T 25- Meningites e encefalites Flashcards

1
Q

Síndrome meníngea

A
  • Conjunto de sinais e sintomas que sugerem um quadro de meningite: cefaleias, vómitos, fotofobia e sinais meníngeos (rigidez nucal, sinal de Kernige sinal de Brudzinski)
  • Quando existe suspeita, deve-se realizar o MCDT considerado como GoldStandard, a punção lombar.
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2
Q

Meningites e Encefalites

A
  • Na encefalite, a infeção afeta sobretudo o parênquima encefálico. Os sintomas são sobreponíveis aos da meningite, no entanto as alterações do estado de consciência, alterações do comportamento e sinais focais (convulsões, paresias, alterações de força muscular) são sintomas relativamente precoces e mais sugestivos deste diagnóstico
  • Tanto as meningites, como as encefalites poderão ser divididas em agudas e crónicas, sendo que apresentam agentes etiológicos diferentes, assim como irão resultar em abordagens diferentes
  • Meningite Bacteriana é uma emergência médica, sendo extremamente importante o diagnóstico e terapêutica precoce, mesmo sem a PL, uma vez que mesmo com AB dirigida, este quadro apresenta uma elevada morbilidade e mortalidade -> início precoce da AB permite evitar as complicações neurológicas deste quadro, assim como a evolução desta doença.
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3
Q

PL

A
  • A hipoglicorráquia e a celularidade com predomínio de PMN são indicadores de uma meningite bacteriana. (Atenção que a hipoglicorráquia poderá também estar presente em meningites tuberculosas e originadas por fungos)
  • É importante a realização de hemoculturas e do exame bacteriológico do LCR para conhecermos o micro-organismo responsável por este quadro de forma a podermos ter uma terapêutica dirigida.
  • À falta desses resultados, deve-se investir na terapêutica empírica
  • Pressão de abertura do LCR –Dá-nos informações sobre a PIC –Normal: no adulto em decúbito lateral: 50-195 mmH2O;
  • Aspecto Normal:Límpido e Incolor
  • Xantocromia: Cor LCR amarelado. Acontece por:
    • Hemorragia prévia. Por exemplo hemorragia subaracnoídea. Amarelado devido à lise de glóbulos vermelhos e consequente presença de hemoglobina ou bilirrubina
    • Proteínas elevadas > 150mg/dL (Meningite tuberculosa)
    • Hiper bilirrubinemia sistémica (icterícia) (>10-15mg/dL)
  • Contagem celular: Normal no adulto: 0 a 5 células/mm3
  • Glucose: Hiperglicorráquia deve ser comparada com a glucose sérica. Pode parecer normal, mas num doente diabético o normal é alto. O ratio entre glicémia sérica e no LCR deve ser aproximadamente 0.6.
  • Proteínas: elevadas > 50 mg/dL
  • Outros testes no LCR:
    • Culturas
    • Gram –importante nas meningites bacterianas porque pode ajudar a identificar agente
    • Ziehl-Neelsen –positivo em 15-25% dos doentes com meningite tuberculosa –um negativo não exclui, mas o positivo confirma.
    • Tinta da China –positiva em 50-75% das meningites criptocócica. Tal como o ziehl-neelsen, positivo tem mais valor.
    • Ag criptocócico
    • Testes de amplificação de ácidos nucleicos (PCR) –HSV1 e 2, EBV, Toxoplamose, tuberculose, JC vírus.
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4
Q

TX empírica meningite

A
  • Nos casos das meningites, na utilização de antibióticos, deve-se sempre fazer doses mais elevadas, assim como utilizar fármacos que consigam passar a barreira hemato-encefálica.A utilização do ceftriaxone deve-se a este ser eficaz no tratamento dos agentes mais comuns de meningite bacteriana (pneumococos, meningococos) e a ter uma boa penetração da barreira hemato-encefálica.
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5
Q

Avaliação inicial do doente com infeção SNC

A
  • ETIOLOGIA:
    o Infecciosa -> Vírus, bactérias, fungos, protozoários, helmintas
    o Não infecciosa -> Neop, Tumores e quistos intracranianos, fármacos (ex cotrimoxazol), colagenoses, outras doenças sistémicas ( ex: oença de Behcet e o LES)
    o Iatrogénica/ pós cirurgia
  • CLASS:
    o Aguda
    o Subaguda
    o Crónica
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6
Q

