T6- Cefaleia e Doenças pares cranianos Flashcards
HC
Quando começou, quanto tempo doí, quantas vezes doí, que tipo de dor, intensidade, pulsátil, unilateral, holocraniana, periocular, sint acompanhantes, fatores precipitantes, agrava melhor, HX PRÉVIA, HX FAMILIAR, impacto dia-a-dia
Classificação em duração de cefaleias
- Enxaquecas que acontecem por crises: o doente tem uma crise e depois está algum tempo sem ter nada e depois volta a ter uma crise. Dura 3 dias no máximo
- Cefaleia em salva:o doente tem crises que ocorrem numa altura especifica do ano
- Cefaleia de tensão:o doente tem uma cefaleia que é mais crónica e pode durar 7 ou mais dias.
Cefaleias secundárias
- presença de red-flags
- mais perigosas
RED FLAGS: - Dor de cabeça súbita, explosiva e abrupta -HSA
- Primeira cefaleia/ ou totalmente diferente do que já sentiu
- sinais locais ou de disfunção cognitiva
- Primeira cefaleia aos 50 - Artrite cél gigantes (inflamação crónica das artérias grandes e médias da cabeça pescoço e parte superior do corpo. Normalmente,são afetadasas artérias temporais, que percorrem as têmporas e irrigam uma parte do couro cabeludo, os músculos mandibulares e os nervos óticos. Esta patologia pode manifestar-se inicialmente como doresde cabeça e se não for tratada pode culminar em cegueira)
- imunossupressão ou neo
- Sint sistémicos -> febre, perda ponderal - meningite
- Agravamento com postura (deitados), agravamento com a manobra de valsalva (HTIC)
- Papiledema
Causas de Cefaleias Sec
tumor, meningite, hsa, artrite cél gig, HTIC idiopática benigna (mulheres jovens e obesas), trombose venosa cerebral (mulheres jovens que fumam e fazem anticontracetivos orais)
Cefaleias primárias
+ freq são as cefaleias de tensão e enxaquecas
- mais freq episódicas
- As enxaquecas têm um inicio mais tardio enquanto que as cefaleias de tensão são muito mais frequentes e têm maior prevalência em mulheres de idades mais jovens
- CEFALEIA TRIGÉMINO AUTONÓMICA: divide-se em 3: cef em salva (+ em homens), cefaleia hemicraniana paroxística (rara), SUNCT (rara)
Enxaqueca
- segunda causa mais frequente de incapacidade ou de anos vividos com incapacidade nos jovens
- CX enxaqueca sem aura:
- duração entre 4-72h
- 2 dos seguintes: unilateral, pulsátil, intensidade moderada/severa, agrava com atividade física
- 1 dos seguintres durante a enxaqueca: náuseas ou vómitos, foto e fonofobia
-CX enxaqueca com aura: - fenómenos compatíveis: alt visuais, sensitivos ou disfasicos (linguagem)
- pelo menos 1 dos sintomas da aura desenvolve-se gradualmente durante 5 min
cada sintoma da aura dura entre 5-60 min - Há doentes que têm aurae esta não chega a desaparecer, isto é, a dor de cabeça aparece, desparece e só depois é que a aura desaparece
- Da mesma forma que a enxaqueca com aura tem uma fase de aura e uma fase de dor, pode também existir uma fase premonitória em que os doentes sentem que algo não está bem. Esta fase é caracterizada por sintomas muito inespecíficos que podemnsurgir 1 ou 2 dias antes da dor de cabeça aparecer. Para além da fase premonitória, existe também uma fase de resolução. Quem tem tendência a ter enxaquecas geralmente não fica logo bem quando acaba a enxaqueca, mantêm-se em baixo e com dificuldades no dia seguinte, melhorando apenas 1 ou 2 dias depois
Aura visual
fenómenos positivos, que geralmente começam num ponto do campo visual e vão progredindo ao longo do campo visual e alastrando-se. São fenómenos binoculares, ou seja, se o doente fechar um olho ou fechar o outro, continua a ver o mesmo fenómeno. Se isto não acontecer provavelmente estaremos perante um fenómeno oftalmológico pois os fenómenos com origem no córtex são binoculares.
