Infeções Bacterianas da Pele, Tecidos Moles e Osteoarticulares Flashcards
Impétigo - clínica, etiologia e tratamento
- Infeção superficial da pele com lesões em crosta com um exsudado cor de mel e altamente contagiosas
- S. aureus e S. pyogenes
- Flucloxacilina 50-100mg/kg/dia em formas disseminadas
Erisipela - clínica, etiologia e tratamento
- Infeção superficial da pele eritematosa, muito dolorosa, com aspeto em casca de laranja e bem delimitada
- S. pyogenes
- Penicilina cristalínica 150 000-200 000 UI/kg/dia de 6/6h
Celulite - clínica, etiologia e tratamento
- Infeção mais profunda e com limites mal definidos. Há edema, rubor e dor
- S. aureus e S. pyogenes
- Flucloxacilina
Linfadenite, adenofleimão e linfangite
- Menos frequente
- Edema, eritema e dor
- Etiologia maioritariamente estafilocócica
Fasceíte necrotizante - clínica, etiologia e tratamento
Clínica:
- Febre
- Dor intensa desproporcional aos sinais inflamatórios visíveis
- Edema, eritema e cor violácea da pele
- Necrose e formação de bolhas
- Pode levar a toxicidade sistémica resultando em choque sético, falência multiorgânica e choque tóxico estafilocócico (STSS)
Etiologia:
- S. aureus e S. pyogenes
Tratamento:
- Antibioterapia + desbridamento cirúrgico
- Antibióticos:
1. Flucloxacilina (1ª linha S. aureus) ou Penicilina (1ª linha S. pyogenes)
2. Clindamicina (diminui a toxina)
3. Se resistência, Amoxiclav ou Cotrimoxazol
Infeções músculo-esqueléticas (osteomielite, artrite sética e piomiosite) - etiologia
- Staphylococcus aureus (80% casos):
- Alguns são produtores da toxina leucocidina de Pantone Valentine (associada a infeção mais grave - infeção multifocal e osteoarticular disseminada)
- Na Europa a maioria é MSSA e são tratados com flucloxacilina
- Kingella kingae (50% das infeções osteoarticulares das crianças < 2 anos):
- Bactéria insidiosa, gram negativa, detetada por testes moleculares
- Infeções são mais benignas
- São resistentes à vancomicina e à clindamicina e sensíveis à amoxicilina e às cefalosporinas de 1ª e 2ª geração
- S. pyogenes, S. pneumoniae e H. influenza tipo b
- Pseudomonas auroginosa (traumatismo penetrante)
- M. tuberculosis (em países endémicos)
- Bartonella e Coxiella (extremamente raro)
- Aspergillus e Salmonella (imunodeprimidos e drepanocíticos)
Infeções músculo-esqueléticas - clínica
- No RN, irritabilidade e anorexia; na criança, febre e prostração (pode estar apirético se infeção por Kingella)
- No RN, pseudoparésia; na criança, sintomas focais de infeção
- Envolvimento articular é mais comum no RN
Locais mais frequentes de infeção músculo-esquelética
- Joelho
- Fémur
- Articulação tíbio-társica
Infeções músculo-esqueléticas - diagnóstico
- Clínica inespecífica
- Parâmetros inflamatórios elevados (exceto se infeção por Kingella)
- Hemoculturas (pouco sensível mas deve ser sempre pedido)
- RMN (se osteomielite)
- Ecografia (se artrite sética)
- Radiografia (para excluir fraturas ósseas e tumores ósseos)
RM na osteomielite
- Hiperintensidade da metáfise
- Aumento da captação na zona peri-perióstea
- Abcesso normalmente na zona da metáfise
Culturas nas infeções músculo-esqueléticas
- Inoculação direta do líquido articular permite aumentar a sensibilidade
- Biópsia óssea e colheita de exsudado periósteo são realizados menos frequentemente
- Teste molecular se suspeita de infeção por Kingella
Infeções músculo-esqueléticas - terapêutica empírica
RN-2M:
- Cefotaxime + gentamicina (para a E. coli e Streptococcus do grupo B)
- Adicionar ampicilina se suspeita de Listeria
2M-4A:
- Cefalosporinas de 1ª ou 2ª geração (para o S. aureus e Kingella) - utilizam-se mais as de 2ª geração
>4M:
- Flucloxacilina 150-200mg, clindamicina 40mg ou cefalosporinas de 1ª ou 2ª geração 150mg
*Duração da terapêutica é cerca de 3 semanas
Ao fim de 3-7 dias passar para terapêutica oral se:
- Criança mantiver apirética
- Redução franca dos sintomas locais
- Redução franca dos parâmetros inflamatórios
- Criança tolera terapêutica oral
- Pais tem disponibilidade para dar AB
Infeções músculo-esqueléticas na coluna vertebral
- Espondilodiscite piogénica:
- Agente mais frequente é a Kingella kingae
- Desaparecimento do disco intervertebral e alteração da densidade dos corpos vertebrais
- Mal de Pott:
- Infeção por M. tuberculosis
- Afeção do disco e da porção anterior dos corpos vertebrais que acabam por colapsar
- Brucelose:
- Quadro mais insidioso
- Também atinge mais a porção anterior dos corpos vertebrais mas tem menor tendência a colapsar