Meningite aguda

A
  • Infeção com uma evolução muito rápida (em horas/ poucos dias), apresentando a sintomatologia característica de um síndrome meníngeo.
  • Quando este quadro se prolonga por mais tempo poderá haver outros sintomas como alterações de estado de consciência (que num quadro de encefalite surgem de forma precoce)
- ETIOLOGIA
o Vírus -
1. Enterovirus (+ freq)
2. Outros: VIH, Papeira, Herpes simplex ( tipo 2 meningites, tipo 1 encefalites)
o Bactérias
1. Meningococos
2. Pneumococos
3. Listeria (mais comum nos extremos das idade e mais em velhos)
(Haemophilus cada vez + raro)
o Protozoários
1. Naegleria fowleri
2. Angiostrongylos cantonensis
-
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7
Q

Meningite sub-aguda ou crónica

A
  • quadros são mais prolongados no tempo, pelo que a clínica pode-se ir manifestando ao longo de várias semanas, meses e até anos, nos casos crónicos mais prolongados.
  • Sintomas semelhantes à aguda

ETIOLOGIA

  1. Micobactérias - M. tuberculosis (+ freq - primo infeção em idds + precoces- posteriormente temos quadros de tb secundária; normalmente, isto ocorre em doentes que apresentam imunossupressão. )
  2. Espiroquetas (causa menos grave)- Treponema pallidum (VDRL no liquor) e Borrelia burgdoferi
  3. Fungos - Cryptococcus neoformans (tradicionalmente associado a doentes HIV+, dado a sua infeção ser facilitada pela existência de algum nível de imunossupressão. Mesmo assim é importante ressalvar quea infeção pode ocorrer em indivíduos imunocompetentes) , Coccidioides spp.
  • A meningite tuberculosa é uma meningite grave, sendo que normalmente cursa com o aumento das proteínas no líquor, aumento da PIC, podendo também originar um comprometimento dos pares cranianos.
  • Nestes casos, os exames a que se recorre são:
    • Exame directo: Ziel-Nielssen
    • Exame Cultural: Bactec
    • Biologia Molecular: PCR

Nota: Mesmo assim, o diagnóstico não é fácil devido à baixa sensibilidade dos exames de diagnóstico disponíveis.

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8
Q

Encefalite aguda

A
  • Clínica:
    o febre, cefaleias, alt estado consciência mais precoce, alt comportamento e linguagem, sinais neurológicos focais ou difusos (convulsões, hemiparésia)
ETIOLOGIA
o Vírus:
. Herpes simplex
. CMV, VVZ
. Arbovírus (Vírus west nile, encefalite japonesa)
. VIH
. Raiva
. Enterovírus
o Não virus:
. Listeria monocytogenes
. Rickettsia e Ehrlichia
. Bartonella
. Mycoplasma pneumoniae
. Toxoplasma gondii

32-75% etiologia desconhecida

  • A causa mais frequente são os vírus, sendo um dos mais comuns o herpes simplex tipo I. Este vírus dá origem a um quadro encefalite hemorrágica localizada, predominantemente, nas regiões temporais, estando associada a um maior número de complicações neurológicas.
  • Ocorre normalmente em pessoas de meia-idade (50 anos). No entanto, pode surgir em qualquer idade, em qualquer pessoa, independentemente do estado de imunossupressão. Normalmente os doentes que desenvolvem uma encefalite herpética, já têm o herpes latente, sendo que o desenvolvimento deste quadro se deve a uma reativação do vírus.
  • Todos osvírus da família Herpesviridae apresentam neurotropismo pelo que podem estar sempre na etiologia de uma encefalite

TX:
- Tendo em conta que a etiologia viral é a mais frequente, na abordagem empírica à encefalite, utilizamos sempre o aciclovir, até termos o diagnóstico definitivo

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9
Q

Encefalite crónica

A
  • É mais rara, ocorre por exemplo em VIH.
    • Características clínicas semelhantes às da encefalite aguda
    • Início mais gradual
    • Eventual progressão com limitações e eventual morte
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10
Q

Síndromes focais

A
Etiologia:
- Lesões focais do SNC
• Abcessos cerebrais
• Empiema sub-dural
• Abcesso epidural
- este tipo de lesões pode levar ao desvio de estruturas da linha média.
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11
Q