Sintomas sensitivos de enxaqueca
- costumam seguir-se aos sintomas visuais e começam por parestesias geralmente nas pontas dos dedos das mãos e que depois vão progredindo proximamente até atingir a zona mais proximal do braço, podendo, por vezes, atingir a face (na região peribucal)
TX enxaqueca
- Na fase de crise,a enxaqueca,é tratada com analgésicos(simples) ou AINEs.
- Nestes casos o que é feito é ser administrada uma medicação de primeiro patamar (paracetamol ou aspirina ou outro AINE) que deve ser realizada antes da dor começar. O fármaco que tem mais indicação para a enxaqueca é o naproxeno, que normalmente é administrado quando os doentes nunca experimentaram nenhum fármaco
- Existe também um segundo patamar que são os triptanos, que são específicos para a enxaqueca. Estes fármacos são administrados quando os doentes não respondem aos analgésicos nem aos anti-inflamatórios. Existem diferentes tipos de triptanos e cada doente responde melhor ou pior a cada um. !!!Doentes com doença coronária, hipertensão e Raynaud não podem tomar triptanos!!!
- Existem doentes que têm uma enxaqueca muito frequente e, por isso, recorrem aos analgésicos muitas vezes por semana ou por mês correndo o risco de desenvolver uma cefaleia por uso excessivo de analgésicos. Isto ocorre geralmente quando os analgésicos são utilizados mais de 10 a 15 vezes por mês.- introduzir um profilático que reduza a frequência das crises de forma a reduzir o uso de analgésicos. Esta medicação profilática utiliza-se todos os dias durante cerca de 6 meses a 1 ano e só depois é que começamos a tentar tirar
- ENXAQUECA NÃO SE CURA - TENTAMOS MELHORAR OS SINTOMAS
- Todos os fármacos utilizados para tratar as enxaquecas não foram desenvolvidos para a enxaqueca, utilizam-se beta-bloqueantes, antidepressivos, antiepiléticos, toxina botulinica (enxaqueca crónica), anti-hipertensores e inibidores da recaptação de serotonina (mais frequentemente utilizados é o propranolol (ci na asma), a amitriptilina, o acido valproico e o topiramato)
- Nos últimos anos foram desenvolvidos os anticorpos monoclonais que são específicos para a enxaqueca. O erenumab foi o primeiro a ser desenvolvido. Estes fármacos ainda não estão disponíveis nos hospitais do Sistema Nacional de Saúde, no entanto, é possível arranjá-los através dos hospitais privados. Estes fármacos têmum custo bastante elevado e são administrados por via injetável (subcutânea ou intravenosa) -> Atuam sobretudo na via do CGRPque é a via da dor associada à enxaqueca. (eptinezumab, erenumab, galcanezumab, fremanezumab)
- Muitas vezes os analgésicos são associados a antieméticos (metoclopramida e domperidona) porque se temos um doente que vomita muito este vai deitar o analgésico que tomou fora. -Quando o doente tem uma enxaqueca ligeira deve ser tratado com um analgésico ou com um AINE.
- No caso de uma enxaqueca mais forte deve ser tratado com triptanos. Não se devem utilizar vários triptanos em simultâneo.
- Quando estamos perante uma enxaqueca menstrual, esta deve ser tratada através de uma profilaxia temporária, mensalmente na altura do período menstrual.No caso das gravidezes, geralmente as mulheres que têm enxaquecas, têm menos crises e com menos intensidade devido às alterações hormonais
CX enxaqueca por sobredosagem de AInes
- cefaleia 15 ou + dias mÊs
- abuso de AINES 3 ou + meses ( e toma de aines mais 10- 15 dias mês)
- cefaleia piora durante uso de medicação
Formas raras de enxaquexa
- Enxaqueca com aura do tipo basilar: em vez de ter queixas visuais, sensitivas ou de linguagem têm queixas associadas a sintomas da fossa posterior, portanto, do tronco cerebral ou do cerebelo, que são raras e podem simular um AVC da fossa posterior
- Enxaqueca hemiplégica:tem mais do que um gene associado sendo, por isso, uma doença autossómica dominante em que os doentes têm enxaqueca com aura e na aura têm uma hemiparesia. Esta enxaqueca pode simular um AVC isquémico ou hemorrágico (neste caso é isquémico porque não tem alterações na TAC)
- Enxaqueca crónica: tem que estar presente mais de 15 dias por mês e é mais difícil de tratar, sendo os tratamentos hoje em dia, o botox, a toxina botulínica e o toipiramato.
