Febre em Idade Pediátrica Flashcards
1
Q
Limiares de temperatura conforme a idade
A
- < 3 meses está recomendada a medição da temperatura por via retal:
- < 28 dias: 38ºC retal
- 1-3 meses: 38,2ºC retal
- < 36 meses: 39ºC retal
- Criança maior: 37,8ºC axilar
* A partir de 1 ano de idade já se pode fazer medição na axila.
* Os termómetros timpânicos podem ser utilizados a partir dos 6 meses.
2
Q
Fisiopatologia da febre
A
- Libertação de citocinas pró-inflamatórias que vão atuar sobre o endotélio hipotalâmico. Há libertação de mediadores pirogénicos, nomeadamente as prontaglandinas, levando ao aumento da temperatura por conservação do calor (vasconstrição periférica) e produção energética.
3
Q
Benefícios da febre
A
- Inibe a replicação dos microorganismos
- Diminui a concentração de ferro, zinco e cobre sérios (utilizados por vários microorganismos)
- Promove a destruição de células lesadas
4
Q
Porquê tratar a febre?
A
- A subida de 1ºC corresponde, em média, a um aumento da frequência cardíaca de 10bpm e um aumento da frequência respiratória de 4cpm.
- Risco de lesões cerebrais acima dos 41,7ºC (as convulsões febris são muito frequentes na idade pediátrica, surgem entre os 5-6 anos, e normalmente surgem nos primeiros picos febris da criança).
- Conforto da criança e dos pais
5
Q
3 situações de febre na criança
A
- Febre associada a outros sinais/sintomas (fácil identificar a causa)
- Febre sem foco (duração < 8 dias e não se identifica a causa durante a anamnese e EO) - pico aos 2 anos
- Febre de origem desconhecida (duração > 8 dias e não foi identificada nenhuma causa durante a primeira investigação)
6
Q
Sintomas ou sinais associados à febre
A
- Cavidade oral: pilares amigdalinos com exsudado pontilhado (infeção streptocócica) ou em placa (infeção por Epstein-Bar); língua em framboesa - infeção streptocócica ou doença de Kawasaki
- Tosse, febre baixa, ranho e auscultação com muitos sibilos e fervores - bronquiolite
- Exantema petequial (numa criança com febre é sempre sinal de alarme)
- Lesões vesicular e algumas lesões em crosta de base eritematosa - varicela
- Lesões vesiculares na região peri-bucal, palmas das mãoes e plantas dos pés - infeção enterovírus (doença mão-pé-boca)
- Exantema maculo-papular na face anterior do tronco e bem marcada nas pregas axilares e inguinais, de textura rugosa, associada a um quadro de garganta inflamada - escarlatina
- Rash macular, cor de salmão, aparece nos picos febris - artrite idiopática juvenil de forma sistémica
- Claudicação da marcha, edema de uma articulação, febre alta - artrite sética
7
Q
Sinais de gravidade da febre
A
- Febre alta durante mais de 3 dias
- Idade inferior a 3 meses
- Exantema petequial associado à febre
- Doenças de risco (AP: p.e. asplenia nos doentes com drepanocitose)
- Exposição a contacto de risco
- Comportamentos alterados (diminuição da alimentação, mudança do padrão de sono)
- Má tolerância à febre (diminuição da atividade, prostração, sonolência)
- Convulsões que surgem depois de >24h de febre
- Polipneia ou taquicardia mantida
- Sensação de doença (aspeto geral, trabalho respiratório, alterações da circulação)
- Palidez acentuada
- Gemido
- Má perfusão periférica
- Hipoxémia
8
Q
Quando pedir MCDTs?
A
- Para confirmar doença grave
- Para identifica doença grave:
- Febre >40ºC
- Criança com menos de 3 anos
- Febre que cede mal
- Existência de sinais de gravidade
- Se há dúvidas na prescrição de antibioterapia e/ou hospitalização
9
Q
Recém-nascido com febre > 38ºC, o que fazer?
A
- Pedir MCDTs: hemograma, PCR, hemo e urocultura, raio-X tórax se sintomas respiratórios, punção lombar se suspeita infeção do SNC
- Iniciar antibioterapia empírica (ampicilina+cefotaxime)
10
Q
Idade 1 a 3 meses com febre > 38ºC, o que fazer?
A
- Se bom estado geral e critérios de baixo risco - MCDTs de acordo com a clínica; se leucocitose >15000, neutrofilia >10000 ou PCR >5 deve ficar internado, se não, fica em ambulatório e reavaliado em 24-48h
- Se mau estado geral ou sem critérios de baixo risco - MCDTs de acordo com a clínica, internar e iniciar antibioterapia empírica (ceftriaxone)
11
Q
Critérios de baixo risco para doença grave
A
- Criança não pode apresentar antecedentes pessoais de doenças de risco
- Gravidez deve ter sido de termo
- Bom estado geral e aparência não tóxica
- Não pode apresentar evidência de infeção bacteriana localizada
- Não pode ter leucopénia nem leucocitose (5000-20000) nem neutrofilia (>10000)
- Urina II não deve apresentar sinais sugestivos de infeção urinária
- Punção lombar não deve ter alterações (ex. pleocitose)
- Raio-X deve ser inocente
12
Q
Idade 3-36 meses com febre > 39ºC, o que fazer?
A
- Se bom estado geral e critérios de baixo risco - reavaliar em 24-48h, se a febre persistir, pedir MCDTs de acordo com a clínica. Se análises alteradas, iniciar antibioterapia com amoxicilina (domicílio) ou ceftriazone (internamento)
- Se mau estado geral ou sem critérios de baixo risco - internar e iniciar antibioterapia empírica.
13
Q
Criança (qualquer idade) com critérios de gravidade e febre
A
Internar, vigiar e antibioterapia
14
Q
Meningite - clínica
A
Lactente: - Instabilidade térmica - Gemido - Recusa alimentar - Sensação de doença - Irritabilidade - Letargia - Convulsões - Hipotonia - Fontanela anterior abaulada - Vómitos que não param - Pode não apresentar sinais meníngeos (rigidez da nuca, sinal de Kernig ou sinal de Brudzinski) Criança mais velha: - Febre - Cefaleia e fotofobia - Sinais meníngeos - Exantema petequial (sinal de extrema importância - sépsis meningocócica)
15
Q
Meningite - exames
A
Punção lombar:
- Glicorráquia: diminuída nas meningites bacterianas, normal nas virais
- Proteinorráquia: aumentada nas meningites bacterianas
- Pleocitose: predomínio de polimorfonucleares nas meningites bacterianas e de mononucleares nas virais
- Meningite tuberculosa: glicorráquia baixa com predomínio de mononucleares