glicemia em jejum > 126
- Prova de tolerância oral de glicose (75g) às 2h > 200
- Glicemia ocasional > 200
DM tipo 1 - tratamento
Terapia funcional ou terapia intensiva insulínica - inclui insulina basal (ação lenta) e insulina em bólus (ação rápida - para refeições ou correções rápidas)
- É necessário uma contabilização dos alimentos e do exercício físico e um controlo glicémico bastante apertado
- A glicémia capilar deve estar sempre acima de 70mg/dL (evitar hipoglicémias)
Formas de administração de insulina
- Canetas de administração de insulina (já não são muito usadas)
- Bombas de perfusão de insulina subcutânea:
- Mais cómodo e melhor qualidade de vida
- Controla de forma mais apropriada a HbA1c e reduz o risco de hipoglicémias
Monitorização da glicémia
- Picada no dedo (glucómetro):
- Útil quando há dúvidas nos valores ou os sensores de monitorização contínua não são fiáveis
- Serve para confirmar valores que indicam hipo ou hiperglicémias
- Permite medir a cetonémia (mais fidedigno que a cetonúria)
- Hemoglobina glicada (HbA1c):
- Forma de controlo da glicemia periódica (3 em 3 meses)
- Sistemas de monitorização contínua da glicemia:
- Sistemas em tempo real ou sistemas Flash (ex. Libre - mede a glicose intersticial através de um sensor cutâneo)
- Não precisam de ser calibrados frequentemente
- Fazem um registo contínuo de 24h
- Podem ter alarmes em caso de hipo ou hiperglicemia
- Dão perfil de glicemia contínua em tempo real ao longo do tempo
Medição TIR (“time in range”)
- Refere-se à percentagem de tempo que uma pessoa passa com os seus níveis de glicose intersticial numa faixa alvo ao longo do dia (entre 70-180)
Pâncreas artificial
- Sistema insulínico fechado que não necessitará de intervenção humana
- São necessários os seguintes elementos:
- Sensor CGM
- Recetor dos dados do CGM
- Bomba de insulina
- Algoritmo que tome decisões com base nos dados
Diabetes tipo 2 na criança
- Surge essencialmente associada à obesidade infantil
DM tipo 2 - patogénese
- Componente genética importante
- Fatores ambientais ligados ao estilo de vida sedentário e dieta desadequada
- Gera-se pelos seguintes fenómenos:
- Insulino-resistência
- Hiperinsulinismo compensatório
- Insulino-deficiência relativa
- Hiperglicémia
- DM tipo 2
Pré-diabetes ou intolerância à glicose
- HbA1c próxima dos valores da diabetes (5,7-6,4%)
- Glicemia em jejum entre 100-125
- Prova de tolerância às 2h com valores entre 140-199
Fatores de risco para DM tipo 2
- Obesidade
- História familiar
- Hiperinsulinismo
- Acantose nigricans
DM tipo 2 - diagnóstico
- Valores laboratoriais iguais à DM tipo 1
- Autoimunidade ausente
- Avaliar fatores de risco
DM tipo 2 - tratamento
- Terapêutica não-farmacológica:
- Atividade física (60min/dia)
- Dieta saudável
- Limitar horas ao ecrã a 2h/dia
- Terapêutica farmacológica:
- Metformina (não está indicado mais nenhum fármaco na idade pediátrica)
Quando é que iniciamos a insulina na DM tipo 2?
- Quando há cetose ou cetoacidose
- Quando há dúvidas em relação ao diagnóstico entre diabetes tipo 1 ou tipo 2
- Glicémia capilar, ao diagnóstico, superior a 250
- HbA1c, ao diagnóstico, superior a 9%
- Quando há mau controlo glicémico com anti-diabéticos orais