NOTA: NÃO SE USA TRIPTANOS NA BASILAR E HEMIPLÉGICA
Cefaleia de tensão
- É episódica durando entre 30min e 7 dias(em vez de 4 a 72 horas), portanto e mais prolongada que a enxaqueca. Normalmente é uma cefaleia tipo peso, tipo aperto (ou capacete), holocraniana, não é muito incapacitante, ou seja, o doente consegue fazer a sua vida de forma mais ou menos normal e regra geral não tem em simultâneo náuseas e vómitos e fotofobia e fonofobia
- freq pressão na região frontal
TX cefaleia de tensão
- A cefaleia de tensão geralmente é tratada com analgésicos simples ou com um AINEe, pela mesma lógica da enxaqueca, não devemos abusar destes fármacos porque podemos causar uma dor de cabeça por uso excessivo de analgésicos.
- A amitriptilina pode ser utilizada tanto na cefaleia de tensão como na enxaqueca. Há doentes que têm ambas as dores de cabeça ou nas situações em que temos duvidas qual a dor que o doente tem, podemos administrar amitriptilina. -> Este fármaco é utilizado em doses baixas por isso tem um efeito antidepressivo muito ligeiro. Podemos também utilizar a venlafaxina e a mirtazapina(antidepressivos).
- Os triptanos e opióides não devem ser usados no tratamento da cefaleia de tensão pura! Os opióides levam à sensitização
central, por isso não ajudam muito na cefaleia.
Cefaleia Trigémino autonómica
- grupo de cefaleias que partilham um conjunto de características clínicas características e que têm este nome por a cefaleia ser acompanhada por sinais autonómicos. A cefaleia tem curta duração sendo a dor muito intensa e quase sempre unilateral.
- Sintomas autonómicos geralmente do lado da dor:
- Injeção/hiperémia conjuntival ou lacrimejo
- Congestão nasal/ rinorreia
- Edema palpebral
- Miose e/ou ptose
- Suor na face e/ou testa
Tipos de cefaleia trigémino autonómica
1) Cefaleia em salvas:dos 3 subgrupos de cefaleias trigémino autonómicos é a que tem crises mais longas (15-120min), embora sejam curtas quando em comparação com a enxaqueca.Dor periorbitalmuito intensa/excruciante, os doentes não conseguem ficar parados ao contrário da cefaleia em que as pessoas tipicamente se isolam num quarto escuro e silencioso.Caracteristicamente tem períodos específicos durante o ano em que ocorrem estas crises(ciclo circanual),e durante esses períodos têm vários episódios no mesmo dia(1-8 por dia), geralmente sempre à mesma hora(ciclo circadiano). Há períodos de remissão em que a pessoa fica alguns anos sem ter episódios, voltando depois a aparecer nas mesmas alturas do ano em que ocorria inicialmente
2) Hemicrania paroxística: Duração mais curta (2-45 min), doente refere tipicamente que tem uma cefaleia que passa ao fim de cerca de 1 hora e que é sempre do mesmo lado. Uma característica importante deste tipo de cefaleia, que funciona mesmo como critério de diagnóstico, é ter uma resposta completa à indometacina. Neste caso não existe o problema de cefaleia por uso excessivo de analgésicos, mas um uso excessivo da indometacina poderá resultar em problemas gastrointestinais por ser um AINE.
NOTA: a indometacina também resulta com a hemicraniana contínua
3) SUNCT: Shot-lasting unilateral neuralgiforme headache with conjunctival injections and tearing. Como se fosse uma continuação da hemicrania, são dores muito rápidas(5-250 sec) que ocorrem várias vezes por dia(3-200 vezes)e que ao contrário da hemicrania não têm resposta à indometacina