N3ON4TOL0G14 - SÍF1L1S C0NGÊN1T4 Flashcards
Qual a forma clínica da sífilis com maior risco de infecção?
Fase de sífilis primaria e secundária.
Quais os riscos para o bebê se infectado pelo Treponema pallidum?
Em mães não tratadas ou tratadas inadequadamente>:
*40% dos casos cursam com aborto espontâneo, natimorto ou morte perinatal.
*50% dos casos, os RNs se apresentarão assintomáticas ao nascimento, e os primeiros
sintomas somente aparecerão em torno do 3º mês de vida
Qual a forma de transmissão da sífilis congênita?
- Via transplacentária
- Contato do bebê com lesões genitais da mãe no canal do parto, durante o nascimento;
- Durante a amamentação se houver lesão na mama;
Quais os sistemas orgânicos afetados pela sifilis congenita precoce?
Como é transmitida por via hematogênica, a sífilis congênita não apresenta fase primária, manifestando-se como sífilis secundária.
Sífilis congênita precoce (< 2 anos): geralmente se manifesta até o 3º mês de nascimento, são lesões que resultam de uma infecção ativa e da inflamação. Os bebes podem ter CIUR e ser PIG.
Lesões cutâneas, osseas, viscerais e hematológicas.
Quais as possiveis lesões cutaneas da sifilis congenita precoce?
Lesões cutâneas e mucosas: os bebês podem apresentar exantema e icterícia, contudo esses achados são inespecíficos, outros achados mais sugestivos devem aparecer no enunciado.
- Pênfigo palmoplantar: lesões maculopapulares, eritematosas ou com aspecto acobreado. Quando presente desde o nascimento, o exantema costuma ser vesicobolhoso e recebe o nome de pênfigo sifilítico; tipicamente acomete a região palmoplantar, daí o termo pênfigo palmoplantar. Essas lesões são ricas em treponemas. A ruptura dessas bolhas dá origem a área de pele desnuda e macerada, que se torna crostosa. Seu principal DD é o impetigo estafilocócico, o qual poupa palmas e plantas e evolui em surtos repetidos enquanto a sífilis congênita tem um único surto.
- Condiloma plano: pode ocorrer em torno de orifícios: ânus, vulva e boca, sendo pouco frequente.
-Placas mucosas podem aparecer em lábios, língua, palato e genitália.
-Rinite – coriza sifilítica – é uma das manifestações mais precoces, apresenta-se com secreção serossanguinolenta, como consequência da erosão da mucosa, e traz desconforto para a mamada e a respiração. Se houver lesão da cartilagem nasal, poderá aparecer posteriormente o nariz em sela, estigma da sífilis. A lesão
inflamatória do trato respiratório poderá produzir também laringite e choro rouco no RN.
-Alterações ectodérmicas: processo esfoliativo das unhas, perda de cabelo e sobrancelhas.
As lesões mucocutâneas são ricas em treponema e são contagiosas pelo contato direto.
Quais as lesões ósseas da sifilis congenita precoce?
Lesões ósseas: muito comuns na sífilis congênita precoce e são encontradas na maioria das crianças sintomáticas, são osteocondrite e periostite.
Osteocondrite: lesões na metáfise dos ossos do bebê, que podem ser observadas na radiografia como áreas lucentes ou de destruição mais intensa, acometendo tipicamente
metáfises do úmero, fêmur e tíbia. É uma manifestação mais precoce que a periostite.
Essas lesões são dolorosas e a criança acometida pode evitar mobilizar o membro afetado. A mãe trará como queixa o relato de que o bebê “chora quando é manipulado!”
ou então que “fica com o braço muito paradinho!”.
Essa diminuição da mobilização recebe o nome de pseudoparalisia de Parrot e deve ser diferenciada dos quadros de paralisia por lesão do plexo braquial. O sinal de Wimberger, visto na radiografia, caracteriza-se por uma rarefação localizada na margem superior interna da tíbia bilateralmente e é a tradução radiográfica da desmineralização
e destruição óssea na região.
-Periostite é identificada pelo achado radiográfico de várias camadas de periósteo em formação, como consequência da inflamação diafisária. Acomete os ossos longos e também pode acometer os ossos do crânio.
Quais as lesões viscerais da sifilis congenita precoce?