Quando fazer TAC antes da PL

A
  • Quando há risco de hipertensão intracraniana, por perigo de herniação. Ou seja
    • Se é imunodeprimido –por maior risco de LOE, tanto um abcesso como linfoma por exemplo;
    • Se começou com convulsões;
    • Se tem Défices neurológicos focais (sinais focais), como hemiparesia;
    • Se tem papiledema –ver fundoscopia
    • Alterações do Estado de consciência
    • História de doenças do SNC, como massas, AVCs ou infeções focais
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12
Q

CI da PL

A
  • Trombocitopénia <10mil/mm3
  • Abcesso na região da coluna vertebral
  • Alterações da coagulação
  • Suspeita de possível Herniação:
    • Deterioração do estado de consciência com Glasgow menor que 11
    • Sinais de lesão do tronco cerebreal (alterações pupilares, ou da postura, respiração irregular)
    • Convulsão muito recente
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13
Q

Contagem celular do LCR

A

CHAVE: Leuc- Pred celular - Glucose- Prot

  • Viral- 50-1000- mononuclear (inicialmente pode haver predominio de polimorfonucleares) - >45 - <200
  • Bacteriana - 1000-5000 - neutrófilos- <40 - 100-500
  • TB- 50-300- mononuclear - <45 - 50-300
  • Criptocócica - 20-500 - mononuclear - <40 - >45
  • Uma meningite de liquor claro, ou seja, uma meningite asséptica.
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14
Q

Imagiologia

A
  • TC CE
  • RNM CE
    • Elevada sensibilidade comparada com a TAC
    • Importante em encefalites por HSV
    • Importante noutras encefalites virais
  • Nas meningites bacterianas, exames de imagem são uteis na deteção de complicações.
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15
Q

TX

A
  • Terapêutica antimicrobiana
    • Utilização de antibióticos bactericidas com actividade rápida
    • Doses Elevadas
    • Que ultrapassem a barreira hematoencefálica com facilidade.
    • Que antibióticos escolher?
    o Ceftriaxone
    o Ampicilina
    o Vancomicina –muitas vezes usado no tratamento empírico porque é preconizado pelos americanos, devido à elevada resistência do Pneumococos à penicilina nos EUA. Em Portugal não se justifica na meningite bacteriana na comunidade. Só se for meningite grave, com progressão rápida. Se não, aguardar TSA de liquor.
  • Terapêutica adjuvante–edema cerebral e hipertensão intracraniana
    1. Corticosteroides: Dexametasona (concomitante ou mesmo antes da primeira toma de AB):
    . Crianças com meningite por Haemophilus influenzae tipo b e talvez pneumocócica
    . Adultos com meningite pneumocócica
    . Considerar em doentes com infeções focais e edema cerebral associado a efeito de massa significativo
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16
Q

Meningite Viral

A
  • Os vírus são a causa mais frequente da síndroma de meningite asséptica
  • A síndroma de meningite asséptica é qualquer meningite (infeciosa ou não infeciosa), principalmente a que se apresenta como uma pleocitose linfocitária, para a qual não se encontra causa aparente, após uma avaliação inicial e realização de exames diretos e culturais de rotina em LCR
  • Nos casos em que é possível identificar um agente, 85% a 95% de todos os casos são causados por um enterovírus.
  • Enterovírus:
    A incidência do enterovírus no EUA é muito elevada e mais frequente no verão/outono nos climas temperados e todo o ano nos climas tropicais. Causa 30000 a 75000 meningites por ano, e normalmente são benignas, sem complicações e que não necessitam de terapêutica. O diagnóstico diferencial faz-se com outros vírus, como por exemplo a papeira, o Herpes vírus e o VIH.
17
Q

OUTROS DADOS

A

Até agora falamos das clássicas meningites. Mas casos como o apresentado acima também acontecem. Um idoso, num lar, algaliado, com doença prostática e que tem uma ITU por E. coli, pode ter uma bacteriemiaque a partir daqui pode dar um quadro de sépsis comfocalização no SNC e ter uma meningite –uma meningite secundária por assim dizer.
Outro exemplo será um diabético com uma infeção num dedo do pé, que leva a uma celulite, com uma bacteriemiapor estafilococos, pode desenvolver uma meningite. Uma meningite secundária, em que temos que ter atenção que pode ser por estafilococos.
- Por ser um strepto viridians, que é muito comum no coração, fez-se um ecocardiograma.Este revelou vegetações na válvula aórtica. O doente cumpriu 4 semanas de terapêutica sem intercorrências. Teve alta para consulta de cardiologia com o seguinte diagnóstico: Endocardite aórtica por S. viridianscom meningite