Lesões viscerais
-Hepatomegalia e esplenomegalia: fibrose hepática com estase biliar, causando icterícia por causa de uma hepatite sififlítica e por um quadro de hemólise que se instala no RN
Sífilis congênita tardia (> 2 anos): bossa frontal (fronte olímpica), tíbia em Sabre,
alterações dentárias (dentes de Hutchinson e molares em amora), nariz em sela, rágades, ceratite intersticial, articulação de Clutton, surdez.
Lesão renal poderá apresentar-se como síndrome nefrótica ou síndrome nefrítica,
associada a depósito de complexos imunes na membrana basal do glomérulo.
Pneumonia alba é uma forma de pneumonia fibrosante que surge em alguns casos.
O aspecto radiográfico clássico é de opacificação pulmonar completa, mas pode haver
também a presença de infiltrado difuso.
Quais as alterações hematologicas da sifilis congenita precoce?
Alterações Hematológicas
A anemia hemolítica com Coombs negativo é um achado característico. Além da
anemia, pode haver leucopenia, leucocitose com monocitose e plaquetopenia, consequente à esplenomegalia.
Eventualmente, notamos ao exame físico destas crianças linfadenopatia, principalmente epitroclear.
Quais as lesões oculares e de SNC da sifilis congenita precoce?
SNC: 50% das crianças sintomáticas apresentam alterações no SNC,que deve ser pesquisada através do LCR, celularidade liquorica e proteinorraquia. No final do primeiro ano de vida poderá ser diagnosticada uma hidrocefalia obstrutiva, após cronificação do quadro meningovascular, com paralisia de pares cranianos (III, IV, VI e VII), hemiplegia e convulsões.
Lesões Oculares
Predomina a coriorretinite na fase aguda, com o fundo de olho apresentando um aspecto
descrito por alguns como padrão em “sal e pimenta”. Outras lesões apresentadas
são glaucoma, catarata, uveíte e cancro nas pálpebras.
Quais as manifestações/ sinais/ sequelas da sifilis congenita tardia?
Sífilis congênita tardia: observada acima dos 02 anos de idade, os estigmas da doença.
Nessa fase, as anomalias encontradas não são mais contagiosas e resultam, principalmente, da cicatrização que sucede as lesões inflamatórias encontradasna sífilis precoce, podendo também ser secundárias a um processo inflamatório persistente.
Sequelas da periostite na fase aguda: bossa frontal e fronte olímpica, espessamento da junção esternoclavicular (Sinal de Higoumenáki), arqueamento da porção médiada tíbia (Tíbia em Sabre).
Anormalidades dentárias: dentes de Hutchinson (incisivos centrais superiores deformados) e molares em formato de amora.
Face: maxilar curto; nariz em sela, com ou sem perfuração do septo nasal; rágades (por fissuras peribucais).
Articulação de Clutton (derrame articular
estéril nos joelhos).
Ceratite intersticial, coroidite, retinite, atrofia
óptica com possível evolução para cegueira.
Lesão de 8º par craniano, levando a surdez
e vertigem.
Hidrocefalia.
Retardo mental.
A tríade de Hutchinson, descrita no século
19, é composta por ceratite intersticial, alterações
dentárias e surdez.
Quais os sistemas organicos afetados na sifilis congenita precoce?
Lesões cutâneas, osseas, viscerais e hematológicas, oculares e de SNC.
Como é feito o diagnostico da SC?
-Quando a mãe teve sífilis durante a gestação ou é identificada sífilis nna admissão ao parto, o diagnóstico da criança deve levar em conta aspectos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais:
Pesquisa direta do Treponema
Não é comum, mas pode ser feita por Microscopia em campo escuro ou Imunofluorescência direta, através de biópsia ou necropsia de lesão cutaneomucosa de placenta e cordão umbilical.
Reações sorológicas
-Deve-se a interpretação desses testes no RN sempre deve ser feita com cautela, em função da transferência de anticorpos IgG maternos pela placenta.
Esses testes podem ser divididos em dois grandes grupos: testes não treponêmicos e
testes treponêmicos.
Testes não treponêmicos: não são específicos pois identificam a presença de Ac formados contra Ag lipídicos da bactéria.
Os dois testes mais usados são o VDRL e RPR (Reagina Rápida Plasmática).
VDRL: O resultado traz uma descrição qualitativa (“reagente” ou “não reagente”) e quantitativa (titulações; 1:2, 1:32 etc.). Este teste tem reatividade observada para as duas imunoglobulinas, IgG e IgM. Desta forma, um teste não treponêmico reagente no RN não indica necessariamente infecção congênita, pois a IgG detectada pode ser de origem
materna.
Sempre que o título de anticorpo encontrado no RN for igual ou menor que o da mãe, devemos considerar essa possibilidade. Os RN com títulos duas vezes maiores que os maternos provavelmente têm a infecção congênita. Porém, devemos ter em mente que a negatividade sorológica do RN não exclui a infecção, especialmente quando a mãe adquiriu a infecção em um período próximo ao parto. Deste modo, havendo a suspeita, o exame deverá ser repetido na criança durante o acompanhamento ambulatorial nos primeiros meses de vida.
Devemos lembrar de que esse teste pode apresentar resultados falso-positivos na vigência de algumas outras doenças, como o lúpus. Os resultados falso-negativos podem
ser causados por excesso de anticorpos, pelo conhecido fenômeno prozona.
Um cuidado importante é que o exame do RN deve ser realizado em amostra de sangue
periférico. O sangue do cordão não deve ser usado para fins de diagnóstico. Outros testes não treponêmicos são o RPR (Rapid Test Reagin) e TRUST (ToluidineRed Unheated Serum Test).
Testes treponêmicos:
Detectam anticorpos específicos contra o Treponema pallidum.
TPHA (Treponema Pallidum Hemaglutination) e FTA-Abs (Fluorescent Treponemal Antibody – Absorption)
São testes mais específicos, úteis na exclusão de resultados de VDRL falso-positivos.
Detectam tanto anticorpos IgG quanto IgM, podendo, em caso de positividade, indicar
apenas transferência de anticorpos IgG maternos. Uma melhor interpretação pode ser
obtida com a realização dos testes treponêmicos para IgM no RN, mas estes têm baixa sensibilidade e um resultado negativo não pode ser usado para afastar a infecção. Em geral, os testes treponêmicos permanecem reagentes por toda a vida, mesmo após a cura da infecção.
Outros testes treponêmicos incluem o teste de quimioluminescência, o ensaio imunoenzimático indireto (ELISA) e os testes rápidos (imunocromatográficos). Os testes rápidos possuem a grande vantagem de serem de fácil execução e fornecerem um resultado em até 30 minutos.
Em crianças maiores de 18 meses (1 ano e meio), um teste treponêmico reagente é capaz de confirmar a infecção, pois os anticorpos maternos já terão desaparecido da circulação da criança.
Quaes exames de rastreio obrigatórios após confirmação de sífilis congênita?
-Análise do líquor abordando:
• VDRL
• Celularidade
• Proteinorraquia
A presença de VDRL positivo no LCR indica o diagnóstico de neurossífilis. Porém, mesmo que o VDRL seja negativo, a presença de leucocitose (mais de 25 leucócitos/mm3) e/ou o aumento na concentração de proteínas (mais de 150 mg/dl) devem ser considerados como evidências adicionais para o diagnóstico, tendo implicações diretas na escolha de tratamento dessa criança.
Se a criança for identificada após o período neonatal (acima de 28 dias de vida), as alterações no LCR incluem: VDRL positivo e/ ou concentração de proteínas de 40 mg/dl ou mais e/ou contagem de leucócitos de 5 células/ mm3 ou mais. Na impossibilidade de avaliar o liquor, tratar como neurossífilis.
Raio X de ossos longos: mesmo se o paciente estiver assintomático, pois 20% desses pode apresentar alterações.
Hemograma: pois a SC pode causar anemia, trombicotopenia e leucopenia ou leucocitose (monócitos e linfócitos).
De acordo com o quadro clínico outros exames podem ser solicitados, tais como:
Radiografia de tórax, para avaliação de pneumonia,
Ultrassonografia e tomografia computadorizada de crânio,
Ecocardiograma
O tto inadequado da mãe aumenta o risco de transmissão da doença. Quando podemos considerar que o tto foi inadequado?
Todo tratamento que não foi feito com penicilina;
Tratamento incompleto;
Tratamento inadequado para a fase clínica da doença;
Instituição de tratamento dentro do prazo dos 30 dias anteriores ao parto;
Parceiros não tratados ou tratados inadequadamente;
Se tto inadequado ou suspeita de infecção do RN quais exames do devem ser solicitados para investigação?
- VDRL do sangue periférico,
- Avaliação liquórica (VDRL, celularidade e proteínas),
- Hemograma completo
- Radiografia de ossos longos